domingo, 4 de dezembro de 2011

A GRANDE E GRAVE CRISE PÓS-CONCILIAR:

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          A crise atual por que passa a Santa Igreja, como o foram todas as outras da sua história, é uma provação para a nossa fé e pode servir de tentação e ocasião de queda para muitos católicos. E, infelizmente, ela fez vítimas, tanto do lado dito “progressista” como do lado chamado “tradicionalista”, causando feridas doutrinárias em muitos católicos de todas as áreas.

          Escrevo para os sacerdotes e fiéis da nossa Administração Apostólica, esta porção do povo de Deus, equiparada a uma diocese, cujo cuidado pastoral foi a mim confiado e que governo em nome do Sumo Pontífice Nota 2 . Dirijo-me, portanto, aos católicos da linha mais conservadora. Por isso, a finalidade desta não é falar propriamente dos muitos erros e abusos que se encontram na ala progressista da Igreja, mas sim, além de confortar e animar os que lutam pela tradição doutrinária, litúrgica e disciplinar católica, ao mesmo tempo adverti-los contra erros que também se infiltram nas linhas mais conservadoras, para que o posicionamento desses fiéis católicos esteja perfeitamente sintonizado com a teologia católica. “Quem quer o mundo emendar deve por si começar”, diz o ditado. Portanto, para sermos instrumentos úteis à Igreja na presente crise, devemos começar por observar e corrigir os nossos próprios deslizes e incorreções.

          Um dos principais erros que atingem ambas as áreas, e de modo especial os tradicionalistas, diz respeito ao Magistério vivo da Igreja. Há um perigo de protestantização de ambos os lados. Se, por um lado, lamentamos a protestantização litúrgica da ala mais progressista, lamentamos profundamente também a infiltração do princípio protestante do “livre exame” nos meios tradicionalistas. Muitos não fazem caso dos documentos do Magistério atual, nem sequer os lêem. Muitos se posicionam absurdamente como juízes do Magistério e até mesmo juízes no lugar do Magistério.

          O nosso objetivo é pois, repito, purificar o nosso “tradicionalismo”, corrigindo distorções, imprecisões e até desvios doutrinários, para que, assim purificados, possamos realmente prestar serviço à Hierarquia da Igreja, combatendo eficazmente, ao lado dela e sob sua autoridade, a “autodemolição” da Igreja, lamentada pelo Papa Paulo VINota 3 , salvando muitas almas, especialmente as nossas. A tão lamentada pelo Papa “fumaça de Satanás” que penetrou no templo de DeusNota 4 fez mal aos olhos de muitos católicos, progressitas e conservadores. A minha função como Bispo é alertar, dar o alarme como sentinela posta por Deus para resguardar o seu rebanho, mostrando-lhes o reto caminho nesses momentos de crise. Espero ser ouvido para o bem de suas próprias almas. “Eu te constituí sentinela na casa de Israel... Aquele que levou em consideração o alarme, esse terá salvado a sua vida... Se depois de receber tua advertência para mudar de proceder, nada fizer, ele perecerá devido a seu pecado, enquanto tu salvarás a tua vida”. Nota 5

       


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§ 1. A GRANDE E GRAVE CRISE PÓS-CONCILIAR:


          O Concílio Vaticano II aconteceu num período conturbado de grande crise na Igreja e sua realização serviu de ocasião e pretexto para grandes erros, propagados em seu nome Nota 96 , gerando a confusão entre o que era realmente do Concílio e o que era difundido em seu nome, o que levou muitas pessoas a uma análise negativa a seu respeito.

          Assim lamentava o Papa Paulo VI: “Acreditávamos que o Concílio traria dias ensolarados para a História da Igreja. Ao contrário, são dias repletos de nuvens, de tempestades, de nevoeiros, de procura, de incerteza” (Alocução de 29 de junho de 1972).

          O então Cardeal Ratzinger, hoje nosso Papa, em entrevista ao Osservatore Romano, disse: “Os resultados do Vaticano II parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, começando com as do Papa João XXIII e depois do Papa Paulo VI... É fora de discussão que este período foi definitivamente desfavorável para a Igreja” Nota 97 .

          E o atual Papa também comentou: “O Cardeal Julius Döpfner dizia que a Igreja pós-conciliar é uma grande obra de construção. Mas um espírito crítico acrescentou que é uma obra de construção onde se perdeu o projeto e cada um continua a fabricar de acordo com o seu próprio gosto. O resultado é evidente” Nota 98 .

          Mas ele acrescenta, com a mesma clareza: “nas suas expressões oficiais, nos seus documentos autênticos, o Vaticano II não pode ser considerado responsável por essa evolução, que, pelo contrário, contradiz radicalmente tanto a letra como o espírito dos Padres conciliares” Nota 99 .

          Este aspecto negativo foi causado sobretudo pelo famigerado e pernicioso “espírito do Concílio”, que o então Cardeal Ratzinger chamava de “antiespírito” Nota 100 .

          E esse “espírito do Concílio” impressionou tanto que até hoje, quando se quer explicar algo sobre o Concílio, alguns pensam que se está falando dele assim interpretado na linha modernista, e como se se estivesse aprovando todos os erros dali conseqüentes.

          O objetivo desta nossa Orientação Pastoral não é defender o Concílio, mas sim, salvar a indefectibilidade da Igreja e o seu Magistério, fazendo as devidas distinções, e esclarecer os nossos católicos para que não errem de alvo: ao atacar os erros podem estar atingindo ao mesmo tempo a própria Igreja e o seu Magistério.

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