Por Luis Fernando Pérez Bustamante – InfoCatólica | Tradução: Marcos Fleurer – Fratres in Unum.com: Na verdade, ontem fiquei quase em estado de “choque”, quando li o título da entrevista no portal Niedziela do arcebispo de Varsóvia-Praga, Dom Henryk Hoser: “A Igreja traiu a João Paulo II” . Disse comigo mesmo “não, isto deve ser muito exagero. Pode ser que alguns bispos e cardeais estejam traindo o santo papa polonês e inclusive até o próprio Jesus Cristo, mas a Igreja como tal não faz tal coisa”. E então li todas as palavras do prelado:
«Vou dizer brutalmente: a Igreja traiu João Paulo II. Não a Igreja como Esposa de Cristo, não a Igreja do nosso credo, porque João Paulo II era a expressão, a voz autêntica da Igreja, mas sim que a prática pastoral traiu a João Paulo II».
O matiz importante que Dom Hoser vem nos dizer é que ainda que a doutrina siga sendo a mesma, na realidade, com frequência, não se lhe aplica. Dado que o contexto de suas palavras é analisar o que ocorreu no sínodo passado, e o que está acontecendo neste período inter-sinodal, entende-se que o arcebispo esteja falando sobretudo da pastoral familiar e da pastoral sacramental em relação à família e, em geral, da moral católica sobre a vida sexual. E então só nos resta lhe dar razão.
A grande maioria dos bispos alemães já está permitindo a comunhão de adúlteros. Tentaram já quebrar o braço da Igreja em 1994, quando a Congregação para a Doutrina da Fé se negou a aceitar suas teses, então eles decidiram que aceitariam o parecer da Igreja, mas permitiram que ficasse como nada na realidade dos fatos. É como se os bispos aderissem formalmente aos dogmas trinitários e cristológicos, mas permitissem que quase todos seus sacerdotes pregassem a heresia ariana. A cumplicidade real não se manifesta com a heresia, mas em muitas ocasiões é muito pior do que a própria heresia. Sobretudo quando o cúmplice tem o dever de defender a fé.
Esses que traem a fé da Igreja. permitindo uma pastoral contrária a ela mesma, são os que agora pretendem que a traição se consuma completamente, mudando o conteúdo da fé no tocante à comunhão dos adúlteros. São também os que aceitam a anticoncepção como prática inevitável e como fator positivo na maioria das famílias cristãs.
O fato é que o episcopado polonês não tem a menor intenção de abandonar a defesa da fé católica nessas questões e em outras. E não é só isso. Não se deve ver os bispos africanos como mero espectadores do sínodo para entender que África tampouco vai admitir que se imponham as teses de Kasper, Bonny, Baldisserie e companhia limitada. Estamos à beira de um choque de trens do qual por fé sabemos que triunfará a verdade. Porque Cristo prometeu guardar na verdade a sua Esposa, a Igreja, especialmente confortando a fé do Papa.
Mas, para que a verdade triunfe ao fim, não significa que não haverá uma multidão de vítimas. De fato, já há. Trata-se de todos aqueles fiéis que levam meses vivendo na confusão e no temor que a Igreja ceda em algo tão fundamental como em seus ensinamentos sobre o casamento e os sacramentos. Também serão vítimas aqueles que vivem no pecado e pensam que, de alguma maneira, a Igreja vai “regularizar” sua situação sem que tenham que renunciar a sua vida de pecado. Quando verem que tal coisa não ocorre, se sentirão ainda mais rejeitados do que hoje dizem que estão. Só Deus sabe o bem que certamente vai tirar de tanto mal.
Laus Deo VirginiqueMatri
Luis Fernando Pérez Bustamante