- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
DA NATUREZA DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA E DA PRESENÇA REAL DE JESUS CRISTO NESTE SACRAMENTO
SANTÍSSIMA EUCARISTIA
A SANTÍSSIMA EUCARISTIA
Catecismo Maior de São Pio X
1. DA NATUREZA DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA E DA PRESENÇA REAL DE JESUS CRISTO NESTE SACRAMENTO
A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual.
Na Eucaristia está verdadeiramente o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem Maria.
Eu acredito que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo porque Ele mesmo o disse, e assim no-lo ensina a Santa Igreja.
A matéria do Sacramento da Eucaristia é a que foi empregada por Jesus Cristo, a saber: o pão de trigo e o vinho de uva.
A forma do Sacramento da Eucaristia são as palavras usadas por Jesus Cristo: ‘Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue.
A hóstia antes da consagração é pão de trigo. Depois da consagração, a hóstia é o verdadeiro Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies de pão.
No cálice antes da consagração está vinho com algumas gotas de água. Depois da consagração, há no cálice o verdadeiro Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies de vinho.
A conversão do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Jesus Cristo faz-se precisamente no ato em que o sacerdote, na Santa Missa, pronuncia as palavras da consagração.
A consagração é a renovação, por meio do sacerdote, do milagre operado por Jesus Cristo na última Ceia, quando mudou o pão e o vinho no seu Corpo e no seu Sangue adorável, por estas palavras: ‘Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue’.
Esta miraculosa conversão, que todos os dias se opera sobre os nossos altares, é chamada pela Igreja transubstanciação.
Foi o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, Deus omnipotente, que deu tanta virtude às palavras da consagração.
Depois da consagração ficam só as espécies do pão e do vinho. Dizem-se espécies a quantidade e as qualidades sensíveis do pão e do vinho, como a figura, a cor e o sabor. As espécies do pão e do vinho ficam maravilhosamente sem a sua substância por virtude de Deus Omnipotente.
Tanto debaixo das espécies de pão, como debaixo das espécies de vinho, está Jesus Cristo vivo e todo inteiro com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Tanto na hóstia como no cálice está Jesus Cristo todo inteiro, porque Ele está na Eucaristia vivo e imortal como no Céu; por isso onde está o seu Corpo, está também o seu Sangue, sua Alma e sua Divindade; e onde está seu Sangue está também seu Corpo, sua Alma e Divindade, pois tudo isto é inseparável em Jesus Cristo.
Quando Jesus está na hóstia, não deixa de estar no Céu, mas encontra-se ao mesmo tempo no Céu e no Santíssimo Sacramento.
Jesus Cristo está em todas as hóstias consagradas por efeito da onipotência de Deus, a quem nada é impossível. Quando se parte a hóstia, não se parte o Corpo de Jesus Cristo, mas partem-se somente as espécies do pão. O Corpo de Jesus Cristo fica inteiro em todas e em cada uma das partes em que a hóstia foi dividida. Tanto numa hóstia grande como na partícula de uma hóstia, está sempre o mesmo Jesus Cristo.
Conserva-se nas igrejas a Santíssima Eucaristia para que seja adorada pelos fiéis, e levada aos enfermos, quando necessário.
A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque Ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
2. DA INSTITUIÇÃO E DOS EFEITOS DO SACRAMENTO DA EUCARISTIA
Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia na Última Ceia que celebrou com seus discípulos, na noite que precedeu sua Paixão. Jesus Cristo instituiu a Santíssima Eucaristia por três razões principais:
1. para ser o sacrifício da Nova Lei;
2. para ser alimento da nossa alma;
3. para ser um memorial perpétuo da sua Paixão e Morte, e um penhor precioso do seu amor para conosco e da vida eterna.
Jesus Cristo instituiu este Sacramento debaixo das espécies de pão e de vinho porque a Eucaristia devia ser nosso alimento espiritual, e era por isso conveniente que nos fosse dada em forma de comida e de bebida.
Os principais efeitos que a Santíssima Eucaristia produz em quem a recebe dignamente são estes:
1. conserva e aumenta a vida da alma, que é a graça, assim como o alimento material sustenta e aumenta a vida do corpo;
2. perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais;
3. produz consolação espiritual.
A Santíssima Eucaristia produz em nós outros três efeitos, a saber:
1. enfraquece as nossas paixões, e em especial amortece em nós o fogo da concupiscência;
2. aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em conformidade com os desejos de Jesus Cristo;
3. dá-nos um penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo.
3. DAS DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA BEM COMUNGAR
Para fazer uma comunhão bem feita, são necessárias três coisas:
1. estar em estado de graça;
2. estar em jejum desde a meia-noite até o momento da comunhão* (*esta lei não está mais em vigor, bastando, actualmente, o jejum de uma hora);
3. saber o que se vai receber e aproximar-se da sagrada comunhão com devoção";
"Estar em estado de graça" quer dizer: ter a consciência limpa de todo o pecado mortal.
Quem sabe que está em pecado mortal deve fazer uma boa confissão antes de comungar; porque para quem está em pecado mortal, não basta o ato de contrição perfeita, sem a confissão, para fazer uma comunhão bem feita. A Igreja ordenou, em sinal de respeito a este Sacramento, que quem é culpado de pecado mortal não ouse receber a Comunhão sem primeiro se confessar.
Quem comungasse em pecado mortal receberia a Jesus Cristo, mas não a sua graça; pelo contrário, cometeria sacrilégio e incorreria na sentença de condenação.
O jejum eucarístico consiste em abster-se de qualquer espécie de comida ou bebida** (**exceto a água natural). Quem engoliu restos de comida presos aos dentes pode comungar, porque já não são tomados como alimentos ou perderam tal condição. Comungar sem estar em jejum é permitido aos doentes que estão em perigo de morte, e aos que obtiveram permissão especial do Papa em razão de doença prolongada. A comunhão feita pelos doentes em perigo de morte chama-se Viático, porque os sustenta na viagem que eles fazem desta vida à eternidade.
"Saber o que vai receber" quer dizer: conhecer o que ensina com respeito a este Sacramento a Doutrina Cristã e acreditá-lo firmemente.
"Comungar com devoção" quer dizer: aproximar-se da sagrada Comunhão com humildade e modéstia, tanto na própria pessoa como no vestir, e fazer a preparação antes e a acção de graças depois da Comunhão.
A preparação antes da Comunhão consiste em nos entretermos algum tempo a considerar quem é Aquele que vamos receber e quem somos nós; e em fazer actos de fé, de esperança, de caridade, de contrição, de adoração, de humildade e de desejo de receber a Jesus Cristo.
A acção de graças depois da Comunhão consiste em nos conservarmos recolhidos a honrar a presença do Senhor dentro de nós mesmos, renovando os actos de fé, de esperança, de caridade, de adoração, de agradecimento, de oferecimento e de súplica, pedindo sobretudo aquelas graças que são mais necessárias para nós e para aqueles por quem somos obrigados a orar.
No dia da Comunhão deve-se manter, o mais possível, o recolhimento, e ocupar-se em obras de piedade, bem como cumprir com grande esmero os deveres de estado.
Depois da sagrada Comunhão, Jesus Cristo permanece em nós com a sua graça enquanto não se peca mortalmente; e com a sua presença real permanece em nós enquanto não se consomem as espécies sacramentais.
4. DA MANEIRA DE COMUNGAR
No ato de receber a sagrada Comunhão, devemos estar de joelhos, com a cabeça medianamente levantada, com os olhos modestos e voltados para a sagrada Hóstia, com a boca suficientemente aberta e com a língua um pouco estendida sobre o lábio inferior. Senhoras e meninas devem estar com a cabeça coberta.
A toalha ou a patena da Comunhão deve-se segurar de maneira que recolha a sagrada Hóstia, caso ela venha a cair.
Devemos procurar engolir a sagrada Hóstia o mais depressa possível, e convém abster-nos de cuspir algum tempo. Se a sagrada Hóstia se pegar ao céu da boca, é preciso despegá-la com a língua, nunca porém com os dedos.
5. DO PRECEITO DA COMUNHÃO
Há obrigação de comungar todos os anos pela Páscoa, na própria paróquia, e, além disso, em perigo de morte. O preceito da Comunhão pascal começa a obrigar na idade em que a criança é capaz de recebê-la com as devidas disposições.
Aqueles que, tendo a idade capaz para serem admitidos à Comunhão, não comungam, ou porque não querem ou porque não estão instruídos por sua própria culpa, pecam sem dúvida. Pecam igualmente os seus pais, ou quem lhes faz as vezes, se o adiamento da Comunhão se dá por sua culpa, e hão de dar por isso severas contas a Deus.
É coisa óptima comungar frequentemente e até todos os dias, contanto que se faça com as devidas disposições. Pode-se comungar tão freqüentemente quanto o permita o conselho de um confessor piedoso