25. Ao desprendimento da vossa vontade e de vós mesmos com a generosa obediência aos superiores e a renúncia aos prazeres carnais pela castidade, deveis unir o desprendimento cotidiano do espírito, das riquezas e das coisas terrenas. Exortamo-vos ardentemente, filhos diletos, a não vos prenderdes com afeto às coisas desta terra, transitórias e perecíveis. Tomai como exemplo os grandes santos dos passados e dos nossos tempos, os quais, unindo o necessário desprendimento dos bens materiais a uma grandíssima confiança na Providência e a um ardentíssimo zelo sacerdotal, realizaram maravilhosas obras, confiando unicamente em Deus, o qual nunca deixa faltar o necessário. Também o sacerdote, que não faz com voto particular a profissão da pobreza, deve ser sempre guiado pelo espírito e pelo amor desta virtude, amor que deve demonstrar pela simplicidade e modéstia do teor de vida, da habitação e pela generosidade para com os pobres; de modo particularíssimo, portanto, repudie o imiscuir-se em empresas econômicas, que lhe impedirão de cumprir os seus deveres pastorais e diminuirão a confiança que nele depositam os fiéis. O sacerdote, porque deve com o máximo de empenho procurar a salvação das almas, deve poder aplicar sempre a si mesmo o dito de s. Paulo: "Não busco os vossos bens, mas, sim, a vós" (2Cor 12,14).
26. Teríamos ainda muito por dizer sobre todas as virtudes com as quais o sacerdote deve reproduzir em si mesmo, do melhor modo possível, o exemplar divino que é Jesus Cristo. Preferimos, contudo, despertar a vossa atenção sobre o que nos parece mais necessário aos nossos tempos. Recordamo-vos, entre outras, as palavras do áureo livro da "Imitação de Cristo": "O sacerdote deve ser adornado de todas as virtudes, e dar aos outros exemplo de vida reta; a sua conversação não seja segundo os vulgares e comuns meios dos homens, mas com os anjos no céu ou os homens perfeitos na terra".(10)