quarta-feira, 11 de agosto de 2010

De que maneira Jesus Cristo renova sua Paixão? Embora Nosso Senhor tenha dito na última Ceia: “Fazei isto em memória de mim”, contudo o Sacrifício da Missa não é uma simples memória, porém a renovação da Paixão. A Igreja ensina: “Se alguém disser que o Sacrifício da Missa é apenas a lembrança do Sacrifício consumado na Cruz, seja anatematizado”. E noutra parte: “No divino Sacrifício está presente e imolado, de modo incruento, o mesmo Cristo que se ofereceu uma vez, de modo cruento, sobre o altar da Cruz”. Este testemunho, por si, deveria bastar, pois que somos obrigados a crer tudo o que a Santa Igreja nos ensina. Entretanto, a Igreja explica-se da forma seguinte: “A vítima que se oferece pelo ministério do sacerdote, é a mesma que foi oferecida na Cruz; somente difere a forma de oferecê-la”. Sobre a Cruz, Jesus Cristo foi imolado, de modo cruento, pelas mãos sacrílegas dos carrascos; no altar, imola-se pelo ministério dos sacerdotes, de modo místico.

NA SANTA MISSA, JESUS CRISTO RENOVA SUA PAIXÃO.
Entre todos os mistérios do Senhor, a meditação que nos é mais útil e merece de nossa parte mais reconhecimento e veneração, é a Paixão dolorosa, pela qual fomos resgatados. Os santos Padres dizem, a este respeito, coisas sublimes e garantem, da parte de Deus, grande recompensa às almas que nela meditam com fervor. Há muitos modos para bem honrar a Paixão: contudo, nenhum parece mais perfeito do que a piedosa assistência à santa Missa, visto que a Paixão e a Morte do Salvador se renovam no altar.
Com efeito, na Missa, tudo recorda, tudo simboliza a Paixão. A Cruz encima o altar. Por toda a parte, vê-se o sinal da Cruz; é marcado cinco vezes sobre a pedra sagrada. Impresso sobre a Hóstia. Desenhado no missal, na página que precede o cânon. Bordado sobre o amicto, o manípulo, a estola, a casula. Gravado na patena, no pé do cálice. O sacerdote o faz dezesseis vezes sobre si mesmo, e vinte e nove vezes, sobre a oferenda. Quantos indícios do renovamento do Sacrifício da Cruz!
1. De que maneira Jesus Cristo renova sua Paixão?
Embora Nosso Senhor tenha dito na última Ceia: “Fazei isto em memória de mim”, contudo o Sacrifício da Missa não é uma simples memória, porém a renovação da Paixão. A Igreja ensina: “Se alguém disser que o Sacrifício da Missa é apenas a lembrança do Sacrifício consumado na Cruz, seja anatematizado”. E noutra parte: “No divino Sacrifício está presente e imolado, de modo incruento, o mesmo Cristo que se ofereceu uma vez, de modo cruento, sobre o altar da Cruz”.
Este testemunho, por si, deveria bastar, pois que somos obrigados a crer tudo o que a Santa Igreja nos ensina. Entretanto, a Igreja explica-se da forma seguinte: “A vítima que se oferece pelo ministério do sacerdote, é a mesma que foi oferecida na Cruz; somente difere a forma de oferecê-la”.
Sobre a Cruz, Jesus Cristo foi imolado, de modo cruento, pelas mãos sacrílegas dos carrascos; no altar, imola-se pelo ministério dos sacerdotes, de modo místico.
A Igreja emprega muitas vezes, no missal, a palavra “imolar”. Santo Agostinho serve-se dela igualmente: “Jesus Cristo foi imolado, uma vez, de maneira cruenta, sobre a Cruz; é agora imolado cada dia, sacramentalmente, pela salvação do povo” (Epist. Ad Bonifac).
Esta expressão é notável e acha-se, mais de cem vezes, na Escritura Sagrada para designar a oblação dos animais. Se a Igreja se serve dela a respeito da santa Missa, é para indicar que o Santo Sacrifício não consiste somente na pronunciação das palavras da consagração nem na elevação das espécies sacramentais, mas na imolação verdadeira, embora mística, do divino Cordeiro.
“A Paixão de Cristo é o próprio sacrifício que oferecemos” diz São Cipriano (Epist. Ad Caeciliam). Em outros termos: “Quando celebramos a santa Missa, renovamos todas as cenas da Paixão de Cristo”. São Gregório é ainda mais explícito: “Aquele que ressuscitou dentre os mortos, diz ele, não morre mais; entretanto, sofre ainda por nós, de maneira misteriosa, no santo Sancrifício da Missa” (Homilia 137). Teodoreto não é menos claro: “Não oferecemos outro sacrifício senão o que foi oferecido sobre a Cruz” (In cap. 8 Hebr.).
 Poderíamos citar muitos outros testemunhos, mas para abreviar, contentamo-nos com o da Igreja infalível que reza assim na “Secreta” 9ª dominga depois de Pentecostes: “Concedei-nos, Senhor, nós vos pedimos, celebrar dignamente este mistério porque, todas as vezes que é celebrado, cumpre-se a obra de nossa redenção”.
Bem que Jesus Cristo não se imole fisicamente na santa Missa, todavia mostra-se toda a corte celeste sob a forma lastimosa que tinha durante a flagelação, o coroamento de espinhos, a crucifixão e isto tão ao vivo, como se verdadeiramente sofresse todas estas torturas. “A santa Missa, escreve Marchant, não é unicamente uma representação da Paixão, porém sua repetição mística, não cruenta. Se o Cordeiro de Deus tomou, uma vez, sobre Si os pecados do mundo para apagá-los com o seu Sangue, assume, todos os dias, nossas faltas para expiá-las sobre o altar.
Acabamos de mostrar como Jesus Cristo renova sua Paixão na santa Missa; expliquemos agora os motivos que o guiam.
O piedoso Pe. Segneri exprime-se deste modo: “Durante sua vida terrestre, o Cristo, em virtude de sua presciência divina, previa que milhões de homens se condenariam, apesar de sua Paixão. Mas, como verdadeiro irmão, desejava salvar as almas, e encheu-se de uma incomensurável compaixão à vista de sua perdição eterna, a tal ponto que propôs a seu Pai ficar suspenso na Cruz, não três horas, mas até o fim do mundo, para poder, por esse longo tormento, por suas lágrimas contínuas, pela efusão de seu Sangue, por suas ardentes orações, por seus suspiros, aplacar a divina justiça, excitar a misericórdia e assim achar o meio de impedir a perda de tão grande multidão de almas” (Hom. christ. disc. 12).
São Boaventura, o bem-aventurado Ávila e outros atribuem também esta vontade de Jesus misericordiosíssimo.
O Pai eterno não se rendeu ao desejo de seu Filho e respondeu-lhe que três horas de semelhantes torturas eram mais que suficientes e o que não quisesse aproveitar os méritos da Paixão não poderia acusar senão a si mesmo de sua eterna condenação.
Esta recusa não extinguiu o amor do Salvador, pelo contrário, mais o inflamou e levou a um desejo mais vivo de vir em socorro dos pobres pecadores. Foi então que encontrou na infinita sabedoria outro meio de permanecer sobre a terra depois da morte e continuar sua Paixão, orando a Deus pela nossa salvação como fez pregado na Cruz. Este meio foi o santo Sacrifício da Missa.
São Lourenço Justiniano fala assim da constante oração de Jesus:
“Enquanto o Cristo é oferecido sobre o altar, clama para seu Pai e mostra-lhe as chagas a fim de que se digne preservar os homens das penas eternas” (Sermo de Corpo. Christ).
Quem poderia medir a eficácia desta oração sublime, indo direta do altar ao coração do Pai celeste? Quantas vezes os povos e as nações não teriam perecido, se Nosso Senhor não tivesse orado sobre eles? Quantos milhares de bem aventurados se retorceriam nas chamas do inferno, se Jesus Cristo não os tivesse guardado pela sua intercessão poderosíssima! Pois bem, pecadores, ide pressurosos à santa Missa, a fim de participardes dos efeitos desta oração, de serdes preservados de todo o mal e obterdes, por Jesus Cristo, o que não podereis obter por vós mesmos.
Vedes que o principal motivo pelo qual Jesus Cristo renova sua Paixão na santa Missa, é o de orar por nós e inclinar seu Pai à misericórdia, tão eficazmente como o fez sobre a Cruz. Mas Jesus Cristo quer também, pela santa Missa, aplicar-nos os méritos do Sacrifício da Cruz.
Lembrai-vos que o Salvador, durante toda sua vida e, principalmente, na Cruz, adquiriu um tesouro infinito de méritos que, naquela ocasião, apenas derramou sobre um número limitado de fiéis, que agora derrama em profusão por diferentes vias, principalmente na santa Missa.
“O que na Cruz foi um sacrifício de redenção, disse um mestre da vida espiritual, na Missa torna-se um sacrifício de apropriação, em que cada qual participa dos méritos e da virtude do Sacrifício da Cruz”. Em outros termos: se assistirmos piedosamente à Missa, a virtude, os méritos da Paixão serão apropriados a cada um de nós, segundo nossas disposições.
E para que Jesus Cristo põe em nosso poder um tesouro tão precioso? Ele o disse a Santa Matilde: “Vê, dou-te todas as amarguras de minha Paixão para que as consideres como teu próprio bem e, depois, tornes a Me as oferecer”. Portanto, se dizes: “Ó Jesus, ofereço-Vos Vossa dolorosa Paixão”, ele vos responderá: “Meu filho, dou-te duas vezes o seu preço”. E se continuas: “Ó Jesus, ofereço-Vos Vosso Sangue precioso”, o Salvador responder-te-á ainda: “Meu filho, lavo-te nele duas vezes”. Em uma palavra, quantas vezes ofereceres ao Senhor qualquer de seus sofrimentos, tantas vezes eles hão de reverte com duplo valor. Que meio fácil de se enriquecer com as melhores graças!
Outra razão do renovamento da Paixão parece-nos esta:
Todos os fiéis não puderam assistir ao Sacrifício da Cruz; o Salvador, entretanto, não quis privá-los de tão grande vantagem; por isso liga à audição da Missa os mesmos frutos que teriam adquirido ao pé da Cruz.
Vede quanto é grande o nosso Sacrifício. Não é somente um memorial do grande, do perfeito, do único Sacrifício da Cruz, mas é este mesmo Sacrifício produzindo todos os seus efeitos.
Jesus Cristo ordenou que a Igreja oferecesse sempre o mesmo Sacrifício que ele ofereceu sobre a Cruz, o mesmo em sua essência, diferente embora pela forma, pois não há efusão de sangue; o mesmo quanto à abundância de graças, porque, sendo idêntico ao Sacrifício da Cruz, tem a mesma virtude e aparece ao Pai celeste tão agradável como o Sacrifício cruento da Cruz. A santa Igreja, ainda uma vez afirma-o expressamente, dizendo:
“O Sacrifício da Missa e o da Cruz são o mesmo sacrifício”.
Não há, por conseguinte, mais dúvida: pela nossa assistência à santa Missa, tornamo-nos tão agradáveis a Nosso Senhor e lucramos tantas vantagens, como se tivéssemos assistido à sua crucifixão.
Que imenso favor podermos, quotidianamente, ser testemunhas da Paixão do Salvador e recolher-lhe os frutos; podermos cercar a Cruz do Salvador moribundo, considerá-lo, falar-lhe, lastimá-lo, confiar-lhe nossas penas, receber-lhe socorros e consolações, como o fizeram a Mãe das Dores, o discípulo predileto e Maria Madalena!
Cristãos, aproveitem o santo Sacrifício do Altar, todos os dias, e rendei graças a Jesus, divino zelador de nossas almas!
Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/ 

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