- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
domingo, 19 de abril de 2009
Bento XVI : agradece manifestações de estima que tem recebido e reafirma "Nunca me sinto só"
Cristo ressuscitado centro e fundamento da comunhão dos cristãos, chamados a viver com um só coração e uma só alma: Bento XVI ao meio-dia, em Castelgandolfo. Papa agradece manifestações de estima que tem recebido e reafirma "Nunca me sinto só"
A quatro anos da sua eleição, neste II domingo de Páscoa, ao meio-dia, em Castelgandolfo, Bento XVI deu graças a Deus e agradeceu os sinais de afecto que tantos lhe exprimiram a propósito deste aniversário mas também dos seus 82 anos, no dia 16.
“Dou graças sobretudo ao Senhor pela coralidade de tanto afecto. Como tive ocasião de afirmar recentemente, nunca me sinto só. Mais ainda nesta semana especial, que para a liturgia constitui um único dia, experimentei a comunhão que me rodeia e me sustenta: uma solidariedade espiritual, alimentada essencialmente de oração, que se manifesta em mil modos”.
O Papa observou que desde os colaboradores da Cúria Romana até às mais distantes paróquias, “nós católicos formamos e devemos sentir-nos uma única família, animada pelos mesmos sentimentos da primeira comunidade cristã”, uma unidade e comunhão que “tinha como verdadeiro centro e fundamento Cristo ressuscitado”. “Ressuscitado, Jesus doou ao seus uma nova unidade, mais forte de antes, invencível, porque fundamentada não sobre recursos humanos, mas sobre a misericórdia divina, que os fez sentir todos amados e perdoados por Ele.
É portanto o amor misericordioso de Deus a unir firmemente, hoje como ontem, a Igreja, e a fazer da humanidade uma só família. É o amor divino que, mediante Jesus crucificado e ressuscitado, nos perdoa os pecados e nos renova interiormente”.
Bento XVI recordou que foi animado por esta convicção que João Paulo II quis dedicar à Misericórdia divina este segundo domingo de Páscoa, a todos propondo Cristo ressuscitado como manancial de confiança e de esperança, acolhendo a mensagem espiritual transmitida pelo Senhor a Santa Fautina Kowalska, sintetizada na invocação “Jesus, confio em Ti!”
A concluir, uma referência a Maria, que “nos acompanha na vida de cada dia”:
“Nós a invocamos como ‘Rainha do Céu’, sabendo que a sua realeza é como a do seu Filho: toda amor, e amor misericordioso. Peço-vos que confieis novamente a Ela o meu serviço à Igreja, ao mesmo tempo que lhe dizemos: ‘Mãe de misericórdia, rogai por nós’!”
Após o canto do “Regina Coeli”, Bento XVI começou por dirigir “uma cordial saudação e fervorosos votos” de boas festas pascais “aos irmãos e irmãs da Igrejas Orientais, que, seguindo o calendário juliano, celebram neste domingo a Santa Páscoa. Que o Senhor ressuscitado em todos renove a luz da fé e dê abundância de alegria e de paz!”
Especial atenção mereceu uma Conferência, organizada pelas Nações Unidas, em Genebra, a partir desta segunda-feira, para examinar a “Declaração de Durban, de 2001, contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a relativa intolerância”. “Trata-se de uma iniciativa importante porque ainda hoje, não obstante os ensinamentos da história, se registam fenómenos deploráveis”. “A Declaração de Durban (explicou o Papa) reconhece que ‘todos os povos e pessoas formam uma família humana, rica em diversidade. Esses contribuíram para o progresso da civilização e das culturas que constituem o património comum da humanidade… A promoção da tolerância, do pluralismo e do respeito pode conduzir a uma sociedade mais inclusiva”,
“A partir destas afirmações requer-se uma acção firme e concreta, a nível nacional e internacional, para prevenir e eliminar toda e qualquer forma de discriminação e intolerância” – declarou o Papa.
“Ocorre, sobretudo, uma vasta obra de educação, que exalte a dignidade da pessoa, tutelando os seus direitos fundamentais. A Igreja, pela sua parte, reafirma que só o reconhecimento da dignidade do homem, criado à imagem e semelhança de Deus, pode constituir uma referência segura para tal empenho. É, de facto, desta origem comum que brota um destino comum da humanidade, que deveria suscitar em cada um e em todos, um forte sentido de solidariedade e de responsabilidade”.
Bento XVI concluindo fazendo votos de que os delegados presentes em Genebra, a partir desta segunda-feira, “colaborem em espírito de diálogo e de acolhimento recíproco, para pôr termo a qualquer forma de racismo, discriminação e intolerância, assinalando assim um passo fundamental em direcção à afirmação do valor universal da dignidade do homem e dos seus direitos, num horizonte de respeito e de justiça para cada pessoa e povo”.