1 dezembro, 2014
Dia histórico para a Missa Tradicional em São Paulo: Pontifical e Crisma por Dom Athanasius Schneider.
Por Manoel Gonzaga Castro | Fratres in Unum.com: Antes, na quinta-feira, Dom Athanasius havia lançado a edição brasileira de seu livro A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja, no Mosteiro de São Bento, no centro da capital paulista.
Schneider, oriundo da Ordem dos Cônegos Regulares da Santa Cruz (no Brasil, mais conhecida pela associação chamada “Obra dos Santos Anjos”), viveu por alguns anos no Brasil, especificamente em Anápolis e Guaratinguetá, onde ficam os mosteiros da ordem, e fala português fluentemente. Na diocese goiana, recebeu, em 1990, a ordenação sacerdotal das mãos de Dom Manoel Pestana Filho e foi professor do seminário diocesano.
Assistiram as cerimônias os sacerdotes do Instituto do Bom Pastor, os Padres Luiz Fernando Pasquotto e Renato Coelho, superior do IBP no Brasil. Na ocasião, foram crismados alunos do Colégio São Mauro, dirigido pela Profa. Ivone Fedeli, bem como membros da Associação Cultural Montfort, presidida pelo Sr. Alberto Zucchi, e amigos dela provenientes de outras localidades.
Cerimônia atraiu pessoas de várias cidades
Marcos, 25 anos, viajou cerca de duas horas desde o interior de São Paulo para a celebração. Ele foi um dos muitos que compareceram, graças ao anúncio exclusivo de Fratres in Unum – infelizmente, outros meios de comunicação católicos não deram espaço à divulgação de tão importante marco para a Missa Tradicional no Brasil.
Apesar da distância e do horário incomum, o esforço valeu a pena: “A cerimônia esteve muito solene e bela. Dom Athanasius falou primeiramente sobre o sacramento da crisma, da marca indelével que deixa no fiel católico (marca que carregamos ao inferno, se não nos salvarmos), das armas espirituais que dá ao cristão para combater as tentações, o mundo e o diabo. Comentou sobre os sete dons do Espírito Santo e instou aos crismandos que fossem soldados de Cristo, vivendo sua fé com coragem em todos os ambientes”, disse Marcos.
Primeiramente, houve administração do Sacramento da Crisma, sendo que a Santa Missa começou somente por volta das 22 horas.
O canto sacro ficou por conta dos corais Exsultet, da Montfort, responsável pelo canto gregoriano nas Missas Tridentinas no Mosteiro de São Bento aos domingos, e Flammula Chorus, coral polifônico do colégio São Mauro. “A missa solene teve a liturgia muito bem coordenada e as vozes do coral (tanto gregoriano como polifônico) eram celestiais, dignas de toda honra da cerimônia”, acrescentou Marcos.
Um dos fiéis comentou que aquele momento tinha uma dimensão muito maior, pois era considerado como sendo uma continuação concreta do trabalho do Professor Orlando Fedeli por meio de seus filhos espirituais, os padres Pasquotto e Coelho. Perguntado mais precisamente sobre o que seria esse trabalho, ele esclareceu que aquelas cerimônias eram encaradas por muitos como uma oficialização pelas autoridades eclesiásticas da luta histórica do grupo Montfort contra a Missa Nova e contra o Concílio Vaticano II. “É o que nós sempre enfatizamos: Bento XVI deu ao IBP a missão de corrigir os erros do Concílio Vaticano II e de não celebrar a Missa Nova”, declarou. “Por isso, é muito importante essa cerimônia, permitida pelo Cardeal de São Paulo, Dom Odilo. A impressão que se tem é a de que, finalmente, a Igreja reconheceu a legitimidade de nossa causa”, concluiu.
Crismandos de várias idades e localidades
Entre os alegres crismandos, era possível ver desde pequenas crianças, de 7 ou 8 anos, até adultos que se aproximavam do Santo Altar, para ouvir da boca do senhor bispo: “Eu te assinalo com o sinal da Cruz, e te confirmo com o Crisma da salvação, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amén”.
Pessoas de fora, como um grupo de cerca de 10 jovens, entre crismandos e padrinhos, de Presidente Prudente, deixaram suas dioceses de origem para poder receber o sacramento no rito tradicional na Arquidiocese de São Paulo – lamentavelmente, impossibilitados de o receber das mãos de seus próprios bispos, como seria o ideal.
Grande afluxo de fiéis
Por causa do horário, nem todos os participantes da cerimônia do crisma puderam permanecer para a Pontifical. Mesmo assim, as hóstias consagradas na Missa se acabaram, de modo que foi preciso recorrer às partículas do Sacrário, que também não foram suficientes, de modo que nem todos puderam comungar.
“Alguns pontos causaram estranhamento a quem não é da Montfort”, afirmou o jovem Marcos, completando: “a ausência completa de microfone durante toda a missa, que enfim é compreensível, mas que poderia ter sido diferente. A missa não teve homilia, certamente por conta do horário, e porque o bispo já havia falado antes, e a não distribuição de comunhão aos fiéis, somente os crismados e padrinhos comungaram”. Marcos notou algo incomum nas paróquias brasileiras de hoje em dia, mas previsto inclusive pelo Catecismo da Igreja Católica: “Ainda há a questão de ver crianças muito pequenas sendo crismadas, talvez com a idade de 7 ou 8 anos”. Questões secundárias, claro, diante da magnitude do que se viu na noite de domingo.
Ao fim, os católicos presentes saíram edificados pela beleza e sacralidade dos ritos, certamente agradecidos a Dom Athanasius Schneider pelo dom concedido, mas também às autoridades da Arquidiocese de São Paulo: primeiramente, ao Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, bem como aos bispos auxiliares Dom Edmar Peron, da região do Belém, onde fica a Paróquia São Paulo Apóstolo, e a Dom José Roberto Fortes Palau, da região do Ipiranga, à qual pertence o Colégio São Mauro. Embora nenhum sacerdote, exceto os do IBP, estivesse presente na cerimônia, deve ser recordado também o senhor pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, Pe. Reginaldo Donatoni, que tão generosamente acolhe os sacerdotes do IBP que lá celebram a Santa Missa segundo a forma extraordinária.