Procissão de Corpus Christi, La Orotava, Canárias, Espanha. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O Corpus Christi é a festa católica que glorifica especialmente a presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento. A festa da instituição do Santíssimo Sacramento é na Quinta-feira Santa, na Última Ceia.
Mas a Igreja percebeu a necessidade da comemorar separadamente o Corpus Christi.
E essa festa vem sendo acompanhada de graças tão insignes, e assim o será até o fim dos tempos em que num dia glorioso mais desditado será comemorada pela última vez antes do fim do mundo.
Procissão de Corpus Christi em Toledo, Espanha.
Eles pensaram que a Igreja Católica foi instituída por Jesus Cristo para ensinar a verdade.
E Ela não tem o direito de dar um ensinamento confuso porque o ensinamento confuso não é um ensinamento digno desse nome.
Ainda que seja involuntariamente, que seja por incompetência, ele não é digno. Porque a clareza é a primeira das qualidades do mestre.
O ensino exige, como pressuposto, a clareza.
Depois, exige a categoria do conteúdo. Um homem pode ser sábio e não ser claro.
Mas um professor confuso não pode ser professor. É mais ou menos como um homem que fabrica óculos com um cristal excelente e uma montagem muito boa.
Só que usa cristais um pouco embaçados: é uma porcaria! Pode ser o que for, é uma porcaria! Porque se não dá para ver com clareza, é uma porcaria!
Se o mestre intencionalmente não ensina com clareza, ele é pior do que um incompetente: ele é um desonesto.
Procissão de Corpus Christi na Itália. |
Se aqueles grandes teólogos e Doutores, e a Igreja pela voz de seus Papas fizessem o silêncio a esse respeito, os fiéis receberiam um ensinamento confuso sobre uma verdade indispensável à salvação.
Então, eles estariam fraudando os fiéis e faltando com a sua missão.
Em segundo lugar, se a Igreja, fosse silenciar a respeito da Eucaristia, faria que os fiéis comungassem mal. Porque não tendo o ensinamento claro, não podiam receber bem o que eles estavam recebendo.
Quer dizer, na primeira hipótese a Igreja sacrificaria a vida espiritual de seus fiéis para manter uma unidade pútrida.
A força de toda instituição consiste em levar seus próprios princípios às últimas consequências. A partir do momento em que ela acha que tem que adoçar os seus princípios para sobreviver, ela reconhece que já morreu.
A partir do momento em que um Ministro da Guerra dissesse: “o Brasil é um país ao qual repugna tanto o estado militar que, ou o militar toma ares de civil, ou não haverá mais militares”.
Não adianta mais o militar tomar ares de civil. Porque, se repugna tanto a coerência do estado militar é preciso reconhecer de frente que o estado militar morreu. Não vale a pena entrar com voltas.
Vocações clericais: um padre deve ser, pensar, se vestir e viver como padre. Se alguém vem e diz: “bem, então, não haverá mais padres no Brasil”. A resposta só pode ser: “não adianta pôr padre de macacão para ver se alguém quer ficar padre”.
Se o país não quer ter mais padres, é porque ficou pagão. Vamos tomar a questão de frente.
Sobre a instituição da família: alguém poderá dizer: “bem, se não se fizer o divórcio, no Brasil muita gente começa a não se casar mais e a viver no amor-livre”.
A resposta é: então diga que morreu a instituição da família no Brasil. Não vale a pena fazer uma famélica, moribundinha, caricatura abastardada daquilo que deve ser, mas diga logo de uma vez: morreu a família.
Na festa de Corpus Christi: o hino Pange Lingua
Então, vamos logo dizer: morreu o Brasil. Porque um país onde não há compreensão para o estado militar, para o estado eclesiástico e nem apreço pela família, isso é um país morto.
Eu estou falando do Brasil, porque eu estou no Brasil. Eu poderia, a igual título, falar de qualquer outro país onde me encontrasse. É um exemplo hipotético que eu estou tomando.
Foi a política da honestidade, da lealdade, da integridade, da coerência.
Então, os padres do Concílio de Trento entenderam que era preciso fazer o contrário da posição dialogante.
Em oposição ao protestantismo, acentuaram o culto do Santíssimo Sacramento, instituíram uma festa para a adoração do Santíssimo Sacramento e uma procissão em que o Santíssimo Sacramento sai à rua, adorado por todos, para as multidões todas ver.
O adoram de joelhos postos em terra, reconhecendo que debaixo das aparências eucarísticas, ali está Nosso Senhor Jesus Cristo.
Foi a política de enfrentar, de não conceder, de lutar, de afirmar, de proclamar.
Daí veio para a Igreja uma torrente de graças. Exatamente a Contra-Reforma, que representou uma das maiores chuvas de graça que a Igreja tem recebido.
Enquanto o protestantismo dura e a Igreja é católica em todo o seu conteúdo, essas respostas se acentuam.
No século XIX ainda, a proclamação da infalibilidade papal, do dogma da Imaculada Conceição. No século XX, o dogma da Assunção, etc.
Até que outros ventos sopraram. Vamos dizer a verdade de frente: há incontáveis católicos que já não têm mais a coerência de sua Fé, a pugnacidade, a integridade que caracteriza a instituição quando está viva.
Hino Ave Verum
A Igreja é imortal porque é divina. Mas a correspondência de seus filhos a Ela pode diminuir e a densidade de fé decair no espírito de muitos deles.
Na festa de Corpus Christi no dia de hoje vemos como a coragem de proclamar os dogmas diminuiu. E como, portanto, há uma diminuição da Fé, em incontáveis desses que se dizem católicos.
Em 1970, no Congresso Eucarístico de Brasília, segundo os jornais, compareceram menos de 50.000 pessoas.
No ano de 1943, em São Paulo foi realizado um Congresso Eucarístico que encheu o vale de Anhangabaú inteiro, desde a Praça das Bandeiras até a praça do Correio oito vezes mais, muito aproximadamente!
A comparação é verdadeira e oportuna para mostrar como é verdadeira a afirmação da Escritura de que viria um dia em que as verdades estariam diminuídas entre os filhos dos homens.
Não propriamente negadas, mas murchas, reduzidas, apoucadas, amesquinhadas entre os filhos dos homens.
Por isso devemos nos voltar, pela intercessão imerecida mas incessante de Nossa Senhora para conosco, para aumentar a vitalidade, a correspondência à Fé, a energia e a plenitude no crer, na intransigência e na combatividade da Fé na presencia real de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.