- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Bento XVI sobre Orientação Litúrgica: Citações importantes
pelo Pe. Thomas Kocic
Um de nossos leitores (do blog New Liturgical Movement) pensa que seria útil e que pouparia tempo providenciar uma colecção de citações do então cardeal Ratzinger sobre o tema da orientação do altar na oração litúrgica. Com gratidão a Nichael Kowalewski, ei-las:
“A despeito de todas as variações na prática ocorridas no segundo milénio, uma coisa permaneceu evidente para toda a Cristandade: a oração voltada para o oriente é a tradição que remonta às origens.”
Introdução ao Espírito da Liturgia, edições Paulinas, pág. 75.
“Como tenho escrito em meus livros, penso que a celebração voltada para o oriente, voltada para o Cristo que vem, é uma tradição apostólica.”
Looking Again at the Question of Liturgy with Cardinal Ratzinger, ed. Alcuin Reid (St. Michael's Abbey, 2003), pág. 151.
Card.Ratzinguer
“A partir do momento em que o sacerdote voltou-se para o povo transformou a comunidade em um círculo fechado em si mesmo. Nesta forma, não mais está aberta para o que reside acima e abaixo, mas está fechada em si mesma.
A posição comum em direcção ao oriente não era uma “celebração em direcção à parede”; não significava que o sacerdote “desse as costas para o povo”: o próprio sacerdote não era considerado como tão importante”.
Introdução ao Espírito da Liturgia, págs. 80-81.
Card.Ratzinguer
"Exactamente como a assembleia na sinagoga olhava conjuntamente em direcção a Jerusalém, assim também na liturgia cristã a assembleia olha conjuntamente “em direcção ao Senhor”... Eles não se fecham num círculo; eles não se fixam uns nos outros; mas como o Povo de Deus peregrino procuram pelo Oriens, pelo Cristo que vem nos encontrar...
A posição comum em direcção ao oriente durante a Oração Eucarística permanece essencial. Não é o caso de algo acidental. Olhar para o sacerdote não tem importância. O que importa é olhar conjuntamente para o Senhor.”
Introdução ao Espírito da Liturgia, págs. 80-81.
card.Ratzinguer
“Mudar a cruz do altar para o lado para dar uma visão ininterrupta do sacerdote é algo que considero um dos fenómenos verdadeiramente absurdos das décadas recentes. A cruz é obstrutiva durante a Missa? O sacerdote é mais importante que o Senhor? Este erro deve ser corrigido tão rapidamente quanto possível; pode ser feito sem ulteriores reconstruções.”
(Refere-se o Papa à simples disposição de uma cruz no centro do altar - à sua ausência ele chama erro. Causa estranheza a rejeição absoluta de uns e a indiferença de outros a algo tão necessário quanto factível; sem mencionar o fato de que o altar do Sacrifício se distinguira mais claramente das mesas comuns usadas para refeições comuns.)
Introdução ao Espírito da Liturgia, pág. 84
Card.Ratzinguer
“Na Basílica de São Pedro, durante o pontificado de São Gregório Magno (590-604), o altar foi mudado para mais perto da cátedra do bispo, provavelmente pela simples razão que ele devesse ficar o mais possível acima do túmulo de São Pedro... Devido a circunstâncias topográficas, fez com que a Basílica de São Pedro se voltasse para o oeste”.
Introdução ao Espírito da Liturgia ,pags 76- 77
Card.Ratzinger
"Portanto, se o sacerdote celebrante desejasse – como a tradição cristã de oração exige – voltar-se para o oriente, ele deveria ficar diante do povo e olhar – esta é a conclusão lógica – em direcção ao povo... A renovação litúrgica em nosso século tomou este suposto modelo e desenvolveu a partir dele uma nova ideia para a forma da liturgia. A Eucaristia – assim se dizia – devia ser celebrada versus populum (em direcção ao povo).
O altar – como pode ser visto no modelo normativo da Basílica de São Pedro – devia ser posicionado de tal maneira que o sacerdote e o povo olhassem um para o outro e formassem conjuntamente o círculo da comunidade celebrante. Somente isto – assim se dizia – era compatível com o sentido da liturgia cristã, com a exigência da participação activa. Somente isto se conformava ao modelo primordial da Última Ceia.”
Introdução ao Espírito da Liturgia ,pags 76- 77
Card.Ratzinger
“Estes argumentos enfim pareceram tão persuasivos que após o Concílio (que nada disse sobre ‘voltar-se em direcção ao povo’) novos altares foram construídos em toda parte, e hoje a celebração versus populum realmente parece ser o fruto característico da renovação litúrgica do Vaticano II.
De facto é a consequência mais conspícua de um redireccionamento que não apenas significa um novo arranjo externo dos lugares destinados à liturgia, mas também trás consigo uma nova ideia da essência da liturgia – a liturgia como uma refeição comum.”
Introdução ao Espírito da Liturgia ,pags 76- 77
Card.Ratzinger
“O conteúdo positivo da antiga direcção voltada ao oriente não reside em sua orientação para o tabernáculo... O sentido original do que actualmente é chamado “o sacerdote dando suas costas para o povo” é de facto – como J. A. Jungmann tem mostrado consistentemente – o sacerdote e o povo conjuntamente tomarem a mesma direcção, o que temos é uma orientação cósmica e também uma interpretação da Eucaristia em termos de ressurreição e de teologia trinitária.
Por isso é também uma interpretação em termos de parusia, uma teologia da esperança, em que cada Missa é uma aproximação ao retorno de Cristo.”
The Feast of Faith (Ignatius Press, 1986), pág. 140
Card. Ratzinguer
“A cruz no altar não está obstruindo a visão; é um ponto comum de referência. É uma ‘iconostasis’ aberta que, longe de impedir a unidade, na verdade a facilita: é a imagem que atrai e unifica a atenção de todos. Eu ainda ousaria sugerir que a cruz no altar é, na verdade, uma pré-condição para a celebração voltada para o povo.”
The Feast of Faith, pág. 145
“Entre os fiéis há uma crescente compreensão dos problemas inerentes a um arranjo que dificilmente mostra que a liturgia esteja aberta a coisas que estão acima e ao mundo que está por vir”
Prefácio ao livro de U.M. Lang, Vueltos hacia il Señor
Fonte:Oblatvs