quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A ACÇÃO SAGRADA DA MISSA : O Santo Sacrifício da Missa, em sua essência e em sua manifestação exterior, não é uma Doutrina, nem é apenas uma Oração. É, sim, uma verdadeira Acção. "Fazei isto em memória de mim." Com esta recomendação, confiou o Senhor a seus Apóstolos a realização da acção que Ele mesmo havia feito na última Ceia. E a santa Igreja, herdeira legítima do testamento do Senhor, continua a agir do mesmo modo através dos séculos, realizando-se assim a acção por excelência da humanidade: a Acção Sagrada.


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- PARTE 1

I. A ACÇÃO SAGRADA

O Santo Sacrifício da Missa, em sua essência e em sua manifestação exterior, não é uma Doutrina, nem é apenas uma Oração. É, sim, uma verdadeira Acção. "Fazei isto em memória de mim." Com esta recomendação, confiou o Senhor a seus Apóstolos a realização da acção que Ele mesmo havia feito na última Ceia. E a santa Igreja, herdeira legítima do testamento do Senhor, continua a agir do mesmo modo através dos séculos, realizando-se assim a acção por excelência da humanidade: a Acção Sagrada.

1. Figuras e profecias

Render culto a Deus é obrigação de tôdoa criatura racional. No estado de inocência em que foi criado, o homem cumpriu êste dever, porque fazia parte de sua felicidade. A vida era um continuado serviço de Deus.
A vontade do homem não conhecia outro lema, senão êste: "Faça-se a vossa vontade."

A graça santificante uniu o homem a Deus em uma santa aliança de amor. Paz e prosperidade eram os frutos dessa união que seria apenas o comêço de uma união definitiva na eternidade.

O primeiro pecado destruiu aquela feliz e harmoniosa união e o homem aprendeu a conhecer o bem e o mal.
Perdida a graça santificante, partiu-se o laço de amor; a morte e o sofrimento entraram na vida do homem.
Cerraram-se para êle as portas do céu. Permaneceu, no entanto, a consciência de um dever: o de render culto ao Senhor. A mesma voz interior ainda lhe falava da obrigação de satisfazer pela culpa cometida. Tão universal era essa voz, que não houve tempo, remoto que fôsse, ou região por demais longínqua, em que se não prestasse um culto e não se oferecesse um sacrifício a Deus.

Um povo, o escolhido do Senhor, em meio de trovões e relâmpagos, no monte Sinai, ouviu da bôca do Deus três vezes Santo: "Eu sou o Senhor, teu Deus." Eram estas palavras a base da Aliança de Deus com o seu povo. Delas se originaram os 10 mandamentos da Lei, como também tôdas as prescrições que regulavam o culto público a ser prestado ao Sumo Senhor, pela criatura dotada de inteligência.

Minuciosas eram as prescrições e numerosas. Cioso de sua honra, Deus exigiu zêlo e atenção daqueles que deviam, prestrando culto, proclamar a glória do Altíssimo e testemunhar a sua própria submissão.

Consistia êsse culto em cânticos e hinos, como na oblação dos frutos da terra e no sacrifício de animais puros. Representaram êles o homem com tôdas as suas intenções. Teriam, porém, conseguido o seu fim, que era: honrar dignamente a Deus, satisfazer pela culpa e levar o homem à sua última perfeição?

O Concílio de Trento responde:
"Na antiga aliança, devido à insuficiência do sacerdócio levítico, não se chegou à perfeição. Era preciso segundo a determinação de Deus, Pai de misericórida, que surgisse, conforme o rito de Melquisedeque, outro Sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo, que fôsse capaz de consumar, isto é, de conduzir à perfeição tôdos aquêles que deviam ser santificados.

Uma vez sòmente, o filho de Deus oferecer-se-ia , Êle prório, a Deus, seu Pai, sôbre o altar da Cruz, numa oblação em que a morte haveria de intervir a fim de operar a nossa redenção."

Mais uma vez ressoou a voz do Altíssimo. Dessa vez fala pela voz do profeta Malaquias: "Meu afeto não está em vós; nem continuarei a aceitar oferenda alguma de vossa mão. Porque desde o oriente até o poente o meu Nome é grande entre as nações e em todo lugar se sacrifica e se oferece uma oblação pura ao meu Nome; porque o meu Nome é grande entre as nações, assim diz o Senhor dos exércitos". Solenemente estava anunciado um novo Sacrifício, uma nova Ação Sagrada.

A AÇÃO SAGRADA (MISSA) - PARTE 2

2. O Sacrifício do Calvário

A Majestade de Deus, ofendida pelos homens, dêles se compadeceu. Deus mesmo se fêz homem, uniu sua Divindade à nossa humanidade, e assim o fêz para poder tornar-se o Medianeiro entre o Criador e a criatura.

Sendo Deus-Homem, tomou sôbre seus ombros os pecados dos homens e prestou uma satisfação digna e agradável ao Altíssimo. O sumo sacerdote do Antigo Testamento, uma vez apenas, no dia da reconciliação, entrava no Santos dos Santos e aspergia a arca com o sangue de bodes e touros, em expiação dos pecados do povo. Jesus Cristo, porém, é o Eterno e Sumo Sacerdote do Novo Testamento. Chegando a êste mundo, exclama: Sacrifícios e holocaustos não Vos agradam. Então eu disse: Eis que venho para fazer a vossa vontade, ó Deus! (Hebr. 10,5-7). Para reparar a desobediência do homem, fêz-se obediente até a morte e morte de Cruz.

No grande dia da reconciliação da humanidade, a Sexta-feira Santa, entrou no Santo dos Santos não feito por mãos de homens, isto é, entrou no céu. Não veio no sangue dos animais, mas em seu próprio Sangue, que derramou no altar da Cruz. E êste Sangue é mais forte do que o dos  animais, pois purifica os homens de seus pecados e subindo da terra para o céu, pede a alcança o perdão. a morte de Jesus não é sòmente satisfação; é igualmente o mais alto e mais perfeito louvor do Altíssimo, porque Jesus estava unido a Deus. Fazendo-se homem, nos fêz seus irmãos e filhos de seu Pai. Tornou-se participantes da natureza e da santidade de Deus, restituindo-nos a graça santificante.

Fonte:
  • Keckeisen, D. Beda.Missal Dominical.5a Edição.Bahia:Oficina Tipográfica do Mosteiro de São Bento,1949.360 páginas
FONTE:
  • Keckeisen, D. Beda.Missal Dominical.5a Edição.Bahia:Oficina Tipográfica do Mosteiro de São Bento,1949.360 páginas