Um forte apelo à paz, retomando as célebres palavras do seu predecessor, Paulo VI, “Nunca mais a guerra!”, marcou o discurso do Papa Francisco neste domingo por ocasião da Oração Mariana do Angelus, em que sublinhou que “a paz é um dom muito preciso que deve ser promovido e tutelado”
Os numerosos fiéis que, mais do que nunca, enchiam a Praça de São Pedro, reagiam com aplausos de consentimento às vibrantes palavras do Papa que disse estar profundamente preocupado com as diversas situações de conflito que se vivem no mundo, de modo particular na Síria.
“Vivo com particular sofrimento e preocupação as tantas situações de conflito que há nesta terra, mas, nestes dias, o meu coração está profundamente ferido por aquilo que está a acontecer na Síria, e angustiado pelas dramáticas evoluções que se prospectam”.
O Papa dirigiu por isso, do fundo do coração, um forte apelo à paz …
“Dirijo um forte apelo à paz, um apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta devastação, quanta dor trouxe e trará o uso das armas naquele martirizado país, especialmente entre a população civil, inerme! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz no futuro!”
E o Pontífice condenou firmemente o uso das armas químicas, recordando que há um julgamento de Deus e também da História a que não se pode escapar:
“Com particular firmeza, condeno o uso das armas químicas: digo-vos que tenho ainda fixas na mente e no coração as terríveis imagens dos dias passados! Há um julgamento de Deus e um julgamento da História sobre as nossas acções a que não se pode fugir! Não é nunca o uso da violência que leva à paz. Guerra chama guerra, violência chama violência!”
Às partes em conflito o Papa pediu para não se fecharem nos seus interesses, e a empreenderem com coragem e decisão a via do dialogo…
“Com toda a minha força, peço às partes em conflito para ouvirem a voz da própria consciência, a não se fecharem nos seus interesses, mas a olharem para o outro como irmão e a empreender, com coragem e decisão, a via do encontro, da negociação, ultrapassando a cega contraposição”.
Não faltou uma palavra em relação à comunidade Internacional:
“Com igual energia exorto também a Comunidade Internacional a envidar todos os esforços possíveis a fim de promover, sem demoras, iniciativas claras para a paz naquela Nação, baseadas no dialogo e na negociação, para o bem de toda a população síria” .
O Papa pediu ainda que não se poupem esforços no sentido de garantir assistência humanitária às pessoas afectadas por este terrível conflito, especialmente os deslocados internos e os numerosos refugiados nos países vizinhos.
Por fim o Santo Padre anunciou algumas iniciativas que a Igreja vai empreender a favor da paz na Síria e no mundo. Tudo para que o grito de paz se eleve bem alto em todos os corações:
“Por isso, irmãos e irmãs, decidi proclamar para toda a Igreja, no dia 7 de Setembro próximo, véspera da Natividade de Nossa Senhora, Rainha da Paz, uma jornada de jejum e de oração para a paz na Síria, no Médio Oriente, e no mundo inteiro”.
O Papa convidou a aderir a esta iniciativa os “irmãos cristãos não católicos, aos membros doutras Religiões e pessoas de boa vontade". E acrescentou:
“No dia 7 de Setembro na Praça de São Pedro, aqui das 19 às 24 horas, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada Nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa de ver gestos de paz e de ouvir palavras de esperança de paz!”.
E ao deixar a cada Igreja local a possibilidade de organizar como melhor entenderem esta iniciativa de paz, o Papa rezou, juntamente com os fieis, a Nossa Senhora, Rainha da Paz, para que nos ajude a responder à violência, aos conflitos e às guerras, com a força do diálogo, da reconciliação, do amor.
“Ela é mãe: que nos ajude a encontrar a paz”.