A posição "Ad Orientem" ou "Versus Deum" na nova forma do Rito Romano, também conhecido como "Liturgia de Paulo VI" ou "Pós conciliar" . Manteve a tradicional posição de celebrar o Santo Sacrificio do Altar. Muitos sacerdotes e bispos empolgados com a nova e oficial posição "Versus Popolum"(de frente para o povo) começavam a celebrar desta forma e assim se tornou costume em todo o mundo após o concilio Vaticano II. Deixando essa posição restrita à antiga Missa Tridentina.
Poderíamos colocar a culpa na orientação de se colocar um altar separado da parede, onde o sacerdote pudesse celebrar a Missa de frente para o povo. Assim a maioria entendeu que aquela antiga posição de celebrar estava abolida pelo novo Missal Romano. Vejamos:
"O altar maior deve ser construído separado da parede, de modo a que se possa facilmente andar ao seu redor e celebrar, nele, olhando na direcção do povo [versus populum]”. Missal 1970
Já na última Edição de 2002 essa parte foi reformada :
retomou esse texto à letra, mas, no final, acrescentou o seguinte: “Isso é desejável sempre que possível”.
Esse acréscimo foi lido por muitos como um enriquecimento do texto de 1969, no sentido de que agora haveria uma obrigação geral de construir - “sempre que possível” - os altares voltados para o povo. Essa interpretação, porém, já havia sido repelida pela Congregação para o Culto Divino, que tem competência sobre a questão, em 25 de setembro de 2000, quando explicou que a palavra “expedit” [é desejável] não exprime uma obrigação (...).” (Ratzinger, op. cit.)
No Missal Romano de Paulo VI encontramos as informações que confirmam tal ensino:
o sacerdote deve, segundo tais textos, durante a Liturgia Eucarística, “voltar-se para o povo” durante alguns actos; isto significa que, se deve voltar-se ao povo, é porque antes estava voltado ad Orientem. “Estes avisos que em certos momentos o sacerdote esteja ‘voltado para o povo’ seriam supérfluos, se o sacerdote durante toda a celebração ficasse atrás do altar e frente ao povo.” (RUDROFF, Pe. Francisco. Santa Missa, Mistério de nossa Fé. 1996).
Nunca a posição ad Orientem foi expressamente proibida por algum decreto, nem esse foi o desejo dos Padres do Concílio Vaticano II, autor da reforma litúrgica. Igualmente, essa é a forma histórica de oferecimento da Missa, observada inclusive pelos ritos orientais.
Algumas congregações Religiosas como os Legionários de Cristo, a Prelazia do Opus Dei, Cartuxos, Dominicanos etc. Celebram de modo privado e público em "Versus Deum" algumas vezes no mês ou até mesmo durante a semana.
Este assunto só veio à tona novamente após o Concílio Vaticano II, com a coragem do Papa Bento XVI, de celebrar "Versus Deum" na Capela Sistina no Vaticano. Onde foi motivo de especulação por vários sectores progressistas da Igreja Latina.
Depois da "confusão" ou "mal entendido" , em que se falava que o Papa estava errado ou misturando os ritos , veio a explicação de vários liturgistas e até mesmo de um livro que o Papa tinha escrito no seu tempo de Cardeal.
O Papa Bento XVI, veio mostrar aos bispos e sacerdotes que essa posição não deve ser suprimida ou negada. Ela pode ser feita na "Missa Nova", a instrução do missal indica isso essa posição tradicional.
Uma nota publicada, em 1993 , a Congregação para o Culto (liturgia) , em seu boletim Notitiae, reafirmou o valor de ambas as opções, celebração versus populum ou versus Deum, de modo que quaisquer dúvidas devem ser dissipadas.
“Quando o sacerdote celebra versus populum, sua orientação espiritual deveria ser sempre versus Deum per Iesum Christum [para Deus, por meio de Jesus Cristo].” (Cardeal Joseph Ratzinger, A introdução do decano do Sacro Colégio ao livro de Uwe Michael Lang, in 30 Dias )
INSTRUÇÕES PARA CELEBRAR A MISSA NOVA "VERSUS DEUM":
Momentos em que o sacerdote deve ficar de frente para os fiéis:
Terminado o canto da entrada, e estando todos de pé, o sacerdote e os fiéis fazem o sinal da cruz. O sacerdote diz: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. O povo responde: Amém.
Voltado para o povo e abrindo os braços, o sacerdote saúda-o com uma das fórmulas propostas. Ele mesmo ou outro ministro pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fieis na Missa do dia. (IGMR, 124)
• Outra vez no centro do altar, o sacerdote, de pé e voltado para o povo, estendendo e unindo as mãos, convida o povo a rezar, dizendo: Orai irmãos e irmãs etc.
O povo põe-se de pé e responde, dizendo: Receba o Senhor. Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas, diz a Oração sobre as oferendas. No fim o povo aclama: Amém. (IGMR, 146)
Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas, diz em voz alta a oração: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos...;
• terminada esta, estendendo e unindo as mãos, voltado para o povo, anuncia a paz, dizendo: A paz do Senhor esteja sempre convosco. O povo responde: O amor de Cristo nos uniu. Depois, conforme o caso, o sacerdote ou o Diácono acrescenta: Meus irmãos e irmãs saúdem-vos em Cristo Jesus. (IGMR, 154)
Terminada a oração, o sacerdote faz genuflexão, toma a hóstia consagrada na mesma missa e segurando-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice,
• diz voltado para o povo: Felizes os convidados para a Ceia do Senhor..., e, juntamente com o povo, acrescenta uma só vez: Senhor, eu não sou digno... (IGMR, 157)
Oração pós comunhão:
A seguir, de pé, junto à cadeira ou ao altar,
• voltado para o povo, o sacerdote diz, de mãos unidas Oremos, e de mãos estendidas, recita a Oração depois da Comunhão, que pode ser precedida de um momento de silêncio, a não ser que já se tenha guardado silêncio após a Comunhão. No fim da oração o povo aclama: Amém. (IGMR, 165)
MISSA AD ORIENTEM
Joaquin Jaubert Nem todas as notícias que vêm do oriente são boas. Infelizmente, em muitos casos, negativas. Contudo, na Sagrada Escritura é bom de lembrar e ressaltar que este foi o ponto cardeal preferido porque, entre outras razões, era um símbolo da alegria, prosperidade e até mesmo do próprio Deus (Lc 1,78
No início da Igreja, e durante séculos até algumas décadas atrás, era a direcção sagrada para onde se orientava a oração e celebração da Santa Missa. Essa significação litúrgica conduz-nos à ideia de que todos os que participamos na Missa olhamos para Deus. Versus orientem e ad orientem convertem -se em ad Dominum, versus Deum e Coram Deo.
Neste sentido em que foco o artigo , quero aproveitar o final da temporada litúrgica do Natal, a Festa da Epifania para reler um par de textos que, precisamente, enchem de alegria aos bons cristãos e que ,como se pode apreciar, nos recordam que, não nos desorientarmos, temos de olhar sempre para a única fonte de permanente alegria em nossa vida, nosso Senhor Jesus.
A pergunta dos Magos "Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo "(Mateus 2:2), encontra a resposta exacta a caminho de Belém pois" eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia diante deles, até que chegou e parou sobre o lugar onde estava o menino. " (Mat. 2:9).
A cara de felicidade dos três Reis Magos devia responder à contemplação do que o profeta Baruch anunciou à cidade santa "Jerusalém, olha para oriente e contempla a alegria que te vem de Deus" (Ba. 4,36) ou àquilo que está escrito em Ezequiel , “e de repente chegou do Oriente a Glória do Deus de Israel, com um ruído semelhante aos grandes rios; a terra iluminou-se com a sua Glória" (eż. 43,2). Isto leva-nos à segunda vinda de Jesus Cristo na qual "como o relâmpago surge do Oriente e brilha até ao Ocidente, assim ocorrerá e com a vinda do Filho do homem" (Mt 24, 27).
Além disso, a expressão Coram Deo implica viver a presença de Deus pois estamos ante os olhos de Deus. A postura litúrgica simboliza estar na presença de Deus o único que pode produzir uma vida perfeita e irrepreensível. Noutras palavras, explicita-se a relação entre o que se celebra com o que se há-de viver, além de acreditar. São Paulo exortava os Coríntios a viver " olhando a cara descoberta como num espelho a glória do Senhor" (2 Cor. 3,18). A Igreja peregrina manifesta-se caminhando todos na mesma direcção para Deus, uno e trino.
Um conhecido teólogo, Ratzinger, hoje Bento XVI, no longinquo ano de1966, disse em Bamberg "Não podemos negar por mais tempo que sobre este tema se insinuaram muitos exageros e até aberrações, ao ponto de resultarem aborrecidas e indecentes. Por exemplo, deverão celebrar -se todas as missas de cara para o povo? É tão absolutamente importante olhar para o rosto do padre que celebra a Eucaristia? Ou, não será muitas vezes saudável pensar que também ele é um cristão e tem todos os motivos para dirigir-se a Deus na companhia de seus irmãos reunidos em assembleia, e recitar com eles o Pai Nosso ? "