sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

pe. Fernando Leite, que foi director espiritual do pe. Abílio Gomes Correia

 Resultado de imagem para escritos, PADRE ABÍLIO GOMES CORREIA

Para os nossos leitores, pode explicarnos como se encontra o processo de beatificação do pe. Abílio Correia?

Encontra-se na fila de espera, na Congregação para a Causa dos Santos. Graças a Deus que temos muitos aspirantes a santos, e o pe. Abílio é um deles. À medida que os processos vão sendo analisados, vão subindo na fila. Presentemente o Vaticano está a pedir a comprovação de um milagre para a beatificação do pe. Abílio e outro para a canonização – eu creio que isto não está certo, é tentar a Deus. O que importa são as virtudes heroicas da pessoa, se a pessoa viveu com heroísmo; então, na minha maneira de ver como teólogo, essa é a prova fundamental. Já por duas vezes fizemos inquéritos acerca das virtudes do pe. Abílio: desses inquéritos eu destacaria três. Um, do pe. Fernando Leite, que foi director espiritual do pe. Abílio, e que publicou 2 volumes sobre a vida do pe. Abílio; outro, do mons. Osório, que foi reitor do Bom Jesus; e sobretudo, o inquérito do actual pároco de Gualtar, pe. Domingos Brandão. Este conviveu muito com o pe. Abílio porque, como bom músico, foi frequentemente chamado pelo pe. Abílio para as festas celebradas em S. Mamede. O testemunho do pe. Brandão sobre o pe. Abílio foi extraordinário, para mim esse testemunho seria suficiente para a beatificação.

O ministério do pe. Abílio Correia foi vivido essencialmente na paróquia de S. Mamede de Este, com uma breve passagem como capelão do Hospital de S. Marcos. Ainda hoje, que frutos encontra da vida do pe. Abílio Correia nas pessoas desta paróquia?

Foram precisamente os paroquianos que me levaram à descoberta do pe. Abílio – eu fiquei envergonhado! Sendo professor de sacramentos e responsável pela formação dos ministros extraordinários da comunhão, eu não sabia que o pe. Abílio tinha existido! Quando cheguei a S. Mamede em 1996, vi que era uma paróquia diferente das outras: nas outras paróquias por onde tinha passado, os homens, antes da missa, estavam à espera que dessem as 3 pancadas para apagar os cigarros e entrar apressados na igreja; em S. Mamede não: 20 minutos antes de começar a missa já os homens estavam na igreja a rezar. Na visita que comecei a fazer aos idosos eles falavam-me muito em frases lapidares da Sagrada Escritura e eu perguntava-lhes quem é que lhes ensinou isso; eles respondiamme «o sr.º padre Abíio». «E quem foi o sr.º padre Abílio?», perguntava. «Ah, esse continua a ser o nosso pároco: vocês, os que vieram depois, uns seguem-no, outros não; mas o nosso pároco é o pe. Abílio». Comecei a mexer no arquivo paroquial, e na Faculdade de Teologia encontrei todos os números do Mensageiro Eucarístico, tendo enviado fotocópias para Roma. Havia muitos sacerdotes que tinham assinado e encadernado o Mensageiro, tendo-me oferecido quando se iniciou o processo de beatificação no tribunal eclesiástico em 1997, por D. Eurico. Em S. Mamede de Este as pessoas são muito sentimentais, na relação umas com as outras: houve épocas em que rezavam o terço de janela para janela. A frequência religiosa é muito numerosa, as crianças – e lá a população não tem diminuído, pelo contrário – frequentam em 99% a catequese, e os jovens vêm ser confirmados à Sé no dia de Pentecostes – e esta prática já acontece desde 1907. Neste momento estou a terminar a organização do arquivo paroquial. Outra dimensão é a do Lausperene: em 1957, no salão nobre do Seminário Conciliar, D. Francisco Silva, levado pelo pe. Abílio, divulgou o Lausperene diocesano; S. Mamede d’Este escolheu o dia 25 de Abril! Em S. Mamede há oito festas: o Lausperene é a festa que mais valorizam, sobretudo durante a noite a igreja está sempre cheia. E faz-se a adoração contínua durante 24 horas. É uma maravilha paroquiar em S. Mamede, pois eles dão muito trabalho mas é um gosto trabalhar com eles.

 O Pe. Abílio Correia foi também um grande promotor do Congresso Eucarístico Nacional que teve lugar em Braga em 1932. Que ensinamentos poderemos hoje retirar da espiritualidade eucarística do pe. Abílio Correia?

 O Congresso no Sameiro terminou, segundo os jornais de Lisboa da época, com 400 mil pessoas. O pe. Abílio foi ao essencial da doutrina cristã: a morte sacrificial redentora de Cristo  e  a sua ressurreição gloriosa, tudo compendiado na santíssima Eucaristia – quer na celebração, quer na adoração ao Santíssimo Sacramento. O pe. Abílio seguiu a doutrina da Igreja. O Vaticano II afirmou que as verdades religiosas não têm todas o mesmo valor: há uma hierarquia de verdades, como é dito na constituição Dei Verbum. Há algumas mais fundamentais, e outras mais periféricas. Entre as verdades fundamentais temos a Santíssima Trindade, a Encarnação de Jesus Cristo e a Redenção operada na sua morte e Ressurreição, e a vinda do Espírito. A orientação da Igreja foi sempre esta ao longo do tempo. Outra afirmação do Vaticano II, que o pe. Abílio seguiu (e antecipando-se à formulação) foi a de que cada um deve fazer só o que lhe compete (e da melhor maneira possível) – Sacrossanctum Concilium 28 e n.º 56 da Instrução Geral do Missal Romano. O pe. Abílio, logo que chegou a S. Mamede, centrou a sua vida na ss.ma Eucaristia, pois levava já do Seminário uma formação eucarística: destacou-se na devoção ao Coração Eucarístico de Jesus e na relação com os Jesuítas.

Num discurso aos seminaristas da Arquidiocese, pronunciado no dia 16 de Novembro, D. Jorge Ortiga pediu a imitação do exemplo do pe. Abílio Correia. Que espiritualidade presbiteral poderemos retirar da vida do pe. Abílio?

Atendendo aos documentos da Santa Sé, acerca da formação espiritual e do perfil desejado pela Igreja para os nossos dias, eu creio que o pe. Abílio é um modelo. E vejo na Capela Árvore da Vida o símbolo da espiritualidade e da maneira de ser do sacerdote, onde podemos encontrar uma imagem do Cura d’Ars. Ali chamou-me a atenção a linguagem simbólica. A imagem do Cura d’Ars acompanhou sempre a mesa de trabalho do pe. Abílio, tendo oferecido essa imagem a um senhor que a guardou, tendo-ma oferecido quando eu era pároco de S. Mamede há 2 anos. Trata-se, portanto, de uma imagem com 105 anos. Temos também duas relíquias, uma do Cura d’Ars e outra de S. Julião Eymard, fundador da Congregação dos Padres Sacramentinos. O modelo do pe. Abílio foi o Cura d’Ars: por isso o pe. Fernando Leite lhe chama «O Cura d’Ars» português; e se formos a ver há muitas coincidências entre a vida do pe. Abílio e a vida do Cura d’Ars: por exemplo, o Cura d’Ars fugiu do exército napoleónico, pois caso contrário teria  vindo invadir a Península Ibérica; o pe. Abílio foi perseguido pela Carbonária na I República por ter relido na paróquia a Nota Pastoral do Episcopado logo a seguir à Lei da Separação do Afonso Costa. O pe. Abílio foi avisado, passou a noite num curral de ovelhas, e na madrugada quatro caçadores armados levaram-no até às Cerdeirinhas, tendo-se escondido numa casa no Gerês; vinha a S. Mamede ao fim-de-semana, celebrando ora na capela de S. Simão, ora na capela de S. Sebastião, mas celebrava também nas casas particulares, com a devida participação das pessoas. Quando as coisas começaram a serenar, ele, que era das poucas pessoas que sabia escrever, assumia a função de presidente da junta da paróquia e continuava a fazer as actas – ainda hoje conservadas – com as leis publicadas pela República, sem se notar qualquer agressividade, fossem nas actas ou no boletim do Mensageiro Eucarístico – ele não sabia dizer mal. Em 1977 fizeram em S. Mamede a celebração das bodas de ouro paroquiais do pe. Abílio: e num momento de maior emoção, ele deixou escapar que dormia apenas três horas, passando o resto das noites a trabalhar e a adorar o Ssmo. Sacramento.

fonte

Padre Abílio Gomes Correia ,Sacerdote bracarense a caminho dos altares

Sacerdote bracarense a caminho dos altares

"Padre Abílio Gomes Correia, sacerdote de Braga, pastor da Eucaristia"Com o intuito de obter mais devotos a este novo beato, publicamos uma entrevista, na qual é revelada uma profunda devoção à Santíssima Eucaristia, mormente, a celebração do Santo Sacrifício da Missa; demonstrou também grande zelo pelas coisas do Senhor durante toda a sua vida. Peçamos a sua intercessão, para que, por ela, muitos outros sacerdotes também se percebam chamados à sua vocação inicial: à vida de santidade pois, um sacerdote santo, santifica, por consequência, o povo que foi confiado!
 
Por Álvaro Magalhães
Adaptações de frei Cleiton Robson, OFMConv.
 
O Padre Abílio Gomes Correia nas bodas de ouro paroquiais em 8 de Julho de 1957


Passados treze anos da introdução da causa de canonização do padre Abílio Gomes Correia, antigo pároco de S. Mamede d’Este, arciprestado de Braga, o Diário do Minhofoi falar com o atual pároco e saber se há muitos devotos daquele sacerdote, cujas graças obtidas resultem na sua beatificação e canonização. Foi o atual Arcebispo Emérito de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, que assinou em 24 de Setembro de 1997 o decreto que introduziu a causa de canonização. O atual pároco de S. Mamede d’Este, o cônego Antônio da Costa Neiva, revela entusiasmo quando fala do seu antecessor naquela comunidade e não esconde a alegria de ter assumido aquela paróquia revestida do amor à Eucaristia, uma herança deixada pelo padre Abílio que tenta cuidar.

Diário do Minho (DM) - Quem foi o Padre Abílio?
Cônego Antônio Neiva (CAN) - Foi um simples padre de aldeia que, em 1907, chegou a S. Mamede d’Este vindo de Padim da Graça, onde era coadjutor do seu pároco, pois era natural de lá. Quando chegou aqui ficou espantado com o estado em que se encontrava a paróquia.

DM - Não conhecia a paróquia?
CAN - Nunca tinha vindo aqui. Encontrou a residência paroquial totalmente abandonada, a igreja no mesmo estado, com telhas partidas, janelas sem vidros, teias de aranha no interior do sacrário...

DM - Teve ajuda de alguém?
CAN - Veio sozinho e depois instalou-se na residência, primeiro com a mãe, depois com uma irmã de leite – uma moça que a mãe criou juntamente com ele, pois os pais dessa menina tinham morrido quando ainda era bebê. Essa irmã acompanhou o padre Abílio durante toda a vida aqui em S. Mamede e continuou a viver depois da sua morte. Quando chegou aqui ficou num isolamento muito grande e arranjou uma companhia: o Santíssimo Sacramento.

DM - Foi a paixão da sua vida...
CAN - Apaixonou-se pelo Santíssimo Sacramento, pôs-se em contato com os Padres Sacramentinos que trabalhavam em Roma, na igreja dos Doze Apóstolos, e fundou aqui, em 12 de Março de 1910, a Agregação da Adoração ao Santíssimo Sacramento. Os Padres Sacramentinos têm como missão adorar o Santíssimo Sacramento. Passado algum tempo fundou os Pajens da Eucaristia. As crianças não tinham qualquer formação especial e foi então
que ele formou os Pajens, corria o ano de 1914. Em 1915, porque havia uma adesão muito grande, não apenas aqui na paróquia mas também no arciprestado, ele pensou e começou a editar uma revista que publicou até ficar cego.

DM - Publicou sempre a revista?
CAN - Durante os anos da sua vida o padre Abílio publicou mensalmente a única revista eucarística que existiu em Portugal, intitulada “Mensageiro Eucarístico”. Como em S. Mamede d’Este não havia eletricidade, telefone, nem estradas, nem comunicações, ele era o diretor, redator, administrador e também o correio da revista. Ia pela estrada feita pelos romanos – a Via XVII – a Braga tratar das coisas da revista e logo a seguir à publicação da revista as  asinaturas começaram a multiplicar-se e foi chamado para a Inspeção Militar, e nessa altura Portugal participava na Guerra de 1914-1918. Foi apurado para a tropa e, ele que era um homem destemido, ficou cheio de medo. Pediu na revista para que rezassem para que não fosse chamado para a guerra porque não dispararia para matar gente. A batalha dele era espalhar o bem e a paz e não matar ninguém.

DM - As orações resultaram?
CAN - Por acaso não foi chamado para a guerra e publicou sempre a revista. O Arcebispo de Braga de então, D. Manuel Vieira de Matos, que teve uma experiência muito dura na I República – aliás como o próprio padre Abílio, que teve de fugir para Rio Caldo, no Gerês, em 1911, porque tinha lido na igreja a pastoral dos bispos que a Carbonária queria impedir de ser divulgada –, escolheu o padre Abílio para seu conselheiro pessoal. Em 1922, D. Manuel Vieira de Matos, o padre Abílio Gomes Correia e mais alguns sacerdotes, partiram para Roma
para participarem num congresso eucarístico internacional.

DM - Foi, com certeza, uma longa viagem?
CAN - Fizeram a viagem de barco, pois a Europa estava totalmente destruída da 1ª Guerra Mundial. Quando regressaram, vinham todos entusiasmados e o padre Abílio fascinado, com aquilo que viram e ouviram em Roma. Foi de fato um congresso assombroso. Como a viagem era longa tiveram muito tempo para falar e o padre Abílio questionou o arcebispo se Braga, como a “Roma portuguesa”, iria ficar calada perante os resultados do congresso eucarístico.

DM - Como respondeu D. Manuel?
CAN - O arcebispo disse que faria um encontro similar se tivesse meios para o organizar. Chamou a atenção do padre Abílio para a situação em que se encontrava Portugal. Só que o padre Abílio, corajoso como sempre, garantiu ao arcebispo que se as condicionantes eram apenas de ordem financeira, ele mesmo trataria de assumir a responsabilidade da organização. Resposta imediata do arcebispo: "Faz-se já no ano que vem! Se te encarregas disso, fazemos já". E foi o que fez mesmo.

DM - Como correu?
CAN - Em 1923, fez-se em Braga o I Congresso Eucarístico Diocesano. Foi tal o sucesso que o padre Abílio, como o ecônomo e responsável pela organização, quando foi apresentar contas o arcebispo apresentou-lhe um saldo positivo de 12 mil escudos, à data, uma pequena fortuna.

DM - Era dinheiro bem-vindo à diocese...
CAN - Nessa altura, D. Manuel Vieira de Matos estava a braços com muitas dívidas da diocese e estava construindo o Seminário Conciliar, atual edifício da Faculdade de Teologia Disse: "Graças a Deus que temos aqui um pé-de-meia para pôr as finanças da  diocese em dia e concluir a construção do Seminário". O padre Abílio, bastante atrevido, replicou: "Desculpe senhor arcebispo mas não estou de acordo! Estes 12 contos são fruto de migalhas que as pessoas pobres não comeram para se adorar o Santíssimo Sacramento. Agora o senhor arcebispo quer gastar estas migalhas em obras materiais e eu não concordo, porque não foi a si que foi oferecido o dinheiro mas para louvar o Santíssimo Sacramento"!

DM - Conhece-se a reação do arcebispo?
CAN - Sim. D. Manuel Vieira de Matos ficou um pouco aborrecido por ser contrariado – ninguém gosta de ser – e perguntou ao padre Abílio se estaria cego e não conseguia ver as necessidades que a diocese passava . "Estás cego! Estás fascinado com o Santíssimo Sacramento e só vês o Santíssimo Sacramento! O que é que se há-de fazer ao dinheiro?", perguntou. O padre Abílio respondeu: "Fazer no próximo ano um Congresso Eucarístico Nacional aqui em Braga". E D. Manuel disse-lhe então para avançar. Foi então organizado o congresso de 1924.

DM - Foi um acontecimento notável?
CAN - Entre os oradores do congresso, que se realizou no Theatro Circo, destacaram-se dois. Um chamava-se Antônio de Oliveira Salazar, que falou da questão social do país e foi rotulado de comunista. Outro chamava-se D. Manuel Gonçalves Cerejeira, um jovem com pouco mais de 30 anos, professor catedrático em Coimbra, e falou sobre os místicos do século XVI. Falou ou tentou falar porque depois das primeiras frases, era de tal forma o fascínio que a sua oratória provocava na assistência, que não deixava de ser constantemente aplaudido.

DM - Ficou tudo registado?
CAN - Temos a sorte das atas desse congresso terem sido publicadas, de forma que temos os textos proferidos. Quando começamos a ler a comunicação do então professor Manuel Gonçalves Cerejeira começamos a ler com os olhos, passamos a mexer com os lábios e não resistimos a ler em alta voz para nos maravilharmos com a melodia da composição literária do texto. Esse congresso terminou no Sameiro e os jornais do tempo dizem que juntou 380 mil pessoas. Isto foi sem dúvida um feito nacional já que, em 1924, para se chegar a Braga só pela via férrea, por carroças puxadas a cavalo e pouco mais. 

DM - Um acontecimento dessa envergadura teve repercussões imediatas?
CAN - Isto acordou o país e, ao mesmo tempo, fez tremer as ideologias políticas de então. Nessa altura o país estava politicamente à deriva. Durante dez anos os congressos eucarísticos
marcaram a vida do país. Em 1925 realizou-se em Guimarães o segundo congresso eucarístico diocesano mas alguns classificaram-no de nacional já que teve a presença de todo o episcopado. Nele apresentou-se a proposta de construção do templo dedicado ao Coração de Jesus. E o santuário da Penha nasceu fruto dessa promessa.

DM - Mas os congressos esmoreceram...
CAN - A época dos congressos foi absorvida pela Acção Católica em 1933. A revista manteve-se e durante a 2ª Guerra Mundial o padre Abílio continuou a publicá-la. Entre 1931 de 1938, o arcebispo D. Manuel Vieira de Matos pediu ao padre Abílio para que deixasse S. Mamede d’Este e fosse reorganizar o Hospital de São Marcos que estava ainda na mão de republicanos e com os bens completamente delapidados e, pior que isso, eram os padres que não se entendiam por causa dos batizados e funerais lá do hospital. O padre Abílio obedeceu. No ano de 1938, o padre Abílio tinha tudo organizado no hospital e foi visitar o então novo arcebispo e seu condiscípulo D. Bento Martins Júnior. Disse-lhe que a missão que lhe tinham confiado estava cumprida pelo que estava à disposição para assumir outras responsabilidades. O arcebispo disse que tinha cinco paróquias “muito boas” a precisar de um pároco e que eram próximas da sua terra natal: Padim da Graça. O padre Abílio recusou a oferta e disse que pretendia reassumir S. Mamede d’Este.

DM - Qual foi a reação do arcebispo?
CAN - D. Bento Martins Júnior terá dito ao seu amigo que estaria “tolo” por querer ir para uma paróquia pobre em vez de preferir terras mais ricas. Mas o padre Abílio argumentou: "É que eu lá posso rezar e tenho quem me acompanhe e aqui na cidade fiz todo o possível e não consegui nem rezar nem fazer que me acompanhassem". E lá regressou a S. Mamede d’Este restaurando a residência e promovendo outras obras. De 1941 a 1945, coincidindo com a 2ª Guerra Mundial, conseguiu restaurar a igreja.

DM - Como conseguiu?
CAN - Há correspondência do padre Abílio trocada com o Governo de então. Foram-lhe feitas
muitas promessas mas não havia dinheiro. E havia sempre alguma coisa que impedia de iniciar as obras. Escreveu então uma carta a um ministro agradecendo a amabilidade dispensada e alertando para o fato de a igreja precisar de uma intervenção urgente sob pena de cair em ruína. Por isso informou que ele e a sua gente iria fazer as obras como pudessem. Impressionado com a carta, o ministro comunicou ao Governador Civil que enviou à paróquia um arquiteto para que ajudasse na execução dos trabalhos trabalhos. E a igreja aguentou-se até 1996, altura em que assumi os destinos desta paróquia que me apercebi da necessidade de se fazer novo restauro.

DM - E o monumento no Chamor?
CAN - O padre Abílio foi o responsável pela construção desse monumento ao Coração de Jesus. O monte Chamor é um pequeno morro que está incrustado na Serra do Carvalho. Dali vê-se toda a paróquia e quase todas as casas conseguem avistar o monte. Primeiro o padre Abílio colocou uma pequena coluna e depois, em 1954, quando apearam um monumento que havia no Sameiro, que foi lá colocado em 1904, comprou-o. Com carros de bois conseguiu-se trazer até ao Chamor as pedras que foram reedificadas. Nessa altura mandou fazer um arranjo ao Coração de Jesus e deu-lhe o nome de Coração Eucarístico de Jesus, invocação muito rara numa imagem. Assim foi criado um ex-líbris da paróquia.

DM - A paróquia rendeu-se ao seu pastor?
CAN - Os paroquianos que em 1907 receberam o padre Abílio com indiferença, em 1957 fizeram-lhe uma homenagem muito grande, com a presença do Governador Civil, do presidente da Câmara e do vigário Geral da diocese. A partir desta altura a saúde do padre Abílio foi-se debilitando até que faleceu em 1967, com 85 anos. Na despedida as pessoas trouxeram tantas flores para o funeral que o seu caixão ficou assente num colchão de flores. Ainda hoje não faltam flores no túmulo do padre Abílio.


DM - Quando é que o processo de canonização foi apresentado ao Vaticano?
CAN - Foi em 2002, depois de julgado pelo Tribunal Eclesiástico de Braga e da aprovação por unanimidade da Conferência Episcopal Portuguesa. Agora está na Causa dos Santos, seguindo o curso normal destes processos, sempre demorados e guardados em segredo. Aguardamos que Deus faça um milagre que se possa provar perante a ciência dos homens para que se coloque o Padre Abílio Gomes Correia nos altares.

DM - Muita gente já está pedindo a intercessão do padre Abílio?
CAN - Têm surgido relatos da obtenção de graças muito grandes. É curioso que as pessoas quando pedem a Deus uma graça por intermédio do padre Abílio têm conseguido que os pedidos sejam despachados com rapidez. Quando me perguntam onde é que estará o padre Abílio no céu, respondo em tom de brincadeira que só poderá estar nos correios centrais, encarregado das encomendas pesadas.

DM - O senhor acredita que a beatificação possa estar próxima?
CAN - Creio que sim. Estou convencido que, de um momento para o outro, Deus fará um milagre que o elevará aos altares. Braga merece ter mais um santo do século XX. Estamos comemorando o centenário da República e eu estou convencido que a mudança no país ocorrida em 1926, partiu de Braga e teve a raiz em S. Mamede d’Este, pela mão do padre Abílio.

DM - A vida do padre Abílio também se cruzou com a Beata Alexandrina de Balasar?
CAN - Ali por 1918, Alexandrina Maria da Costa inscreveu-se no Centro da Adoração ao Santíssimo Sacramento aqui em S. Mamede d’Este. O seu nome figura juntamente com o de outras pessoas de Balasar nos livros dos agregados da Adoração ao Santíssimo Sacramento. Muito provavelmente a Beata Alexandrina conhecia o “Mensageiro Eucarístico” pois era o grande canal da Eucaristia em Portugal.

DM - A paróquia continua devota do padre Abílio?
CAN - O senhor padre Abílio é ainda hoje considerado o pároco de S. Mamede, e isto sem ciúmes da minha parte. Eu acabo por ser apenas seu coadjutor. Há ainda muitas pessoas de toda a parte que olham para o padre Abílio como modelo que colocou no centro da sua vida a Santíssima Eucaristia e concluem: Com Deus, tudo é fácil; sem Deus, quase tudo é impossível!

Don Divo Barsotti , LA SUA PRESENZA DEVE FARSI MANIFESTA


Risorge continuamente la tentazione: tutto va male e tutto deve essere riformato, rinnovato.
Non sappiamo accettare questo mondo. Ed è giusto.
Ma Dio non sembra che abbia voglia di cambiarlo. 
Si pensa quello che potremmo fare noi se avessimo responsabilità e potere – quasi che vi fosse proprio bisogno di noi per vedere le cose e cambiarle – ma Dio non ci darà mai probabilmente né la responsabilità né il potere.
Vuole dunque il Signore che tutto continui così ciecamente, senza intelligenza – vuole che tutto continui così senza amore, senza fede, senza vita?
Vuole che la redenzione del mondo sia meritata dalla nostra sofferenza ma sia compiuta domani – aldilà di questo secolo?
Chi fa è cieco e chi vede è impotente.
Devi accettare questo mondo come Gesù accettò la sua Croce – e il mondo è anche la Chiesa – per essere visibile essa ha dovuto rivestirsi della comune povertà
Dio! vivere la preghiera.
Non chiedere quasi che qualcosa debba avvenire.
La tua preghiera è una sola: venga la tua grazia e passi questo mondo! E la grazia non viene perché è già venuta – è la Sua presenza che deve farsi manifesta – l’unica Realtà, l’unica Vita.
Dal Diario "Parola e Silenzio " , 28 Dicembre

domingo, 15 de janeiro de 2017

Il credere è un rapporto / Believing is a Relationship (ita-eng) – Don Divo Barsotti

 

news_45326_non_credentiIl credere è un rapporto che stabilisci non con una cosa o con un avvenimento, ma con una persona sola; si ha fede soltanto in una persona che entra in rapporto con te. Vedete, se la vita religiosa si inizia anche prima della vocazione di Abramo (la vita religiosa è da che l’uomo è uomo, perché mai Dio avrebbe abbandonato l’uomo a se stesso), se Dio vuole la salvezza degli uomini fino dall’inizio, quando ha creato l’uomo doveva essere vicino all’uomo per salvarlo; però non aveva stabilito con l’uomo un rapporto personale. E pertanto la vita religiosa al di fuori d’Israele non si inizia tanto con la fede; la fede, si direbbe, è proprio quello che caratterizza la religione prima ebraica e poi la religione cristiana ed islamica, perché è quello che distingue la vita religiosa propria prima d’Israele e poi del Cristianesimo, perché Israele nasce quando un uomo si sente chiamato da un Dio personale, perché un Dio personale lo sceglie, gli parla, gli dice qualcosa, gli manifesta il suo amore. La fede, cioè, è una risposta a un Dio personale, un rapporto personale che Dio già stabilisce con l’uomo.
Ma Dio, lo sapete benissimo, non si rivela immediatamente all’uomo, il quale non ha la capacità nemmeno di conoscere direttamente e immediatamente Dio, perché Egli è l’Assoluto, e ogni conoscenza che l’uomo può avere di Dio è sempre una conoscenza che riduce Dio alle proporzioni dell’uomo. Se l’uomo vuol conoscerlo come Egli è, l’uomo non ha in sé gli strumenti adatti per questa conoscenza. Una conoscenza dell’Assoluto implica la fine di ogni conoscenza parziale. L’uomo è una povera creatura.

Believing is a relationship established not with a thing or an event, but with only one person; you have faith only in one person, who has a relationship with you. If religious life begins even before Abraham’s vocation (religious life exists since man is man, so why should God should have abandoned man alone?), if God wanted man’s salvation since the beginning, when He created man, he had to be close to the man to save him; but He had not established a personal relationship with the man. And so religious life outside Israel does not begin with faith; faith, we could say, is exactly the peculiarity of first Jewish, then Christian and Islamic religions, because it is what distinguishes religious life first in Israel and then in Christianity, because Israel begins when a man is called by a personal God, because a personal God chooses him, talks to him, says something to him, shows him His love. This means that faith is an answer to a personal God, a personal relationship, which God already establishes with the man.
But God, you know it very well, does not reveal himself immediately to the man, who has not the capability even to know directly and immediately God, who is the Absolute, and every knowledge about God that man can have is always a knowledge, which reduces God to human proportions. If the man wants to know God as He is, the man has not instruments for this kind of knowledge. A knowledge of the Absolute implies the end of every partial knowledge. Man is a poor creature.

Niente amore, niente fede / No Love, no Faith (ita-eng) – Don Divo Barsotti

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  • John Henry Newman by Sir John Everett Millais
  • John Henry Newman by Sir John Everett Millais
  • «Non si crede se non si ama», diceva il Cardinale Newman [John Henry Newman, teologo, filosofo e cardinale inglese, 1801-1890; beatificato nel 2010], e prima di lui sant’Agostino, perché quando io non amo non m’interessa nulla se anche quell’altro vuole intervenire nella mia vita; non voglio riconoscerlo, non accetto che egli mi scelga. Qual è il primo atto con cui una figliola ama colui che la sceglie, quando gli dice di sì? Se tu Rachele non accettavi che Ludovico ti scegliesse, tu non l’amavi. Il primo atto con cui tu ami colui che ti ama è accettare il suo amore, è volere accettare che uno ti abbia eletto. Allora la fede, in quanto è riconoscimento e accettazione di una elezione divina, già suppone l’amore: senza l’amore non c’è mai la fede.
  • Un principio di amore è sempre necessario nella fede, non sarà l’amore perfetto, perché c’è anche la fede senza la carità, ma un principio di amore anche antecedentemente alla caritas, che suppone già la presenza di Dio nel cuore dell’uomo, c’è sempre nell’atto di fede. Così vedete che la fede è un po’ tutta la vita religiosa d’Israele e prima di tutto la fede non è un inizio assoluto, perché la fede suppone invece l’inizio di Dio. La fede rimane una risposta dell’uomo a una iniziativa divina. Se Dio non interviene a chi vuoi credere?

  • “You cannot believe, if you do not love”, Cardinal Newman said (John Henry Newman, theologian, philosopher, English Cardinal, 1801-1890; beatified on 2010), and before him Saint Augustine, because when I do not love, I do not care if also the other wants to be in my life; I do not want to recognize him/her, I do not accept to be chosen by him/her. What is the first action, with which a girl loves the a boy, who chooses her, when she says yes? If you, Rachele, would not accept that Ludovico had chosen you, you would not love him. The first action, with which you love the one that loves you, is to accept his/her love, to accept his/her choice to love you. So faith, which is recognizing and acceptance of a divine choice, already implies love: without love there is never faith.
  • A principle of love is always necessary for faith, it will not be a perfect love, because there is also faith without charity, but there is always a principle of love even before caritas, which already implies God’s presence in the heart of the man, in faith. So you understand that faith is all religious life of Israel and first of all faith is not an absolute beginning, because faith implies a beginning from God instead. Faith remains an answer of man to a divine effort. If God does not intervenes, in whom do you believe?

La fede leale di Abramo / The loyal faith of Abraham (ita-eng) – Don Divo Barsotti

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rembrandt-il-sacrificio-di-abramoLa fede di Abramo ha già tutte le componenti proprie della fede in tutta la Sacra Scrittura e prima di tutto il riconoscimento di un Dio: egli sa di rispondere a qualcuno, sa di essere stato chiamato da qualcuno. Sempre la fede implica una certa conoscenza, ma non è una conoscenza astratta, perché la conoscenza di una persona non è come la conoscenza di un teorema di matematica pura: una persona si conosce soltanto nella misura che noi ci si lega a lei, nella misura che in qualche modo la si ama, che noi si entra in rapporto vivo con questa persona; e Abramo vive questo. Che cosa vive infatti? Si fida di Dio e compie quello che Dio gli chiede: di lasciare il suo popolo, la sua terra. E realizza quello che Dio gli ha detto.
Credere vuol dire fidarsi di questo Dio che lo conduce, credere vuol dire fidarsi di questo Dio e abbandonarsi alla sua azione e lasciarsi possedere da Dio, accettare che Dio abbia su di lui qualche diritto e attendere. Dio… Abramo crede, ed ecco che cosa vuol dire per Abramo credere: vuol dire rimanere fedele alla parola che ha ascoltato da Dio, nella pazienza; tutta la vita è perseveranza: cammina di luogo in luogo, passa di luogo in luogo, Dio gli ha promesso tutta la terra… non possederà mai nulla. Gli ha promesso di essere padre di tanti popoli e non gli dà nessun figlio. Arriva a cent’anni e non ha ancora un figlio, e poi quel figlio stesso che ha ricevuto da Dio lo deve immolare; egli rimane fedele, crede a Dio; nonostante tutte le prove, si fida di Dio. Il fidarsi di Dio vuol dire attendere nella speranza, ma non è soltanto attendere nella speranza; vuol dire anche amare, perché come fai ad attendere Dio se tu non lo ami? Come fai a fidarti di Dio fino in fondo, ad abbandonarti totalmente a Lui se non lo ami?

Abraham’s faith has all the specific components of the faith present in all the Holy Scriptures and first of all God’s recognition: he knows to answer to somebody, he knows to be called by somebody. Faith always implies a certain knowledge, but it is not an abstract knowledge, because to know a person is not the same as to know a mathematical theorem: you know a person only as much as you are connected to it, as much as in some way you love it, only if you have a living relationship with it; and Abraham has this experience. In fact what does he experience? He trusts God and does what God asks him to do: to leave his people, his country. And he fulfills what God asks him.
To believe means to trust this God, who guides him, and to abandon himself to His action and to be possessed by God, to accept that God has some rights over him and to wait. God… Abraham believes, and this is what it means to believe for Abraham: to be faithful to the word heard by God, with patience; all life is about perseverance: he walks from place to place, he passes from place to place, God promised him all the Earth…. he will never have anything. He promised him to be the father of many peoples and does not give him any son. He lives one hundred years and still he does not have any son, then he has to sacrifices that son, received by God; he remains faithful, he believes in God; despite all the evidences, he trusts God. To trust God means to wait in the hope, but it is not only that; it means also to love, because how can you wait for God if you do not love him? How can you trust God completely? How can you abandon yourself to God completely if you do not love him?

La vita religiosa è essenzialmente fede / Religious life is essentially faith (ita-eng) – Don Divo Barsotti

 

Codex_Petropolitanus_fols._164v-165rIn questi giorni parleremo della fede nel Nuovo Testamento e sarà una cosa molto importante: che cosa voglia dire oggi credere e quanto sia necessario non solo per la nostra vita cristiana, ma per la vita dell’uomo. Se noi analizziamo profondamente quello che è l’uomo, non dico sul piano filosofico ma anche sul piano puramente psicologico, noi vedremo che l’uomo è passione d’infinito e non può vivere, se vive, che la fede, fede nell’infinito, cioè passione infinita verso l’infinito.
Questo è l’uomo, il quale si realizza soltanto con un Dio che lo realizza totalmente, perché soltanto a Lui può donarsi senza misura e d’altra parte questo dono di sé senza misura suppone la presenza di Dio nella vita dell’uomo. Ma tutto questo dovremo vederlo, perché se la fede è così importante nel Cristianesimo non è perché vogliamo dare alla vita dell’uomo qualche cosa che non gli sia essenziale, anzi dovremo riconoscere che vivere, per l’uomo, vuol dire vivere questa fede. Realizzare pienamente se stesso per l’uomo vuol dire vivere questa fede fino in fondo; questa fede in quanto è un abbandono totale di sé a un Dio che totalmente si comunica , che si dona.
Se l’uomo non vive questo rapporto, egli rimane sempre un abbozzo, rimarrà sempre non compiuto, non perfettamente uno, non perfettamente realizzato in tutte le aspirazioni, i desideri, le speranze che Dio stesso ha suscitato nel suo cuore. Ma tutto questo lo vedremo nelle meditazioni che verranno. Per ora ci sembra importante aver sottolineato come già nella vita d’Israele la vita religiosa è essenzialmente fede, suppone una presenza operante di Dio a cui l’uomo risponde col riconoscimento, col fidarsi di Lui, con l’abbandonarsi a Lui con un amore che è già la risposta: il dono di sé a Colui che già prima si è dato.

These days we will talk about the faith in the New Testament and it is a very important thing: what is the meaning today of believing and how it is it necessary not only for our Christian life, but also for man’s life? If we analyze deeply what man is, not only on a philosophical level but also on a purely psychological level, we will see that man is passion for the infinitive and that he cannot live, if he lives, anything else than faith, faith in the infinitive, that is infinite passion for the infinitive.
That is man, who realizes himself only with a God who realizes him completely, because he can give himself only to Him completely and on the other hand this complete self-giving presumes the presence of God in man’s life. But we will have to see all of this, because if faith is so important for Christianity it is not because we want to give something which is not essential to man’s life; indeed we will have to admit that living, for the a man, means to live this faith. Completely realizing himself means for the man to live this faith until the end, a faith that is a total self-abandonment to a God who totally communicates Himself, who gives Himself.
If man does not live this relationship, he remains always a draft, he will remain always not ended, not perfectly one, not perfectly realized in all his aspirations, wishes, and hopes that God himself created in his heart. But we are going to see all of that in the future meditations. Now it is important to say that already in Israel’s life, religious life is essentially faith; it presumes a working presence of God to which the man answers with the acknowledgement, trusting in Him, with the abandonment to Him with a love which is already the answer: self-giving to Whom already gave Himself before.

Perché Gesù rimproverava i discepoli? / Why did Jesus scold the disciples? (ita-eng) – Don Divo Barsotti

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1335189157618Emmaus_CaravaggioAvete presente uno dei testi fondamentali che riguarda la fede nel Nuovo Testamento in san Marco? Gesù che rimprovera continuamente i discepoli perché non hanno fede; ed è l’unico rimprovero che fa loro. Non li rimprovera nemmeno perché litigano fra di loro o perché sono ambiziosi, li richiama ad essere liberi da questi difetti, ma non vi è un vero rimprovero. Egli non poteva aspettarsi di più da anime così rozze come potevano essere coloro che Egli aveva chiamato al suo seguito. Quello però di cui li rimprovera è che non hanno fede. Lungo tutta la sua vita pubblica il richiamo costante e il rimprovero continuo che Egli fa ai discepoli è che non abbiano fede in Lui. E anche quando è risorto di questo li rimprovera: che hanno dubitato [cfr. Mc 16, 14]; vuole da loro la fede e vuole la fede da coloro che ne ascolteranno il messaggio, perché essi dovranno portare il messaggio della salvezza a tutte le nazioni e, dice Gesù (si noti bene che qui non si tratta della nazione d’Israele che deve essere salvata, si tratta di ciascuno che ascolterà): «Chi crederà sarà salvo, chi non crederà sarà condannato» [cfr. Mc 16, 16]. Chi? Ciascuno. Non è il messaggio di un Dio salvatore che salva ora tutta l’umanità in generale, ma è il messaggio di un Dio salvatore che ha amato te e che vuole te salvo, e tu devi rispondere a questo amore con l’amore altrettanto libero e pieno.

Do you know one of the fundamental texts concerning faith on the New Testament on the Gospel of Mark? Jesus always scolds the disciples, because they have no faith; it is his only scolding of them. He does not scold them even when they discuss among each other or because they are ambitious;, he tells them to be free from these defects, but it is not a real scolding. He cannot wait more from so rough souls as the ones that He called to follow Him. But He scolds them because they have no faith. During His public life the constant reprimand and the continuous scolding that He makes to the disciples is that they have no faith in Him. And also when He is risen, He scolds them about that: they had doubts [cf. Mark 16: 14]; he wants faith from them and wants faith from those, who will listen to the message, because they will have to take the Salvation’s message to all the nations and, Jesus says (here He is not talking of the Israel nation to be saved, He is talking about all who will listen): “Whoever believes and is baptized will be saved, but whoever does not believe will be condemned” [cf. Mark 16: 16]. Who? Everyone. It is not the message of a Saviour God, who saves all the men in general, but it is the message of a Saviour God who loved you and who wants you to be saved, and you have to answer to this love with an equally free and full love.

Ama il Signore Dio tuo / Love the Lord your God (ita-eng) – Don Divo Barsotti


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8662319Il legame che lega a Dio ha la stessa forza, la stessa intimità, la stessa indissolubilità. Nei rapporti umani la morte può anche separare, in Dio invece la morte non c’è e perciò l’unione con Lui ha una indissolubilità che è l’eternità stessa. Soltanto che nel rapporto con gli uomini si fa presente l’amore stesso di Dio e nella misura che fa presente l’amore stesso di Dio, il legame umano diventa anche vero, reale, in tal modo che non è più soltanto un rapporto puramente sensibile, passionale, ma è un rapporto che ingaggia veramente due destini: il destino dell’uno e dell’altro; e questo è vero perché fa presente il legame stesso dell’uomo con Dio e veramente impegna tutto l’uomo verso Dio e tutto Dio verso l’uomo: «Amerai il Signore Dio tuo con tutto il cuore, con tutta l’anima tua…» San Paolo dunque, proprio con questa visione della fede nella sua teologia, nella fede vede tutta la vita cristiana fino alla consumazione; cioè se la vita cristiana ha inizio, radice e fondamento della fede, anche la sua consumazione è nella fede, perché tutto il processo della vita cristiana non sarà altro che vivere precisamente questo rapporto, che come da parte di Dio è il dono che Egli ti fa di tutto Se stesso, così deve essere anche il dono di tutto te stesso per tutta l’eternità a Lui.

The bond which connects to God has the same power, the same intimacy and, the same indissolubility. Death can also separate in human relationships, but on the contrary there is not death in God, so the union with Him has an indissolubility which is eternity. The difference is that in the relationship with men the love of God is present and as far as the love of God is present, the human connection becomes also true, and real in such a way that it is not only a pure sensible, passionate relationship, but is a relationship which really involves two destinies: the destiny of one and of the other; and this is true because the bond of man with God is present and really commits all the man toward God and all God toward the man: «Love the Lord your God with all your heart and with all your soul…» So Saint Paul, with this vision of faith in his theology, sees in the faith all Christian life until consumption; it means that if Christian life has is a beginning, root and basis in the faith, also its consumption is in the faith, because all Christian life’s process will be no more than exactly living this relationship, which as it is a gift by God of all Himself, so it has to be the gift of yourself to Him for all eternity.
(Translation by Marina Madeddu)

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È terribile, questo peso! – Don Divo Barsotti


Quello che distingue l’uomo, essenzialmente, nei confronti di tutte le creature, che veramente lo dimostra diverso, è la razionalità, certo, ma in quanto la razionalità è legata a una libertà, è a servizio di una creazione. L’uomo si crea. Quello che fa l’uomo è questa novità, è questa originalità dell’essere suo, è questa imprevedibilità del suo cammino: egli non è fatto, ma si fa; egli non è dato, ma si crea da se stesso. Ed è una cosa terribile pensare che noi siamo gli arbitri del nostro destino. Noi siamo immortali e dipende da noi, dopo Dio, o la beatitudine o la rovina eterna. È spaventoso! Meno male che noi siamo poco uomini, siamo almeno almeno per quattro quinti delle scimmie, perché non pensiamo mai, perché se pensassimo veramente rimarremmo sbalorditi della nostra grandezza, di questa potenza che è propria dell’uomo. Si vive due giorni, domani non ci saremo più, ma in questi due giorni siamo noi con Dio che determiniamo o la nostra infelicità eterna (eterna!) o la nostra beatitudine infinita. È più facile, è più semplice vivere come animali. Per questo gli uomini, oggi, cercano di vivere come animali, non perché vivono nel peccato, ma perché vivono una vita istintiva, si abbandonano, non vogliono il peso della libertà, non sanno sopportare questo peso. È terribile, questo peso! È quello che dice anche Dostojevsky: il peso della libertà è qualche cosa che veramente opprime l’uomo, lo schiaccia.
Una delle cose più importanti nella storia dell’umanità è proprio questa: che l’uomo si crea degli organismi perché lo dispensino dalla sua libertà: lo Stato e, secondo Dostojevsky, anche la Chiesa, la religione. E non è Dostojevsky soltanto che lo dice, lo dice anche un grandissimo cristiano come Barth. Le religioni uccidono la Religione, dispensano l’uomo: noi ci affidiamo a un altro, così ce ne laviamo le mani della nostra libertà. Ma lo possiamo? Una vera religione può dispensare dalla Religione?
Le religioni stesse tendono a dispensare l’uomo da una sua responsabilità morale: ci si affida. E allora ecco il fariseismo, ecco Israele. Israele si dispensa dalla sua libertà: c’è una legge. Fa certe cose e poi basta, poi può fare quello che vuole. Ci si affida a un organismo, ci si affida a una forza al di fuori di noi, che ci salvi, perché abbiamo paura di questo potere, che è proprio dell’uomo, di salvarsi o di perdersi.