terça-feira, 24 de agosto de 2010

Os Papas e o Anjo da Guarda

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«Muitos papas do século XX falaram sobre os anjos. Pio XI costumava recomendar aos representantes diplomáticos da Santa Sé que invocassem a ajuda do Anjo da Guarda, principalmente nas missões mais difíceis e delicadas.

O Papa revelou certa vez a Monsenhor Ângelo Roncalli (mais tarde Papa João XXIII): “Quando temos de falar com uma pessoa pouco aberta aos nossos argumentos e com a qual a nossa linguagem deve ter um tom um tanto persuasivo, recorremos ao nosso Anjo da Guarda. Pedimos que ele interceda junto ao Anjo da pessoa que devemos encontrar. Uma vez estabelecido o acordo entre os dois Anjos, a conversa entre o Papa e o seu visitante torna-se muito mais fácil”.

A devoção de Pio XI pelo Anjo da Guarda era tão profunda que, noutra ocasião, ele declarou que o seu Anjo ajudou em tudo o que o Papa pôde fazer de bom na sua vida.

Pio XI invocava o seu Anjo da Guarda de manhã e à noite, e repetia a oração várias vezes durante o dia.

Numa carta de 3 de Outubro de 1948, Monsenhor Ângelo Roncalli confessou a um parente: “Recito o ‘Angele Dei’ pelo menos cinco vezes por dia e muitas vezes converso espiritualmente com ele, sempre com calma e paz. Quando tenho que visitar alguma personalidade importante para tratar de assuntos da Santa Sé, peço ao meu Anjo para que entre em acordo com o anjo da pessoa que vou encontrar, para que influa nas suas disposições. É uma pequena devoção da qual o Santo Padre Pio XI me falou uma vez, e que eu considero muito frutuosa”.

Nos cinco anos de pontificado, João XXIII falou pelo menos quarenta vezes sobre o Anjo da Guarda, incitando abertamente à sua devoção: “Uma coisa é certa: todos e cada um de nós estamos confiados aos cuidados de um Anjo. Disso deriva a viva devoção que todos devemos ter pelo nosso Anjo da Guarda. Devemos repetir com frequência e confiança a oração que nos foi ensinada na nossa infância”.

Com João XXIII teve início o costume de rezar o Angelus com os fiéis na praça de São Pedro aos domingos.

Pio XII e Paulo VI, sóbrios como eram no seu estilo, mas não menos certos da existência dos Anjos, também falaram sobre eles. Na Encíclica Humani Generis, de 1950, Pio XII refere-se a alguns erros que ameaçavam os fundamentos da doutrina católica. Entre eles estava a “opinião de alguns teólogos que questionavam se os Anjos são criaturas pessoais”.

Numa alocução de 3 de Outubro de 1958, alguns dias antes de morrer, o mesmo papa disse a setecentos peregrinos americanos que “cada um de nós, por mais humilde que seja, está aos cuidados dos Anjos. Estes são puros espíritos esplêndidos e nos foram dados como companheiros de estrada: têm a missão de cuidar de nós com atenção, para que não nos afastemos de Cristo Nosso Senhor”. No final da audiência, exortou os fiéis a “manterem uma certa familiaridade com os Anjos, cuja constante solicitude serve para a nossa salvação e santificação. Se Deus quiser, vós transcorrereis uma eternidade de alegria com os Anjos: aprendei a conhecê-los desde já”.

Paulo VI também fez referência a essa eternidade de alegria com os Anjos, na sua Profissão de Fé de 30 de Junho de 1968. Com o seu CREDO, o Papa quis afirmar as verdades fundamentais da Igreja católica. Entre elas está a existência dos anjos: “Nós cremos num só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, Criador das coisas visíveis (...) e das coisas invisíveis, como os puros espíritos, também chamados Anjos”.

Na conclusão do Credo, ao se referir aos que já fazem parte da Igreja do céu, Paulo VI afirma que “são também, em graus diversos, associados Santos Anjos no governo divino exercido por Cristo sobre nós”. Para Paulo VI, os Anjos são uma parte indispensável da doutrina católica, como pode ser confirmado por uma carta que o Pontífice escreveu em 1965 ao então Cardeal Primaz da Holanda, Johannes Alfrink, àcerca das correcções a serem feitas no texto do novo “Catecismo Holandês”, que tanta discussão gerou no mundo católico. Paulo VI recordou a Alfrink a necessidade de reintroduzir no “catecismo” a “doutrina sobre a existência dos Anjos, fundamentada no Evangelho e na Tradição da Igreja”.

O Patriarca de Veneza, Albino Luciani, que foi o Papa João Paulo I durante 33 dias, também falou sobre os Anjos, denunciando a ignorância que circunda na época moderna: “Os anjos são os grandes desconhecidos destes tempos de cosmolatria tendenciosa. Alguns insinuaram que não se trata de seres pessoais. Muitos já não falam deles. Seria oportuno recordá-los com mais frequência, como ministros da Providência no governo dos homens e do mundo, procurando viver como fizeram os santos, de Agostinho a Newman, em familiaridade com eles”.

Em 1986, João Paulo II dedicou cinco discursos ao tema dos Anjos, durante a catequese sobre Deus criador. O Pontífice expôs e reafirmou a validade da tradicional doutrina católica sobre os Anjos.»

( Marina Ricci, revista “30 Giorni”)
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