HOJE, NO CALENDÁRIO LITÚRGICO DO BEATO JOÃO XXIII DE 1962, É A FESTA DE S.BENTO ,O PATRIARCA DOS MONGES DO OCIDENTE , O SANTO CONHECIDO E DESCONHECIDO
O PATRIARCA DOS MONGES DO OCIDENTE,
SÃO BENTO: O SANTO CONHECIDO E DESCONHECIDO
ÍNDICE
1. O Patriarca dos monges do Ocidente
2. Abade em Vicovaro
3. Os doze mosteiros em Valéria
4. O amor fraterno
5. Monte Casino: fundação Ordem Beneditina
6. A Regra Beneditina
7. Considerações finais
O PATRIARCA DOS MONGES DO OCIDENTE
Segundo seus biógrafos, nasceu no ano 480 na região dos Sabinos, Itália antiga, em Núrcia, hoje província de Perusa.
Seu pai pertencia à tradicional família de Anício, que deu à pátria numerosos cônsules e imperadores. Por parte de mãe, era o caçula dos senhores de Nurcia.
Dispondo de recursos abundantes, enviaram-no, ainda menino, à Capital do Império para adquirir instrução. Durante os sete anos que lá permaneceu, obteve progresso notável nos estudos, tanto para pressentirem que, se continuasse, tornar-se-ia um dos mais destacados homens de seu tempo.
Adolescente ainda, mas dando prova de carácter muito bem formado, resolve deixar Roma para afastar-se daquela mocidade frívola da metrópole, cada vez mais induzida à libertinagem, ao vicio e à corrupção.
Percebe que o convívio o prejudica e entre as ciências humanas, nas quais se projetava, e a preservação dos costumes - cometam os historiadores - prefere permanecer fiel à pureza de vida cristã, recebida desde do berço.
Sua ama de leite, de nome Cirila, amava-o ternamente e não o abandona. Na vila de Enfide, para onde se dirigiram, ele faz o primeiro milagre, do qual o conhecimento chegou até nós. Essa senhora emprestou, da pobre gente do lugar, um utensílio de barro, provavelmente para cozinhar, e ao usá-lo quebrou-o. Bento reuniu os pedaços e restabeleceu-o, por sua prece, no mesmo estado que era antes. A notícia espalhou-se velozmente e logo olhavam o rapaz como santo.
Isto constituiu motivo decisivo para ele retirar-se secretamente dos que haviam assistido ao prodígio e mesmo à sua ama.
Encaminhou-se só para um lugar deserto e distante chamado Subiaco, onde, segundo ouvira, viviam alguns monges em santa austeridade.
Foi-lhe proporcionado encontrar um desses eremitas, chamado Romano. Este monge admirou-se do fervor religioso do jovem e de sua disposição; ofereceu-o para ajudá-lo, assisti-lo, cooperar em seus projetos e fazer tudo o mais que lhe fosse possível.
Bento aceitou a oferta com entusiasmo e recebeu dele o hábito religioso. Depois foi conduzido a uma caverna extremamente escondida e quase inacessível, que a natureza modelou encravada no rochedo.
Lá permaneceu Bento durante três anos, meditação, penitencia, oração e contemplação - com o pobre alimento que lhe fornecia Romano e chegava à gruta numa cesta descida `a corda - longe dos homens, da civilização, despojado de tudo, na solidão e no silêncio.
A oposição intransigente da família transparece nas ocorrências. O ato de emprestar objeto tão simples, fala por si mesmo em dificuldades financeiras.
Sua ama não o deixa, permanece fiel ao seu lado para ajudá-lo e servi-lo, mas acontece o imprevisto: ao emprestar o utensílio de barro à pobre gente de Enfide, ela quebra-o.
Deste acontecimento a história trouxe-nos um maravilhoso exemplo de fé.
O jovem reuniu os pedaços do utensílio quebrado e, orando, restabeleceu-o como era antes.
Longe do tumulto de Roma, ele percebe viva a presença de Deus.
"Non in comotione Dominus". O Senhor não está na agitação.
Se agirmos com sinceridade - a sinceridade agrada a Deus - depois do primeiro passo, os demais tornam-se mais fáceis.
Entre "o mundo" e "Deus"sua opção é clara, radical e definitiva. Seu sim é verdadeiro sim, ele quer servir ao Senhor!
Bento permaneceu na gruta, isolado, até quando foi do agrado de Deus descobrir ao mundo a santidade de seu servo e fazê-lo aparecer para salvação de muitas pessoas.
Conforme a tradição, o pároco da povoação de Monte Plecaro aprontou farta refeição para comemorar o dia da Páscoa. Nosso Senhor apareceu-lhe em sonho e disse: "Meu seguidor morre de fome numa caverna e tu preparas para ti tantas comidas!"
O sacerdote acordou nesse instante, levantou-se, tomou os alimentos que havia preparado e se pôs a caminho, em procura do santo desconhecido.
Caminhou longo tempo entre montanhas e rochedos, sem rumo, mas a mão de Deus guiava-o e ele chegou à gruta onde estava Bento.
Depois de orarem juntos, convidou-o a tomar os alimentos que Nosso Senhor lhe havia enviado, pois era dia da Ressurreição, quando a Igreja costuma romper o jejum. Bento acedeu. Tomaram a refeição, conversaram com alegria, novamente rezaram e, em seguida, separaram-se.
O sacerdote voltou à sua Igreja e o Santo ficou em sua gruta.
Algum tempo depois, os pastores da região encontraram-no e, logo após, os habitantes das vizinhanças passaram a procurá-lo para receber dele conselhos e orientações espiritual.
Mestre na prática das virtudes em grau superior, impressionava a todos que dele se acercavam.
ABADE EM VICOVARO
Tendo falecido o abade do mosteiro de Vicovaro, situado nas proximidades de Subiaco, os religiosos escolheram-no e foram buscá-lo, colocando-o em sue luar.
Habituados, de longa data, ao relaxamento, não suportaram a nova direção. Passaram a conspirar mortal e sacrilegamente contra o santo; pretendiam envenená-lo. Não puderam , no entanto, causar-lhe dano algum, pois Deus, que conhece os pensamentos mais secretos dos homens. Revelou-lhe a revolta e a traição que tramavam.
"Deus vos perdoe, meus irmãos, disse-lhe o santo, eu não vos havia prevenido de que vossos costumes não concordam em nada com os meus? Procurai outro abade que vos governe a vosso gosto. Eu não permanecerei mais junto de vós".
São Bento deixou a abadia e retirou-se à sua primitiva solidão.
Assim analisam este fato os biógrafos:
"São Bento deixou a abadia, onde não produziu nenhum fruto e voltou à sua solidão".
Não produziu nenhum fruto?! Ao contrário, produziu frutos para sucessivas gerações! As condições adversas contêm lições valiosas, às vezes escondidas.
Os religiosos citados queriam vida fácil. Continuar na ociosidade, no relaxamento e talvez pretendessem a secularização e outras reivindicações...
O trabalho manual exige de nós vencermos a indolência física; o estudo, a indolência intelectual, muito mais pronunciada e difícil.
A educação - aperfeiçoamento de nossas tendências - envolve empenho permanente de nossa parte.
A formação moral, contínuo enorme esforço. A virtude é conquistada com o hábito. A virtude é o hábito.
O cristianismo vai além - ensina-nos a contrariar nossa natureza para restabelecê-la em sua integridade. A renúncia de nossa vontade envolve luta sem desfalecimento.
"A pobre humanidade experimentara, durante milhares de anos, a sua impotência, a sua desgraça.
Deus poderia tê-la deixado à sua sorte.
Por amor e misericórdia, para ajudá-la, revela "os seus mandamentos"e, na encarnação do Verbo, "os seus caminhos".
Seguir Cristo exige, antes de tudo, a renúncia de nós mesmos. A natureza humana, desde a culpa original, tornou-se corrompida e rebelde. Ou a combatemos com todas as forças - auxiliados pela graça - ou somos dominados por ela e vencidos irremediavelmente.
Por isso, com amor, alertou-nos Nosso Senhor Jesus Cristo: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me". (Mt 16,24)
Não há outro caminho. Não há outro cristianismo!
Estes religiosos queriam vida fácil...
Ao restabelecer u regime austero, São Bento, como abade e responsável, não inventou nada. Seu procedimento prudente e caridoso, inclusive aio retirar-se, deixa-nos muitos outros ensinamentos, além daqueles cujos comentários desenvolvemos.
O cristão há de excluir o "caminho largo". Ubi non est ordo, ibi non est Deus.
OS DOZE MOSTEIROS, EM VALÉRIA
Em sua volta a Subiaco, São Bento já não encontrou o lugar ermo so passado.
Numerosos moços, movidos pela luz de sua caridade e seus exemplos, vinham ao seu encontro, desejosos de imitar sua maneira de vida consagrada ao Senhor.
Em lugar de um mosteiro que havia deixado, fundou doze! Cada um com doze religiosos
e um superior para dirigi-los. Ele superentendia-os. Velava por todas as comunidades e as assistia em suas necessidades.
Estes mosteiros localizavam-se na província de Valéria, pouco distantes um do outro. Dois deles ainda subsistem: o de Santa Escolástica, onde o Santo residia, e o da Santa Gruta.
Aí era procurado não só para por aqueles que desejavam abandonar o mundo e alistar-se sob a signa da cruz, como também confiar-lhe a educação, instrução e formação de seus filhos. Dois casos, mais destacados, ficaram registrados na história: Equício entregou-lhe seu filho Mauro com doze anos e na mesma época, Tertúlio, patrício [Título de dignidade no Império Romano, instituído por Cosntantino], seu filho Plácido, com sete.
Certo dia, em decorrência de visão, o Santo Abade manda Mauro, apressadamente, retirar Plácido do interior do lago - situado nas proximidades do convento - onde ele estava se afogando.
Mauro não hesitou em obedecer e, então, andou sobre a água como em terra firme.
São Gregório Magno, primeiro biógrafo da vida de S. Bento, conta ainda outros milagres insignes feitos pelo santo taumaturgo, antes mesmo de sair da solidão de Subiaco.
Mauro e Plácido, discípulos de S. Bento, mais tarde, tornaram-se santos!
Entre os doze mosteiros construídos, três localizavam-se nos rochedos e não tinham água. Os religiosos executavam trabalho penoso para ir buscá-lo, em baixo, no lago.
A descida era difícil e perigosa. Por isso pediram-lhe para provê-los de água ou mudar sua moradas. Ele concordou em atendê-los. Orou fervorosamente e, no mesmo instante, brotou da rocha uma fonte da qual as águas correm abundantes até a planície, ainda hoje.
Um noviço, godo, estava trabalhando junto à margem do lago. Ao golpear o tronco de uma árvore, viu o ferro despender-se do cabo, cair na água e desaparecer.
O rapaz mostrou-se desapontado e triste ao perceber a impossibilidade de recuperá-lo.
S. Bento assistiu à ocorrência. Dirigiu-se a ele, consolou-o, tomou o cabo da ferramenta e introduziu sua ponta n água. O ferro flutuou por si mesmo, veio e recolocou-se no seu lugar. O Santo entregou a ferramenta ao noviço e mandou-o continuar o trabalho.
Os milagres narrados e outros tantos faziam crescer a reputação do Santo. Denominavam-no novo Eliseu.
O AMOR FRATERNO
O eclesiástico de nome Florenço, indigno de sua ordem e de seu caráter - assim diz a história - residia junto ao principal mosteiro, onde geralmente permanecia o Abade.
Ele iniciou intensa campanha de difamação contra o Santo e de desmoralização de suas obras. Convencendo-se de que nada alcançara. Finge-se amigo e manda-lhe um pão bento, com elevada dose de veneno.
S. Bento agradece cortesmente, mas ignora o conteúdo do presente e a intenção do autor.
Não tendo, mais uma vez, obtido êxito, resolve corromper os religiosos dos mosteiros usando os meios mais vis, também sem sucesso.
O Santo Patriarca não se preocupa com as calúnias de seu perseguidor, nem com o atentado à vida de sua pessoa, mas, cedendo à oração, abandona a disputa neste lance e retira-se para longe, levando consigo alguns de seus discípulos.
As calúnias dissiparam-se, o atentado não surtiu efeito e a vitória proclamada por Florenço, com a saída do santo, não foi senão de pouca duração.
Ao transitar no corredor de sua residência, o piso rompeu-se sob seu peso e esmagou-o na sua queda. O resto da casa permaneceu intacto.
Percebendo que seu discípulo Mauro mostrava-se alegre ao comunicar-lhe a morte de Florenço - pode voltar, agora em segurança, pois seu inimigo não mais pertence a este mundo - o Santo censurou-o acremente e impôs-lhe severa penitência.
Ante a fúria de seu inimigo, o Santo permanece calmo, em paz. Nenhuma queixa, nenhuma recriminação.
A paciência, o silêncio, a oração são sua força, a força de Deus!
Reza por seu perseguidor, não diz uma palavra contra ele. Quer conquistá-lo, levantá-lo, conduzi-lo ao Senhor.
Assistimos maravilhados, nestas cenas, a vivência de palavras que Jesus pregou em seu Evangelho: "Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, orai pelos que vos perseguem e caluniam para serdes filhos de vosso Pai, que está no céu" (Mt 5, 43-45).
Segundo insinua a história, S. Bento retirou-se da abadia para pôr termo à disputa com Florenço. Será esta, de fato, a causa?
O Santo avalia as ocorrências: suas orações não estão sendo atendidas. Haverá alguma omissão?
Dispõe-se assim à "renúncia heróica" e a oferece a N. Senhor. Trata-se da salvação de uma alma!
Os doze mosteiros - reúnem anos de trabalhos, iniciativas, dificuldades, sacrifícios e lutas - foram construídos, me primeiro lugar, a favor de seus discípulos amados. Sua presença, contudo, parece constituir "motivo de pecado"para o padre Florenço.
S. Bento embora sinta dolorosamente quanto lhe custa a resolução, não hesita um minuto. Deixa a santa comunidade e entrega tudo, inclusive seu perseguidor, à providência de Deus.
Pouco tempo depois, ao saber da morte de Florenço, chora copiosamente.
Esta manifestação do Santo, nas circunstâncias em que os fatos ocorreram, contém profunda significação e constitui matéria para amplas considerações.
Segundo S. Gregório, nesta ocasião, o Diácono Pedro, notava que este grande homem era dotado do espírito de todos os Santos: o espírito de Moisés, tirando água duma rocha; o espírito de Elias, fazendo-se obedecer por um corvo [omitidos nesta narração]; o espírito de Eliseu fazendo nadar o ferro sobre a água; o espírito de S. Pedro dando, ao seu discípulo Mauro, o poder de andar sobre a água como em terra firme e, o espírito de David, perdoando generosamente àquele que procurou matá-lo e chorando sua morte.
MONTE CASINO:
FUNDAÇÃO DA ORDEM BENEDITINA
O Santo Abade havia-se retirado da direção dos mosteiros de Valéria, como descrevemos. Nessa ocasião Deus revelou-lhe que queria servir-se dele em outro lugar, para conversão de muitas almas; abençoaria seus empreendimentos e tornaria seu nome e sua congregação conhecidos no mundo inteiro. Comovido, em humildade, cheio de gratidão e coragem, o Santo agradeceu a Deus disposição tão favorável.
Em obediência, deixou os rochedos de Subiaco - lá o acompanhavam alguns discípulos - e dirigiu-se à localidade onde o Céu o designara: Monte Casino, situado no reino de Nápoles.
Havia nas montanhas do reino de Nápoles - para onde se dirigiu o Santo - e nas suas redondezas, como em várias províncias da Itália, restos de paganismo. Neste sítio, existia um templo de Apolo, onde o ídolo era honrado com Deus pelos camponeses da região.
Antes de iniciar seu apostolado, S. Bento impôs-se um retiro e jejum de quarenta dias!
Depois, a primeira coisa que fez foi derrubar o altar e quebrar o ídolo em pedaços e queimar o cerrado vizinho que servia às superstições do paganismo.
Tendo assim purificado o templo, ele o transformou em oratório e dedicou-o a S. Martinho.
No mesmo lugar onde estava antes o ídolo Apolo, ele construiu outro oratório em honra a S. João Batista, eremita com quem se assemelhava em suas penitencias e zelo ardente ao Senhor.
Em seguida, iniciou pregações com crescente ardor para conversão dos habitantes locais e, não satisfeito, confiou também aos seus religiosos tão elevado ministério. Assim, tanto por seus milagres como pela autoridade moral de sua vida - que sustentava admiravelmente sua palavra - conseguiu uma mudança considerável nos costumes do lugar. Em pouco tempo foram desbaratadas superstições, vícios e a indiferença que Satã havia semeado.
Tal a origem do célebre mosteiro de monte Casino, do qual o grande S. Bento lançou os primeiros fundamentos, em 529, com a idade de 48a nos, o terceiro de Justiniano, sob o pontificado de Felix IV, sendo Atalaric rei dos godos na Itália.
S. Bento continuou a fazer número surpreendente de milagres. O Espírito de Deus estava nele. Limitamo-nos a contar dois.
Os religiosos trabalhavam na construção duma muralha, quando um pano dela ruiu - por arte diabólica - e esmagou um jovem noviço de raça patrício. O acidente consternou muito a comunidade dos irmãos e logo levaram o fato ao conhecimento do Santo.
Ele mandou que lhe apresentassem o corpo do defunto, mas estava tão mutilado que tiveram de trazê-lo num saco. Fez pelo noviço uma prece de fervor extraordinário. Apenas terminada, o morto ressuscitou e recompôs-se como era antes!
O Santo, para mais triunfar sobre o inimigo das almas, ordenou-lhe voltar ao trabalho e restabelecer, com os companheiros, a muralha sob a qual havia sido esmagado.
Em outra ocasião, na missão que pregou, converteu todos os idólatras duma vila próxima de Monte Casino!
S. Bento tinha o dom de ler os pensamentos mais secretos de seus religiosos e de relatar suas faltas cometidas em sua ausência.
Também o dom da profecia como comprovam muitas ocorrências registradas. Mas o espírito profético aparece com mais evidência no encontro que teve com Tótila, rei dos godos.
Este príncipe arruinava, saqueava e assolava a Itália com suas hordas aguerridas. Diante de S. Bento, ele e seus acompanhantes caíram por terra! Sem recear represálias, o Santo repreendeu-o duramente por seus crimes e prosseguindo, predisse sues dias: "Vós fazeis muito o mal, entrareis em Roma, atravessareis o mar, reinareis nove anos e no décimo morrereis".
Após o oráculo, Tótila demonstrou ainda maior surpresa, recomendou-se instantemente às preces do Santo e reitoru-se.
Desde então não foi mais tão cruel, como antes. Conquistou Roma, alcançou a Sicília e no fim de dez anos perdeu o reino e a vida.
A REGRA BENEDITINA
S. Bento, usando o direito de todo fundador de mosteiro, deixou uma regra seus discípulos, redigida por ele mesmo. Antes dele, o mosteiro e suas observâncias eram qualquer coisa de indecisa e vaga. Ele imprimiu-lhe forma nítida e clara, que os séculos mantiveram. S. Bento fez da sua regra um código completo da vida monástica. Aborda a organização do mosteiro, as atribuições do abade e a distribuição dos cargos, o emprego de tempo, o exercício das virtudes religiosas e cristãs, a contemplação, a liturgia, a repressão das faltas, numa palavra, tudo que entra na prática da vida do claustro. Expõe ao mesmo tempo uma doutrina espiritual elevada e discreta.
Seu mosteiro torna-se a escola do serviço divino!
S. Bento propôs-se organizar o mosteiro isolado. A federação de mosteiros veio após ele e recebeu o nome de ordem ou congregação.
A ordem de S. Bento não existia na origem, no sentido que se dá habitualmente a esta palavra. Pode-se, entretanto, compreender sob esta designação os mosteiros que adotaram sua regra, ainda que não estivessem ligados por nenhuma organização geral. A difusão desta regra se fez aos poucos em todas as Igrejas do Ocidente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vida de S. Bento apresenta-se a nós como fantástica, lendária, impossível. Habituados a assistir às dificuldades, limitamo-nos à crítica, ao comodismo, às coisas feitas.
Não somos o que deveríamos ser, ou, somos mais ou menos. S. Bento não era assim. É importante ser aquilo que somos.
S. Bento era aquilo que era!
Incalculável acervo de realizações frutuosas, orientações e exemplos construtivos deixou-nos este grande Santo.
Afigura-se como fonte abundante para saciarmos a sede de Deus, se alcançamos "o sentido da vida". Uma luz no meio das trevas ou um médico enviado do Alto para sarar as doenças da humanidade.
Sua influência não se limitou ao seu tempo quando abalou o Ocidente e sua Evangelização - mas chega até nós e continuará pelos séculos.
Faleceu em 21 de março de 550, com 70 anos de idade, amado e respeitado.
Sua morte [foi-lhe revelada por Deus], conhecida e anunciada por antecedência, ele a recebeu em paz, louvando o Senhor.
Aqui lembramos o pensamento do jesuíta, Padre Vieira: "Quando nascemos somos filhos de nossos pais, quando morremos, somos filhos de nossas obras".
Os milagres de S. Bento continuaram após sua morte para "edificação e ruína de muitos..."
Cristão, segundo o Evangelho, deu testemunho da palavra proferida pelo Messias - o Filho do Eterno Pai.
"Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13-14).
71º ANIVERSÁRIO DA COROAÇÃO DE PIO XII
En el Septuagésimo Primero Aniversario de la coronación de Pío XII
La procesión papal, entretanto, salió por la puerta central de la basílica al atrio e hizo el camino inverso al de entrada. A través de la Scala y la Sala Regias ganó el Aula de las Bendiciones. Allí se detuvo hasta que todos los que estaban dentro del templo se hubieron acomodado fuera, en la plaza. Las campanas volvían a repicar con gran júbilo. Los graves y profundos tañidos del campanone de San Pedro marcaban el compás de los de sus hermanas de bronce. En la Loggia de las Bendiciones –el balcón central de la fachada– se había alzado el nivel del suelo mediante un entarimado con el objeto de hacer más visible la ceremonia que de allí a pocos momentos iba a tener lugar.
Precedía al Papa el marqués Patrizi Naro di Montoro, vexillifer o portaestandarte hereditario de la Santa Iglesia, en uniforme escarlata, llevando el gonfalón (de ahí su antiguo título de confaloniere) de la Santa Sede, que recordaba las victorias de las armas cristianas en las guerras contra los infieles. El vexillifer se colocó a la derecha con el pabellón izado. El Santo Padre, revestido aún con todos los ornamentos de la misa, llevaba la mitra constelada (gemmata). En el momento en que apareció por la loggia la muchedumbre lo vitoreó con entusiasmo desbordante, ahogando las notas del himno pontificio (compuesto por Charles Gounod) y de las marchas militares que ejecutaban las bandas. Los regimientos de las guardias vaticanas y de las fuerzas de orden italianas se cuadraron militarmente. Todas las banderas se inclinaron en señal de acatamiento.
El cardenal decano Caccia-Dominioni entonó lo más alto que pudo –para hacerse oír– la antífona conveniente, que no podía ser más a propósito: “Corona aurea super caput eius” (Una corona de oro sobre su cabeza). Los cantores prosiguieron. Tras el versículo y su respuesta, el mismo purpurado cantó la oración dirigida al “Padre de los reyes” para que infundiera en el coronando lasa cualidades que deben brillar en quien ha de regir a las almas. El momento cumbre había llegado. El segundo cardenal del orden de los diáconos, Nicola Canali, quitó la mitra de la cabeza de Su Santidad mientras el cardenal protodiácono tomaba la tiara del cojín que le presentó el vestiario, monseñor Venini. Con gesto seguro la colocó sobre las augustas sienes de Pío XII al tiempo que pronunciaba las palabras rituales, pletóricas de significado y que resumen la concepción del Papado en el mejor estilo de la Edad Media:
“ACCIPE TIARAM TRIBVS CORONIS ORNATAM ET SCIAS TE ESSE PATREM PRINCIPVM, RECTOREM ORBIS IN TERRA, VICARIVM SALVATORIS NOSTRI IESV CHRISTI, CVI EST HONOR ET GLORIA IN SAECVLA SAECVLORVM” (Recibe la tiara de las tres coronas y sepas que eres el padre de los príncipes y de los reyes, rector del mundo aquí en la Tierra y Vicario de Nuestro Salvador Jesucristo, a Quien corresponde el honor y la gloria por los siglos de los siglos).
San Gregorio el Grande, Adriano I, san Gregorio VII, Alejandro III, Inocencio III, Bonifacio VIII… sus espíritus estarían presentes junto a los manes de los Cornelios, Catones, Julios, Augustos, Flavios, de los que fueron herederos, en esta hora de triunfo y apoteosis. El Papa ha aparecido sucesivamente tocado con la mitra y con la tiara. Precisamente Inocencio III dijo: “Mitra pro sacerdotio, corona pro regno” (la mitra es propia del poder espiritual; la tiara lo es del poder temporal). Hacía ya siglos que el Papado se había resignado a no ser ya árbitro de los potentados de este mundo y una década desde que Pío XI había renunciado definitivamente al poder temporal, conservando tan sólo el “mínimo indispensable” para asegurar la independencia de la Iglesia en orden a su misión espiritual.
Pero si los hechos habían impuesto su razón incontestable, la coronación del nuevo Romano Pontífice era un recordatorio del irrenunciable derecho público de la Iglesia. Si el Papa ya no era rey sí podía amonestar a los soberanos: “Et nunc reges intelligite! Erudimini qui iudicatis terram!” (Ps II). Lo malo es que eran tiempos –y se avecinaban terribles– en los que los dirigentes de las naciones hacían oídos sordos.
El Papa recién coronado parecía más romano que nunca, con su perfil aquilino, su aristocrático continente y la serena grandeza que se desprendía de su persona. Había llegado el momento de concluir los ritos de la coronación mediante la bendición Urbi et orbi. Extendió sus brazos y los elevó en un gesto que iba a ser característico en él: como recogiendo todas las necesidades de sus hijos y de toda la humanidad para presentarlos a Dios, a quien dirigía la mirada extática. Uniendo sus manos en lo alto y juntándolas sobre su pecho, trazó tres signos de la cruz en distintas direcciones, repartiendo las gracias que la Santísima Trinidad se dignara conceder a través de su representante en la Tierra.
No pudieron verse entonces los estilizados dedos de Pacelli, finísimos y largos, ni lo diáfano de sus blancas manos, por estar éstas cubiertas por las quirotecas. Pero el Papa marcó ya su estilo inconfundible de Pastor Angelicus. De hecho, así lo llamaría, contagiado por el entusiasmo popular, el cardenal Caccia-Dominioni, en cuanto los cortinajes de la loggia hurtaron a Pío XII de la vista de un gentío exultante.
En el Aula de los Paramentos, donde Pacelli procedió a despojarse de sus galas litúrgicas, el protodiácono siguió una tradición que remontaba a Benedicto XIV (cuyo nombre de pila era Próspero). Se dirigió al Santo Padre con las palabras del salmo 44: “Prospere procede et regna” (Avanza prósperamente y reina). Al papa Lambertini, que era un espíritu ameno y divertido, le había gustado la ocurrencia del cardenal Albani en 1740, la que hizo fortuna y se fue repitiendo a cada elección.
También le formuló el voto de que viera “annos Beati Petri” (los años de Pedro), augurándole de esta manera un reinado largo, pues es sabido que los años que el primer papa dirigió la comunidad de Roma fueron veinticinco (del 42 al 67, pues antes estuvo en Antioquía). Sólo tres pontífices habían llegado a superar el cuarto de siglo sobre el sacro solio: Benedicto XIII o Pedro de Luna (28 años), el beato Pío IX (31 años) y León XIII (25 años). Pío XII era relativamente joven, pues tenía 63 años. Su salud había sido algo endeble, pero había sabido siempre sobreponerse a sus molestias haciendo despliegue de una gran voluntad. Tendría, sin embargo, que llegar a los 88 años para ver los años de Pedro.
Ahora sí, pasados los fastos con los que quedaba inaugurado oficialmente su pontificado, comenzaba para Pío XII la rutina diaria. Como era un hombre habituado al trabajo no le costó hacerse a ella, pero pensaría con un tanto de melancolía en el viaje a Suiza que había planeado para después del cónclave y que su elección como papa había cancelado definitivamente. Para Eugenio Pacelli en lo sucesivo ya no habría vida privada en el sentido de poder solazarse con períodos de sano ocio vacacional. La solicitud universal por las almas no le iba a dar tregua.
fonte:SODALITIVM INTERNATIONALE PASTOR ANGELICVS