Locuções interiores entre Gabrielle Bossis e Jesus
1939. "Não percas o teu tempo com pensamentos
sobre ti. Não estou Eu aqui para preocupar-me das tuas coisas? Que em todos os
teus instantes haja um afeto, como cânticos em que Eu beba o teu amor e o amor
pelos pecadores; lucrarás graças para eles e para as almas do Purgatório. O que
te resta de todos esses pensamentos da terra que acariciaste? Quanto não terias
ganho se todos eles tivessem sido convertidos em impulsos para mim!
Reflete".
1º de março de 1937. Na estação ferroviária, às
margens do Ródano. "Olhas fixamente na direção de onde o trem virá. Da mesma
maneira, Eu tenho os meus olhos fixos em ti, esperando que venhas a mim".
24 de novembro de 1937. "Ama a tua cela: o teu
quarto, se estás em casa; o teu próprio coração, se estás no meio da multidão.
Aí estou Eu".
10 de março de 1938, no campo. Eu estava com o
pensamento metido na Sagrada Família, com São José, a Mãe Santíssima e o Filho
Único. Disse-me Ele com imensa ternura: "Sê tu a irmãzinha".
1939. "É preciso ter confiança nos santos, nos
anjos. Quando ainda somos crianças, passamos de uns braços para outros.
Deixamo-nos amar, e isso é inteiramente natural".
23 de fevereiro de 1938. Em uma avenida de
Nantes, às cinco e meia da manhã, dizia eu: "Jesus, estamos sós". Corrigiu-me:
"Diz 'meu' Jesus. Não te agrada que Eu te chame 'minha' Gabrielle?"
1936. "Comigo, sê simples, como em
família."
22 de junho de 1939, no campo. "Sê simples
comigo. O que é que se faz de manhã ou no fim do dia, no seio de uma família? As
pessoas beijam-se afetuosamente umas às outras, e tudo isso é natural. Às vezes,
durante o dia, por ocasião de uma palavra ou um presente, trocam olhares.
Olhares afetuosos. Há ímpetos de carinho. Como tudo isso é doce e reconfortante!
Se me permitissem ser como um membro da família!..."
6 de julho de 1937. Estação de Vannes. Ele
fazia-me compreender que devemos viver em família com todos os santos do céu,
com os anjos, nossos irmãos mais velhos. Disse-me: "Não se deve sair do
Amor".
Abril de 1939. "Recolhimento. Quando se inclina
um vaso bem cheio para a esquerda ou para a direita, o conteúdo derrama-se; mas
se o vaso é mantido reto, na direção do céu, permanece cheio".
1937. "A tua alma tem uma porta que abre para a
contemplação de Deus. Mas é indispensável que a abras"
1936. "Põe-me sempre antes de ti. Primeiro Eu,
depois tu"
1937. Na igreja de Nossa Senhora. "Não permitas
aos teus olhos vagar sobre as pessoas que circulam. Faz isso por mim".
16 de abril de 1939. Na capela das Irmãs da
Assunção em Sfax. "Tu não me vês. Isso é bom para cresceres em fé"
1937. Em Seine-et-Oise. Eu lhe dizia:
"Realmente não consigo entender como podes amar tanto umas criaturas tão
miseráveis". Respondeu-me: "Como poderias tu entender o Coração de um
Deus?"
Argel, 23 de abril de 1937. "Nao te canses de
Mim. Eu não me canso de ti".
26 de janeiro de 1937. "Uma esposa que não
olhasse com freqüência o seu esposo nos olhos, seria realmente uma
esposa"?
1939. "Sabes o que pode ser o Amor de um
Homem-Deus que chama, que pede o vosso amor, e que não recebe outra resposta
além de um riso insultuoso?"
20 de junho de 1939. "O teu temor de ofender-me
é para mim como uma flecha que me fere de amor. Filha: que as feridas de amor
que me causam os meus fiéis curem as feridas que me causam a indiferença, o ódio
e os desprezos"
4 de outubro de 1936. Ém Montréal. Ele: "Quando
te falta recolhimento, quem sofre a privação sou Eu" (disse-o com suma
delicadeza na voz).
1937. No trem. Dizia-lhe eu: "Senhor, faz arder
no teu amor todos os que viajam este trem". Ele respondeu-me com tristeza: "Mas
se eles não querem!"
1938. "Quando deixarás de ter distâncias
comigo?"
1º de abril de 1940. Le Fresne. No jardim,
sentada sobre a borda de um poço, orava eu pela conversão de um pecador e dizia:
"Senhor, lembra-te de que converteste a samaritana sentado à borda de um poço".
Ele: "Sim, mas tive de esperar por ela". Fez-me compreender com isso que há
ocasiões em que é preciso orar por longo tempo.
Port-Vendres, 25 de abril de 1937. Num café,
nas proximidades do cais. "Que alegria enorme me darias se, ao tomares um
refresco, pensasses em umedecer os meus lábios secos! Mas não é a todos que peço
uma coisa assim"
1939. Lyon. Num bar cheio de gente. "Oferece-me
aqui um Pai-Nosso. Será o primeiro que me dizem neste lugar em muito
tempo!"
3 de novembro de 1939, diante do fogo. "Vês?
Nada arde