O Papa Francisco celebrou a Eucaristia do V Domingo da Páscoa na Praça de S. Pedro onde crismou 44 fieis representantes dos cinco continentes. Na sua homilia proferida para uma multidão de largas dezenas de milhares de peregrinos o Santo Padre acentuou 3 pontos fundamentais. No primeiro ponto salientou a leitura em que S. João nos sugere a visão de um novo céu e uma nova terra e, em seguida, a Cidade Santa que desce de junto de Deus. Tudo é novo, transformado em bondade, em beleza, em verdade; não há mais lamento, nem luto... Tal é a acção do Espírito Santo - diz-nos o Papa - Ele traz-nos a novidade de Deus; vem a nós e faz novas todas as coisas, transforma-nos. E a visão de São João lembra-nos que todos nós estamos a caminho para a Jerusalém celeste, a novidade definitiva para nós e para toda a realidade, o dia feliz em que poderemos ver o rosto do Senhor, poderemos estar para sempre com Ele, no seu amor. "Vedes?! A novidade de Deus não é como as inovações do mundo, que são todas provisórias, passam e procuram-se outras sem cessar. A novidade que Deus dá à nossa vida é definitiva; e não apenas no futuro quando estivermos com Ele, mas já hoje: Deus está a fazer novas todas as coisas, o Espírito Santo transforma-nos verdadeiramente e, através de nós, quer transformar também o mundo onde vivemos. Abramos-Lhe a porta, façamo-nos guiar por Ele, deixemos que a acção contínua de Deus nos torne homens e mulheres novos, animados pelo amor de Deus, que o Espírito Santo nos dá. Como seria belo se cada um de vós pudesse, ao fim do dia, dizer: Hoje na escola, em casa, no trabalho, guiado por Deus, realizei um gesto de amor por um colega meu, pelos meus pais, por um idoso."
No segundo pensamento o Papa recorda a leitura dos Actos dos Apóstolos em que Paulo e Barnabé afirmam que «temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus». O caminho da Igreja e também o nosso caminho pessoal de cristãos não são sempre fáceis, encontramos dificuldades, tribulações.
"Seguir o Senhor, deixar que o seu Espírito transforme as nossas zonas sombrias, os nossos comportamentos em desacordo com Deus e lave os nossos pecados, é um caminho que encontra muitos obstáculos fora de nós, no mundo onde vivemos e que muitas vezes não nos compreende, e dentro de nós, no nosso coração. Mas, as dificuldades, as tribulações fazem parte da estrada para chegar à glória de Deus, como sucedeu com Jesus que foi glorificado na Cruz; aquelas sempre as encontraremos na vida."
Finalmente num terceiro e último ponto o Santo Padre formula um convite dirijdo a todos mas especialmente aos crismandos e crismandas presentes na celebração:
"...permanecei firmes no caminho da fé, com segura esperança no Senhor. Aqui está o segredo do nosso caminho. Ele dá-nos a coragem de ir contra a corrente. Não há dificuldades, tribulações, incompreensões que possam meter-nos medo, se permanecermos unidos a Deus como os ramos estão unidos à videira, se não perdermos a amizade com Ele, se lhe dermos cada vez mais espaço na nossa vida. Isto é verdade mesmo, e sobretudo, quando nos sentimos pobres, fracos, pecadores, porque Deus proporciona força à nossa fraqueza, riqueza à nossa pobreza, conversão ao nosso pecado. Tenhamos confiança na acção de Deus! Com Ele, podemos fazer coisas grandes; Ele nos fará sentir a alegria de sermos seus discípulos, suas testemunhas.
No Regina Caeli o Papa confiou os jovens crismados a Nossa Senhora
Antes de concluir a celebração eucarística o Santo Padre confiou a Nossa Senhora os Crismados e todos os presentes na Praça de S. Pedro através da tradiocional oração do Regina Caeli. "A Virgem Maria ensina-nos o que significa viver no Espírito Santo e o que significa acolher a novidade de Deus na nossa vida." - disse o Papa Francisco que completou ainda:
"Ela concebeu Jesus pelo poder do Espírito, e cada cristão, cada um de nós, é chamado a acolher a Palavra de Deus, a acolher Jesus dentro de si e, em seguida, levá-lo a todos. Maria invocou o Espírito com os Apóstolos no Cenáculo: também nós, cada vez que nos reunimos em oração, somos sustentados pela presença espiritual da Mãe de Jesus, para recebermos o dom do Espírito e termos a força para testemunhar Jesus ressuscitado. Digo isto especialmente para vós, que hoje recebestes o Crisma: Maria vos ajude a estar atentos ao que o Senhor vos pede, e sempre viver e caminhar segundo o Espírito Santo!"
O Santo Padre saudou ainda particularmente os jovens presentes que se estão a preparar para o Crisma, o grande grupo guiado pelas Irmãs da Caridade, os fiéis de algumas paróquias polacas e os de Bisignano, bem como a Academia Católica Verbindung Capitolina. No final deixou uma mensagem importante:
"Neste momento desejo elevar uma oração pelas numerosas vítimas causadas pelo trágico colapso de uma fábrica em Bangladesh. Exprimo a minha solidariedade e profunda proximidade às famílias que choram pelos seus entes queridos e do profundo do meu coração elevo um forte apelo para que seja sempre tutelada a dignidade e a segurança do trabalhador."(R.S.)