A vontde do Papa foi oferecer a todos os fiéis a riqueza da liturgia da Igreja, permitindo a descoberta dos tesouros de seu patrimônio litúrgico pelas pessoas que ainda o ignoravam. Quantas vezes, com efeito, o desprezo manifestado por esses tesouros foram causados apenas por seu desconhecimento?! A esse título, e considerado sob esse último aspecto, o Motu Proprio deve ser compreendido mais além da existência ou não de conflitos. Mesmo se não existisse nenhum «tradicionalista» a quem satisfazer, somente a descoberta desses tesouros justificaria amplamente as disposições do Papa.
"Mesmo que não existisse nenhum tradicionalista a quem se devesse satisfazer", o Motu Proprio Summorum Pontificum teria o mesmo lugar na Igreja. Este é, em substância, o sentido do prefácio que o Cardeal Cañizares, Prefeito da Congregação do Culto Divino, para a edição espanhola da última obra de Nicola Bux “A Reforma de Bento XVI”.
Eis um extrato deste importante documento:
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Se verdadeiramente se acredita que a Eucaristia é «a fonte e cume da vida cristã» - como o Concílio Vaticano II nô-lo recorda -, nós não podemos admitir que ela seja celebrada de um modo indigno. Para muitos, aceitar a reforma conciliar significou celebrar uma Missa que, de um modo ou de outro, devia ser «dessacralizada». Quantos Padres foram chamados de «retrógrados» ou de «anti conciliaires» pelo simples fato de celebrarem de um modo solene, piedoso, ou simplesmente por ter respeitado rigorosamente as rubricas! É indispensável sair dessa dialética.
Se verdadeiramente se acredita que a Eucaristia é «a fonte e cume da vida cristã» - como o Concílio Vaticano II nô-lo recorda -, nós não podemos admitir que ela seja celebrada de um modo indigno. Para muitos, aceitar a reforma conciliar significou celebrar uma Missa que, de um modo ou de outro, devia ser «dessacralizada». Quantos Padres foram chamados de «retrógrados» ou de «anti conciliaires» pelo simples fato de celebrarem de um modo solene, piedoso, ou simplesmente por ter respeitado rigorosamente as rubricas! É indispensável sair dessa dialética.
A reforma foi aplicada e habitualmente vivida como uma mudança absoluta, como se fosse preciso criar um abismo entre o pré e pós Concílio, num contexto no qual o termo «pré conciliar» era usado como um insulto. Observa-se também o fenômeno que o Papa nota em sua recente carta aos Bispos do dia 10 de Março de 2009: « Por vezes, se tem a impressão que nossa sociedade precisa pelo menos de um grupo, com relação ao qual, ela não pode ter nenhuma tolerância, contra o qual ela possa se lançar com ódio». Durante anos, em boa parte isso foi o caso dos padres e fiéis ligados à forma da Missa herdada dos séculos anteriores, tratados muitas vezes «como leprosos», como o disse de modo impressionante aquele que [naquele tempo] era ainda o Cardeal Ratzinger.
Hoje, graças au Motu Proprio, essa situação está em vias de mudar notavelmente. E isso se realiza em grande parte porque a vontde do Papa não foi apenas de satisfazer os fiéis de Monsenhor Lefebvre, nem de se limitar a responder aos justos desejos dos fiéis que se sentem ligados, por motivos diversos, à herança litúrgica representada pelo rito romano, mas justamente para oferecer a todos os fiéis a riqueza da liturgia da Igreja, permitindo a descoberta dos tesouros de seu patrimônio litúrgico pelas pessoas que ainda o ignoravam. Quantas vezes, com efeito, o desprezo manifestado por esses tesouros foram causados apenas por seu desconhecimento?!
A esse título, e considerado sob esse último aspecto, o Motu Proprio deve ser compreendido mais além da existência ou não de conflitos. Mesmo se não existisse nenhum «tradicionalista» a quem satisfazer, somente a descoberta desses tesouros justificaria amplamente as disposições do Papa.
A reforma de Bento XVI - A liturgia entre a inovação e a tradição, Nicola Bux, Ciudadela Libros, 2009
Reflexões de PAIX LITÚRGICA
1 - O Cardeal Antonio Cañizares Llovera não é um velho Cardeal aposentado, nem um eléctron livre. Homem de 64 ans, este Cardeal simplesmente é o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos desde o mês de Dezembro de 2008. De outro modo, ele é o n°1 da Igreja em matéria litúrgica. Portanto, nem é preciso dizer que quando o Cardeal fala do Motu Proprio Summorum Pontificum, ou da forma extraordinária do rito romano, o que ele diz não é sua opinião pessoal, mas antes aquilo que o Papa e a Igreja propõem.
2 – A razão de ser do Motu Proprio Summorum Pontificum não é a de regrar a indelicadeza existente entre Roma e a Fraternidade São Pio X. Esses dois assuntos são independentes um do outro. Uma simples leitura do texto do Motu Proprio basta para compreender isso. Com efeito, as expressões utilizadas no Motu Proprio são inequívocas: « todo padre católico de rito latino, quer seja secular ou religioso», « comunidades de Institutos de vida consagrada e Sociedades de vida apostólica de direito pontifício ou de direito diocesano», «Os padres utilizando o Missal do bem aventurado João XXIII devem ser idôneos e não impedidos pelo direito »…
Todavia, levando em conta as estranhezas ouvidas, aqui ou acolá, nas dioceses, é forçoso reconhecer que esse apelo de bom senso é oportuno.
3 – A razão de ser do Motu Proprio Summorum Pontificum, não é também a de responder às expectativas dos fiéis que freqüentam os locais de culto servidos pelo clero ligados à Ecclesia Dei (foi o Motu Proprio de 1988 de João Paulo II que cuidou deles).
4 – Enfim, a razão de ser do Motu Proprio Summorum Pontificum não é, em princípio, ligado à vontade de fazer avançar o projeto de reforma da reforma como o sugeria Monsenhor Aillet em sua obra.
5 – Se o Motu Proprio Summorum Pontificum contribui certamente para os fins descritos acima, é preciso procurar noutro lugar a razão pela qual o Santo Padre quis esse texto. Com efeito, e como o afirmou numerosas vezes o Cardeal Dario Castrillón Hoyos, Prefeito emérito da Congregação para o Clero e Presidente da Pontifícia Comissão «Ecclesia Dei», o motu proprio que restabeleceu a antiga forma litúrgica em todos os seus direitos inicialmente teve por objetivo dar à Igreja um tesouro de espiritualidade litúrgica que deu tantas graças à Igreja e aos cristãos a mais de 15 séculos. Eis o que lembra magnificamente o Cardeal Antonio Cañizares.
6 – Eis o que nós respondemos aos pastores estupefatos ou a inquisidores que nos pedem incansavelmente "por que" nós desejamos a celebração da forma extraordinária em nossas paróquias: « Oferecer a todos os fiéis a riqueza da liturgia da Igreja, permitindo a descoberta dos tesouros de seu patrimônio litúrgico pelas pessoas que ainda os ignoravam». Quando se sabe, graças às sondagens CSA de Novembro de 2008 que 34 % dos atuais praticantes das paróquias assistiriam a Missa tradicional em suas próprias paróquias, se entende toda a exatidão de vista do Santo Padre.
Eis porque nós pedimos a nossos Bispos que permitam a celebração desse tesouro em todas as grandes paróquias e, no mínimo, em toda a parte onde os fiéis a pedirem...
[Tradução: Montfort. Texto original em francês em PaixLiturgique]
Para citar este texto: "Card. Canizares nos dá o “verdadeiro” sentido do Motu Proprio Summorum Pontificum"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=sentido_summorum