quarta-feira, 25 de agosto de 2010

VENERÁVEL PIO XII : A perfeita santidade exige ainda uma contínua comunicação com Deus; e a fim de que este íntimo contacto que a alma sacerdotal deve estabelecer com Deus não seja interrompido na sucessão dos dias e das horas, a Igreja impôs aos sacerdotes a obrigação de recitar o Ofício divino. Desse modo acolheu ela fielmente o preceito do Senhor: "É mister orar sempre e nunca deixar de fazê-lo" . Essa oração tem uma eficácia singular, porque é feita em nome de Cristo, isto é, "por nosso Senhor Jesus Cristo", que é, o nosso mediador junto do Pai, a quem incessantemente apresenta a sua satisfação, os seus méritos e o supremo preço do seu sangue. Essa é verdadeiramente a "voz de Cristo", o qual "ora por nós como nosso sacerdote, ora em nós como nossa cabeça". O Ofício divino é também o meio mais eficaz de santificação...trata-se, sobretudo, da elevação do nosso espírito e da nossa alma a Deus, para que se unam à harmonia dos espíritos bem-aventurados; (17) elevação que supõe aquelas disposições interiores lembradas no princípio do Ofício divino: "digna, atenta e devotamente". É por isso necessário que o sacerdote ore com as mesmas intenções do Redentor.




EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA PIO XII

MENTI NOSTRAE

AO CLERO DO MUNDO CATÓLICO
SOBRE A SANTIDADE DA VIDA SACERDOTAL

A todo o clero,
em paz e comunhão com a Sé Apostólica
3. Necessidade da oração e da piedade

A obrigação do Ofício divino
37. A perfeita santidade exige ainda uma contínua comunicação com Deus; e a fim de que este íntimo contacto que a alma sacerdotal deve estabelecer com Deus não seja interrompido na sucessão dos dias e das horas, a Igreja impôs aos sacerdotes a obrigação de recitar o Ofício divino. Desse modo acolheu ela fielmente o preceito do Senhor: "É mister orar sempre e nunca deixar de fazê-lo" (Lc 18,1). Assim como a Igreja jamais cessa de orar, deseja ardentemente que o mesmo façam seus filhos, repetindo a palavra do Apóstolo: "Por ele (Jesus), pois, ofereçamos a Deus sem cessar sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome" (Hb 13,15). Aos sacerdotes incumbiu a Igreja do dever particular de consagrar a Deus, orando também em nome do povo, todo o tempo e todas as circunstâncias.
http://blog.cancaonova.com/fatimahoje/files/2009/12/pioxii.jpgA voz de Cristo e da Igreja
38. Conformando-se a essa disposição, o sacerdote continua através dos séculos a praticar o mesmo que fez Cristo, o qual "nos dias da sua carne, oferecendo, com grande brado e lágrimas, preces e rogos... foi atendido pela sua reverência" (Hb 5,7). Essa oração tem uma eficácia singular, porque é feita em nome de Cristo, isto é, "por nosso Senhor Jesus Cristo", que é, o nosso mediador junto do Pai, a quem incessantemente apresenta a sua satisfação, os seus méritos e o supremo preço do seu sangue. Essa é verdadeiramente a "voz de Cristo", o qual "ora por nós como nosso sacerdote, ora em nós como nossa cabeça".(16) É igualmente sempre a "voz da Igreja", que abrange os votos e desejos de todos os fiéis, os quais, associados à voz e à fé do sacerdote, louvam Jesus Cristo e por meio dele rendem graças ao Eterno Pai e lhe impetram os auxílios necessários nas vicissitudes de cada dia e cada hora. Por meio do sacerdote repete-se desse modo aquilo que fez Moisés sobre o monte Sinai, quando, de braços elevados ao céu, falava com Deus e obtinha misericórdia a favor do seu povo, que lutava no vale subjacente. 
http://sagrada-familia.org/images/pius12.jpgEficiente meio de santificação
39. O Ofício divino é também o meio mais eficaz de santificação. Por isso não é somente uma recitação de fórmulas, nem de cânticos entoados com arte; não se trata somente do respeito a certas normas, determinadas rubricas ou de cerimónias externas de culto; mas trata-se, sobretudo, da elevação do nosso espírito e da nossa alma a Deus, para que se unam à harmonia dos espíritos bem-aventurados; (17) elevação que supõe aquelas disposições interiores lembradas no princípio do Ofício divino: "digna, atenta e devotamente".

Ter as mesmas disposições de Jesus
40. É por isso necessário que o sacerdote ore com as mesmas intenções do Redentor. É, portanto, quase que a própria voz do Senhor, que, por intermédio do seu sacerdote, continua a implorar da clemência do Pai os benefícios da redenção; é a voz do Senhor, à qual se associam as legiões dos anjos e dos santos no céu e de todos os fiéis sobre a terra, para devidamente glorificar a Deus; é a própria voz de Cristo nosso advogado, por meio da qual nos são alcançados os imensos tesouros dos seus méritos. 
http://media-2.web.britannica.com/eb-media/23/9623-004-5D40A895.jpgA meditação cuidadosa do breviário
41. Meditai atentamente, portanto, aquelas verdades fecundas que o Espírito Santo generosamente nos deu na Sagrada Escritura e que os escritos dos Padres e doutores comentam. Enquanto os vossos lábios repetem as palavras ditadas pelo Espírito Santo, esforçai-vos por nada perder de tanto tesouro, e para que em vossa alma encontre viva ressonância a voz de Deus, afastai cuidadosamente tudo quanto vos possa distrair e concentrai os vossos pensamentos, a fim de vos dedicardes mais facilmente e com maior fruto à contemplação das verdades eternas.