No Diário desse mês:
a maravilhosa hisória
de Maria Bolognesi,
uma dos “anawim" que Deus ama
Uma infância igual
a tantos “meninos de rua”
Maria
nasce num dia 21 de outubro, em 1924, numa região
extremamente
pobre, depois que a guerra ti nha arrasado e tirado também o
pouco
que tinha. O pai , natural não a registrou e não a reconheceu como flha.
Ele,
também, não tinha pai .
Depois de 5 anos, a mãe casa e Maria adquire um padrasto. A pobreza se
torna
mi séri a. Seu padrasto também vi ve de ‘bi cos’. Tudo é mui to di fí ci l por
causa
da grande cri se. É o tempo em que mi lhares de i talianos emigram para o
Brasi
l, porque a fome é mui ta e buscam trabalho. Pela fome, em menos de um
ano,
morre o avô, doi s tios e um i rmãozinho.
A
fome é muita, não há lenha para se esquentar no frio inverno. No dia de
sua
primei ra Comunhão, em casa não há nada para comer, nem um prato de sopa.
No
di a do Cri sma, pediu um presente para sua madrinha: um prato de arroz para
cada
um da sua famí lia! A Sra. Zóe, amiga intima e confidente de Mari a, ainda
vive,
com 92 anos, me disse: ‘Antes de vi r a morar na nossa casa, Maria dormia
no chão no andar
superior, sobre um chão de tábuas, para deixar seus 6 irmãos dormirem na cama.
Quando
chega a idade escolar, Maria tenta freqüentar
mas
não consegue porque tem que ajudar na roça. Por dois anos consecutivos
freqüenta
três meses e depois seus pais a retiram para
trabalhar
na roça. Nunca conseguiu terminar a 1ª. Série!
Mesmo
breve, o tempo da escola lhe procurou desprezo por
parte
dos ‘coleguinhas’ que a zoavam pela sua pobreza e a deixavam
sozinha.
Em
casa, o padrasto, toda noite bate na mãe por um grande ci úme que sente. Por
mui
tos anos, Maria escuta tudo impotente, mas aos seus 14 anos, encontra coragem
de
enfrentar o padrasto, ameaçando de i r embora de casa (mesmo tudo i gual aos
nossos
‘meninos de rua’).
Aos
16 anos, chega para Maria uma grande crise: ela é possuída por satanás.
Parece
estranho, mas por dois anos sofre terrí veis ‘infestações demoníacas’, a ponto
de
não consegui r entrar na Igreja, fugir do terror, quando percebe a presença de
um
padre ou da água benta. Passa por louca...
Enfi
m, milagrosamente, sem expli cações, aos seus
18 anos conclui essa provação
e
se abre um tempo de Graças extraordinárias. Seu
namoro e seu noivado
com
Jesus.
O encontro e a união mística
Na
4ª. e na 5ª. feira santa de 1942, aparece-lhe Jesus. Parece
um
sonho, mas muito real.
Jesus
quer noivar com ela. Oferece-lhe um
anel de noivado com 5
‘rubins, sinal de suas cinco chagas.
Maria
relata isso no seu diário:
‘Naquela
noite tive um sonho que muito me turbou, até agora
estou
confusa e atordoada. Uma grande luz! Jesus, Jesus! Que seja
mesmo
um sonho!? Jesus falou e me disse:
-
Maria, sim. Sou Jesus, você me conhece?
-
Tua luz é fulgurante, as tuas vestes são luminosas como neve. Teu rosto
resplandecente.
-
Maria, meu pequeno ‘gingillo’ (palavra difícil de traduzir, significa algo
entre
‘jóia’
e ‘xodó’. Maria não entendia essa palavra, porque é um italiano difícil e
achava que
significava:
‘Meu pano de chão...). Preciso tanto de ajuda.
-
Mas, você é mesmo Jesus? Qual prova você me dá para eu não duvidar?
-
Maria, peço-te amor, oração e
penitência.
-
Eu não sei rezar. Não vou conseguir responder. Sou um nada.
-
Mesmo por isso (conto) com você, porque você é mesmo um nada.
-
Então, o que pode fazer comigo? Sou somente ‘ pitoca
’ (palavra difícil, que não
sei
bem como traduzir, mas que significa: sou bobinha, Zé ninguém, incapaz...).
Você precisa
de
almas que saibam rezar e eu não sei fazer isso.
- Maria, você
aprenderá a ler.
O ANEL DE
NOIVADO COM JESUS
-
Jesus, você me pede o impossível. Não sei ler, nem escrever.
-
Maria. Maria, você aprenderá, você vai ler!
-
Jesus, tenho tanto medo, estou confusa. Qual prova você me dá
para
eu acreditar que você é Jesus? A minha mãe blasfema contra você
sempre
,você a tornará boa?
-
Maria, pela sua mãe você deverá orar muito, mas um dia ela será
boa.
-
Você é mesmo Jesus?
-
Maria, dá‐me
a tua mão direita. Este é o anel que
dôo, cinco são
as minhas chagas e cinco são estas jóias. O que você deseja mais? O anel,
um
dia, será de novo meu.
-
Não entendo mais nada, nada Jesus.
-
Você entenderá, Maria. Você será tanto, tanto perseguida. Você será até expulsa
da
Igreja e do confessionário.
-
Jesus, por que me pede tudo isso?
-
Maria, vou te dar
também grandes sofrimentos, seja forte,
sobretudo
quando
te zombarão, num di a não longe.
-
Jesus, nunca vi nem ouro, nem prata. Somente vi as alianças das esposas!
-
Maria, você passará dias duros, dias de angústia profunda...
-“Jesus,
posso contar ao meu confessor desse sonho?” “Maria, sim, pode
contar”
A
visão, ou o “sonho”, como Maria o chama, desaparece e ela continua: “Estou de
verdade
aterrorizada.
NO DEDO TENHO O ANEL. Não entendo, não entendo mais nada!”. Além
do anel, para
confirmar a visão, Jesus concede também a graça extraordinária pedida.
Familiaridade
com Jesus
O
primei ro encontro de J esus com Mari a – 1 abri l 1942 – terá
uma
conti nuação toda especi al no di a 2 de janei ro de 1944.
Aquele
di a, Mari a no êxtase encontra Jesus “tão tri ste, tão tri -
ste”
e logo lhe pergunta o motivo. Logo Ele responde: “Maria o
meu
flagelo é também o seu. O seu corpo recebe os mesmos suores
de
sangue, reze, reze muito pela conversão e santificação dos padres...”.
E
Maria não espera: “Jesus USA O MEU CORPO, COMO VOCÊ QUER E DE
TODA
A MINHA PESSOA, SE VOCÊ PRECISA, COMO UM PANO DE CHÃO,
ESTOU
PRONTA. Com a sua ajuda estou cer ta que passarei ...”
Jesus
continua: “Maria, meu suor é seu”. Imediatamente, por cinco minutos, ela
inicia
a suar sangue e no diário comenta: “Meu Deus que dor, se não tivesse
Jesus
perto de mim, não poderia suportar!”. Os lençóis ficam completamente
ensopados
de sangue e, de manhã, escondido dos fami liares, Maria tira os
lençóis
e os leva para a senhora Piva para que os lave em secreto. Em seguida,
toda
sexta feira do ano, as 15:00 hs, se repetirão os suores de sangue.
O fenômeno das estigmas abertas
se acentuará nos tempos de Advento e
Quaresma, durante os quais, Maria
vive experiência de intenso sofrimento e de
grande penitência, que a obrigarão ficar retirada em
casa.
O Segredo do fim
da Guerra
Voltando
para a vi são do di a 2 de janei ro 1944, Mari a perguntou
quando
acabaria a guerra. Jesus não respondeu, mas lhe disse que
lhe
teria revelado. Repetiu que ela teria sofrido muito.
Mari
a respondeu logo que era di sposta a sofrer. Depoi s de 40
dias,
no 12 de feverei ro do mesmo ano, o Senhor lhe confiará o segredo da conclusão
da
guerra. Naquele dia, Maria vi u Jesus “jorrando sangue”, e ao seu lado
a
Virgem santa. Depois de revelar a data do fim da guerra, Jesus pede a Maria
para
dobrar uma folha de papel em 4: “Você vai escrever, em
segredo,
o sonho... Presta atenção a não escrever onde você dobra o papel, se
não
a escri ta se estraga e a guardará envol ta num tecido até que vi rá a paz.
Depois
dará essa folhinha para abri -la ao teu confessor, presentes os senhores
Piva
(isso acontecerá no dia 1 de maio 1945, tudo é confirmado pelas provas
hi stóri cas)
A propósito do
suor de sangue
Apesar
de ser muito reservada começa a ficar conhecida.
Maria
nunca quer aparecer e procura sempre esconder tudo o que acontece
no
seu intimo e no seu corpo. Não fala com ninguém. Os encontros
com
Jesus acontecem numa atmosfera de oração, ilimitada amizade e
confiança
com o Senhor, abandono incondicional a Ele, desejo de se tornar
uma
oferenda expiatória, corpo e alma. As vezes, Jesus lhe diz:
“Maria,
terás que passar dias duros. Deixo-te abertas as feridas nos pés
e
nas mãos”. Às vezes, ela reclama: “Não Jesus! Você sabe que devo assistir
aquele
pobres, devo visitar aquele doente no hospital e não posso ir
se
você me dá as chagas nos pés... espera 10, 15 dias! Maria fazia “contratações”
com
Jesus.
Ele a escutava, mas não sempre! Mas Maria aceitava sempre humilde e alegre de
se
unir ao seu Senhor Sofredor.
PARA SERVIR COM
CARIDADE: UMA ESCOLA!
Uma analfabeta se
torna professora!
Em
1946, Maria se transfere definitivamente na família Piva, vizinhos desde
sempre,
devido
à extrema pobreza da família de origem. Maria escreve no seu diário as palavras
da
mãe: “se você vai com eles, a gente fica melhor aqui e com mais espaço...”. Do
outro
lado,
morando no mesmo quintal, ela podia continuar a ajudar a mãe a cuidar dos
irmãozinhos
(Conversando pessoalmente com sua grande e intima amiga Zoe, recebi esse
testemunho:
“Maria não tinha colchão para dormir. Era um único quarto com os
irmãozinhos
e o duro chão era sua cama. Também não tinha cobertor... era só a roupa do
corpo!”).
Nessa
nova situação, Maria se encontra mais livre para se dedicar à educação das
crianças,
permitindo às mães de trabalhar tranqüilas na roça. Assim, no dia 12 de março
de
1947, Maria se torna, de fato, professora da creche e do primeiro grau! Mesmo
Ela
que
tinha repetido por três anos a primeira série e um ano a segunda! A família
Piva
sempre
a ajudará, sustentando-a também nos momentos que algumas pessoas
queriam fechar a
escola...
Muito sofrimento
e calunia
Maria
encontra dificuldades enormes também pelas pessoas que
deveriam
apoiá-la seja no trabalho desenvolvido na escola, seja no apostolado
no
meio dos meninos. O sofrimento mais dramático é, sem duvida,
a
agressão no meio da roça, no dia 5 março de 1948, por parte de 3
delinqüentes.
Com um soco na cabeça, a deixam quase morta. Deitada no chão, arrastam-na
atrás
de uma cerca, amarram-na, a cortam nas pernas e nas mãos com um objeto não
identificado,
quase
lhe arrancam duas unhas dos pés e a abandonam na neve. Quando Maria
retoma
a consciência, fala para si: “estou nas mãos de Jesus!” e, naquele momento
escuta
a voz de um dos três de linqüentes dizer: “Pense bem de que partido você é!”
No
seu diário, ela continua escrevendo: “Fiquei sozinha e abandonada na neve, sem
poder
mexer-me.
Minhas mãos e pernas pareciam estar no meio das chamas . O frio congelava-me,
batia
o queixo, balbuciava alguma palavra... não poderei mais voltar para casa... Com
a
boca
tapada por um pano, parecia-me sufocar.
Depois
de um tempo, os três voltam, tentam... mas inutilmente. Nada conseguem contra a
pureza,
a cortam de novo, a arranham, raspando as pernas e mãos e depois a desamarram
e
fogem. Com esforços de suas mãos, perdendo muito sangue, Maria chega desfigurada
na
casa
dos Piva, que logo a socorrem. Os delinqüentes fugiram, mas Maria teve que dar
satisfação
para a polícia do acontecimento, porque na cidade falavam de autolesionismo...
tortura
sobre tortura! Maria é incriminada de simulação de reato. Somente
depois
de muitos interrogatórios, o juiz a absolverá por não ter cometido o crime!
Saindo
do Tribunal, Maria
só disse: “Senhor, perdoa-lhes porque não sabem o que fazer!”
Provações
especiais
Provada
em todas as di reções, Mari a continuava a vi ver
fi
elmente sua pertença ao Senhor, convi cta que as
provações
não são sinai s de rejeição por parte do Senhor,
mas
de eleição. Passando os meses e os anos, o fí sico de Mari
a
era sempre mais “minado” por uma série de doenças:
pneumonia,
bronquite, apendicite, problemas crônicos aos olhos,
anemias,
vômitos, reumatismos... ciática, laringite, faringite, nevrite
cardíaca,
que em dezembro 1971 desembocarão num infarto, com quedas
sempre
piores. Muitos médicos, não entendendo, definem esse males
“imaginários”...
Por todos esses problemas, Maria deve, mais uma vez mudar
de
casa (na verdade, nunca teve uma!). A famí li a que acolhe Mari a em Rovigo
é
mui to boa e cari nhosa. Nesse tempo, ela deve enfrentar novas curas
médicas
pelos graves problemas aos olhos. Se aproxima um momento muito
importante na vida
de Maria: seu defini tivo matrimônio com Jesus!
A
senhora Zoe, grande
amiga,
confidente e
testemunha
de Mari a Bolognese.
Mari
a Bolognesi apareceu na
história
da Missão Belém de
repente
e não foi um por a caso.
Sua
hi stória de extrema pobreza
faz
com que a sintamos parte da nossa Missão
Belém,
que tem as mesmas i niciais de Maria
Bolognesi
(MB)... Ela teve uma hi stória como
tantos
meninos de rua que encontramos. Sua
famí
li a era tão pobre, que no di a da Primei ra
comunhão
não qui s presentes, mas somente um
prato de comida
para todos seus irmãozinhos.
O ANEL DE
CASAMENTO
Em
1942, Maria recebeu do Senhor, como falamos, um anel
com
cinco rubis. Jesus, no momento da entrega, lhe disse: “esse
anel
um di a será de novo meu”. Essa profecia, se realizará 13 anos
depois,
na Quaresma de 1955. Nesse tempo, Maria se encontra
bem
longe da sua casa, exatamente em Sperlinga (Sici lia, ilha do
extremo
sul da Itáli a), longe do seu di retor espiri tual. Aqui ela é
colocada
à prova pelo própri o Senhor e se sente sozinha. O próprio Senhor, que se
apresenta
a ela, depoi s de vários dias de absoluto silêncio, com uma linguagem menos
famili
ar e di ferente, a convida a escolher: “Mari a, se quiser voltar para casa,
deixo,
vai!”.
As palavras de Jesus tendem a colocar à prova o amor de Mari a e a sua
di
sponibilidade a sofrer por ele. Maria vence a tentação a voltar, se
auto-exortando
a
cumprir seu “dever”. Os padecimentos se intensificam. As estigmas nos pés se
abrem.
A comida só provoca o vômi to. Ela só consegue tomar alguns goles de café e
uma
sopinha no almoço. A noite de sábado 2 de abri l, Jesus, sem se apresentar a
Maria,
retoma o anel de noivado. A reação de Mari a é assim: “Jesus não me
resti
tuirá o anelzinho? Jesus, usa de mim como te apraz!”
Sempre
sofrendo, sem forças e com pouco dinheiro, com a febre a 39°, no dia 5 de
abril,
terça-feira, por ordem de Jesus, retoma a viagem para voltar para casa. No
di
a 7 de abri l, 5ª fei ra Santa, chega em San Giovanni Rotondo (cidade de
São
Pe. Pio) e se hospeda num hotelzi nho que exi ste até hoje. No di a seguinte,
às
10:00
hs da manhã inicia a sua anual participação à paixão do Senhor. Às 15:00 hs,
Jesus
aparece, os sofrimentos são agudíssimos, acompanhados por um sangramento
que
ensopa os lençóis. No Di ári o, Mari a escreve seu intenso e apaixonado di
álogo
com Jesus.
O
anel de noi vado havi a ficado até 1955.
Nesse
tempo Jesus lhe dá progressivamente suas jóias
preciosas: - A coroação de espinhos (2/1/1944)
- A ferida do tórax (7/2/1944)
-
A flagelação (10/7/1951)
-
A ferida da mão direita (25/1/1954)
-
A chaga dos pés (25/8/1954)
-
A ferida da mão esquerda (2/4/1955)
Como
falamos no 11, em San Giovanni Rotondo, terra de Pe Pio, na Sexta
Fei
ra Santa de 1955 se consome o Solene Casamento entre o Crucificado e
Maria Bolognesi.
Eram
ás 15:00 horas, de 6ª Fei ra Santa.
Vale
a pena saber como aconteceu, porque esse é
exemplo
para todos nós: o que Jesus nos dá e nos pede no nosso
casamento
com ele. Seis dias antes do ‘Casamento’, Jesus leva
embora
o anel de noi vado. Às 15:00 da 6ª feira Santa acontece o
grande
encontro que terminará com as núpcias: Ei s Jesus, eis
Jesus,
numa clara luz!
-
Maria, como você está?
-
Jesus, eis me aqui , como você está me vendo.
-
Maria, como você conseguiu chegar até aqui, com a febre a
39°?
-
Jesus, olha Jesus, eu te amo mui to, mui to, mui to! Para ti,
tudo
de mi m.
-
Agora, Maria, eu acolho toda ferida: mãos, pés, lado.
-
Jesus, sou teu pequeno pano de chão, a tua ‘pi toquinha’ (o teu nada)!
-
Maria, sou o teu Jesus, que você tanto ama. Eis o meu anel, é ainda teu!
-
Jesus, Jesus, este não é o primeiro que você me doou, esse é um anelzão...
por
que Jesus?
-
Maria, te disse que o pequeno anel composto por cinco jóias, um dia voltaria
a
mim. As cinco jóias são as minhas chagas. Agora,
as minhas chagas são incisas
no
teu corpo. Este é o anel o ‘ecce
homo’ (= Eis o Homem, a frase de Pilatos).
-
Jesus, o vejo, mas você me deixa isso para sempre?
-
Maria, minhas chagas são agora as tuas. Sei
quanto
você me ama. Sempre você repete: ‘Quero
ser somente
de Jesus!’ E eu sou teu.
-
Obrigado Jesus, o pequeno anel que você me doou em
1942,
na Semana Santa, você não me dará mais, agora vai me
deixar
para sempre?
-
Sim, Maria, sempre isso. Vou
sempre precisar dos teus sacrifícios.
Serão
mui tos teus sofrimentos.
-
Jesus, quando você qui ser, como você qui ser. Se para o bem de nós
todos,
fosse necessária a minha vida, estou feliz (em doá-la).
Assim
escreve o ‘postulador’ , a pessoa que está seguindo sua causa de
beatificação:
“A
diferença entre ‘namoro’
espi ri tual (o noi vado) e o estado das místicas
núpcias consiste no fato
de que, no Noivado, há uma troca de algo de si mesmos,
enquanto
que nas núpcias se realiza a troca
das pessoas... Tendo Jesus inciso
no corpo da Amada os si nai
s da mesma vocação, eles podem agora se trocar os
papéis esponsais: a
Jesus, a ví tima por ela, Maria
oferece a si mesma para nós
em per fei ta
comunhão com Ele!”
Seu
amor passa através do aniquilamento do corpo
Dessa
forma se realiza a plena comunhão esponsal entre
Jesus
e Mari a. ‘A virgi ndade faz com que ela considere J esus
senhor
do seu corpo, aquele que pode fazer o que qui ser com ela
em
favor dos irmãos, seja enviando sofrimentos fí sicos,
humanamente
insuportáveis, seja tornando-a imóvel, numa cama
por
um ano intei ro, seja permi tindo que o seu coração seja esmagado pela cruel
dor
da maldade dos outros, fala Jesus:
-
Maria, quando você vi si ta os doentes, você dão deixaria a eles o teu
coração?
Você não tomaria sobre si suas penas, seus sofrimentos?
-
Sim Jesus, se pudesse, com prazer o faria.
Escreve
o Padr e postulador: ‘Seu amor por Jesus passa através do
aniquilamento do corpo, defi
ni do ‘ pano de chão’ , que deve ser usado pelas mãos
do
Redentor, para lavar as culpas da humani dade. Mari a está tão convenci da
disso,
que todas as Graças da Conversão e da Cura se
tornam para ela como
‘
dívida’
a ser paga mediante o sofrimento físico das feridas
do lado, das
mãos, dos pés,
sobretudo vivendo intensamente a Agonia de Jesus toda Sexta-
Fei ra Santa’ .
Maria
Bolognesi e o Menino Jesus vivo
Enfim,
ei s a caracterí sti ca fundamental de Mari a Bolognese,
que
a torna tão per to de nós. Escreve sempre o padre
Postulador:
‘A espi ri tualidade de Mari a, tem
com centro Jesus
Pobre. Os dois momentos
fundamentais da vida do Senhor,
onde
mais bri lhou essa característica, foram o nascimento
e a
morte: Jesus nu de Belém, corresponde ao Jesus nu na Cruz... Seu amor a
Jesus
levou-a, quase por instinto sobrenatural a refletir sobre o mistério da
pobreza do presépio e da pobreza da Cruz’.
Mari
a era uma apaixonada pelo Presépio e passava meses a realizá-los
todo
ano. E Jesus a recompensa tornando-se carne em suas mãos, a pequena
estátua
do Menino Jesus se torna uma criança:
‘Entre
tantos clarões, Jesus apareceu-me pequeno, pequeno’ .
-
Mari a, toma-me em teus braços. Mui to eu trepido pela frieza de tantas
almas,
peço amor e peni tência.
Mari
a o toma nos braços, fala carinhosamente. A Sra. Zoe vê o clarão e
foge
junto à mãe. Ainda se lê no seu diário um diálogo com Jesus sobre o
Presépi
o: Jesus pergunta o moti vo de tanto trabalho.
Maria
responde:
em
reparação por toda a humanidade”.
Maria
Bolognesi e o Menino Jesus vivo
-
Jesus, não tenho nada para te dar, mas quero que você veja
quanto
te amo. Eu já si nto o Natal (era o 30 de outubro). Quando
consigo
fazer bem o Presépio, para mim é uma felicidade de amor,
medi
tando todo o sofrimento e da nossa queri da Mãezi nha e sua
alegri
a também em te ver pequeno em seus braços...
No
ano seguinte, novamente o pequeno Jesus de madeira se torna carne:
-
“O que está acontecendo? O meu pequeno menino Jesus é de madei ra, mas
nesse
momento é de carne, de verdade!... Não estou sonhando... Jesus vem de sua
cabana.
Não é possível ficar parados. Aproximo com as mãos: ‘Jesus vem em meus
braços’
. Jesus abre as pequenas mãozinhas e eu o pego no meu colo. Ele me
olhava’
... Dessa vez, a Sra. Zóe fi cou e assim testemunha:
-
“abri lentamente a porta e vi que Maria, em pé, segurava o menino Jesus
nos
braços. O meni no Jesus tinha as dimensões naturai s. Maria o envolvia com o
seu
manto, porque Jesus estava frio e, à pergunta dela, por que fosse frio, Jesus
respondeu:
‘São os pecados dos homens!’.
Lembro que também
Pe Pio se definia: ‘O brinquedo do Menino Jesus’.
O Amor e
Criatividade
Um
dos campos mais fortes da ação cari tativa de Maria
Bolognesi
é a assistência nos hospitai s. As vezes essa
assistência
é dada a pessoas desconhecidas, assinaladas a
Mari
a que as assi stia di a e noi te ininterruptamente, por
semana,
sem descanço e sem troca (sem dúvida ela via
nessas
pessoas o seu Esposo Crucificado, muito amado). Dá para entender o
porque
Mari a, devagar, tenha chegado a pensar a uma obra que pudesse
resolver
algumas dificuldades dos doentes que não podi a voltar às próprias
casas.
Mui tos que ela socorri a eram pobres, vi viam na roça, suas moradias
eram
fri as e úmidas, não boas para doentes em recuperação que recebi am
alta.
Ela sentiu a necessidade de criar uma casa de acolhida igual às nossas!
Lentamente,
na mente de Mari a nasce uma idéi a: “Realizar uma casa
acolhedora,
onde receber os doentes em recuperação que não podem mais
ficar
no hospital. Falam com os amigos e i niciam a chegar as primeiras
ofertas.
Estamos em 1967.
Superando
algumas dificuldades, adqui rem o terreno e projetam a “Casa de
MARIA”!
A
ALIANÇA DE
CASAMENTO
entre
Jesus
e Maria
Bolognesi
(O ANEL
“ECCE
HOMO”, “Eis o
Homem”,
frase de
Pilatos
apresentando
Jesus flagelado)
Mais um sinal do
alto
Retomando
o assunto do famoso Anel de Casamento
“Ecce
Homo”, voltamos ao 1955, quando Mari a é acolhida
na
casa da Senhora Zoe, que parti lha com ela o quar to e
com
mais a Senhora Novella, mãe da Zoe. Durante a
noi
te, Mari a se encontra em êxtase, mas explode num
choro
compulsi vo. Todos se acordam e ficam olhando na espera de algo.
Quando
Maria se encontra em condições de falar, diz: “Jesus me tirou o
anel
do Ecce Homo... deve ter sido algum pecado que comiti ... devo ter
ofendido
Jesus...”. Zoe procura consolá-la. Emfim todas voltam a “dormir”,
mas
a luz fi ca acesa.
Depois
de não muito tempo, Maria se coloca de novo, de joelho na cama,
como
em êxtase. Seu rosto se i lumi na e, aqui é o fato extraordi nári o
testemunhado
por duas pessoas, DO NADA SE VE APARECER O ANEL DE
OURO
maciço, QUE SOZINHO SE ENFIA NO DEDO DE MARIA!
Por
mui to tempo, a senhora Zoe e a mãe manterão o segredo, chocadas por
esse
grande dom do qual foram testemunhas. Dessa vez, Jesus qui s como
que
bri ncar com Mari a, para dar um testemunho da veri di ci dade do que ela
falava.
Incansável
apostolado até a morte
Maria
se consome num incansável apostolado, vi si tando os
doentes,
até que as di fi culdades e o enorme peso das caluni as e
dos
sofrimentos levam-na a um infarto e se encontra obrigada
a
“parar”. Um novo último capí tulo se abre nesse momento.
O
primei ro sofrimento é consti tuído pelo afastamento forçado
de
Jesus Eucarístico, que pode receber somente duas vezes no mês.
O
segundo é não poder vi si tar os pobres e as pessoas que passam por
dificuldades.
Mari a se refugi a na oração e uti liza telefone e carta para se
corresponder,
até que as forças permitem. O dia transcorre no si lêncio, no
recolhimento,
na medi tação e, sobretudo O ROSÁRIO. Tudo i sso preenche o
céu
de sua alma, sendo que o corpo se encontra impotente.
Nos
últimos anos, além desses sofrimentos, outros se acrescentam. Morrem
pessoas
queridas que tanto a ajudaram. Algumas calunias aumentam de
intensidade,
por par te de pessoas que tinham sido benefi ciadas por ela. Do
outro
lado, há pessoas que a exal tam numa forma pouco sábi a e quase fanáti ca e
acabam por
prejudicá-la.
Oração para a Beatificação:
O Jesus, que ofereceste ao Pai tudo o que padeceste até a
morte de cruz, para nos doar a graça do perdão e da
comunhão com Deus, rogo-te de glorificar também
nessa terra a tua serva Maria Bolognesi, que na vida e
no escondimento, quis unir seus sofrimentos aos teus em
favor dos irmãos mais necessitados. Peço-te, por isso, de
me conceder, pela sua intercessão, a graça..... que tanto
desejo. (Tres
Gloria ao Pai)
Imprimatur:
Rovigo, 13 gennaio 1995 Martino Gomiero Vescovo di
Adria-Rovigo
FONTE