Capítulo II
Comecemos com a definição da Missa. No artigo 7 da Instrução Geral que precede a Nova Ordenação da Missa, sob o titulo “A estrutura da Missa”, encontramos a seguinte definição:
A Ceia dominical é a assembléia sagrada ou congregação do povo de Deus, reunindo-se sob a presidência do sacerdote, para celebrar a memória de Nosso Senhor (3). Por esta razão, a promessa de Cristo se aplica de forma suprema para uma reunião local da Igreja: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles.” (Mt. 18:20) (4)
Desta forma, a definição da Missa é reduzida a uma “ceia”, um termo que a Instrução Geral repete constantemente (nos números 8, 48, 55, 56 da Institutio). A Instrução mais adiante caracteriza esta “ceia” como uma assembléia, presidida por um padre e celebrada como o “memorial do Senhor” para recordar o que Ele fez na quinta-feira Santa.
Nada disso implica por mais mínimo que seja nem a Presença Real, nem a realidade do Sacrifício, nem a função sacramental do padre que consagra, nem o valor intrínseco do Sacrifício Eucarístico, independente da presença da “assembléia” (6)
Em uma palavra, a definição dada pela Instrução não implica nenhum dos valores dogmáticos que são essenciais à Missa e os quais, tomados em conjunto, fornecem a sua verdadeira definição. A omissão, num tal lugar, desses dados dogmáticos, não pode ser senão voluntária. Semelhante omissão voluntária significa que já se consideram como obsoletos, e equivale, ao menos na prática, a negá-los. (7)
A segunda parte do artigo 7 torna ainda pior este já sério equívoco. Ela afirma que se aplica de forma suprema a esta assembléia a promessa de Cristo: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”. Assim, a Instrução coloca a promessa de Cristo -que se refere somente à Sua presença espiritual através da graça-, no mesmo nível qualitativo, -a não ser por uma maior intensidade-, da Sua presença real, física e substancial, própria ao Sacramento da Eucaristia.
O próximo artigo da Instrução divide a Missa em uma “Liturgia da Palavra” e uma “Liturgia da Eucaristia”, e acrescenta que a “mesa da Palavra de Deus” e a “mesa do Corpo de Cristo” são preparadas na Missa para que os fiéis possam receber “instrução e alimento”. Como veremos mais tarde, esta afirmação une de forma imprópria e ilegítima as duas partes da Missa, como se elas possuíssem o mesmo valor simbólico.
A Instrução, que constitui a introdução do novo Ordo da Missa, usa muitos nomes diferentes para a Missa, tais como:
- Ação de Cristo e do Povo de Deus.
- Comunhão do Senhor ou Missa
- Banquete Pascal
- Participação Comum na Mesa do Senhor
- Prece Eucarística
- Liturgia da Palavra e Liturgia da Eucaristia
-Etc.
Todas estas expressões são aceitáveis quando usadas relativamente, mas quando usadas separadamente e de forma absoluta, como o são aqui, elas devem ser completamente rejeitadas.
É óbvio que a Novus Ordo enfatiza obsessivamente “ceia” e “memória”, ao invés da renovação (não sangrenta) do Sacrifício da Cruz. Mesmo a frase que na Instrução descreve a Missa como “o memorial da Paixão e Ressurreição”, é inexata.
A Missa é o memorial do único sacrifício, redentor em si mesmo, enquanto que a Ressurreição é o fruto que se segue deste sacrifício (8). Veremos mais tarde como, -e com que coerência sistemática-, tais equívocos são repetidos e reiterados, tanto na fórmula para a consagração quanto através da Novus Ordo como um todo.