sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Excomunhão de Gherardini?

Uma postagem do colunista convidado Côme de Prévigny
Mons. Brunero Gherardini no Congresso dos Franciscanos da Imaculada. Na mesma foto (à direita), Dom Luigi Negri, bispo de San Marino.
Mons. Brunero Gherardini no Congresso dos Franciscanos da Imaculada. Na mesma foto (à direita), Dom Luigi Negri, bispo de San Marino.
Dom Bernard Fellay, o Superior Geral da Fraternidade de São Pio X (FSSPX / SSPX), disse em seu sermão de 8 de dezembro que: as propostas romanas estão cada vez mais interessantes, mas em suas formulações permanece um ponto com gosto amargo, que exige antes de mais nada a admissão de que o Vaticano II é compatível com a Tradição da Igreja.
Após as declarações de Sua Excelência suíça, a pressão aumenta, as mentes estão inflamadas. Agora que as sirenes familiares soam novamente o sinal de alerta de cisma definitivo, que o vaticanista Tornielli se deixa tomar pelo sentimento – ao imaginar o que o Arcebispo Lefebvre faria em circunstâncias semelhantes (ao falar que ele acha que ele “diria sim”), as exigências romanas parecem receber, no mesmíssimo coração da Cidade Eterna, um sério golpe. Por 25 anos, a Santa Sé não arredou o pé dos famosos textos conciliares, e, no exato momento em que o Superior Geral da Fraternidade de São Pio X entrega a sua nota ao Vaticano, um dos melhores alunos, dentre os mais fiéis e mais eruditos, se levanta para dizer que as exigências do mestre não resistem a exame.
Monsenhor Gherardini é decano dos teólogos da Universidade de Latrão, uma das instituições romanas mais veneráveis. Por meio século, ele tem formado centenas de bispos e padres, tentando apresentar-lhes o Concílio Vaticano II em continuidade com o magistério da Igreja. Ao final de uma longa e séria carreira, ele faz essa terrível confissão: a tentativa incansável não funciona. Falando do Concílio, ele descreve a sua continuidade com a Tradição como “problemática”: “não porque ele não tivesse declarado tal continuidade, mas sim porque, especialmente, naqueles pontos chave onde era necessário que essa continuidade fosse evidenciada, a declaração continuou sem comprovação.”
Em outras palavras, o teólogo diz que todas as demonstrações que tentam apresentar o Vaticano II em continuação com o magistério da Igreja são aos seus olhos nada mais que argumentos pouco convincentes.
No momento em que um dos teólogos vivos mais notáveis declara ter sérias dúvidas sobre os méritos dos textos conciliares, no momento em que ele pede um “exame crítico” desses textos, como a Santa Sé pode exigir o seu reconhecimento prévio como uma condição indispensável para a regularização da Fraternidade? Como se pode brincar com a esperança de milhares de fiéis ao redor do mundo, fazendo-os crer que a bola está do lado de Écône? A competente congregação [para a Doutrina da Fé] tem toda a capacidade de reconhecer, ao final de minuciosas discussões doutrinais, a catolicidade perfeita da Fraternidade e conceder-lhe a regularização que merece cada trabalho feito fielmente com o seu zelo pelas almas. Enquanto a Sagrada Liturgia e mesmo as verdades mais elementares (a Ressurreição de Cristo, a Presença Real, a universalidade salvífica de Jesus Cristo) são desprezadas por um bom número de bispos que não precisam assinar qualquer condição para serem nomeados e mantidos em exercício, será que esse reconhecimento realmente se revelaria uma aposta de alto risco?
Se afirmar que os textos do Concílio estão desconectados da Tradição torna a Fraternidade digna de ser considerada fora da Igreja, deve-se pensar que Monsenhor Gherardini merece excomunhão por ter ousado afirmar publicamente aquilo que outros nunca terão a coragem de dizer?

http://fratresinunum.com/2011/12/16/excomunhao-de-gherardini/