Texto da consagração a Nossa Senhora de Fátima do Ministério do Papa Francisco
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CONSACRAZIONE DEL MINISTERO DI
PAPA FRANCESCO ALLA VERGINE DI FATIMA
2013-05-13 |
Consagração a Nossa Senhora de Fátima do Ministério do Papa Francisco
2013-05-13 |
Conferência de Imprensa
12-05-2013 (Palavras do Sr. D. António) 2013-05-12 |
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
PEREGRINAÇÃO ANIVERSÁRIA INTERNACIONAL
DE 13.05.2013
Esta peregrinação aniversária internacional de Maio acontece
no decurso do Ano da Fé inaugurado pelo Papa emérito Bento XVI e continuado pelo
Papa Francisco. Durante este ano, foram-nos dados a viver dias de grande
importância para a história da Igreja, cheios de fortes emoções e de intensa
alegria, com a renúncia de Bento XVI e a eleição de Francisco. Diante de nós
temos, em breve, a realização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro
e também a crise que atravessa toda a Europa e ameaça pôr em causa o projeto
europeu.
Abro, pois, a conferência de imprensa focando estes pontos,
com a consciência de que o centro de interesse desta peregrinação está
polarizado na consagração a Nossa Senhora de Fátima do ministério do Papa
Francisco, feita pelo senhor Cardeal D. José Policarpo, como também a
consagração da JMJ feita pelo senhor Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani
Tempesta que preside à nossa peregrinação e a quem saúdo cordialmente.
O pontificado do Papa Francisco: um nome, um programa
e um estilo
O Papa Francisco foi e é uma surpresa de Deus para a Igreja e
a humanidade neste momento da história. O nome escolhido é ele mesmo indicador
de um de um estilo e de um programa.
Francisco recorda-nos a ternura e a misericórdia de Deus para
com todos, sem distinção de credo, de pertença social, política ou religiosa e,
em particular, a predileção de Jesus pelos pobres e pela escolha da pobreza como
estilo de vida. Sabe anunciar a esperança de um mundo melhor, de que é possível
a simplicidade e a fraternidade, amar e sentir-se amado, e transmite paz e
alegria.
Num mundo onde tudo tendia à procura do bem estar a todo o
custo, onde a sobriedade e a partilha pareciam coisa rara, onde as atuais
dificuldades aparecem ainda mais graves porque contradizem um otimismo
pretensioso do progresso até há pouco dominante, o novo bispo de Roma
recorda-nos que a única coisa que verdadeiramente conta é amar e ser amado e que
foi isto precisamente o que Jesus nos veio dizer e tornar possível.
E como ninguém pode negar a imensa necessidade de amor que
traz dentro de si, compreende-se como as palavras e os gestos do Papa Francisco
chegam ao coração de todos. É como se uma onda de ternura nos apanhasse de
surpresa e nos fizesse sentir unidos num abraço universal de que temos
necessidade.
O beijo às crianças e às pessoas com deficiência, o olhar
terno e o sorriso franco e espontâneo, a atenção aos pobres e excluídos,
continuamente lembrada, são mensagens de vida e de esperança que não deixam de
impressionar a todos nós mendigos do amor, sobretudo neste tempo pós-moderno
caraterizado pelo desencanto e pela multidão de solidões.
O que é novo no Papa Francisco, amigo dos pobres, não é tanto
a atenção à pobreza escolhida por Jesus na sua doação aos pobres, mas antes o
facto de tornar credível como é possível ser pobre e servir os pobres hoje,
mesmo do alto da cátedra mais autorizada do mundo.
E se isto nos toca a todos, como não há-de tocar os poderosos
da terra, quantos têm responsabilidade de governo, quantos devem atender ao bem
comum como absoluta prioridade do seu empenho?
Perante cada decisão que tomarem os nossos políticos em
relação ao futuro de todos nós, respondam antes, por favor (como costuma dizer o
Papa Francisco), à única pergunta fundamental: a opção que estou a fazer é para
o bem dos pobres? E sou pobre nas opções que tomo, isto é, ponho o bem comum
antes do meu interesse particular, do meu partido ou do meu grupo de poder?
Não há dúvida de que o Papa vindo do “fim do mundo” lança uma
mensagem de luz e de esperança a todos os pobres da terra, a todas as situações
que esperam justiça social e nova atenção. A Igreja e o mundo tinham necessidade
de um homem assim! Com as suas palavras e os seus gestos de simplicidade
evangélica, de proximidade, de fraternidade, de ternura e de misericórdia, já
“escreveu” a sua primeira encíclica.
Consagrar o ministério do Papa a Nossa Senhora de Fátima
situa-se bem dentro da mensagem em que a figura do “Homem vestido de branco”
assume um lugar de relevo como Pastor universal da Igreja. Ao mesmo tempo,
significa confiar a Maria a sua pessoa, o seu ministério e as suas intenções
para a reforma espiritual da Igreja e da sua missão hoje, e para o serviço da
humanidade globalizada em ordem a encontrar um rumo que a conduza a um mundo
novo.
Memória grata do Papa emérito Bento XVI
A eleição do novo pontífice não pode deixar de evocar quanto
fez o seu antecessor e a sua especial ligação a Fátima. Também ele com as
palavras e os gestos da despedida “escreveu” a sua última encíclica prometida
sobre a fé. Por tudo isto desejaria elevar aqui um preito de gratidão ao Papa
emérito Bento XVI.
Obrigado, Papa Bento, por nos teres ensinado a ser humildes
trabalhadores da vinha do Senhor; pela humildade e coragem da fé que te levou a
retirar-te para que a servissem forças mais jovens; por teres escolhido
permanecer junto à cruz, de modo diverso, ensinando que há diversas
possibilidades de se configurar a Cristo.
Obrigado, porque a humildade de te esconderes no silêncio do
mosteiro faz-nos compreender a riqueza e a necessidade da oração para a
vitalidade da fé e da Igreja; porque, com a “cátedra da despedida”, nos
ensinaste a ser livres frente ao prestígio dos cargos e nos recordaste que o
poder na Igreja é serviço e fazer-se servo para todos.
Obrigado pela tua “última encíclica, não escrita”, mas ditada
com a eloquência dos gestos, dos modos elegantes e serenos e da profecia
messiânica; porque, confessando a tua falta de vigor físico, robusteceste a
nossa fé; porque nos introduziste na escola de Cristo que guia a sua barca e
está presente no meio do seu povo mesmo quando a navegação é difícil.
Obrigado, Papa Bento, que mergulhaste na oração como Moisés
sobre o monte, com os braços levantados para o céu, a fim de interceder por nós
e atrair o olhar de benevolência de Deus sobre a humanidade.
Obrigado, porque aqui em Fátima te fizeste peregrino
connosco, nos fizeste ver a atualidade da mensagem “que toca a história
precisamente no seu presente” e confidenciaste ao Bispo: “Não existe nada como
Fátima em toda a Igreja católica no mundo!” Que Nossa Senhora de Fátima te
abençoe e te guarde, como te desejou o Papa Francisco!
Paz e solidariedade para a Europa
Em 9 de maio passado, comemorámos o dia em que a grande
aventura da unidade dos europeus começou. A paz e a solidariedade, objectivos
chave da declaração de Schuman, em 9 de maio de 1950, são ainda mais essenciais
em 2013, em que a crise económica que atravessamos atinge duramente a sociedade
europeia e causa um grande sofrimento social na Europa, sobre as gerações
presentes e futuras e sobre as pessoas mais vulneráveis. Ora, a responsabilidade
social faz parte do processo económico, é uma chave para ganhar a confiança dos
cidadãos no projeto europeu e, por isso, deve empenhar todos os responsáveis
políticos, os parceiros sociais e todos os atores da vida social. “A gouvernance
económica europeia deve ser contrabalançada por uma dimensão social””(Igrejas da
UE).
Nesta peregrinação, em comunhão com os bispos da União
Europeia, queremos confiar estes sofrimentos, anseios e novos desafios ao
Coração Imaculado de Maria, Nossa Senhora da Europa.
Jornada Mundial da Juventude
Resta-me evocar a JMJ, de que nos falará D. Orani e cujos
trabalhos ele vai confiar a Nossa Senhora de Fátima. Quero, pois, desejar o seu
bom êxito, fazendo votos de que seja um forte momento de evangelização, uma
expressão bela da alegria do evangelho, da jovialidade da fé e da juventude da
Igreja, e que ajude os jovens a sonhar coisas novas, belas e grandes para
renovar este mundo ameaçado de envelhecimento em vários sentidos. Que do Brasil
e da América Latina venha um ar de frescura para a velha Europa!