quarta-feira, 20 de outubro de 2010

S. Leonardo de Porto Maurício: Sabeis o que é na realidade, a Santa Missa? É o sol da cristandade, a alma da fé, o centro da religião Católica apostólica com a sede em Roma, a que tendem todos os seus ritos, todas as suas cerimônias, todos os seus sacramentos. É, numa palavra, A ESSÊNCIA DE TUDO O QUE HÁ DE BOM E BELO NA IGREJA DE DEUS.A principal excelência do santo sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído para nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário.

As “EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA” por S. Leonardo de Porto Maurício

 
 EXCELÊNCIA, NECESSIDADE E VANTAGENS DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
             Grande paciência é necessária para suportar a indiferença, que a maioria dos batizados na Igreja Católica têm pela Santa Missa: eles rescendem ateísmo e são o veneno da piedade. Pensam eles: “Uma missa a mais, uma missa a menos, que importa… Já é bastante ouvir missa nos dias de festa. A missa de tal padre é uma missa de semana santa: quando ele surge no altar, eu fujo da igreja.”
             Esses que assim falam deixam perceber claramente que pouca ou nenhuma estima têm pelo santíssimo Sacrifício da Missa.
Sabeis o que é na realidade, a Santa Missa? É o sol da cristandade, a alma da fé, o centro da religião Católica apostólica com a sede em Roma, a que tendem todos os seus ritos, todas as suas cerimônias, todos os seus sacramentos. É, numa palavra, A ESSÊNCIA DE TUDO O QUE HÁ DE BOM E BELO NA IGREJA DE DEUS.
 Por isso, caros leitores, meditai bem tudo o que vou dizer-vos nesta instrução.
 EXCELÊNCIA DO SANTO SACRÍFICIO DA MISSA
            É uma verdade incontestável que todas as religiões, que existem desde o começo do Mundo, tiveram sempre algum sacrifício como parte essencial do culto devido a Deus.
             Mas, porque essas religiões eram vãs ou imperfeitas, seus sacrifícios, também, eram vãos ou imperfeitos.
             Totalmente vãos eram os sacrifícios do paganismo, e nem acode ao espírito falar sobre eles.
             Quanto ao dos hebreus, eram imperfeitos.
             Se bem que professassem, então, a religião verdadeira, seus sacrifícios eram pobres e defeituosos, infirm et egena elementa, como qualifica São Paulo.
             Não podiam, assim, apagar os pecados nem conferir a graça.
             Só o sacrifício que temos em nossa santa religião, que é a Santa Missa, é um sacrifício santo, perfeito, e, em todo sentido, completo: por ele, cada fiel honra dignamente a Deus, reconhecendo, ao mesmo tempo, o próprio nada e o supremo domínio de Deus. Davi o chama: Sacrifício de Justiça, sacrificium justitiae; tanto porque contém o Justo dos justos e o Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça e Santidade, como porque santifica as almas pela infusão das graças e abundância dos dons que lhes confere.

PRIMEIRA EXCELÊNCIA
O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA É O MESMO QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ
            
A Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente de todos, e a fim de formardes uma idéia adequada de tão grande tesouro, explicarei aqui, de maneira breve e sucinta, algumas de suas excelências divinas; pois dizê-las todas não é empreendimento a que baste a fraqueza da minha inteligência.
             A principal excelência do santo sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído para nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário.
             Assim, o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa REDENÇÃO, e o SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.
 Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos.
 Notai, portanto, que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e como imolado; Vidi agunum stantem tanquam occisum. (Apoc 5, 6)
             No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é verdade que Ela nasça, ainda, nesse dia.
 Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do Espírito Santo, sem que, de modo algum nesses dias o Senhor suba ainda ao Céu, ou o Espírito, desça visivelmente à Terra.
 A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa Missa, pois, aí não é uma simples representação que se faz, mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS, que se imola hoje na Santa Missa. Opus trae Redemptionis exercetur, dia a Santa Igreja.
             A obra de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí se exerce atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que foi feito sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me sinceramente se, quando ides à igreja para assistir à Santa Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do Redentor, que diria alguém que vos visse aí chegar numa atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como se fosseis a uma festa mundana?
 Que aconteceria sobretudo, se profanásseis este ato tão santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos?
 Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniqüidade não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da Santa Missa e na proximidade do altar, são pecados que atraem a maldição de DEUS: Meledictus qui facit opus Domini fraudulenter (Jer 48, 10). Meditai seriamente sobre esse assunto.
 Outras maravilhas, porém, vou desvendar-vos de tesouro tão precioso…