domingo, 24 de novembro de 2013

Papa Francisco presidiu na praça de São Pedro à Missa de Cristo Rei do Universo, na conclusão do Ano da Fé. No final, entregou a Exortação Apostólica "A alegria do Evangelho"

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Com a solenidade dos grandes momentos, Papa Francisco presidiu neste domingo de manhã, na praça de São Pedro, a Missa da solenidade de Cristo Rei do Universo, com a qual se conclui o Ano da Fé, proclamado por Bento XVI. Não obstante a temperatura rigorosa que se fazia sentir em Roma, o tempo de chuva intensa, dos dias anteriores, concedeu hoje uma trégua, permitindo que a celebração decorresse, como previsto, ao ar livre, sem inconvenientes de maior e com uma assembleia calculada em 60 mil pessoas.
Juntamente com numeroso cardeais e bispos, participaram na Missa os Patriarcas e Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais Católicas (Médio Oriente, Europa Oriental e Índia), e ainda 500 catecúmenos, de 47 diferentes nacionalidades, dos quatro cantos do mundo, da China e Mongólia à Rússia, do Egipto e Marrocos a Cuba.

Na homilia, o Santo Padre começou por recordar que a solenidade de Cristo Rei, que hoje se celebra como “coroamento do ano litúrgico, marca também o encerramento do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI”, ao qual dirigiu um “pensamento cheio de carinho e gratidão”, classificando de “iniciativa providencial” aquela decisão que, disse, nos ofereceu a oportunidade de redescobrirmos a beleza daquele caminho de fé que teve início no dia do nosso Baptismo e nos tornou filhos de Deus e irmãos na Igreja”.

O Santo Padre dirigiu também “uma cordial saudação fraterna aos Patriarcas e aos Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais Católicas” presentes.
“O abraço da paz, que trocarei com eles, quer significar antes de tudo o reconhecimento do Bispo de Roma por estas Comunidades que confessaram o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, paga muitas vezes por caro preço.
Com este gesto pretendo igualmente, através deles, alcançar todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter para todos o dom da paz e da concórdia.”
Passando depois a comentar as Leituras proclamadas, o Papa fez notar que todas elas “têm como fio condutor a centralidade de Cristo: Cristo, centro da criação, do povo e da história.

Na segunda Leitura, da Carta aos Colossenses, São Paulo propõe uma visão muito profunda da centralidade de Jesus, apresentando como o Primogénito de toda a criação: n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas. Ele é o centro de todas as coisas, é o princípio. Deus deu-Lhe a plenitude, a totalidade, para que n’Ele fossem reconciliadas todas as coisas.
“a atitude que se requer do crente – se o quer ser de verdade - é reconhecer e aceitar na vida esta centralidade de Jesus Cristo, nos pensamentos, nas palavras e nas obras. Quando se perde este centro, substituindo-o por outra coisa qualquer, disso só derivam danos para o meio ambiente que nos rodeia e para o próprio homem.”
Mas, para “além de ser centro da criação, Cristo é centro do povo de Deus”, como mostra a primeira Leitura, que narra o dia em que as tribos de Israel vieram procurar David e ungiram-no rei sobre Israel. “Na busca da figura ideal do rei, aqueles homens procuravam o próprio Deus: um Deus que Se tornasse vizinho, que aceitasse caminhar com o homem, que Se fizesse seu irmão.”
“Cristo, descendente do rei David, é o «irmão» ao redor do qual se constitui o povo, que cuida do seu povo, de todos nós, a preço da sua vida. N’Ele, nós somos um só; unidos a Ele, partilhamos um só caminho, um único destino.”
Por último, “Cristo é o centro da história da humanidade e de cada homem. A Ele podemos referir as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de que está tecida a nossa vida. Quando Jesus está no centro, até os momentos mais sombrios da nossa existência se iluminam: Ele dá-nos esperança, como fez com o bom ladrão no Evangelho de hoje.”

“Jesus – sublinhou Papa Francisco, evocando o diálogo de Jesus, com o crucificado que pede que o recorde ao entrar no seu Reino - pronuncia apenas a palavra do perdão, não a da condenação. “Quando o homem encontra a coragem de pedir este perdão, o Senhor nunca deixa sem resposta um tal pedido”.

“A promessa de Jesus ao bom ladrão dá-nos uma grande esperança: diz-nos que a graça de Deus é sempre mais abundante de quanto pedira a oração. O Senhor dá sempre mais do que se Lhe pede: pedes-Lhe que Se lembre de ti, e Ele leva-te para o seu Reino!”

No final da Missa, antes da recitação do Angelus dominical, o Santo Padre procedeu à entrega simbólica da Exortação Apostólica “Evangelii gaudium” (“A alegria do Evangelho”) a 36 pessoas, de 17 diferentes países, representando a diversidade de situações no interior da Igreja e na sociedade: um bispo (foto), um padre e um diácono; um religioso e uma religiosa; um seminarista e uma noviça; uma família; pessoas recentemente crismadas; catequistas; jovens; representantes de confrarias e de movimentos eclesiais; e finalmente, dois artistas (um escultor japonês e uma pintora polaca) e dois jornalistas. A um invisual, o Papa entregará a Exortação Apostólica em versão auditiva – um CD-rom.

Numa saudação conclusiva, antes da recitação do Angelus dominical, o Papa saudou todos os peregrinos, famílias, grupos paroquiais, associações e movimentos. Uma saudação especial, reservou-a à comunidade ucraniana presente na praça de São Pedro, recordando o octogésimo aniversário do “Holodomor, a “grande fome” provocada pelo regime soviético que causou milhões de vítimas. Não faltou uma menção especialíssima dos missionários que anunciam o Evangelho através do mundo, ao longo dos tempos:
“o nosso pensamento reconhecido aos missionários que, ao longo dos séculos, têm anunciado o Evangelho e lançado a semente da fé em tantas partes do mundo.”
Entre estes, o Papa recordou especialmente o Beato Junípero Serra, missionário franciscano espanhola, de que ocorre os 300 anos do nascimento, e que foi grande evangelizador da costa americana da Califórnia.