sábado, 1 de maio de 2010

LITURGIA GERAL – OS SANTOS SINAIS

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LITURGIA GERAL
CAPÍTULO II.
OS SANTOS SINAIS
Artigo I. Atitudes
 § 31. POSIÇÕES DO CORPO
 107.    Não há dúvida que a atitude exterior do corpo influi sobre a atitude interior e que, aproveitando a alma o seu corpo, procura imprimir-lhe posição tradutora dos seus pensamentos.
1. De pé.
  1) Significação: Ficar em pé revela reverência, prontidão, alacridade, afeição, confiança, alegria: Se estais de pé em oração (Mc 11, 25), em sinal de reverência. Aarão está de pé diante de Deus e serve-O (Dt 18, 5), em razão do ministério sacerdotal e sua dignidade. Aarão estava de pé entre os mortos e vivos (Nm 16, 45), servindo de intercessor. Os ministros estavam de pé ao serviço do rei. (Est 7, 9.)
2) Uso. O celebrante está de pé no sacrifício e na maior parte das funções sacerdotais, como intercessor e medianeiro. O povo está de pé para ouvir o evangelho (prontidão, alegria) e rezar o Credo; também durante o tempo da páscoa e no domingo, que é renovação semanal da ressurreição; e no ofício aos cânticos Benedictus e Magnificat, por serem partes do evangelho. (Durandus V, c. 4, n. 28.)
3) Barrete. De pé, em desempenho de uma função litúrgica, nunca se põe o barrete, com exceção do sermão. Por isso, durante a missa solene é litúrgico primeiro sentar-se, depois cobrir a cabeça, ou vice-versa tirar primeiro o barrete, depois levantar-se. Tirar o barrete é a primeira coisa que se faz, ao chegar ao altar, pôr o barrete a última, ao sair do altar. Para se cobrir ou descobrir, serve-se da mão direita, pega-se no barrete pelo lado direito, e põe-se na cabeça, de modo que a ponta dobrada fique do lado esquerdo. (Baldeschi, Martinucci.)
108.    2. Genuflexão.
1) Explicação. Permanecer de joelhos durante a oração é símbolo de adoração, de humildade e de angústia, de penitência. A genuflexão é simples ou dupla.
 2) A genuflexão ordinária ou simples faz-se dobrando o joelho direito, sem inclinação da cabeça nem do corpo, sem demora, tocando o chão próximo ao calcanhar esquerdo. Sendo prescrita ao pronunciar muitas palavras, p. ex., Et incarnatus est, a genuflexão se faz devagar.
         a) Os que estão revestidos de paramentos fazem a genuflexão sôbre os degraus, exceto à chegada e à retirada do espaço do côro (d. 2682 ad 49; 4198 ad 3); os ministros inferiores dobram sempre o joelho até o chão.
b) Saúda-se por uma genuflexão simples a ‘cruz do altar nas funções litúrgicas (in actu functionis tantum, d. 3792 ad 11), a cruz da procissão durante a absolvição dos defuntos com exceção do celebrante, bispo, cônego.
c) Nunca se dobra um só joelho, quando não se tem de levantar imediatamente.
d) Só o celebrante faz a genuflexão pondo as mãos sobre o altar, e fá-lo sempre assim.
109.   3) A genuflexão dupla faz-se pondo em terra, primeiro o joelho direito, depois o esquerdo, segue-se inclinação medíocre do corpo e, por fim, levantar-se. (d. 4179 ad 1.) Faz-se diante do SS. Sacramento exposto ao entrar e ao sair do espaço do côro; ou, para mudar os paramentos, passando-se do meio do altar para a credência ou de lá voltando ao meio do altar. (d. 2682 ad 49.) Fora disso, usa-se a genuflexão simples.
         3. Prostração.
Fazer prostração quer dizer lançar-se de bruços no chão. É considerada como sinal de humildade, da dor mais profunda, da súplica de maior instância. Esteve em uso na antiguidade; Nosso Senhor (Mt 26, 39) “caiu sobre a sua face”. No rito romano é cerimônia rara, p. ex., no principio das funções da sexta-feira santa, na missa do sábado santo e vigília de pentecostes, na colação das ordens maiores.
 110.    4. Assentar-se.
1) Significação. Sentar-se em solenidades é sinal de dignidade, mas também de condescendência dos prelados; compete às autoridades eclesiásticas e civis.
2) O bispo está sentado no ato do batismo solene, da confirmação e da ordenação; desde os primeiros séculos o bispo tinha a sua cadeira na Abside da igreja.
3) O sacerdote está assentado na administração do sacramento da penitência como juiz, no rito de absolver da excomunhão fora da confissão, na missa solene durante o kyrie, glória, seqüência, credo.
§ 32. POSIÇÕES DE PARTES DO CORPO
 111.    I. A inclinação.
         1) Etimologia. Deriva-se da palavra latina inclinare = dobrar, diminuir, abater, humilhar.
2) Interpretando as expressões do missal, do cerimonial dos bispos e os decretos da S. Congregação dos Ritos, p. ex.: alirluantulum inclinatus, inclinatus, pro f undies inclinatus, caput inclinat, os autores distinguem três classes:
a) a inclinação profunda do corpo, inclinando-se os ombros de tal forma que as mãos em cruz possam facilmente locar os joelhos;
b) a inclinação medíocre ou média do corpo, de sorte que, ficando em pé, se possa ver a ponta dos pés; estando de joelhos, faça-se uma inclinação profunda da cabeça com inclinação dos ombros (d. 4179 ad 1) ;
c) a inclinação da cabeça, subdividindo-se em três classes: a profunda, ao nome de Jesus, Gloria Patri, Oremus: é sinal de adoração; a média, ao nome de Maria: é hiperdulia, devida à mãe de Deus; a mínima, ao nome de um santo ou do papa reinante: é símbolo de veneração e respeito.
3) Uso.
a) A inclinação profunda da cabeça faz-se à cruz do altar (no evangelho ao livro); na exposição do SS. Sacramento e depois da consagração a inclinação da cabeça se faz ao SS. Sacramento, também no evangelho (d. 3875 ad 4).
b) A inclinação da cabeça, devida ao nome de Maria e dos santos, faz-se em geral ao livro, isto é, ao nome nele contido. Se, porém, a imagem principal (não lateral) representa a Virgem SS. ou o santo respectivo, a inclinação faz-se a esta imagem. (d. 3767 ad 25.)
         Em alguns lugares a rubrica não menciona a inclinação devida nu SS. Nome de Jesus: Rit. cel. t. VII n. 4 (Ofertório); t. X n. 2 e 6 (fração da hóstia e comunhão do sacerdote); Rituale t. IV c. 2 n. 5 (comunhão dos fiéis). Daí alguns autores derivam a regra, que o sacerdote pode omitir a inclinação ao SS. Nome de Jesus, quando está ocupado com outra cerimônia. A S. R. C. prescreveu (d. 2850 ad 1) a inclinação num destes casos, na comunhão do sacerdote. (t. X n. 6.) Por isso outros autores prescrevem a inclinação em todos os casos mencionados. Referem-se além disso ao C. E. (1. II c. VIII n. 46) que diz: cum profert nomen leso, vel Marice inclinat se.”
112.   c) Ao nome de Maria e do papa faz-se inclinação em todas as missas, também nas de réquie, sempre que ocorrerem; ao nome dos outros santos, quando se diz a missa deles ou comemoração propriamente dita (d. 2572 ad 20; não na oração A cunctis, nem ao nome de Cosme e Damião na oração ferial da quinta-feira depois do 3.° domingo da quaresma), e isto sempre que ocorrer, menos no título da epístola e do evangelho. (d. 3767 ad 25.) Vale isso também para as missas votivas e da vigília (d. 4281 ad 2), porém não de réquie. Ainda que a comemoração de um santo, durante a oitava da sua festa se deva omitir por causa da ocorrência de uma festa de 2.a cl., contudo, ao nome do santo, se faz inclinação (d. 4116 ad 1) ; é uma espécie de comemoração. Se, porém, a festa de um santo se omite, também a inclinação ao seu nome se deixa. Ocorrendo vários nomes, faz-se inclinação prolongada.
               d) Não se faz inclinação se o nome não designar o santo senão no sentido acomodatício; por conseguinte, não se faz ao nome de Jesus na 3.a antífona das vésperas do SS. Nome de Jesus, nem ao nome de Maria no evangelho e na comunhão da festa da assunção da Virgem (d. 2872 ad 6), nem ao nome de José na epístola da festa do seu patrocínio; tão pouco ao nome Trinitas, Spiritus Sanctus, S. Angelorum; o antigo n. 40 do d. Tuden. (d. 2572), em que a inclinação ao nome da SS. Trindade se chamou conveniente, foi ab-rogado pelos Decr. authent. (Schober, Missa S. Alf., p. 42.)
e) Ao nome do bispo faz-se inclinação na oração do aniversário da eleição e sagração, se ele assiste à missa. (d. 2049 ad 3. Solans 1 n. 167, que cita S. Afonso, Merati, Cavalieri, Baldeschi, etc.)
113.   f) Se se está de joelhos, não se faz inclinação da cabeça (p. ex., ao nome de Jesus, Gloria Patri) a não ser que esteja prescrita, p. ex., ao Et incarnatus est na missa solene (d. 4179). É uso romano fazer inclinação ao Tantum ergo até veneremur cernui inclusive, para que a posição do corpo combine com as palavras do hino. (Gardellini, Clement. 24, n. 9.)
114.    II. Os olhos.
Levantar os olhos é recorrer a Deus que está nas alturas, confiar nEle: A vós que estais no céu, levantei os olhos. (Sl 122, 1.) Baixá-los é sinal de humildade: o publicano não ousava levantar os olhos (Lc 18, 13); Nosso Senhor levantou os olhos. (Jo 11, 41.)
115.    III. O ósculo litúrgico. (Beijo Litúrgico)
                1. Significação.
a) Em geral é símbolo e expressão da caridade sobrenatural, de veneração e reverência. (Jesus e Simão, Lc 7, 45.)
b) na Liturgia, significa caridade fraterna na missa antes da comunhão e na ordenação sacerdotal.
c) veneração denota o Ósculo do altar consagrado que representa Jesus Cristo, do evangeliário (Laus tibi, Christe, símbolo de Cristo), da patena, da cruz na sexta-feira santa, das velas, dos ramos.
d) é sinal de reverência o Ósculo na mão do bispo ou sacerdote, nas funções litúrgicas;
e) revela gratidão o ósculo na mão, quando se recebe alguma coisa do bispo ou sacerdote.
f) o costume de beijar o do papa deriva-se provavelmente do costume das nações orientais. Inocêncio III explica (1. II, c. 27) “tit summo pontifici summam exhibeant reverentiam et eum ithus ostendant vicarium esse, cujus pedes osculabatur nuttier.”
          2. Uso.
a) Recebendo um objeto, beija-se primeiro a mão daquele de quem se recebe, depois o objeto recebido; oferecendo-se alguma coisa, beija-se primeiro esta, depois a indo do celebrante.
b) Ao receber a vela ou o ramo bento, beijam-se primeiro estes objetos bentos, depois a mão do celebrante, por causa da veneração devida a eles em conseqüência da bênção.
c) Os ósculos do incenso e do barrete omitem-se em presença do SS. Sacramento exposto.
116.    IV. As mãos.
1) Estender e elevar as mãos.
a) Origem. Este gesto de oração é geral em todas as nações. É expressão da alma aflita ou necessitada ou jubilosa, que se dirige a Deus, para pedir alguma coisa, confiar nEle, agradecer-Lhe. Por isso também os cristãos o conservaram. Nas catacumbas ainda existem pessoas representadas com este gesto, as chamadas Orantes. Os cristãos viam nesta atitude a imitação de Nosso Senhor, que morreu na cruz com os braços abertos.
b) Uso. No rito romano se emprega durante a missa nas partes mais antigas: orações, prefácio, cânon; na consagração da igreja, do altar e outras funções pontificais. Mas, no oficio e na administração dos sacramentos e sacramentais, foi suplantado pelo gesto das mãos postas.
c) História. Na idade média o sacerdote, depois da consagração, estendia os braços horizontalmente, representando assim a imagem de Jesus Cristo crucificado. Os dominicanos, os cartuxos e a igreja de Lião ainda conservam esta atitude. Um vestígio dela se conserva no rito romano no uso de cruzar os polegares.
2. Pôr as mãos.
a) Origem. Este gesto era desconhecido na Liturgia até ao século VIII. Na vida pública, p. ex., na Alemanha, era sinal de homenagem e sujeição. O vassalo prometia fidelidade ao rei pondo as mãos juntas nas mãos dele. Já no século 12 este modo de rezar era geral.
b) Uso. Este gesto liturgicamente se faz, juntando as duas mãos estendidas e cruzando os polegares diante do peito. O outro modo de juntar as mãos com os dedos entrelaçados não é litúrgico.
117.    3. Imposição das mãos.
               a) Origem. Usava-se no antigo testamento; em o novo, Nosso Senhor muitas vezes se servia desta cerimônia.
b) Significação. Em geral denota comunicação de graças. aa) É rito visível do sacramento da confirmação e da ordem. bb) É sacramental, comunicando conforto espiritual e corporal, no rito da visita aos doentes (Ritual). cc) É exorcismo no rito do batismo e do exorcismo solene. dd) É símbolo da oblação de si mesmo e do povo em união com o sacrifício de Nosso Senhor no Hanc igitur.
            4. Bater no peito.
a) É símbolo da consciência culpada; já era conhecido pelos israelitas. (Lc 18, 3.)
b) Usa-se na missa, ao Confiteor, Nobis quoque, Agnus Dei, Domine non sum dignos; fora da missa, nas ladainhas e ao Confiteor. Faz-se com a mão direita, quer estendida, quer meio aberta, sem ruído.
118.    5. Sinal da cruz.
          a) Origem. Desde os primeiros tempos cristãos os fiéis usaram o sinal da cruz, o qual, segundo Tertuliano, remonta aos apóstolos e foi provavelmente instituída por Nosso Senhor. (Suarez in 3 q. 58, art. 4, disp. 51, sect. 2; Lapide, Ben. XIV.) Ele conta que os cristãos empregavam a cada passo o sinal da cruz.
b) Modo de fazê-lo. No principio, provavelmente com referência ao Apocalipse (7, 2 e 9, 4), faziam a cruz com um dedo da mão direita sobre a fronte, no século IV sobre a fronte e a boca, no século XII, na fronte, na boca e no peito. Faz-se agora (persignar-se) com a polpa (e não com a unha) do polegar. A grande cruz (desde a idade média) faz-se passando a mão estendida (Rubr. Miss.) da fronte ao peito no meio, e do ombro esquerdo ao ombro direito.
Maldonado, natural da Espanha, diz que os três sinais da cruz se fizeram por causa dos arianos, outrora muito numerosos naquele país. Os católicos quiseram declarar por todos os modos, que não eram arianos; por isso fizeram o mesmo sinal da cruz três vezes, professando desta forma a igualdade das três pessoas divinas. (zacaria II, 2 disp. II § XIV.)
119.    c) Uso. A pequena cruz emprega-se na recitação do evangelho, no rito do batismo, no exorcismo e em todas as unções. A grande cruz faz-se em todas as bênçãos e frequentemente na missa; na missa solene 53 vezes. A fórmula Trinitária que acompanha a cruz remonta até idade média (c. século VI). Nas funções litúrgicas emprega-se relativamente raras vezes e só, se não são prescritas outras palavras.
          d) Significação. É sacramental e comunica a graça de Deus e proteção contra os perigos, doenças e o demônio. Símbolo da fé na SS. Trindade e na redenção. Depois da consagração da missa, relembra que no sacrifício da missa se renova o sacrifício da cruz. Portanto, não é, nem pode ser ato de benzer a Nosso Senhor presente na santa hóstia (ver n. 511). A cruz sobre o evangeliário diz que a fonte do evangelho é o crucificado. O povo faz o sinal da cruz também, pronunciando o Gloria Patri. Com toda a razão. Pois é fórmula Trinitária e conclusão de parte da oração, imitando a cruz no fim dos Hinos glória e credo.
Fonte: http://www.derradeirasgracas.com/4.%20CURSO%20DE%20LITURGIA%20-%20Pe.%20Reus