sexta-feira, 18 de novembro de 2011

VIAGEM APOSTÓLICA AO BENIM 18-20 DE NOVEMBRO DE 2011 VISITA À CATEDRAL DE COTONOU DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

Pope Benedict XVI waves to the crowd from his popemobile upon his arrival at the Notre Dame Cathedral in Cotonou on November 18, 2011. Enthusiastic Catholic faithfuls gathered to receive Pope Benedict XVI during a benediction service held at Notre Dame Cathedral in Cotonou to mark the Papal three-day visit to the West African nation.

VISITA À CATEDRAL DE COTONOU
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

Cotonou

Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011

Venerados Cardeais,
Amado Arcebispo e caros irmãos no Episcopado,
Reverendo Reitor da catedral,
Amados irmãos e irmãs!

O antigo hino do Te Deum, que acabámos de cantar, exprime o nosso louvor a Deus, três vezes santo, que nos reúne nesta bela Catedral de Nossa Senhora da Misericórdia. Agradecidos, rendemos homenagem aos Arcebispos anteriores, que aqui repousam: D. Christophe Adimou e D. Isidore de Sousa. Foram valorosos trabalhadores na Vinha do Senhor, cuja memória continua ainda viva no coração dos católicos e de numerosos habitantes do Benim: estes dois Prelados foram, cada um a seu modo, Pastores cheios de zelo e caridade, que se entregaram sem reservas ao serviço do Evangelho e do Povo de Deus, especialmente dos mais desvalidos. Como bem sabeis, D. Isidore de Sousa foi um amigo da verdade e teve um papel determinante na transição democrática do vosso país.
Enquanto louvamos a Deus pelas maravilhas, com que não cessa de cumular a humanidade, convido-vos a meditar brevemente sobre a sua misericórdia infinita, nesta catedral que a isto se presta providencialmente. A história da salvação, que culmina na encarnação de Jesus e tem o seu pleno cumprimento no mistério pascal, é uma revelação esplêndida da misericórdia de Deus. No Filho, torna-Se visível «o Pai das misericórdias» (2 Cor 1, 3), que, sempre fiel à sua paternidade, «é capaz de debruçar-se sobre todos os filhos pródigos, sobre qualquer miséria humana e, especialmente, sobre toda a miséria moral, sobre o pecado» (João Paulo II, Enc. Dives in misericordia, 6). A misericórdia divina não consiste apenas na remissão dos nossos pecados, mas também no facto de Deus, nosso Pai, nos reconduzir – por vezes com sofrimento, aflição e temor da nossa parte – ao caminho da verdade e da luz, porque não quer que nos percamos (cf. Mt 18, 14; Jo 3, 16). Esta dupla manifestação da misericórdia divina mostra como Deus é fiel à aliança selada com cada cristão no Baptismo. Repassando a história pessoal de cada um e a da evangelização dos nossos países, podemos dizer com o salmista: «Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor» (Sal 89/88, 2).
A Virgem Maria experimentou, no seu grau mais excelso, o mistério do amor divino: «A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem» (Lc 1, 50) – exclama Ela no seu Magnificat. Com o seu «sim» ao chamamento de Deus, contribuiu para a manifestação do amor divino entre os homens. Neste sentido, é Mãe de Misericórdia por participação na missão do seu Filho; recebeu o privilégio de nos poder socorrer sempre e em toda parte. «Com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. Lumen gentium, 62). Ao abrigo da sua misericórdia, os corações feridos curam, as ciladas do maligno são evitadas e os inimigos reconciliam-se. Em Maria, temos não só um modelo de perfeição, mas também uma ajuda para realizar a comunhão com Deus e com os nossos irmãos e irmãs. Mãe da misericórdia, Ela é um guia seguro para os discípulos de seu Filho que querem estar ao serviço da justiça, da reconciliação e da paz. Com simplicidade e coração materno, Ela indica-nos a única Luz e a única Verdade – o seu Filho, Cristo Jesus – que conduz a humanidade para a sua plena realização no Pai do Céu. Não tenhamos medo de invocar, com confiança, Aquela que não cessa de dispensar aos seus filhos as graças divinas:
Ó Mãe de Misericórdia,
nós Vos saudamos, Mãe do Redentor;
nós Vos saudamos, Virgem gloriosa;
nós Vos saudamos, nossa Rainha!
Ó Rainha da Esperança,
mostrai-nos a face do vosso divino Filho;
guiai-nos pelos caminhos da santidade;
dai-nos a alegria daqueles que sabem dizer «sim» a Deus!
Ó Rainha da paz,
satisfazei as mais nobres aspirações dos jovens africanos;
satisfazei os corações sedentos de justiça, paz e reconciliação;
satisfazei os anseios das crianças vítimas da fome e da guerra!
Ó Rainha da justiça,
alcançai-nos o amor filial e fraterno;
alcançai-nos ser amigos dos pobres e dos humildes;
alcançai para os povos da terra o espírito de fraternidade!
Ó Nossa Senhora da África,
alcançai-nos do vosso divino Filho a cura para os doentes,
a consolação para os aflitos, o perdão para os pecadores;
intercedei junto do vosso divino Filho pela África,
e alcançai, para toda a humanidade, a salvação e a paz!
Amen.