segunda-feira, 2 de março de 2015

Beata Maria: visões da santa palestina sobrea França e o mundo


O Vaticano anunciou a canonização
da Beata Maria
de Jesus Crucificado O.C.D.

No dia 14 de fevereiro,
coincidindo com um Consistório
Público Ordinário,
a Santa Sé aprovou a canonização
da Bem-aventurada Maria
de Jesus Crucificado
(nascida Mariam Baouardy).
A canonização terá lugar no dia
domingo 17 de maio de 2015,
segundo informou o site do Vaticano.
www.vatican.va

Beata Maria: visões sobre a França – A santa palestina (4)



 


A santa palestina recebeu numerosas comunicações a respeito da Franca. Em La Salette, também Nossa Senhora focaliza especialmente o futuro da “filha primogênita da Igreja” 

Quando a Beata Maria e suas irmãs de religião viajavam para a fundação na Índia, as carmelitas fizeram etapa em Marselha, quando aproveitaram para ir rezar no santuário de Notre-Dame-de-la-Garde.

Ali a Beata teve uma visão cuja linha central concorda com o porvir da França segundo La Salette, em função da cólera punitiva de Nosso Senhor e da intercessão misericordiosa de Nossa Senhora segurando o braço justiceiro de seu Divino Filho. E, por fim o triunfo desse país tão amado por Deus:

“Eu rezei muito pela França. Durante minha oração, eu vi um homem diante de mim: esse homem tinha em sua mão uma nuvem muito negra e muito densa.

“Eu vi uma Virgem que rezava muito para que essa nuvem caísse num outro local que não fosse a França. O homem tinha na outra mão uma nuvem branca, mas ele queria jogar a nuvem negra antes da branca, e ele disse:

Poliptico do Apocalipse, detalhe. Jacobello Alberegno (... – 1397)
Poliptico do Apocalipse, detalhe. Jacobello Alberegno (... – 1397)
‘Após ter passado por terríveis provações, a França triunfará e será a rainha dos Reinos’” (Pe. Estrate, op. cit., p. 206)

Na primeira semana da Quaresma de 1876, a santa carmelita teve uma visão análoga que, além de concordar com La Salette, insiste no pedido de penitência feito pela Mãe de Deus em Lourdes e Fátima: 

“Nosso Senhor tinha em suas mãos um monte de fogo; Ele olhava para a França com uma espécie de compaixão e amor; o fogo escorria e caía entre seus dedos, estava prestes a cair por inteiro, mas o Senhor dizia e repetia: “Pede perdão, pede perdão!”

—“Pobre França, acrescentava ela, pobre França, se ela soubesse, se ela compreendesse, e sobretudo, se ela quisesse! Deus a ama tanto!“ (Pe. Estrate, op. cit., p. 291)

Durante a oitava de Nossa Senhora do Monte Carmelo desse mesmo ano, Sóror Maria interrogava Nosso Senhor sobre a França, indagando o porquê de Ele não dar a vitória aos bons enquanto os ruins agiam em liberdade. 

O Senhor lhe respondeu que era Ele próprio que tinha disposto assim as coisas. E ela acrescentou: 

—“Eis a comparação que Ele me apresentou: ‘vês esse belo jardim, há toda espécie de frutos e de flores, mas vêm os insetos e toda espécie de animais. Eles picam as flores e a doença toma conta das árvores. É porque Ele encomendou a seus anjos arrancar todas essas árvores” (Pe. Estrate, op. cit., p. 291-292).

Entrementes, Jesus Cristo lhes fez notar que os castigos que iriam cair sobre a França haviam sido atenuados pela justiça divina em atenção aos sacrifícios praticados pelos bons franceses. 

No mês de agosto de 1875, Sóror Maria mencionou a corajosa luta dos jovens católicos franceses que combateram dando suas vidas no exército pontifício para evitar que os revolucionários invadissem Roma: 

Pio IX abençoa o exército pontifício, onde muitos eram jovens franceses,
que vai sair para defender Roma do assalto revolucionário. Na Praça de São Pedro
— “Na semana passada, Nosso Senhor me prometeu uma coisa consoladora para a França: que a prova não seria tão ruim como Ele tinha dito, por causa da caridade que a França praticou em favor do Santo Padre [Pio IX].

“Foi a Ele próprio que foi feita, e é por causa disso que Ele poupará os golpes sobre a França. Isso acontecerá, mas não será tão ruim, e só visará purificar a França”. (Pe. Estrate, op. cit., p. 299)

A degradação dos costumes, a invasão do igualitarismo, a expansão do desejo desordenado do gozo da vida que marcavam o período da Belle Époque, a alegria de uma vida irresponsável estavam fazendo aproximar uma catástrofe que os franceses não queriam ver.

Em 1868, a piedosa carmelita anunciava a guerra franco-prusiana que viria em 1870, cobrindo de luto e vergonha a França e dando azo à explosão comunista da Comuna de Paris: 

Durante um longo êxtase em que ela falou do nada da vida, da cegueira dos pecadores, da perda das almas e dos males da Igreja, disse chorando: 

— “Senhor, tende piedade de nós! Santa Virgem, afastai as desgraças que nos ameaçam. Rezai pela Igreja. A guerra chegará logo, como eu vou rezar pela Igreja!“ (Pe. Estrate, op. cit., p. 81)

Em 6 de julho de 1870, Nosso Senhor lhe mostrou a trama das forças secretas que querem aniquilar Roma enquanto cabeça da Cristandade e destruir a Igreja. 

Paris em chamas. O movimento comunista dito "Commune"
mandou incendiar os principais monumentos igrejas e palácios
— “Eu estava sozinha num jardim, subitamente ouvi uma voz que me dizia: Reza, reza e faz rezar.

“Eu vi imediatamente soldados que saiam como de um jardim fechado; eram muitos e passavam diante meu. Eu vi outros soldados sair de um outro jardim, eles vinham combater contra os primeiros.

”A mesma voz me disse pela segunda vez: ‘Reza e faz rezar’.


“No mesmo instante, eu vi Roma diante de mim, e vi os inimigos de Roma que diziam: enquanto os outros combatem, matemos Roma, afoguemo-la, joguemos água fervendo sobre ela, matemos pequenos e grandes.

“Eu vi ao mesmo tempo uma lâmpada no céu: saíam dessa lâmpada dois raios que formavam como que escadas. Um desses raios descia sobre a Itália e o outro sobre a França.

Também em La Salette, Nossa Senhora alertou
contra os procedimentos falsos do imperador Napoleão III
“E eu vi um homem que parecia ser o próprio Deus, ele tinha duas crianças como ele, uma à sua direita, a outra à sua esquerda. Uma dessas crianças era negra e trabalhava para fazer um grande buraco, a outra preparava um prato branco sobre a terra.

“O homem disse aos inimigos da Igreja que bradavam ‘joguemos água fervendo sobre Roma’:

— “Essa água fervendo será para vós eternamente. Eu declaro que nenhum desses homens que combatem por meu nome haverá de sofrer o menor julgamento, ainda que eles tenham cometido todos os pecados. A esses homens que terão dado sua vida combatendo, eu darei a paz e a vida eterna.

“Ao mesmo tempo, Ele se voltou para a França e disse ao imperador: ‘Se vós seguirdes a luz, eu estarei convosco. Eu vos prometo quatro vitórias, se combaterdes pela minha glória, para que todo o mundo saiba que vós combateis em Meu nome; Eu estou em vós e vós estais em Mim. Eu vos prometo em seguida uma boa morte e uma eternidade bem-aventurada” (Pe. Estrate, op. cit., p. 199-200).

Dessa maneira Nosso Senhor prometia então a Napoleão III um prêmio nesta terra e depois na eternidade, ligado à presença das tropas francesas defendendo Roma. 

Porém, Napoleão III optou pelo rumo diametralmente oposto. E a promessa de salvação se transformou em garantia de perdição, segundo interpreta o biógrafo Pe. Estrate. 

Com efeito, no dia 5 de agosto, após a anterior visão, a Beata contou: 

— “Eu sentia uma grande tristeza e angústia. Parecia-me que Roma ia perecer e a França também. Eu senti um gládio atravessar meu coração, e ele ali ficou.

“O sofrimento impediu-me de dormir a noite toda. Pela manhã, eu estava tão contristada e acabrunhada quanto na véspera. Passei o dia na angústia, na tristeza, no sofrimento.

“Pela tarde eu vi o imperador diante de mim. Ele parecia todo negro, triste, quase furioso: uma grande nuvem negra tinha descido sobre ele.

“Eu vi a Santíssima Virgem que veio com sua mão afastar essa nuvem e isso me consolou um pouco. Mas eu compreendi que a nuvem ia por cima de Roma.

“No dia seguinte, na Missa, durante a elevação, eu vi um velho crucificado, e a seus pés o imperador triste e humilhado, e eu vi o sangue do ancião crucificado cair sobre ele.

“Eu não sei se a luz que eu tinha visto diante do imperador e de cuja fidelidade dependem as quatro vitórias consistia em não retirar as tropas de Roma.

“Mas, depois do que ele fez [retirar as tropas francesas que protegiam Roma], eu o vi durante três dias consecutivos triste e humilhado aos pés do ancião crucificado cujo sangue se derramava com abundância sobre ele, sobre sua família e sobre aqueles que o rodeavam”.

Segundo o Pe. Estrate, ela via o sangue do ancião do Vaticano cair como vingança sobre o Imperador e os seus. “A morte tão trágica do príncipe imperial dez anos depois ainda está presente diante todos os espíritos e confirma de modo terrível a verdade desta profecia”, acrescenta (Pe. Estrate, op. cit., p. 200-201).

Beata Maria: visões da santa palestina sobre o mundo (5)


 



Da mesma maneira que Nossa Senhora em La Salette, quando anunciou castigos não só para a França e para a Itália, mas para o mundo todo, também Deus falou no mesmo sentido à Beata Maria de Jesus Crucificado, “a santa palestina”: 

— “Pequenos cordeiros, não tenhais medo de Deus. Ele vai ferir a Terra, haverá terremotos. Não temais nada, recorrei exclusivamente a Deus, permanecei n’Ele, depositai n’Ele vossa confiança e não temais. 

“Sua misericórdia é imensa. Ele quereria espalhá-la sobre todos os homens, mas a justiça bloqueia a misericórdia. Os homens têm medo de Jesus, eles O olham como a um carrasco e, entretanto, seus olhos estão tão cheios de paternalidade!... Ele é mais branco que a neve! Ele está louco pelo homem!... Ele ama os pequenos, os débeis, Ele não ama os grandes... (...)

“Quando Jesus olha seus eleitos, seu olhar faz derreter o coração... Oh! esse olhar!... Não, a terra não viu Jesus!... A terra esta coberta de crimes!... O Senhor quereria ferir e seu coração não pode!...” (Pe. Estrate, op. cit., p. 378).

O Pe. Estrate conta que um dia Nosso Senhor mostrou à Beata que sua cólera prestes a explodir. E a jovem religiosa exclamou: 

— “Senhor, poupai os homens. Jogai-me no fogo, mas não deixeis cair o raio de vossas mãos. Os homens mal compreendem o que fazem, eles são cegos”.

E acrescentava:

Nosso Senhor lhe fazia sentir que os homens se perdem por vontade própria.
No quadro: cena da Revolução Francesa que preparou a Revolução Comunista.
— “A palavra de Deus faz tremer o céu e a terra. Jesus diz: ‘Não sou eu que escolho o inferno para vós, vós mesmos fazeis essa escolha. Não há uma alma que se perca sem que Eu lhe tenha falado mil vezes ao coração. Eu vim para a Terra, Eu me revesti de vossa natureza, Eu me fiz criancinha, obediente, pobre, humilhada. Eu sofri tudo por vós. Não sou Eu que vós perde, sois vós mesmos que vos perdeis’”.

E ela repetia:

— “Senhor, salvai o mundo, deixai de amar só a mim; jogai-me no fogo para salvar os homens”, e ela chorava e soluçava (op. cit., p. 61-62)

Numa carta ao Pe. Lazare, carmelita, que foi seu confessor em Mangalore, escrita no Carmelo do Sagrado Coração de Pau em 7 de janeiro de 1873, ela avisou: 

— “Pois bem, meu padre, agora a fé está debilitada, a religião e até as comunidades mais santas estão debilitadas; a fé está debilitada, tenhamos nós a fé de nossos pais, que se debilita por toda parte.” (op. cit., p. 370)

— ”Agora o inimigo reina sobre seu trono. Ele tem um poder muito grande” (op. cit., p. 376).

— “As sociedades secretas têm seus fundamentos no inferno, seus associados têm seus pés no inferno, da mesma maneira que os justos têm seus fundamentos e seus pés no Céu.

Por que o Senhor está irritado contra a Terra? Por que castigar a Terra? Por que castigar os reinos? Porque cada um deles não se contenta com Seu reinado, eles vão à procura de outros...” (op. cit., p. 382)



Entretanto, ela via que depois dos castigos que viriam, Deus abriria espaço para sua misericórdia. Então aconteceria uma restauração da humanidade e da Igreja. 

Em carta a Mons. Lacroix, bispo de Bayonne, escrita no Carmelo de Mangalore em setembro de 1871, a Beata Maria fala a propósito da adesão do bispo ao dogma da infalibilidade pontifícia: 
“Monsenhor, (...) Como sois feliz por ter compreendido a verdade! Sim, a infalibilidade enfureceu todo o inferno! Satanás estrebucha. Eu vos digo, caro e bem-amado pai, eu rezo muito, mas muito pelo triunfo da Santa Igreja e pela França.

“Não acrediteis que o momento da misericórdia de Deus esteja muito longe... Toda a Terra ficará espantada com o poder de Deus três vezes Santo...” (Pe. Estrate, op. cit., p. 368).
continua no próximo post: Beata Maria, a santa palestina: visões sobre a Igreja e o clero