terça-feira, 23 de dezembro de 2008



Oblatvs
A direção da oração para o oriente, já na antiguidade cristã, foi posta em relação com a cruz concebida como “o oriente interior da fé”. Porque ela está no centro do altar como ícone e não como acessório. Por que deveríamos obstaculizar o visual entre celebrante e fiéis? (Um fato curioso ocorreu em minha paróquia: a tentativa de um sacerdote de desvencilhar-se da cruz, como se ela escondesse dos fiéis o seu rosto e impedisse que lhes chegasse sua voz. Boa resposta lhe dá Mons. Bux)

Há algo melhor na liturgia que nos voltarmos todos à cruz e à imagem do crucificado que nela se encontra? Desde a hora em que é entronizada, como no antigo rito da sexta-feira santa, será sempre adorada. Ela está ali para recordar que a forma da eucaristia é o sacrifício de Cristo. A cruz é o pressuposto da celebração versus populum porque recorda a atitude fundamental da oração: conversi ad Dominum, voltados – e convertidos – ao Senhor. O divino rebaixou-se até o homem para que o homem se eleve até ele, ao sobrenatural.

(Uma sugestão, se me permitem, aos meus amigos padres: aproveitar a entronização da cruz na Sexta-feira Santa e não mais retirá-la, sem excessivas explicações aos fiéis, não subestimando sua capacidade de ler os sinais.)
No início da reforma não se pôs em discussão a cruz sobre o altar ou no alto, de modo que o olhar do sacerdote, de um lado, e dos fiéis, de outro, pudessem se deter sobre ela.

Depois, pouco a pouco, teorizou-se que podia ser exposta ao lado; e por fim às costas do sacerdote – frequentemente junto do tabernáculo – e não é mais objecto de atenção; acontece isto enquanto o filo-orientalismo multiplica os ícones (e algumas pinturas de péssima qualidade) nas laterais do altar na esperança de que sejam mais venerados. Quer dizer que ainda se percebe a exigência de ajudar os fiéis a se deter sobre imagens