A SANTA MISSA É O MAIS SUBLIME SACRIFÍCIO DE LOUVOR.
Deus é inefável. Não há criatura que possa exprimir-lhe a santidade e a glória. É a mais rigorosa justiça, a mais doce misericórdia, a beleza personificada, em uma palavra, é o conjunto de todas as perfeições. Bem que os Anjos e os Santos o amem de todo o coração, tremem em presença de sua sublime Majestade e adoram-no prostrados com o mais profundo respeito. Louvam, exaltam e bendizem-lhe as infinitas perfeições sem jamais poderem saciar-se.
O sol, a lua, as estrelas imitam-nos. Todas as outras criaturas: os animais, as árvores das florestas, os metais e as pedras, bendizem ao Senhor, conforme a espécie e os meios, e contribuem assim para sua maior glória.
Se, pois, todos os seres devem louvar ao Senhor, quanto mais o homem, que foi criado para este fim com uma alma racional.
David, rei e profeta, cumpriu, excelentemente, este dever. Convidou a terra e o céu, os seres animados e inanimados, para com ele bendizerem ao Senhor, a fim de que as gerações futuras continuassem a celebrar a glória de seu nome.
Mais estritamente que o povo judeu, somos obrigados para com Deus, a quem “predestinou sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, segundo o propósito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça” (Ef. 1, 5-8).
Em outros termos, Deus adotou os cristãos para que louvassem e bendizessem a magnificência de sua graça. Eis o dever sagrado ao qual não nos poderemos subtrair sem pecado grave. Para cumprir este dever, imperadores, reis, príncipes piedosos edificaram magníficos templos e fundaram mosteiros, onde os louvores ao Senhor deviam seguir-se noite e dia, pelo canto das horas canônicas.
É por essa razão que a Igreja obriga seus clérigos, desde que recebem o subdiaconato, à recitação quotidiana do breviário, obrigação que estende sobre a maior parte das Ordens religiosas de um e de outro sexo. Todos se conformam com isto alegremente e “elevam a glória do Senhor tão alto quanto podem, e elevam sua grandeza quanto possível, porque ele está acima de todo louvor”.
Para que, porém, o nosso louvor seja um tributo digno de ser recebido pela imensa Majestade de Deus, Jesus Cristo, conhecendo a fraqueza humana, instituiu a santa Missa, o “sacrifício de louvor” por excelência, oferecido ao Senhor todos os dias e a toda hora.
Recordai, sob este ponto de vista, as diferentes partes da santa Missa. Que hino magnífico o “Glória in excelsis; ‘laudamus te’, nós Vos louvarmos; ‘benedicimus te’, nós Vos bendizemos; ‘adoramus te’, nós Vos adoramos; ‘gloricamus te’, nós Vos glorificamos!”
Que cântico ardente o “Sanctus”: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos; Vossa glória enche os céus e a terra. Hosana nas alturas, bendito seja quem vem em nome do Senhor!”
O profeta Isaías, em um êxtasis, ouviu os coros dos Anjos que cantavam, alternadamente, este cântico, e o hosana de alegria partia do coração dos judeus, quando Jesus entrou em Jerusalém, seis dias antes de sua Paixão. Unindo, na santa Missa, nossas fracas vozes e essas melodias celestes, rendemos a mais pura glória que possa ser rendida a Deus no céu e na terra.
“A Santa Igreja, pela Carne e pelo Sangue de Jesus Cristo, oferece um sacrifício de louvor”, diz Santo Agostinho. E São Lourenço Justiniano escreve: “É certo que Deus não poderia ser mais louvado do que pelo Sacrifício da Missa, instituído para esse fim pelo Salvador”.
Na Missa, o Filho de Deus oferece-se a seu Pai e rende-lhe toda a honra, toda a glória que lhe rendia sobre a terra. Desta sorte e assim unicamente, o Pai é glorificado de maneira digna dele: eis porque Deus recebe, de uma só Missa, mais honra e glória do que poderiam proporcionar-lhe todos os Anjos e Santos.
Se, em honra da Santíssima Trindade, o céu inteiro organizasse uma procissão, à frente da qual marchasse a Mãe de Deus, seguida dos nove coros dos Anjos e do exército inumerável dos Santos e bem-aventurados, Deus seria certamente muito honrado por ela. Mas, se enviasse a Igreja militante um só de seus sacerdotes para rematar esta augusta procissão pelo santo Sacrifício da Missa, verdadeiramente, este pobre sacerdote, pela única Missa que celebrasse, renderia a Deus uma homenagem infinitamente maior do que a que resultaria de uma tão tocante cerimônia; homenagem tão elevada acima da primeira, como o Filho de Deus está elevado sobre todas as criaturas.
“Quando, um dia, assistia à Missa, conta-nos Santa Brígida, pareceu-me, no momento da consagração, o sol, a lua, as estrelas, todo o firmamento e suas evoluções cantarem as mais doces e penetrantes harmonias. Unia-se-lhes uma multidão de cantores celestes, cujos acentos eram tão melodiosos que nem se pode imaginar. Os coros angélicos contemplavam o sacerdote e inclinavam-se diante dele com o mais profundo respeito, enquanto os demônios fugiam, tremendo de espanto. Logo que as palavras sacramentais foram pronunciadas sobre o pão, percebi um cordeirinho em lugar da hóstia; tinha a figura de Jesus; os Anjos o adoravam e o serviam. Uma infinidade de almas santas louvavam também, com os Anjos, o Altíssimo e o Cordeiro imaculado” (Lib. 8, c. 56).
Caro leitor, estás no meio desta assembléia celeste, quando assistes à santa Missa e ajudas a louvar ao Senhor. Ele repara as blasfêmias, os insultos que os homens insensatos proferem diariamente. Sem este augusto sacrifício de louvor, o mundo não subsistiria. A santa Missa retém o braço de Deus; opõe aos ultrajes dos ímpios as homenagens dignas de sua divina Majestade.
Agradece, pois, sem cessar, a nosso bom Mestre a instituição da santa Missa e aproveita, cada vez mais, deste meio eficacíssimo de louvar ao Senhor.
Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/