domingo, 8 de setembro de 2013

A maravilhosa história de Maria Bolognese que acaba de ser beatificada






 

No Diário desse mês: a maravilhosa hisória

de Maria Bolognesi,

uma dos anawim que Deus ama

Uma infância igual a tantos “meninos de rua”

Maria nasce num dia 21 de outubro, em 1924, numa região

extremamente pobre, depois que a guerra ti nha arrasado e tirado também o

pouco que tinha. O pai , natural não a registrou e não a reconheceu como flha.

Ele, também, não tinha pai .

Depois de 5 anos, a mãe casa e Maria adquire um padrasto. A pobreza se

torna mi séri a. Seu padrasto também vi ve de ‘bi cos’. Tudo é mui to di fí ci l por

causa da grande cri se. É o tempo em que mi lhares de i talianos emigram para o

Brasi l, porque a fome é mui ta e buscam trabalho. Pela fome, em menos de um

ano, morre o avô, doi s tios e um i rmãozinho.

A fome é muita, não há lenha para se esquentar no frio inverno. No dia de

sua primei ra Comunhão, em casa não há nada para comer, nem um prato de sopa.

No di a do Cri sma, pediu um presente para sua madrinha: um prato de arroz para

cada um da sua famí lia! A Sra. Zóe, amiga intima e confidente de Mari a, ainda

vive, com 92 anos, me disse: ‘Antes de vi r a morar na nossa casa, Maria dormia

no chão no andar superior, sobre um chão de tábuas, para deixar seus 6 irmãos dormirem na cama.

 

Quando chega a idade escolar, Maria tenta freqüentar

mas não consegue porque tem que ajudar na roça. Por dois anos consecutivos

freqüenta três meses e depois seus pais a retiram para

trabalhar na roça. Nunca conseguiu terminar a 1ª. Série!

Mesmo breve, o tempo da escola lhe procurou desprezo por

parte dos ‘coleguinhas’ que a zoavam pela sua pobreza e a deixavam

sozinha.

Em casa, o padrasto, toda noite bate na mãe por um grande ci úme que sente. Por

mui tos anos, Maria escuta tudo impotente, mas aos seus 14 anos, encontra coragem

de enfrentar o padrasto, ameaçando de i r embora de casa (mesmo tudo i gual aos

nossos ‘meninos de rua’).

Aos 16 anos, chega para Maria uma grande crise: ela é possuída por satanás.

Parece estranho, mas por dois anos sofre terrí veis ‘infestações demoníacas’, a ponto

de não consegui r entrar na Igreja, fugir do terror, quando percebe a presença de

um padre ou da água benta. Passa por louca...

Enfi m, milagrosamente, sem expli cações, aos seus 18 anos conclui essa provação

e se abre um tempo de Graças extraordinárias. Seu namoro e seu noivado

com Jesus.

O encontro e a união mística

Na 4ª. e na 5ª. feira santa de 1942, aparece-lhe Jesus. Parece

um sonho, mas muito real.

Jesus quer noivar com ela. Oferece-lhe um anel de noivado com 5

‘rubins, sinal de suas cinco chagas.

Maria relata isso no seu diário:

‘Naquela noite tive um sonho que muito me turbou, até agora

estou confusa e atordoada. Uma grande luz! Jesus, Jesus! Que seja

mesmo um sonho!? Jesus falou e me disse:

- Maria, sim. Sou Jesus, você me conhece?

- Tua luz é fulgurante, as tuas vestes são luminosas como neve. Teu rosto

resplandecente.

- Maria, meu pequeno ‘gingillo’ (palavra difícil de traduzir, significa algo entre

‘jóia’ e ‘xodó’. Maria não entendia essa palavra, porque é um italiano difícil e achava que

significava: ‘Meu pano de chão...). Preciso tanto de ajuda.

- Mas, você é mesmo Jesus? Qual prova você me dá para eu não duvidar?

- Maria, peço-te amor, oração e penitência.

- Eu não sei rezar. Não vou conseguir responder. Sou um nada.

- Mesmo por isso (conto) com você, porque você é mesmo um nada.

- Então, o que pode fazer comigo? Sou somente ‘ pitoca ’ (palavra difícil, que não

sei bem como traduzir, mas que significa: sou bobinha, Zé ninguém, incapaz...). Você precisa

de almas que saibam rezar e eu não sei fazer isso.

- Maria, você aprenderá a ler.

O ANEL DE NOIVADO COM JESUS

- Jesus, você me pede o impossível. Não sei ler, nem escrever.

- Maria. Maria, você aprenderá, você vai ler!

- Jesus, tenho tanto medo, estou confusa. Qual prova você me dá

para eu acreditar que você é Jesus? A minha mãe blasfema contra você

sempre ,você a tornará boa?

- Maria, pela sua mãe você deverá orar muito, mas um dia ela será

boa.

- Você é mesmo Jesus?

- Maria, dáme a tua mão direita. Este é o anel que dôo, cinco são

as minhas chagas e cinco são estas jóias. O que você deseja mais? O anel,

um dia, será de novo meu.

- Não entendo mais nada, nada Jesus.

- Você entenderá, Maria. Você será tanto, tanto perseguida. Você será até expulsa

da Igreja e do confessionário.

- Jesus, por que me pede tudo isso?

- Maria, vou te dar também grandes sofrimentos, seja forte, sobretudo

quando te zombarão, num di a não longe.

- Jesus, nunca vi nem ouro, nem prata. Somente vi as alianças das esposas!

- Maria, você passará dias duros, dias de angústia profunda...

-“Jesus, posso contar ao meu confessor desse sonho?” “Maria, sim, pode

contar”

A visão, ou o “sonho”, como Maria o chama, desaparece e ela continua: “Estou de verdade

aterrorizada. NO DEDO TENHO O ANEL. Não entendo, não entendo mais nada!”. Além

do anel, para confirmar a visão, Jesus concede também a graça extraordinária pedida.

Familiaridade com Jesus

O primei ro encontro de J esus com Mari a – 1 abri l 1942 – terá

uma conti nuação toda especi al no di a 2 de janei ro de 1944.

Aquele di a, Mari a no êxtase encontra Jesus “tão tri ste, tão tri -

ste” e logo lhe pergunta o motivo. Logo Ele responde: “Maria o

meu flagelo é também o seu. O seu corpo recebe os mesmos suores

de sangue, reze, reze muito pela conversão e santificação dos padres...”.

E Maria não espera: “Jesus USA O MEU CORPO, COMO VOCÊ QUER E DE

TODA A MINHA PESSOA, SE VOCÊ PRECISA, COMO UM PANO DE CHÃO,

ESTOU PRONTA. Com a sua ajuda estou cer ta que passarei ...”

Jesus continua: “Maria, meu suor é seu”. Imediatamente, por cinco minutos, ela

inicia a suar sangue e no diário comenta: “Meu Deus que dor, se não tivesse

Jesus perto de mim, não poderia suportar!”. Os lençóis ficam completamente

ensopados de sangue e, de manhã, escondido dos fami liares, Maria tira os

lençóis e os leva para a senhora Piva para que os lave em secreto. Em seguida,

toda sexta feira do ano, as 15:00 hs, se repetirão os suores de sangue.

O fenômeno das estigmas abertas se acentuará nos tempos de Advento e

Quaresma, durante os quais, Maria vive experiência de intenso sofrimento e de

grande penitência, que a obrigarão ficar retirada em casa.

O Segredo do fim da Guerra

Voltando para a vi são do di a 2 de janei ro 1944, Mari a perguntou

quando acabaria a guerra. Jesus não respondeu, mas lhe disse que

lhe teria revelado. Repetiu que ela teria sofrido muito.

Mari a respondeu logo que era di sposta a sofrer. Depoi s de 40

dias, no 12 de feverei ro do mesmo ano, o Senhor lhe confiará o segredo da conclusão

da guerra. Naquele dia, Maria vi u Jesus “jorrando sangue”, e ao seu lado

a Virgem santa. Depois de revelar a data do fim da guerra, Jesus pede a Maria

para dobrar uma folha de papel em 4: “Você vai escrever, em

segredo, o sonho... Presta atenção a não escrever onde você dobra o papel, se

não a escri ta se estraga e a guardará envol ta num tecido até que vi rá a paz.

Depois dará essa folhinha para abri -la ao teu confessor, presentes os senhores

Piva (isso acontecerá no dia 1 de maio 1945, tudo é confirmado pelas provas

hi stóri cas)

A propósito do suor de sangue

Apesar de ser muito reservada começa a ficar conhecida.

Maria nunca quer aparecer e procura sempre esconder tudo o que acontece

no seu intimo e no seu corpo. Não fala com ninguém. Os encontros

com Jesus acontecem numa atmosfera de oração, ilimitada amizade e

confiança com o Senhor, abandono incondicional a Ele, desejo de se tornar

uma oferenda expiatória, corpo e alma. As vezes, Jesus lhe diz:

“Maria, terás que passar dias duros. Deixo-te abertas as feridas nos pés

e nas mãos”. Às vezes, ela reclama: “Não Jesus! Você sabe que devo assistir

aquele pobres, devo visitar aquele doente no hospital e não posso ir

se você me dá as chagas nos pés... espera 10, 15 dias! Maria fazia “contratações” com

Jesus. Ele a escutava, mas não sempre! Mas Maria aceitava sempre humilde e alegre de

se unir ao seu Senhor Sofredor.

PARA SERVIR COM CARIDADE: UMA ESCOLA!

Uma analfabeta se torna professora!

Em 1946, Maria se transfere definitivamente na família Piva, vizinhos desde sempre,

devido à extrema pobreza da família de origem. Maria escreve no seu diário as palavras

da mãe: “se você vai com eles, a gente fica melhor aqui e com mais espaço...”. Do outro

lado, morando no mesmo quintal, ela podia continuar a ajudar a mãe a cuidar dos

irmãozinhos (Conversando pessoalmente com sua grande e intima amiga Zoe, recebi esse

testemunho: “Maria não tinha colchão para dormir. Era um único quarto com os

irmãozinhos e o duro chão era sua cama. Também não tinha cobertor... era só a roupa do

corpo!”).

Nessa nova situação, Maria se encontra mais livre para se dedicar à educação das

crianças, permitindo às mães de trabalhar tranqüilas na roça. Assim, no dia 12 de março

de 1947, Maria se torna, de fato, professora da creche e do primeiro grau! Mesmo Ela

que tinha repetido por três anos a primeira série e um ano a segunda! A família Piva

sempre a ajudará, sustentando-a também nos momentos que algumas pessoas

queriam fechar a escola...

Muito sofrimento e calunia

Maria encontra dificuldades enormes também pelas pessoas que

deveriam apoiá-la seja no trabalho desenvolvido na escola, seja no apostolado

no meio dos meninos. O sofrimento mais dramático é, sem duvida,

a agressão no meio da roça, no dia 5 março de 1948, por parte de 3

delinqüentes. Com um soco na cabeça, a deixam quase morta. Deitada no chão, arrastam-na

atrás de uma cerca, amarram-na, a cortam nas pernas e nas mãos com um objeto não identificado,

quase lhe arrancam duas unhas dos pés e a abandonam na neve. Quando Maria

retoma a consciência, fala para si: “estou nas mãos de Jesus!” e, naquele momento

escuta a voz de um dos três de linqüentes dizer: “Pense bem de que partido você é!”

No seu diário, ela continua escrevendo: “Fiquei sozinha e abandonada na neve, sem poder

mexer-me. Minhas mãos e pernas pareciam estar no meio das chamas . O frio congelava-me,

batia o queixo, balbuciava alguma palavra... não poderei mais voltar para casa... Com a

boca tapada por um pano, parecia-me sufocar.

Depois de um tempo, os três voltam, tentam... mas inutilmente. Nada conseguem contra a

pureza, a cortam de novo, a arranham, raspando as pernas e mãos e depois a desamarram

e fogem. Com esforços de suas mãos, perdendo muito sangue, Maria chega desfigurada na

casa dos Piva, que logo a socorrem. Os delinqüentes fugiram, mas Maria teve que dar

satisfação para a polícia do acontecimento, porque na cidade falavam de autolesionismo...

tortura sobre tortura! Maria é incriminada de simulação de reato. Somente

depois de muitos interrogatórios, o juiz a absolverá por não ter cometido o crime! Saindo

do Tribunal, Maria só disse: “Senhor, perdoa-lhes porque não sabem o que fazer!”

Provações especiais

Provada em todas as di reções, Mari a continuava a vi ver

fi elmente sua pertença ao Senhor, convi cta que as

provações não são sinai s de rejeição por parte do Senhor,

mas de eleição. Passando os meses e os anos, o fí sico de Mari

a era sempre mais “minado” por uma série de doenças:

pneumonia, bronquite, apendicite, problemas crônicos aos olhos,

anemias, vômitos, reumatismos... ciática, laringite, faringite, nevrite

cardíaca, que em dezembro 1971 desembocarão num infarto, com quedas

sempre piores. Muitos médicos, não entendendo, definem esse males

“imaginários”... Por todos esses problemas, Maria deve, mais uma vez mudar

de casa (na verdade, nunca teve uma!). A famí li a que acolhe Mari a em Rovigo

é mui to boa e cari nhosa. Nesse tempo, ela deve enfrentar novas curas

médicas pelos graves problemas aos olhos. Se aproxima um momento muito

importante na vida de Maria: seu defini tivo matrimônio com Jesus!

A senhora Zoe, grande

amiga, confidente e

testemunha de Mari a Bolognese.

Mari a Bolognesi apareceu na

história da Missão Belém de

repente e não foi um por a caso.

Sua hi stória de extrema pobreza

faz com que a sintamos parte da nossa Missão

Belém, que tem as mesmas i niciais de Maria

Bolognesi (MB)... Ela teve uma hi stória como

tantos meninos de rua que encontramos. Sua

famí li a era tão pobre, que no di a da Primei ra

comunhão não qui s presentes, mas somente um

prato de comida para todos seus irmãozinhos.

O ANEL DE CASAMENTO

Em 1942, Maria recebeu do Senhor, como falamos, um anel

com cinco rubis. Jesus, no momento da entrega, lhe disse: “esse

anel um di a será de novo meu”. Essa profecia, se realizará 13 anos

depois, na Quaresma de 1955. Nesse tempo, Maria se encontra

bem longe da sua casa, exatamente em Sperlinga (Sici lia, ilha do

extremo sul da Itáli a), longe do seu di retor espiri tual. Aqui ela é

colocada à prova pelo própri o Senhor e se sente sozinha. O próprio Senhor, que se

apresenta a ela, depoi s de vários dias de absoluto silêncio, com uma linguagem menos

famili ar e di ferente, a convida a escolher: “Mari a, se quiser voltar para casa, deixo,

vai!”. As palavras de Jesus tendem a colocar à prova o amor de Mari a e a sua

di sponibilidade a sofrer por ele. Maria vence a tentação a voltar, se auto-exortando

a cumprir seu “dever”. Os padecimentos se intensificam. As estigmas nos pés se

abrem. A comida só provoca o vômi to. Ela só consegue tomar alguns goles de café e

uma sopinha no almoço. A noite de sábado 2 de abri l, Jesus, sem se apresentar a

Maria, retoma o anel de noivado. A reação de Mari a é assim: “Jesus não me

resti tuirá o anelzinho? Jesus, usa de mim como te apraz!”

Sempre sofrendo, sem forças e com pouco dinheiro, com a febre a 39°, no dia 5 de

abril, terça-feira, por ordem de Jesus, retoma a viagem para voltar para casa. No

di a 7 de abri l, 5ª fei ra Santa, chega em San Giovanni Rotondo (cidade de

São Pe. Pio) e se hospeda num hotelzi nho que exi ste até hoje. No di a seguinte, às

10:00 hs da manhã inicia a sua anual participação à paixão do Senhor. Às 15:00 hs,

Jesus aparece, os sofrimentos são agudíssimos, acompanhados por um sangramento

que ensopa os lençóis. No Di ári o, Mari a escreve seu intenso e apaixonado di álogo

com Jesus.

O anel de noi vado havi a ficado até 1955.

Nesse tempo Jesus lhe dá progressivamente suas jóias

preciosas: - A coroação de espinhos (2/1/1944)

- A ferida do tórax (7/2/1944)

- A flagelação (10/7/1951)

- A ferida da mão direita (25/1/1954)

- A chaga dos pés (25/8/1954)

- A ferida da mão esquerda (2/4/1955)

Como falamos no 11, em San Giovanni Rotondo, terra de Pe Pio, na Sexta

Fei ra Santa de 1955 se consome o Solene Casamento entre o Crucificado e

Maria Bolognesi.

Eram ás 15:00 horas, de 6ª Fei ra Santa.

Vale a pena saber como aconteceu, porque esse é

exemplo para todos nós: o que Jesus nos dá e nos pede no nosso

casamento com ele. Seis dias antes do ‘Casamento’, Jesus leva

embora o anel de noi vado. Às 15:00 da 6ª feira Santa acontece o

grande encontro que terminará com as núpcias: Ei s Jesus, eis

Jesus, numa clara luz!

- Maria, como você está?

- Jesus, eis me aqui , como você está me vendo.

- Maria, como você conseguiu chegar até aqui, com a febre a

39°?

- Jesus, olha Jesus, eu te amo mui to, mui to, mui to! Para ti,

tudo de mi m.

- Agora, Maria, eu acolho toda ferida: mãos, pés, lado.

- Jesus, sou teu pequeno pano de chão, a tua ‘pi toquinha’ (o teu nada)!

- Maria, sou o teu Jesus, que você tanto ama. Eis o meu anel, é ainda teu!

- Jesus, Jesus, este não é o primeiro que você me doou, esse é um anelzão...

por que Jesus?

- Maria, te disse que o pequeno anel composto por cinco jóias, um dia voltaria

a mim. As cinco jóias são as minhas chagas. Agora, as minhas chagas são incisas

no teu corpo. Este é o anel o ‘ecce homo’ (= Eis o Homem, a frase de Pilatos).

- Jesus, o vejo, mas você me deixa isso para sempre?

- Maria, minhas chagas são agora as tuas. Sei

quanto você me ama. Sempre você repete: ‘Quero ser somente

de Jesus!E eu sou teu.

- Obrigado Jesus, o pequeno anel que você me doou em

1942, na Semana Santa, você não me dará mais, agora vai me

deixar para sempre?

- Sim, Maria, sempre isso. Vou sempre precisar dos teus sacrifícios.

Serão mui tos teus sofrimentos.

- Jesus, quando você qui ser, como você qui ser. Se para o bem de nós

todos, fosse necessária a minha vida, estou feliz (em doá-la).

Assim escreve o ‘postulador’ , a pessoa que está seguindo sua causa de

beatificação:

“A diferença entre ‘namoro’ espi ri tual (o noi vado) e o estado das místicas

núpcias consiste no fato de que, no Noivado, há uma troca de algo de si mesmos,

enquanto que nas núpcias se realiza a troca das pessoas... Tendo Jesus inciso

no corpo da Amada os si nai s da mesma vocação, eles podem agora se trocar os

papéis esponsais: a Jesus, a ví tima por ela, Maria oferece a si mesma para nós

em per fei ta comunhão com Ele!”

Seu amor passa através do aniquilamento do corpo

Dessa forma se realiza a plena comunhão esponsal entre

Jesus e Mari a. ‘A virgi ndade faz com que ela considere J esus

senhor do seu corpo, aquele que pode fazer o que qui ser com ela

em favor dos irmãos, seja enviando sofrimentos fí sicos,

humanamente insuportáveis, seja tornando-a imóvel, numa cama

por um ano intei ro, seja permi tindo que o seu coração seja esmagado pela cruel

dor da maldade dos outros, fala Jesus:

- Maria, quando você vi si ta os doentes, você dão deixaria a eles o teu

coração? Você não tomaria sobre si suas penas, seus sofrimentos?

- Sim Jesus, se pudesse, com prazer o faria.

Escreve o Padr e postulador: ‘Seu amor por Jesus passa através do

aniquilamento do corpo, defi ni do ‘ pano de chão’ , que deve ser usado pelas mãos

do Redentor, para lavar as culpas da humani dade. Mari a está tão convenci da

disso, que todas as Graças da Conversão e da Cura se tornam para ela como

dívida’ a ser paga mediante o sofrimento físico das feridas do lado, das

mãos, dos pés, sobretudo vivendo intensamente a Agonia de Jesus toda Sexta-

Fei ra Santa’ .

Maria Bolognesi e o Menino Jesus vivo

Enfim, ei s a caracterí sti ca fundamental de Mari a Bolognese,

que a torna tão per to de nós. Escreve sempre o padre

Postulador: ‘A espi ri tualidade de Mari a, tem com centro Jesus

Pobre. Os dois momentos fundamentais da vida do Senhor,

onde mais bri lhou essa característica, foram o nascimento e a

morte: Jesus nu de Belém, corresponde ao Jesus nu na Cruz... Seu amor a

Jesus levou-a, quase por instinto sobrenatural a refletir sobre o mistério da

pobreza do presépio e da pobreza da Cruz’.

Mari a era uma apaixonada pelo Presépio e passava meses a realizá-los

todo ano. E Jesus a recompensa tornando-se carne em suas mãos, a pequena

estátua do Menino Jesus se torna uma criança:

‘Entre tantos clarões, Jesus apareceu-me pequeno, pequeno’ .

- Mari a, toma-me em teus braços. Mui to eu trepido pela frieza de tantas

almas, peço amor e peni tência.

Mari a o toma nos braços, fala carinhosamente. A Sra. Zoe vê o clarão e

foge junto à mãe. Ainda se lê no seu diário um diálogo com Jesus sobre o

Presépi o: Jesus pergunta o moti vo de tanto trabalho.

Maria responde:

em reparação por toda a humanidade”.

Maria Bolognesi e o Menino Jesus vivo

- Jesus, não tenho nada para te dar, mas quero que você veja

quanto te amo. Eu já si nto o Natal (era o 30 de outubro). Quando

consigo fazer bem o Presépio, para mim é uma felicidade de amor,

medi tando todo o sofrimento e da nossa queri da Mãezi nha e sua

alegri a também em te ver pequeno em seus braços...

No ano seguinte, novamente o pequeno Jesus de madeira se torna carne:

- “O que está acontecendo? O meu pequeno menino Jesus é de madei ra, mas

nesse momento é de carne, de verdade!... Não estou sonhando... Jesus vem de sua

cabana. Não é possível ficar parados. Aproximo com as mãos: ‘Jesus vem em meus

braços’ . Jesus abre as pequenas mãozinhas e eu o pego no meu colo. Ele me

olhava’ ... Dessa vez, a Sra. Zóe fi cou e assim testemunha:

- “abri lentamente a porta e vi que Maria, em pé, segurava o menino Jesus

nos braços. O meni no Jesus tinha as dimensões naturai s. Maria o envolvia com o

seu manto, porque Jesus estava frio e, à pergunta dela, por que fosse frio, Jesus

respondeu: ‘São os pecados dos homens!’.

Lembro que também Pe Pio se definia: ‘O brinquedo do Menino Jesus’.

O Amor e Criatividade

Um dos campos mais fortes da ação cari tativa de Maria

Bolognesi é a assistência nos hospitai s. As vezes essa

assistência é dada a pessoas desconhecidas, assinaladas a

Mari a que as assi stia di a e noi te ininterruptamente, por

semana, sem descanço e sem troca (sem dúvida ela via

nessas pessoas o seu Esposo Crucificado, muito amado). Dá para entender o

porque Mari a, devagar, tenha chegado a pensar a uma obra que pudesse

resolver algumas dificuldades dos doentes que não podi a voltar às próprias

casas. Mui tos que ela socorri a eram pobres, vi viam na roça, suas moradias

eram fri as e úmidas, não boas para doentes em recuperação que recebi am

alta. Ela sentiu a necessidade de criar uma casa de acolhida igual às nossas!

Lentamente, na mente de Mari a nasce uma idéi a: “Realizar uma casa

acolhedora, onde receber os doentes em recuperação que não podem mais

ficar no hospital. Falam com os amigos e i niciam a chegar as primeiras

ofertas. Estamos em 1967.

Superando algumas dificuldades, adqui rem o terreno e projetam a “Casa de

MARIA”!

A ALIANÇA DE

CASAMENTO entre

Jesus e Maria

Bolognesi (O ANEL

“ECCE HOMO”, “Eis o

Homem”, frase de

Pilatos apresentando

Jesus flagelado)

Mais um sinal do alto

Retomando o assunto do famoso Anel de Casamento

“Ecce Homo”, voltamos ao 1955, quando Mari a é acolhida

na casa da Senhora Zoe, que parti lha com ela o quar to e

com mais a Senhora Novella, mãe da Zoe. Durante a

noi te, Mari a se encontra em êxtase, mas explode num

choro compulsi vo. Todos se acordam e ficam olhando na espera de algo.

Quando Maria se encontra em condições de falar, diz: “Jesus me tirou o

anel do Ecce Homo... deve ter sido algum pecado que comiti ... devo ter

ofendido Jesus...”. Zoe procura consolá-la. Emfim todas voltam a “dormir”,

mas a luz fi ca acesa.

Depois de não muito tempo, Maria se coloca de novo, de joelho na cama,

como em êxtase. Seu rosto se i lumi na e, aqui é o fato extraordi nári o

testemunhado por duas pessoas, DO NADA SE VE APARECER O ANEL DE

OURO maciço, QUE SOZINHO SE ENFIA NO DEDO DE MARIA!

Por mui to tempo, a senhora Zoe e a mãe manterão o segredo, chocadas por

esse grande dom do qual foram testemunhas. Dessa vez, Jesus qui s como

que bri ncar com Mari a, para dar um testemunho da veri di ci dade do que ela

falava.

Incansável apostolado até a morte

Maria se consome num incansável apostolado, vi si tando os

doentes, até que as di fi culdades e o enorme peso das caluni as e

dos sofrimentos levam-na a um infarto e se encontra obrigada

a “parar”. Um novo último capí tulo se abre nesse momento.

O primei ro sofrimento é consti tuído pelo afastamento forçado

de Jesus Eucarístico, que pode receber somente duas vezes no mês.

O segundo é não poder vi si tar os pobres e as pessoas que passam por

dificuldades. Mari a se refugi a na oração e uti liza telefone e carta para se

corresponder, até que as forças permitem. O dia transcorre no si lêncio, no

recolhimento, na medi tação e, sobretudo O ROSÁRIO. Tudo i sso preenche o

céu de sua alma, sendo que o corpo se encontra impotente.

Nos últimos anos, além desses sofrimentos, outros se acrescentam. Morrem

pessoas queridas que tanto a ajudaram. Algumas calunias aumentam de

intensidade, por par te de pessoas que tinham sido benefi ciadas por ela. Do

outro lado, há pessoas que a exal tam numa forma pouco sábi a e quase fanáti ca e

acabam por prejudicá-la.

Oração para a Beatificação:

O Jesus, que ofereceste ao Pai tudo o que padeceste até a

morte de cruz, para nos doar a graça do perdão e da

comunhão com Deus, rogo-te de glorificar também

nessa terra a tua serva Maria Bolognesi, que na vida e

no escondimento, quis unir seus sofrimentos aos teus em

favor dos irmãos mais necessitados. Peço-te, por isso, de

me conceder, pela sua intercessão, a graça..... que tanto

desejo. (Tres Gloria ao Pai)

Imprimatur: Rovigo, 13 gennaio 1995 Martino Gomiero Vescovo di

Adria-Rovigo
FONTE