terça-feira, 19 de outubro de 2010

Hoje é a Festa de S.Paulo da Cruz :Apesar de absorto nos augustos mistérios, cumpria escrupulosamente as cerimônias, nada julgando de somenos nas coisas de Deus. Inflamava-se-lhe paulatinamente o rosto e lágrimas copiosas umedeciam os paramentos sagrados. Com o decorrer dos tempos, diminuíram as lágrimas, particularmente nas aridezes e desolações espirituais. Porém, jamais deixou de chorar depois da Consagração.

São Paulo da Cruz e a Santa Missa


Pax et bonum!

Hoje, 19 de outubro, Dia do Piauí, há a memória facultativa de São Paulo da Cruz.
Este grande Santo, fundador da Congregação da Paixão de Jesus Cristo, comumente conhecidos como os passionistas, nasceu com o nome de Francisco Danei Massari, em Ovada, Itália, aos 3 de Janeiro de 1694.
Apaixonado pela Paixão de Cristo, dedicou-se a uma vida de solidão e pobreza e idealizou a fundação de uma congregação.
Foi ordenado sacerdote pelas mãos do Papa Bento XIII em 07/06/1727, na Basílica de São Pedro, onde futuramente foi canonizado, em 1866, pelo Papa Pio IX.
As Regras foram aprovadas pelo Papa Bento XIV em 1741.
Gostaria de transcrever algumas passagens de uma biografia sua, em que se fala de seu amor zeloso pela Sagrada Liturgia.
Há quem tente identificar o zelo pelas rubricas com um espírito distante do amor ao próximo ou superficial na vida espiritual. Neste caro Santo encontramos o contrário: uma profunda caridade para com o próximo, aliada a uma vida intensamente mística e um zelo ardente pela Sagrada Liturgia. Seja ele um modelo para todos os sacerdotes de Cristo! Eu diria que esta é a forma mais completa e autêntica da ARS CELEBRANDI!
São Paulo da Cruz, rogai por nós!

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O SANTO NO ALTAR

O nosso santo é, pois, sacerdote!... Vai tomar nas mãos o sangue do Cordeiro divino e oferecer a Vítima imaculada... Tudo eram transportes de alegria e êxtases de amor... (...)

Imaginemos com que fé e amor subiria Paulo ao altar!

Apesar de absorto nos augustos mistérios, cumpria escrupulosamente as cerimônias, nada julgando de somenos nas coisas de Deus. Inflamava-se-lhe paulatinamente o rosto e lágrimas copiosas umedeciam os paramentos sagrados. Com o decorrer dos tempos, diminuíram as lágrimas, particularmente nas aridezes e desolações espirituais. Porém, jamais deixou de chorar depois da Consagração.

Qual a fonte misteriosa e inesgotável dessas lágrimas? Ouçamo-lo em palestra com seus filhos
Acompanhai a Jesus em sua Paixão e Morte, porque a missa é a renovação do Sacrifício da Cruz. Antes de celebrardes revesti-vos dos sofrimentos de Jesus Crucificado e levai ao altar as necessidades de todo o mundo.

Quando celebrava, afigurava-se-lhe estar no Calvário, ao pé da Cruz, em companhia da Mãe das Dores e do Discípulo predileto, a contemplar Jesus em suas penas. Essa a causa de tantas lágrimas, verdadeiro sangue da alma que, mesclado com o Sangue divino do Cordeiro, eram oferecidas ao Eterno Pai para aplacá-Lo e atrair sobre os homens graças e benefícios.

Revestir-se de Jesus Crucificado antes do santo Sacrifício, Paulo o fazia diariamente, pois não subia ao altar seu macerar com disciplina terminada em agudas pontas, enquanto meditava a dolorosa Paixão do Senhor, unindo-se espiritual e corporalmente aos tormentos do seu Deus. Terminada a santa missa, retirava-se a lugar solitário, entregando-se aos mais vivos sentimentos de gratidão e amor.

E prescreveu nas santas Regras este método de preparação e ação de graças à santa missa.

Ao comentar as palavras do Evangelho COENACULUM STRATUM, dizia ser o cenáculo o coração do padre, cuja integridade deve ser defendida a todo custo, mantendo-se sempre acesas as lâmpadas da fé e da caridade. Comparava também o coração sacerdotal ao sepulcro de N. Senhor, sepulcro virgem, onde ninguém fora depositado. E acrescentava:
O coração do sacerdote deve ser puro e animado de viva fé, de grande esperança, de ardentíssima caridade e veemente desejo da glória de Deus e da salvação das almas.
Zeloso da rigorosa observância das rubricas, corrigia as menores faltas. Velava outrossim pelo asseio das alfaias sagradas.
Tudo o que serve ao santo Sacrifício, dizia, deve ser limpo, sem a menor mancha.
Vez por outra mostrou N. Senhor com prodígios quão agradável lhe era a missa celebrada pelo seu fiel servo.

Celebrava certo dia na capela do mosteiro de Santa Luzia, em Corneto. Tinha como ajudante o ilustre personagem Domingos Constantini. Pouco antes da Consagração, envolveu-o tênue nuvem de incenso, embalsamando o santuário de perfume desconhecido, enquanto o santo se elevava a cerca de dois palmos acima do supedâneo. Terminada a Consagração, envolto sempre naquela misteriosa nuvem, alçou-se novamente ao ar, com os braços abertos. Dir-se-ia um Serafim em oração.

O piedoso Constantini de volta à casa, maravilhado, relatou o fato, glorificando a Deus, tão admirável nos seus santos.

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Fonte: Pe. Luís Teresa de Jesus Agonizante, Vida de São Paulo da Cruz, Capítulo XII.

Por Luís Augusto - membro da ARS

sábado, 16 de outubro de 2010

Oportet vivere

Pax et bonum!

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É PRECISO VIVER

Chegamos, amados, à última etapa ou perspectiva do Mistério Eucarístico, nessa série de textos pelos quais desejamos aprofundar aquilo que foi celebrado no II Congresso Eucarístico Arquidiocesano.
A Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força”, reza o Concílio Vaticano II. Eis a razão pela qual não podemos separar os três aspectos da fé, da celebração e da vivência.
Sabemos que os Sacramentos “alimentam, fortificam e exprimem” a fé, como reza ainda o Concílio. Esta é a razão pela qual começamos pela fé e passamos para a celebração a fim de chegarmos à prática. É igualmente um “amor sólido, prático” que se pede numa muito conhecida oração atribuída a São Padre Pio de Pietrelcina, santo de uma vida eucarística totalmente admirável.
O “viver” é uma resposta à graça de Deus doada e é o culto genuíno que oferecemos no altar do coração, no cotidiano, no ordinário da vida, “sendo o essencial da religião imitar aquele que adoras”, como diz Santo Agostinho. Ora, é-nos muito familiar a afirmação de São Tiago: “Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2,26).
Na quinta-feira santa o Senhor lavou os pés aos apóstolos e disse: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós” (Jo 13,15). Na Liturgia compreendemos que este exemplo abrange muito mais do que o lava-pés. Toda a nossa vida deve se espelhar na vida do Redentor. Por isso, não são apenas as orações da Liturgia que devem ser feitas em nome de Cristo, mas “tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl 3,17).
É necessário, com efeito, viver sempre em Cristo, dedicar-se todo a ele, a fim de que nele, com ele e por ele, se dê glória ao Pai”, relembra-nos Pio XII na Encíclica Mediator Dei. Isso é possível através de tudo quanto assimilamos da vida do Redentor, na nossa, pela Divina Eucaristia.
O mundo deve reconhecer-nos como cristãos pela fé que professamos, pelo culto que prestamos e pela vida irrepreensível que devemos ter aos olhos de Deus e dos homens.
Glória ao mesmo Cristo do Céu, da Virgem e do Sacrário!

Luís Augusto Rodrigues Domingues (publicado na edição nº 163, de 17/10/2010)