quarta-feira, 13 de outubro de 2010

13 de Outubro - Cardeal Arcebispo de São Salvador da Bahia, D. Geraldo Majella Agnelo : A virgem Maria é a imagem esplêndida da conformidade do projeto da Santíssima Trindade que se cumpre em Cristo. Desde a sua Concepção Imaculada até sua Assunção, recorda-nos que a beleza do ser humano está toda no vinculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos.Também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Conhecendo sempre melhor Maria, tornamo-nos mais semelhantes ao Filho de Deus que se fez homem no seu seio.

 


 


MISSA DA PEREGRINAÇÃO INTERNACIONAL
HOMILIA
Hoje, comemoramos a gloriosa Mãe de Deus, em sua última aparição as meninas Jacinta e Lucia e ao menino Francisco que se tornaram mensageiros de conversão e paz para o mundo.
Por Maria veio ao mundo o Salvador do Mundo. A veneração à Mãe do Senhor atravessa a tradição bimilenar da Igreja. No curso do tempo as Igrejas do Oriente e do Ocidente reservaram, com acentos peculiares, expressões de louvor e de suplica. O culto mariano compreende antes de tudo a oração litúrgica e também formas de piedade e devoção. Assim, com os videntes aprendemos de Senhora de Fátima o rosário e orações que nos ajudam a rezar e conhecer o que Senhor deseja de nós neste tempo que vivemos pleno de interrogações e tentações no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A presença da Virgem Mãe de Cristo figura nos escritos dos primeiros cristãos, como nas venerandas formulas de fé. Ela é recordada em antigos textos concernentes ao batismo e à eucaristia. Outros indícios são o grafito da saudação do Anjo Gabriel a Maria encontrados nas escavações de Nazaré (II-III sec.), as figuras encontradas nas catacumbas romanas, a oração do Sub tuum  praesidium (III século).  Para os Padres da Igreja dos primeiros séculos é indispensável referir-se à Maria para compreender a pessoa de Cristo: Aquele que se fez carne criou para si o prodígio de uma Virgem Mãe.  Não faltou nunca na Igreja a pregação da encarnação de Cristo no seio da Virgem, e ao mesmo tempo também a sua memória litúrgica, tornada explícita desde o século IV, na festividade do Natal, primeira festa também da Mãe de Deus. Ao reconhecimento de tal dignidade de Mãe de Deus no Concílio de Éfeso em 431, seguiu-se no Oriente e no Ocidente, um florescimento cultual para com Maria. A sua memória se estendeu aos dias anteriores e seguintes ao Natal, amadurecendo em muitas Igrejas uma festa em honra da Virgem Mãe. Desde o séc. IV pode-se seguir o surgimento de importantes festividades marianas. O primeiro centro de irradiação foi Jerusalém, onde à luz dos apócrifos, se faz memória da vida de Maria: a dormição, a Natividade, o ingresso no Templo e a Concepção de Sant’Ana. O segundo centro de irradiação foi Constantinopla com seus santuários marianos de grande influencia em todo o Império Bizantino: além da festa da Mãe de Deus no dia 26 de dezembro organizaram-se e irradiaram-se as festas do Encontro (2 de fevereiro), da Anunciação (25 de marco), a Dormição (15 de agosto) e da Natividade de Maria (8 de setembro). Aí surgiram também as festas de relíquias insignes: a veste e o cinto de Maria.
Assim podemos compreender as festas de Maria em cada país, algumas vezes sob vários títulos. Aqui a visita de Maria à Cova da Iria tornou-se memória cheia de confiança na sua intercessão para aqueles que recorrem a sua proteção. E o fazemos com profunda fé e esperança.
Maria, Mãe de Jesus Cristo e de seus discípulos, tem estado muito perto de nós, tem nós acolhido, tem cuidado de nós, sob sua maternal proteção. Temos pedido a ela, como mãe, perfeita discípula e catequista da evangelização, que nos ensine a ser filhos em seu Filho e a fazer o que Ele nos disser (Cf Jo 2,5).
A virgem Maria é a imagem esplêndida da conformidade do projeto da Santíssima Trindade que se cumpre em Cristo. Desde a sua Concepção Imaculada até sua Assunção, recorda-nos que a beleza do ser humano está toda no vinculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos.
Nos diferentes momentos da luta cotidiana, muitos recorrem a algum pequeno sinal do amor de Deus: um crucifixo, um rosário, uma vela que se acende um filho em sua enfermidade, um Pai Nosso recitado entre lagrimas, um olhar entranhável a uma imagem querida de Maria, um sorriso dirigido ao Céu em meio a uma alegria singela. Também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Conhecendo sempre melhor Maria, tornamo-nos mais semelhantes ao Filho de Deus que se fez homem no seu seio.
A Virgem de Nazaré teve uma missão única na historia da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu Filho até seu sacrifício definitivo. Do alto da cruz, Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que brota diretamente da hora pascal da sua morte. “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19, 27). Perseverando junto aos apóstolos a espera do Espírito Santo (cf. Atos 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente.
Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. Fala-nos o Papa Bento XVI: ”Maria Santíssima, a Virgem pura e sem mancha, é para nós escola de fé destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho que conduz ao encontro com o criador do céu e da terra. Permaneçam na escola de Maria. Inspirem-se em seus ensinamentos. Procurem acolher e guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino, envia a nós a partir do alto”.
Ela, que “conservava todas estas recordações e as meditava em seu coração” (Lc 2,19; cf. 2,51), ensina-nos o primado da escuta da Palavra de Deus na vida do discípulo e missionário. Essa familiaridade com o mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde “o povo cristão aprende de Maria contemplar a beleza do rosto de Cristo e experimentar a profundidade de seu amor. Mediante o Rosário, o cristão obtém abundantes graças, como recebendo-as das próprias mãos da Mãe do Redentor”.
A dimensão formativa que funda o ser cristão na experiência de Deus manifestado em Jesus é que o conduz pelo Espírito através dos caminhos de profundo amadurecimento. Por meio dos diversos carismas, a pessoa se fundamenta no caminho da vida e do serviço proposto por Cristo, com estilo pessoal. Assim como a Virgem Maria, essa dimensão permite ao cristão aderir de coração e pela fé nos caminhos alegres, luminosos, dolorosos e gloriosos de seu Mestre e Senhor.
Ajude-nos a companhia sempre próxima , cheia de compreensão e ternura, de Maria Santíssima. Que nos mostre o Fruto bendito de seu ventre e nos ensine a responder como fez ela no Mistério da Anunciação e Encarnação. Que nos ensine a sair de nós mesmos no caminho do sacrifício, de amor e serviço, como fez na visita a sua prima Isabel, para que, peregrinos a caminho, cantemos as maravilhas que Deus tem feito em nós, conforme a sua promessa.
Guiados por Maria, fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé, e dizemos a Ele com o Sucessor de Pedro:
“Fica conosco, Senhor, pois cai a tarde e o dia já declina” (Lc 24,29).
“Fica conosco, Senhor, acompanha-nos, ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te.
Fica conosco, porque ao redor de nós as sombras vão-se tornando mais densas, e tu és a Luz; em nossos corações se insinua a desesperança, e tu os fazes arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos conforta na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu ressuscitaste e que nos deste a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.
Fica conosco, Senhor, à nossa fé católica surgem as névoas da duvida, do cansaço ou da dificuldade: tu és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.
Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção ate seu término natural.
Fica, Senhor, com aqueles que em nossas sociedades são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade.
Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nossos continentes, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças.
O Bom Pastor, fica com nossos anciãos e com nossos enfermos!”
Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!
Fazei, ó Maria, Mãe da Igreja, que o vosso clamor de Fátima pela conversão dos pecadores, seja realidade, e transforme a vida da nossa sociedade!
Dom Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo de São Salvador da Bahia

FONTE:http://www.santuario-fatima.pt