segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Igreja celebra nesta segunda-feira a Festa de São Bento, Padroeiro da Europa.



Cidade do Vaticano, 11 jul (RV) -  O Santo Padre recordou-o no Angelus deste domingo convidando os fiéis a aprenderem do fundador do monaquismo ocidental a colocar Deus em primeiro lugar. Já na primeira audiência geral de seu Ministério petrino – em 27 de abril de 2005 –, Bento XVI recordou a exortação de São Bento, Patrono de seu Pontificado: "nada antepor a Cristo":

"No início do meu serviço como Sucessor de Pedro peço a São Bento que nos ajude a manter firme a centralidade de Cristo em nossa existência. Que Ele esteja sempre em primeiro lugar em nossos pensamentos e em toda nossa atividade!"

O Pontífice dedicou de modo específico ao Santo de Núrcia a audiência geral de 9 de abril de 2008, ressaltando o valor da sua obra, realizada no Séc. VI, num período caracterizado "por uma grande crise de valores e de instituições, causada pelo queda do Império Romano, pela invasão dos novos povos e pela decadência dos costumes":

"De fato, a obra do Santo e, de modo particular, a sua Regra, se revelaram portadores de um autêntico fermento espiritual, que mudou o curso dos séculos, muito além dos confins da sua pátria e de seu tempo, o rosto da Europa, suscitando após a queda da unidade política criada pelo Império Romano uma nova unidade espiritual e cultural, aquela fé cristã partilhada pelos povos do continente. Nasceu justamente assim a realidade que nós chamamos "Europa"."

Uma grande obra nascida no silêncio. Com apenas vinte anos, Bento deixa os estudos iniciados em Roma "chocado com o estilo de vida de muitos seus companheiros... que viviam de modo dissoluto, e não queria cair no mesmo erro deles. Queria agradar somente a Deus". Retirou-se para os montes em Subiaco – na região italiana do Lácio – e viveu por três anos completamente só numa gruta. Um período de solidão com Deus, um tempo de amadurecimento para superar as três tentações fundamentais de todo ser humano:

"A tentação da auto-afirmação e do desejo de colocar a si mesmo no centro, a tentação da sensualidade e, por fim, a tentação da ira e da vingança. De fato, era convicção de Bento que, somente após ter vencido essas tentações, ele poderia dizer aos outros uma palavra útil para a situação deles de necessidade."

Somente depois disso começa a fundar os primeiros mosteiros. A sua ação baseia-se no "Ora et Labora" (Reza e Trabalha): a oração é o fundamento de toda sua atividade:

"Sem oração não há experiência de Deus. Mas a espiritualidade de Bento não era uma interioridade fora da realidade. Na inquietação e na confusão de seu tempo, ele vivia sob o olhar de Deus e, justamente assim, jamais perdeu de vista os deveres da vida cotidiana e o homem com as suas necessidades concretas. Vendo Deus entendeu a realidade do homem e a sua missão. Em sua Regra... ressalta... que a oração é, em primeiro lugar, um ato de escuta: "O Senhor espera que nós respondamos todos os dias com fatos aos seus santos ensinamentos"."

A vida do monge torna-se assim "uma simbiose fecunda entre ação e contemplação", a fim de que "em tudo Deus seja glorificado". A obra de São Bento forja a civilização e a cultura da Europa que, após as "trágicas utopias" do Séc. XX, ainda está em busca da sua identidade – afirma o Papa:

"Para criar uma unidade nova e duradoura são certamente importantes os instrumentos políticos, econômicos e jurídicos, mas é preciso também suscitar uma renovação ética e espiritual que recorra às raízes cristãs do Continente, do contrário, não se pode reconstruir a Europa. Sem essa linfa vital, o homem permanece exposto ao perigo de sucumbir à antiga tentação de querer redimir-se sozinho – utopia que, de modos diferentes, causou na Europa do Séc. XX, como frisou o Papa João Paulo II, "um regresso sem precedentes na atormentada história da humanidade"." (RL)


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