É possível resumi-la do seguinte modo: é necessário interpretar o Concílio como uma obra “de reforma” da Igreja, reforma, certamente, mas na “continuidade” do Magistério e de modo algum em “ruptura” com o Magistério. Haveria, desta obra conciliar, duas interpretações possíveis, “duas hermenêuticas” possíveis que, de resto, viram a luz do dia: “a da ruptura e a da reforma na continuidade”.Em fidelidade ao Papa Bento XVI, é necessário claramente escolher esta última. Ele assim o diz claramente em sua conclusão. “É necessário utilizar esta última direção para enfrentar as questões controversas, libertando, por assim dizer, o Concílio do para-concílio que se misturou com ele, e conservando o princípio da integridade da doutrina católica e da plena fidelidade ao Depósito da Fé transmitido pela Tradição e interpretado pelo Magistério da Igreja”.Primeira consideração:Para Monsenhor Pozzo, uma coisa é o Concílio e os seus textos, fiéis à Tradição e ao Magistério de sempre. Outra é a interpretação do Concílio. Uma coisa é o Concílio. Outra é o “para-concílio”.É essa a tese que não cessaram de apresentar a Dom Lefebvre e que ele sempre recusou aceitar. Não, não, dizia ele: “a origem do mal é o Concílio e ‘todas as reformas procedentes do Concílio’”. E é por isso, por exemplo, que ele tinha a audácia de dizer “ser impossível formar jovens ao sacerdócio com a nova missa”. Mas quem, da hierarquia atual, pode compreender isso? Haverá um aumento do número de padres apenas quando se abandonar a “nova missa”. Ela não é a missa “ordinária” do rito romano, é a “missa de Lutero”, ou, se preferir, uma “missa bastarda”, “uma missa envenenada”. As comunidades “Ecclesia Dei” provam essa verdade ano após ano… e a hierarquia se endurece e sempre não vê nada. Virá um dia em que Roma será obrigada a tomar bispos do seu seio e nomeá-los à frente de dioceses. Serão talvez, no início, pequenas dioceses onde não restam mais que alguns padres. Esses padres poderão se opor a nomeação desses bispos. Com um pouco de firmeza, o novo bispo poderá recorrer a esses novos padres sem ter que procurá-los na África. E de repente, a missa tradicional retornará… o povo será surpreendido… mas acontecerá rapidamente… eu sonho! Não mais do que isso.Uma coisa é o Concílio. Outra o “para-concílio”, nos diz Monsenhor Pozzo.Voltamos sempre aí. É o colete salva-vidas “dos conciliaristas”. É necessário, custe o que custar, salvar o ConcílioEu bem que desejo…Mas então, o que fazer das declarações do Cardeal Congar dizendo que Concílio foi “uma verdadeira revolução na Igreja”, ou do Cardeal Suenens dizendo que o Concílio é o “1789 na Igreja”. Ora, estas duas personalidades estiveram, elas também, entre os “personagens principais” do Concílio Vaticano II.O que fazer da declaração de 21 de novembro de 1974 de Dom Lefebvre que diz que Concílio sofreu uma influência real do modernismo e do liberalismo; o que fazer do seu livro “Eu Acuso o Concílio”? E Dom Lefebvre estava entre as personalidades de qualidade do Concílio. Estava, à época, entre os “superiores gerais das grandes congregações da Igreja” e, além disso, arcebispo e presidente do “Coetus Internationalis Patrum”, representando cerca de 250 padres conciliares.O que fazer então das críticas do Cardeal Ottaviani, criticando muito severamente a reforma litúrgica de Monsenhor Bugnini, reforma litúrgica realizada, dizem, em aplicação de Sacrosanctum Concilium.Etc. etc.Uma outra consideração:Nas palavras de Monsenhor Pozzo há uma novidade. Ele fala de “questões controversas” do Concílio Enfim… é uma novidade. Essas “controvérsias” devem ser o objeto das discussões com a FSSPX.Tomemos brevemente o assunto ecumenismo.Enquanto ele resume a doutrina conciliar sobre o ecumenismo na segunda parte de sua conferência, vocês não verão nunca ele utilizar a palavra “retorno” das diferentes confissões à Igreja Católica. Esta palavra está banida do seu pensamento. Mas é o que se entende sempre sobre este assunto: é necessário evitar qualquer expressão que faça alusão ao regresso dos irmãos separados. Eis o axioma doutrinal e a diretriz prática do movimento ecumênico. Como diz Romario Amerio em seu “Iota Unum”, na página 457, “abandona-se o princípio do retorno dos irmãos separados em proveito do da conversão dos cristãos ao Cristo total, imanente a todas às confissões. Como professa abertamente o Patriarca Atenágoras: “não se trata neste movimento de união de caminhar de uma Igreja para outra, mas de caminhar todas as igrejas em direção ao Cristo comum” (ICI, n° 311, p. 18,1º de maio de 1968).Mas se observarem que este não é o ensinamento que Pio XI nos dá em sua encíclica “Mortalium Animos”, — nela, com efeito, o Papa afirma que a verdadeira união das Igrejas não pode se realizar a não ser pelo retorno (per reditum) dos irmãos separados à verdadeira Igreja de Deus — Monsenhor Pozzo responde: Não! Não! “O Concílio permanece (sim) no campo da Tradição no que diz respeito à doutrina da Igreja. (Mas) isso não exclui, todavia, que o Concílio tenha produzido novas diretrizes e tenha esclarecido certos aspectos específicos. A novidade em relação às declarações anteriores ao Concílio consiste antes no fato de que as relações da Igreja Católica com as Igrejas ortodoxas e as comunidades evangélicas nascidas da Reforma luterana são tratadas como uma questão distinta e de um modo formalmente positivo, enquanto na encíclica Mortalium Animos, de Pio XI (1928), por exemplo, o objetivo era delimitar e distinguir claramente a Igreja Católica das confissões cristãs não-católicas”.Se é assim que Monsenhor Pozzo pensa resolver o problema da continuidade do pensamento do Conciliar (sic) sobre o ecumenismo com a Tradição, penso que as conversações doutrinais com o FSSPX estão arriscadas a não alcançar resultado… É sempre aquilo que tenho pensado. Não é por “conversações doutrinais” que se porá termo à crise da Igreja. Quando Dom Lefebvre dizia, após o fracasso das conversações “práticas” com o Cardeal Ratzinger em 1988, que, “na próxima vez, serei eu que vou colocar as minhas condições: Estais de acordo com o Syllabus?; Estais de acordo com o juramento antimodernista? Estais de acordo com a encíclica Libertas? etc.”, ele queria simplesmente dizer que era necessário, antes de tudo, fazer uma profissão de fé antes de sentar-se novamente à mesa das conversações e que essa profissão de fé deveria ser compartilhada por todos os tomassem parte…“Senhores, preparai-vos para um longo combate”, dizia-nos Dom Lefebvre. É doutrinal, com certeza. Mas não se discute com o modernismo. Combate-se o modernismo concretamente por uma doutrina íntegra e um apostolado enérgico e valente.Padre Paul AulagnierFonte: Christus Imp
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
O parecer de Pe. Aulagnier sobre a conferência de Mons. Pozzo.: Não é por “conversações doutrinais” que se porá termo à crise da Igreja. Quando Dom Lefebvre dizia, após o fracasso das conversações “práticas” com o Cardeal Ratzinger em 1988, que, “na próxima vez, serei eu que vou colocar as minhas condições: Estais de acordo com o Syllabus?; Estais de acordo com o juramento antimodernista? Estais de acordo com a encíclica Libertas? “Senhores, preparai-vos para um longo combate”, dizia-nos Dom Lefebvre. É doutrinal, com certeza. Mas não se discute com o modernismo. Combate-se o modernismo concretamente por uma doutrina íntegra e um apostolado enérgico e valente.
.visto em: fratres in unum