quinta-feira, 14 de outubro de 2010

125 anos do Apóstolo da Eucaristia Vida e obra do Padre Abílio Gomes Correia, o «Cura d'Ars» português que morreu com fama de santidade

http://4.bp.blogspot.com/_2MwFB5soC4A/TBBHS1kui4I/AAAAAAAAA2A/pztSPexNb_Q/s1600/ScannedImage-13.jpg
 
                                                                  
"Adeus, nosso santo!" e "Lá vai o nosso santo" foram as frases mais ouvidas no funeral do Pe. Abílio Gomes Correia. Nascido a 9 de Fevereiro de 1882, em Padim da Graça, Concelho e Distrito de Braga, este sacerdote esteve cerca de 60 anos na paróquia de S. Mamede de Este, suburbana de Braga, e foi o pai espiritual e amigo dedicado daquele povo. Falecido a 29 de Junho 1967, no funeral - no dia seguinte - as manifestações de pesar foram imensas e muitos "tocavam objectos religiosos no seu cadáver ou tiravam flores do caixão para conservarem como relíquia" (Leite, Fernando - "Apóstolo da Eucaristia", Editorial A.O. 1997). Nos seminários de Braga, que frequentou de 1900 a 1903, foi companheiro de curso do futuro arcebispo de Braga, D. António Bento Martins (1881-1963), mais velho do que ele um escasso ano, e seu amigo fiel durante a vida inteira. Foi ordenado sacerdote por D. Manuel Baptista da Cunha, a 24 de Setembro de 1904, e continuou - durante três anos - sacerdote na sua terra natal, como auxiliar do pároco.
A 21 de Junho de 1907 recebe a provisão para pároco de S. Mamede de Este. Desde essa altura começou a restauração espiritual da paróquia mas de uma forma particular a partir de 1910, como desagravo e reacção espiritual contra os crimes da perseguição religiosa perpetrados nos primeiros anos da República. As grandes obras materiais - restauro completo da Igreja, nova residência paroquial e monumento ao Coração Eucarístico de Jesus - foram feitas posteriormente.

Pároco a tempo inteiro
Pároco, só pároco e pároco a tempo inteiro não teve outras fontes de receitas que não fossem as esmolas dos fiéis. A única coisa que possuía era a biblioteca, um meio fundamental para os seus escritos e apostolado eucarístico. Era um obediente nato. "Obedecia fielmente a todas as prescrições da Igreja, quer litúrgicas quer disciplinares”. (Leite, Fernando - "Apóstolo da Eucaristia", Editorial A.O).
A vida do Pe. Abílio foi sobretudo constante imolação por amor de Cristo e das almas. "Gastou perto de 60 anos numa existência monótona, dura e austera como a dum cenobita, numa freguesia rural, repartindo as horas entre a igreja e a residência" - (ibidem).
Mas qual foi o carisma particular do Pe. Abílio Gomes Correia? A devoção à Sagrada Eucaristia e sobretudo o da adoração a este Santíssimo Sacramento. "Neste ponto dificilmente se encontrará santo ou alma privilegiada que o superasse ou mesmo iguala-se" e "lastimava ter sido ordenado sem quase haver escutado uma prática ou sermão sobre o Santíssimo Sacramento e mesmo nos retiros, depois de padre, poucas vezes ouvia uma meditação sobre tão grande mistério da nossa fé" (ibidem).
Para seus modelos e patronos escolheu S. Pedro Julião Eymard (1881 -1868); fundador dos Padres Sacramentinos, e S. Pio X (1855-1914), o Papa do Sacrário e o modelo de todos os párocos, o "Santo Cura d´Ars".

Mensageiro Eucarístico
Para orientar e propagar todas as Obras de Devoção ao Santíssimo Sacramento fundou o Pe. Abílio Gomes Correia, em 1914, a revista mensal "Mensageiro Eucarístico" da qual foi 48 anos director e quase exclusivo redactor. "Foi nesta pobre freguesia - escrevia em 1963 o Pe. Abílio - junto ao pobre sacrário da sua pobre Igreja que resolvi fundar o Mensageiro Eucarístico como órgão da adoração ao Santíssimo Sacramento em Portugal. Nestes 39 anos são milhões de páginas, milhões de linhas e milhões de letras, louvando unicamente o Santíssimo Sacramento".
Na sua paróquia mandou construir a torre da igreja e guarnecê-la com um relógio para que os paroquianos se recordassem - quando ouvissem o toque das horas - do hóspede divino. Criou hábitos na sua paróquia: "durante toda a noite de Sábado para o primeiro domingo de cada mês efectuava-se a adoração feita na igreja pelos homens, enquanto as mulheres acompanhavam nas suas casas" (ibidem). A sua devoção eucarística proveio directamente da graça de Deus e não da influência dos homens.
Em 1967, faleceu - com 85 anos - o padre bracarense conhecido como "Apóstolo da Eucaristia". Na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa do mês de Abril de 1997, os bispos presentes pediram à Santa Sé autorização para dar início ao Processo de Beatificação e Canonização do Padre Abílio Gomes Correia.

fonte:http://gracadigital.blogs.sapo.pt