sábado, 13 de dezembro de 2008


Cardeal Ratzinger

O missal anterior tinha sido criado por Pio V, por ocasião de Concílio Tridentino; assim era normal, dizia-se, que após 400 anos e depois de um novo Concílio um novo Papa oferece-se um novo missal. Mas a verdade histórica é outra. Pio V havia mandado fazer apenas uma revisão do Missale Romanum existente, como é normal no crescimento vivo da história através dos séculos. Assim também muitos de seus sucessores tinham novamente trabalhado esse missal, sem jamais opor um missal novo ao missal anterior.

Foi um processo contínuo de crescimento e purificação, no qual, porém, nunca se destruiu a continuidade. Não existe um missa de Pio V que tivesse sido criada por ele. O que existe é a revisão feita por Pio V, como fase de uma longa história de crescimento. O “novo” depois do Concílio de Trento foi de outra natureza: o rompimento causado pela Reforma tinha-se realizado, sobretudo, como “reformas” litúrgicas.

Não havia simplesmente uma Igreja Católica e outra protestante, uma ao lado da outra; a divisão da Igreja realizou-se quase imperceptivelmente, e era mais visível e historicamente mais eficaz na mudança da liturgia, que ainda aconteceu com muita diferença entre um lugar e outro, de sorte que também aí, entre o ainda católico e o já não católico muitas vezes era impossível de discernir.

Naquela situação confusa, que se tornara possível pela falta de uma legislação litúrgica única e pela existência de um pluralismo litúrgico na Idade Média, o papa decidiu que o Missale Romanum, o livro das missas na cidade de Roma, tinha de ser introduzido em toda parte onde não se pudessem alegar liturgias que tivessem pelo menos 200 anos de idade.