domingo, 8 de agosto de 2010

Venerável Pio XII : Não confie o sacerdote em suas próprias forças, nem se deslumbre com seus próprios dotes, não procure a estima e os louvores dos homens, não aspire a cargos elevados, mas imite a Cristo, o qual não veio "para ser servido, mas para servir" (Mt 20,28); e renuncie a si mesmo, consoante o ensinamento do evangelho (Mt 16,24), apartando o espírito das coisas terrenas para seguir mais livremente o Mestre divino.

 
 
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA PIO XII

MENTI NOSTRAE

AO CLERO DO MUNDO CATÓLICO
SOBRE A SANTIDADE DA VIDA SACERDOTAL

A todo o clero,
em paz e comunhão com a Sé Apostólica
Desconfiança em si mesmo

17. Não confie o sacerdote em suas próprias forças, nem se deslumbre com seus próprios dotes, não procure a estima e os louvores dos homens, não aspire a cargos elevados, mas imite a Cristo, o qual não veio "para ser servido, mas para servir" (Mt 20,28); e renuncie a si mesmo, consoante o ensinamento do evangelho (Mt 16,24), apartando o espírito das coisas terrenas para seguir mais livremente o Mestre divino. Tudo aquilo que tem e tudo quanto é procede da bondade e do poder de Deus: se pretende, portanto, gloriar-se, recorde-se das palavras do Apóstolo: "Quanto a mim, em nada me gloriarei, senão nas minhas fraquezas" (2Cor 12,5).

Imolação da vontade

18. O espírito de humildade, iluminado pela fé, dispõe a alma à imolação da vontade por meio da obediência. O próprio Cristo, na  sociedade por ele fundada, estabeleceu uma autoridade legítima, que é uma continuação da sua. Quem, portanto, obedece aos superiores, obedece ao próprio Redentor.
Necessidade da obediência

19. Numa época como a nossa, em que o princípio de autoridade está gravemente abalado, é absolutamente necessário que o sacerdote, firme nos princípios da fé, considere e aceite a autoridade não só como baluarte da ordem social e religiosa, mas também como fundamento de sua própria santificação pessoal. Enquanto, com criminosa astúcia, os inimigos de Deus se esforçam por provocar e excitar a imoderada cobiça de alguns, para induzi-los a erguer-se contra a santa madre Igreja, Nós desejamos render os devidos louvores e confirmar com paternal carinho a enorme multidão de ministros de Deus, que, para mostrar abertamente sua obediência cristã e conservar intacta a própria fidelidade a Jesus e à legitima autoridade por ele estabelecida, "foram achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus" (At 5,41) e não somente afrontas, mas perseguições, prisão e morte.