A prática mais antiga da distribuição da Comunhão foi, muito provavelmente, a de dar a Comunhão aos fiéis na palma da mão. Não obstante, a história da Igreja evidencia também o processo, iniciado pouco depois, da transformação desta prática. Desde a época dos Padres, nasce e se consolida uma tendência para restringir, cada vez mais, a distribuição da Comunhão na mão, favorecendo a distribuição na língua. O motivo desta preferência é duplo: por um lado, evitar ao máximo a dispersão dos fragmentos eucarísticos; por outro lado, favorecer o crescimento da devoção dos fiéis perante a presença real de Cristo no sacramento.
Ao costume de receber a Comunhão somente sobre a língua, faz igualmente referência São Tomás de Aquino, ao afirmar que a distribuição do Corpo do Senhor pertence somente ao sacerdote ordenado. Isto, por diversos motivos, entre os quais o Doutor Angélico refere também o respeito devido ao sacramento, que “não é tocado por nada que não esteja consagrado: e, por isso, estão consagrados o corporal, o cálice e também as mãos do sacerdote, para poder tocar este sacramento. A nenhum outro, portanto, é permitido tocá-Lo, fora de casos de necessidade: se, por exemplo, estivesse para cair no solo ou noutras contigências similares” (Summa Theologiae, III, 82, 3).
Nesta perspectiva, o então Cardeal Ratzinger havia afirmado que “a Comunhão alcança a sua profundidade somente quando é sustentada e compreendida pela adoração” (Introdução ao Espírito da Liturgia). Por isso, considerava que a “prática de ajoelhar-se para a santa Comunhão tem a seu favor séculos de tradição e é um sinal de adoração particularmente expressivo, totalmente apropriado à luz da verdadeira, real e substancial presença de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as espécies consagradas” (cit. na Carta This Congregation da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, de 1 de Julho de 2002).
João Paulo II, na sua última encíclica, Ecclesia de Eucaristia, escreveu no número 61:
“Dando à Eucaristia todo o realce que merece e procurando com todo o cuidado não atenuar nenhuma das suas dimensões ou exigências, damos provas de estar verdadeiramente conscientes da grandeza deste dom. A isto nos convida uma tradição ininterrupta desde os primeiros séculos, que mostra a comunidade cristã vigilante na defesa deste «tesouro». […] E não há perigo de exagerar no cuidado que lhe dedicamos, porque, «neste sacramento, se condensa todo o mistério da nossa salvação». (S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, III, q. 83, a. 4c.”
Na continuidade com o ensinamento do seu Predecessor, a partir da solenidade do Corpus Domini de 2008, o Santo Padre Bento XVI começou a distribuir aos fiéis o Corpo do Senhor, directamente na língua e estando estes de joelhos.
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