domingo, 7 de março de 2010

A PAIXÃO DE JESUS: Beata Alexandrina de Balasar




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A PAIXÃO DE JESUS


EM ALEXANDRINA DE BALASAR


UMA MÍSTICA DO NOSSO TEMPO


(Escritos da Venerável Alexandrina
Ordenados por: Pe. Humberto M. Pasquale)



Ao Leitor

Com o voto de que, lendo e meditando,
suba tão alto, que Jesus lhe possa dizer:

«Eu vivo com todo o Amor,
porque com todo o Amor
por ti sou amado.
Amas-Me quando choras,
quando sorris;
Amas-Me na dor e na alegria;
Amas-Me no silêncio, ou falando:
Amas-Me em tudo».

(Diário da Alexandrina,
21-03-1947)


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O Tribunal Eclesiástico
da Arquidiocese de Braga
iniciou o Processo ordinário,
sobre as virtudes e a fama de santidade
da Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa,
em 14 de Janeiro de 1967.

Depois de terem sido interrogadas 48 testemunhas
e recolhidos os escritos da Serva de Deus,
o Processo foi encerrado com êxito,
no dia 10 de Abril de 1973.

Em Maio seguinte,
toda a documentação foi remetida à
Sagrada Congregação
para as Causas dos Santos.

Em Dezembro de 1975,
os dois Teólogos,
encarregados de examinarem
os escritos da Serva de Deus,
emitiram um parecer positivo,
confirmado em 2 de Junho de 1979
pela referida Sagrada Congregação.



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A P R E S E N T A Ç Ã O


A vocação do Cristão é participar na Paixão de Cristo...
O convite que Jesus dirige ao homem, para que se torne Seu discípulo, implica a "participação e conformação com a Sua Paixão" (Mt 10, 16), a fim de estabelecer uma relação de "semelhança entre o Mestre e o discípulo" (Mt 10, 24).

A inserção n'Ele como "sarmentos na videira" (Jo 15,4), bem como a necessidade de permanecer no Seu Amor, significam que se deve observar a Sua Palavra, tal como para Ele permanecer na Palavra do Pai quer dizer realizar essa mesma Palavra; isto é, a Vontade Divina que Lhe impõe "oferecer a Sua própria Vida pelo rebanho" (Jo 10, 17).
Segundo o ensinamento de Cristo, portanto, verdadeiro discípulo é aquele que revive em si o mistério da Morte de Jesus; ou antes, aquele que recebe Cristo em si mesmo para reviver a Sua Paixão.

Foi assim que o apóstolo Paulo compreendeu e viveu o Mistério de Cristo. O Evangelho está todo aqui. «Nós pregamos a Cristo Crucificado» (1 Cor 1, 23).
A vida de S. Paulo é toda ela uma reprodução viva da existência terrena de Cristo.

«Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo» (Gal 6, 14).
«Trazemos sempre no nosso corpo os traços da morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste no nosso corpo» (2 Cor 4, 10).

E o mesmo Apóstolo sente-se cravado na cruz: «Estou crucificado com Cristo! Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na Fé do Filho de Deus, que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim» (Gal 2, 19).
Na sua ânsia de perfeição, S. Paulo só deseja conhecer a força da Paixão do Senhor, como também da Sua Ressurreição, e permanecer configurado com a Sua Morte
(Fil 3, 8-11).

«Pelo Baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a Glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova» (Rom 6, 4); isto é: «Tornamo-nos com Ele num mesmo Ser por uma morte semelhante à Sua» (Rom 6, 5).

Na Vida Cristã, portanto, quando ela atingir todo o vigor da sua floração, haverá forçosamente que se manifestar também essa assimilação com a Paixão de Cristo, com a mesma evidência com que se manifesta a Vida da Graça, ou seja a presença de Cristo na Alma.

Por isso, se essa plenitude é portadora de experiência em razão de uma certa conaturalidade, também Cristo Crucificado será a grande realidade da experiência cristã.
O próprio Jesus falou da presença do Seu Espírito, quando os discípulos forem chamados a dar-Lhe testemunho pela paixão e pela morte. (Mt 10, 20)

A palavra de Jesus é confirmada por toda Tradição Cristã.
S. Inácio de Antioquia escreve: «Pela cruz, na Sua Paixão, Cristo vos convida a todos vós, Seus membros. A cabeça não pode viver separada dos membros» (Trall. 11, 2).

A Hagiografia Cristã é rica de Testemunhas da Presença de Cristo na Vida dos Fiéis, sobretudo como Triunfador do Sofrimento e da Morte.

Na longa lista dos Místicos Cristãos, não são poucos os que reviveram de forma eminentemente realística o drama da Paixão de Cristo no seu espírito.
E é graças à sua experiência da presença de Deus e da Sua acção nas Almas místicas, que a Teologia conhece as relações íntimas entre as Pessoas Divinas da Trindade e a Sua acção nas Almas.

O fenómeno da Paixão de Jesus na Alexandrina verificou-se durante 17 anos: de 1938 a 1955, ano da sua morte.
Neste longo período de tempo, é necessário distinguir duas fases, durante as quais o fenómeno manifestou-se com características diferentes.

Classificaremos, respectivamente, de “Participação física” e de “Participação interior”, estas duas formas, ou maneiras, de o fenómeno manifestar-se, para facilidade de denominação.
Frisamos, no entanto, que a Paixão é substancialmente única, pois abrange ao mesmo tempo sofrimentos do corpo e da alma, físicos, morais e espirituais, inseparáveis.






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1.º – Participação Física

Na primeira fase, período de 3 de Outubro de 1938 a 27 de Março de 1942, o fenómeno dava-se em dias e horas fixas: das 12 às 15 horas de cada sexta-feira.
A Alexandrina revivia, umas atrás das outras, as várias fases da Paixão, desde a Agonia no Horto até à Morte na Cruz, em estado de êxtase.

Os seus sentimentos e as suas reacções às dores exteriorizavam-se através de atitudes, gestos, expressões do rosto e do corpo todo, facilmente interpretáveis por quem podia assistir ao fenómeno.

O seu primeiro Director espiritual, Pe. Mariano Pinho, S. J., deixou escrito a esse respeito:
«Nós presenciámos ao vivo o desenrolar do drama da Paixão, embora não fossem visíveis os estigmas, porque a Alexandrina pedira ao Senhor que nada aparecesse exteriormente».
«A Paixão foi violentíssima e as pessoas presentes choravam e soluçavam perante aquele espectáculo visibilíssimo de sofrimento»
(Cf. "Cristo Gesù in Alexandrina", pág. 730).

Monsenhor Mendes do Carmo, professor de Mística no Seminário da Guarda, afirmou:
«É um Anjo crucificado!».
A professora primária de Balasar, D. Maria da Conceição (Sãozinha), e outras pessoas, testemunharam:
«Sentíamo-nos transportados em espírito aos vários sítios da Paixão de Jesus. Ninguém conseguia acompanhar aquelas cenas sem comover-se profundamente».

A irmã da Alexandrina, Deolinda, numa carta dirigida ao Pe. Mariano Pinho, refere-se assim ao fenómeno da Paixão de 7-4-1939:

«Ai, meu Padre, o que foi o dia de Sexta-feira Santa! É bem Sexta-feira de Paixão! Antes de principiar, oh, como se via nela uma cara de aflição!
Ela temia passar esse dia! E dizia-me: "Ai, se eu vejo este dia passado!...
Eu confortava-a quanto podia e acariciava-a, apesar de estar eu também cheia de medo e muito aflita.
Durante a Paixão, eu não podia passar sem chorar, e vi correr lágrimas pelas faces de quase todos os assistentes. Que espectáculo tão comovedor!
A Agonia do Horto foi muito demorada e aflitiva... Ouviam-se gemidos muito profundos e por vezes via-se soluçar.

«Mas a Flagelação e a Coroação de espinhos, isso é que foi!
Os açoites foram recebido de joelhos, com as mãos (como que) atadas.
Eu cheguei-lhe uma almofada para baixo dos joelhos, mas ela afastou-a, não a querendo. Tinha os joelhos em mísero estado.
Os açoites não tinham conta! Duraram tanto tempo, e ela desfalecia tanto!
Os golpes na cabeça (com a cana na coroa de espinhos) foram também inumeráveis!
Vomitou por duas vezes durante a Paixão: Era água, porque mais nada tinha que vomitar.

«O suor era tanto, que os cabelos estavam empastados e, ao passar-lhe a mão por cima de toda a roupa, ficava molhada.
Quando acabou a Coroação de espinhos, ela parecia um perfeito cadáver!
O Sr. Cónego Borlido veio assistir com mais duas pessoas. Também veio o Dr. Almiro de Vasconcelos (de Penafiel) com a esposa e a irmã, D. Judite».

A propósito do peso da Cruz, que oprimia os ombros da Alexandrina durante a fase da subida ao Calvário, referimos o seguinte episódio:
No decorrer da Paixão do dia 29-8-1941, o Médico assistente da Alexandrina, Dr. Manuel Dias de Azevedo, convidou um dos Sacerdotes presentes a levantar do chão a Vidente, que jazia prostrada sob o peso da Cruz (mística).
Prontificou-se o Sacerdote mais robusto; pegou-lhe sob os braços, mas os seus esforços foram baldados, e logo confessou:
«Apesar de toda a minha força, não consigo!».
Nessa altura, a Alexandrina pesava cerca de 40 quilos!

Na fase a seguir, quando o Cireneu carregou com a Cruz, o Dr. Manuel Azevedo convidou o mesmo Sacerdote a erguer a Alexandrina, o que ele fez sem o menor esforço.
A explicação é óbvia: Antes, os pesos eram dois (Alexandrina e a Cruz de Jesus); da segunda vez, tratava-se apenas do peso da Vidente.
Noutra ocasião, durante o fenómeno em estado de êxtase, o Pe. Mariano Pinho impusera-lhe que dissesse quanto pesava a Cruz. E Alexandrina respondeu, em atitude muito grave:
«A minha Cruz tem um peso mundial!»





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2.º – Participação Interior

Na 2.ª fase, desde 3 de Abril de 1942 até à morte, a Alexandrina revivia a Paixão fora do êxtase, e não mais em dias fixos.
Sofria no seu íntimo sem que nada transparecesse exteriormente, antes ocultava por vezes o drama profundo que nela estava a desenrolar-se com um doce sorriso.

A 19 de Junho de 1946, dizia ela ao seu segundo Director espiritual:
«Outrora estes sentimentos e sofrimentos padecia-os especialmente durante as três horas de sexta-feira, das 12 às 15; as dores da Paixão sucediam-se por ordem; agora, não; o pavor por estas dores dura quase sempre: às terças, às quartas, às quintas, ou às sextas-feiras, em horas distintas, sofro ora este, ora aquele tormento da Paixão».

Jesus, durante a Paixão, sofreu os tormentos que Lhe foram infligidos pelos homens, juntamente com os que Ele próprio infligiu-Se, na medida em que apropriou-Se voluntariamente dos pecados do mundo
(1 Pe 2, 24; Is 53, 4).

Entregue à Justiça Divina, ficou totalmente só, não apenas a sofrer a Sua Agonia, mas também a ter conhecimento dela.
O mesmo deu-se com a Alexandrina...

O Pe. Corne, não define Jesus como:
«O pecador universal, o pecador de todos os tempos e de todos os lugares, sobre quem Deus descarrega todo o rigor da Sua Justiça»?
E o Pe. Monsabré:
«O encontro de todos os ultrajes e de todas as chagas».
Monsenhor Gay, por seu lado, escreve:
«Jesus, bênção vivente e infinita, tendo-se feito pecador por todos, deve na verdade ser amaldiçoado em benefício de todos».

A morte física é assim a consequência daquela morte espiritual, sendo esta a separação do homem em relação a Deus.
Segundo Cullmann, "seria esta morte – figadal inimiga de Deus – a causa da angústia que Jesus sofreu no Horto das Oliveiras, mais ainda do que a Crucificação e as circunstâncias que a acompanharam"...
Não, Ele não pode vencer a morte senão morrendo de verdade, sujeitando-se ao próprio domínio da morte, a grande destruidora da Vida, da união com Deus.

Granfield comenta o grito de Jesus Crucificado: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?», nos seguintes termos:
"O peso dos pecados do mundo e a identificação completa de Jesus com os pecadores implicam um abandono não só sentido, mas real, por parte do Pai. Nesse grito de abandono revela-se o total horror pelo pecado do homem".

Só o Amor pode levar a desempenhar semelhante Missão.
O Cristo Sofredor não é apenas uma fulgurante manifestação da Misericórdia Divina; é também uma revelação não menos fulgurante da malícia do pecado e da espantosa catástrofe em que se precipitam os pecadores, precisamente porque afastam-se d’Aquele sem o Qual nada são, e que é a nascente única de toda a Vida e Felicidade.

Todas estas Verdades não vêm anunciadas explicitamente no Evangelho, mas são apresentadas por Mestres nas Ciências Teológicas, e, como experiência vivida, nas páginas do Diário da Alexandrina – a Mística, quase analfabeta segundo a cultura humana –, assim como por outras Almas místicas cristãs.

Justamente, dizia Jesus à Alexandrina: «A Crucificação que tu tens é das mais dolorosas que a história regista».
Ao meditá-la, logra-se verdadeiramente aprofundar o nosso conhecimento sobre o Amor de Cristo Sofredor e Redentor.

Dar-nos-emos conta também da acção desenvolvida na Redenção pela Mãe de Jesus e nossa Mãe, como também do valor salvífico do Sofrimento de toda e qualquer Alma que saiba aceitá-lo com Amor, unida a Jesus.





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3.º – Os Efeitos da Experiência dos Místicos

Uma garantia segura do autêntico carisma místico temo-la num vigoroso dinamismo eclesial e apostólico, em perfeita sintonia com o Magistério da Igreja.
A obediência perfeita e heróica à autoridade eclesiástica, praticada por Alexandrina, foi oficialmente reconhecida pelo Tribunal diocesano, que se ocupou do processo sobre as suas Virtudes excepcionais e aprovou, em primeira instância, os seus escritos.

Todos os escritos da Alexandrina já foram convalidados também pelo voto positivo dos peritos em dogma, moral e mística, das Congregações romanas.
Isto convida-nos a reflectir sobre os principais efeitos que derivam da experiência mística da Serva de Deus:

a) Um conhecimento fora do comum e não fácil acerca dos factos, sentimentos e circunstâncias da Paixão de Cristo, que não aparecem nos Evangelhos, ou neles são apenas abordados.
b) Um conhecimento particularmente profundo e intenso dos Sofrimentos íntimos e espirituais do Salvador, para além dos Seus sofrimentos físicos. Um verdadeiro contributo à compreensão da psicologia de Jesus.
c) A revelação do Amor inefável, misterioso e quase "absurdo" de Cristo pelo homem. Amor que, na Paixão e Morte de Jesus, encontra a sua mais alta expressão.

«Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13).
Obviamente, este é o aspecto mais impressionante, porque a Alma é conduzida para o abismo daquela Caridade de Cristo que, tal como S. Paulo, a Alexandrina sente aqui, de forma experimental, «como superior a qualquer conhecimento humano» (Ef 3, 19).
Nesta experiência da única oblação redentora de Cristo, realizada de uma vez para sempre (Ef 10, 10), a Alma mística sente mais do que nunca que a Paixão
«é a obra maior e mais maravilhosa do amor divino e que, ao mesmo tempo, é um mar de amor e de sofrimento».

S. João da Cruz, ao falar das grandes comunicações que o Senhor faz à Alma nos altos graus da experiência mística, afirma que «lhe comunica especialmente os doces mistérios da Sua Encarnação e as formas e caminhos da Redenção humana».
Noutro passo, diz que «a Alma reveste-se e transforma-se nos mesmos esplendores do Verbo Encarnado e participa das alegrias mais puras do espírito, ainda que este itinerário espiritual seja acompanhado pelo puro padecer».


Motivações e origem deste trabalho:

«O mundo não compreende o que Jesus sofreu» (Diário, 25-10-45).
«Quisera desenhar num quadro todos os Sofrimentos de Jesus que sinto na minha alma e poder gravá-los em todos os corações, a fim de que sintam e compreendam o que Jesus sofreu, e assim deixem de pecar, de ofendê-Lo, e só amem-No, para que somente o Amor Divino seja o fogo que alimenta os corações de toda a Humanidade» (Diário, 18-10-45).

Este desejo ardente da Alexandrina apoderou-se também de nós e sentimos a urgente necessidade de o satisfazer.
Particularmente próximos da Alexandrina (na qualidade de Director espiritual), sentimos também o dever de tornar conhecidos os tesouros de que o Senhor a enriqueceu, para bem das Almas.

No nosso volume "Cristo Gesù in Alexandrina", incluímos já a descrição de muitos momentos da Paixão, mas de forma tão fragmentária e desarticulada entre os vários trechos – visto termo-nos proposto elaborar uma autobiografia sumária –, que estes não reproduzem completamente o quadro desejado por Alexandrina.
Penetrando em profundidade na abundante mina de material precioso em nosso poder, recolhemos os passos mais significativos e ordenamo-los num todo, o mais orgânico que nos foi possível.





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Apesar disso, o quadro elaborado não consegue certamente oferecer uma visão completa, por dois principais motivos:

1.º – A experiência ensina como é difícil exprimir por palavras as emoções da Alma, sobretudo quando a linguagem humana deve traduzir realidades e operações Divinas.

Muitas vezes a Alexandrina manifesta o seu sofrimento ao ter que ditar, por obediência, o que se passa na sua Alma.
Aparecem com frequência, no seu Diário, frases como estas:
«Se a minha ignorância soubesse exprimir...»; «Soube sentir, mas não sei dizer...».

2.º – Devido à grande abundância de material.

Alexandrina reviveu a Paixão de Cristo, na segunda forma (desde 3 de Abril de 1942, até à morte), sofrendo semanalmente ora um aspecto, ora outro, do Martírio de Jesus.
Escolhemos os trechos mais significativos, para oferecer ao leitor um quadro sintético.

Confessamos que nos abalançámos a este não fácil trabalho, apesar das inevitáveis falhas, porque nos pesava que tão preciosas pérolas ficassem escondidas.
Que elas sejam, pois, bem aproveitadas! E que despertem uma sementeira de bem em muitas almas!

Com tais auspícios, dedicamos o nosso trabalho ao leitor, com um íntimo e caloroso voto de que, conhecendo mais, ele consiga amar melhor; e amando melhor, consiga conhecer cada vez mais profundamente a Cristo Jesus, para deixá-Lo viver e crescer em si o mais possível.


# A sua Estrutura:

O trabalho foi subdividido em "sete momentos". Cada um deles consta de vários "quadros", coordenados cronológica e psicologicamente, entre si.
Cada quadro é bastante completo em si mesmo e suficientemente avulso dos demais, de forma a poder constituir assunto independente de meditação. O conteúdo de cada quadro está enunciado no respectivo subtítulo que lhe juntámos.

Cada quadro compõe-se de diversos "fragmentos". Ao lado de cada um deles há um número, que aparece no fim do livro, juntamente com a data correspondente ao dia em que o trecho foi ditado.
Entre muitos fragmentos semelhantes, escolhemos só um: Aquele que nos pareceu mais expressivo e também mais apropriado ao contexto, e inserimo-lo ao lado dos demais, de maneira a constituir como que um grande mosaico.
Procurámos evitar repetições, e nesse intuito cada fragmento é reportado uma só vez.

Em contrapartida, o leitor deparará com repetições substanciais de conceitos, de sentimentos, de padecimentos, sob formas sempre diversas e com novos cambiantes.
Esta "repetição" deu-se na realidade. Por exemplo, alguns tormentos já são sentidos com antecipação na quinta-feira, depois também durante a Agonia no Horto, e por fim são vividos no cimo do Calvário.

Aparece também, com frequência, a dolorosa amargura provocada por ver que muitos, demasiados, não beneficiam do Sacrifício.
Volta, além disso, insistente, num crescendo contínuo, o motivo do entrelaçar-se da Dor com o Amor, da sua complementaridade, e o triunfo do Amor, custe o que custar.

São os temas fundamentais, essenciais do Cristianismo, nunca repetidos à saciedade, que põem em evidência uma introspecção singular do doloroso Calvário sofrido por Cristo, e revivido por Alexandrina.
É verdade que a conexão dos "fragmentos do mosaico" nem sempre é perfeita, mas optámos por este inconveniente, de preferência a introduzirmos frases não pertencentes ao texto de Alexandrina.

Agradecemos a alguns Amigos, muito queridos, a colaboração que nos prestaram.


Leumann (Turim), 2 de Fevereiro de 1977
Festa da Apresentação do Senhor

Padre Humberto Maria Pasquale,
(Salesiano)






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V/ – Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus,
R/ – Que pela Vossa Santa Cruz redimistes o Mundo!


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Fonte genérica:
Sítio Oficial da Beata Alexandrina de Balasar

fonte:Nova Evangelização Católica