domingo, 21 de outubro de 2012

Bento XVI preside neste domingo, na praça de São Pedro, a canonização de sete Beatos




Bento XVI preside neste domingo, na praça de São Pedro, a canonização de sete Beatos, entre os quais a primeira santa indígena norte-americana, Kateri Tekakwitha, nascida em 1656 e falecida em 1680, no atual Canadá. Tekakwitha nasceu numa localidade dos EUA hoje denominada Auriesville, e foi beatificada por João Paulo II em junho de 1980.
Esta proclamação solene de novos santos tem lugar no Domingo das Missões. É a décima celebração do género no atual pontificado. Bento XVI proclamou até agora 37 novos santos.
Entre os novos santos estão dois mártires: Giacomo Berthieu, missionário jesuíta francês morto em Madagáscar em 1896, por não querer renunciar à sua fé; o catequista filipino Pedro Calungsod, assassinado em Guam em 1672, aos 17 anos, pelo pai. que se recusou a deixar o filho ser batizado. Os outros novos santos são: - o padre italiano Giovanni Battista Piamarta (falecido em 1913); - a religiosa espanhola Maria Carmela Sallés y Barangueras (Maria del Monte Carmelo, morta em 1911); - a norte-americana Barbara Cope (Madre Marianne de Molokai, (falecida em 1918), que se dedicou aos leprosos; e - a leiga alemã Anna Schäffer (morta em 1925).

Sublinhando na homilia a feliz coincidência de celebrar o Dia Missionário com os participantes na assembleia sinodal sobre a Nova Evangelização, o Papa observou que a Palavra de Deus escutada neste domingo “mostra o estilo do evangelizador, chamado a testemunhar e a anunciar a mensagem cristã, conformando-se com Jesus Cristo”.
Toda a homilia, em que foram naturalmente evocados os testemunhos de vida de cada um dos novos santos, se centrou nas palavras de Jesus no Evangelho do dia: “O Filho do homem veio para servir e dar a própria vida em resgate por muitos”. Estas palavras constituíram o programa de vida dos sete beatos que a Igreja hoje inscreve solenemente na gloriosa fileira dos Santos. Com coragem heróica eles consumiram a sua existência na consagração total a Deus e no serviço generoso aos irmãos. São filhos e filhas da Igreja, que escolheram a vereda do serviço seguindo o Senhor. A santidade na Igreja teve sempre a sua fonte no mistério da Redenção (…) A tenaz profissão de fé destes sete discípulos generosos de Cristo, a sua conformação ao Filho do Homem resplandece hoje em toda a Igreja.

Bento XVI evocou, então, um a um, o testemunho de vida dos santos hoje proclamados. Começando por Jacques Berthie, nascido em 1838, na França. Ao fazer-se jesuíta, queria percorrer o mundo para a glória de Deus. Pastor incansável… em Madagáscar, lutou contra a injustiça, levando alívio aos pobres e enfermos… Fez-se tudo para todos, haurindo na oração e no amor do Coração de Jesus a força humana e sacerdotal para enfrentar o martírio. O Papa fez votos de “que a vida deste evangelizador seja um encorajamento e um modelo para os sacerdotes, para que sejam homens de Deus como ele o foi! Que o seu exemplo ajude os numerosos cristãos que são perseguidos por causa da sua fé nos dias de hoje! Que a sua intercessão, durante este ano da fé, produza frutos em Madagáscar e no Continente africano! Que Deus abençoe o povo malgaxe!

Relativamente a Pedro Clungsod, que viveu no século XVII, nas Filipinas, jovem catequista leigo que colaborava com os missionários jesuítas. Não obstante as perseguições, demonstrou grande fé e caridade, e continuou catequizando os muitos convertidos, dando testemunho de Cristo através de uma vida de pureza e dedicação ao Evangelho, até aceitar decididamente o martírio. Que o exemplo e o testemunho corajoso de Pedro Calungsod inspire o dileto povo das Filipinas a anunciar corajosamente o Reino e ganhar almas para Deus!

Quanto a Giovanni Battista Piamarta, padre da diocese italiana de Brescia, Bento XVI evocou-o como “grande apóstolo da caridade e da juventude”, que “se dedicou ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações” O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração, com o Senhor.

Quanto à religiosa espanhola Maria do Carmelo Salles y Brarangueras, fundadora da Congregação das Concepcionistas Missionárias do Ensino, o Papa congratulou-se em verificar que “a sua obra educativa… continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que tudo pode”.

Sobre Madre Mariana Cope, franciscana que viveu nos Estados Unidos, no século XIX. “Abraçou voluntariamente a chamada para ir cuidar dos leprosos nas ilhas Hawai, depois da recusa de muitos. Aceitou o convite para abrir uma casa na Ilha de Molokai, partindo com coragem e, encerrando assim seu contacto com o mundo exterior. Ali, cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu heróico trabalho com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos. Numa época em que pouco se podia fazer pelos que sofriam dessa terrível doença, Mariana Cope demonstrou um imenso amor, coragem e entusiasmo. Ela é um exemplo luminoso e valioso da melhor tradição de religiosas católicas dedicadas à enfermagem e do espírito do seu amado São Francisco de Assis.

Quanto a Kateri Tekakwitha, de família pele-vermelha, na América do Norte, no século XVII, o Papa recordou que, batizada aos 20 anos de idade, para escapar da perseguição, ela refugiou-se na Missão São Francisco Xavier, perto de Montreal, onde trabalhou, fiel às tradições culturais do seu povo, embora renunciando as convicções religiosas deste, até a sua morte com 24 anos. Santa Kateri, protetora do Canadá e primeira santa ameríndia, nós te confiamos a renovação da fé entre os povos nativos e em toda a América do Norte! Que Deus abençoe os povos nativos!

Finalmente, uma referência à jovem Ana Schäffer, alemã, que viveu longos de doença acamada. “O seu quarto de enferma transformou-se numa cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço missionário. Inicialmente revoltou-se contra o seu destino, mas depois compreendeu que aquela situação era uma chamada amorosa do Crucificado para que O seguisse. Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho. “Que o seu apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação – auspiciou o Papa - seja para os crentes de sua terra um exemplo luminoso e que a sua intercessão fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas para doentes terminais”.

“Estes novos Santos, diferentes pela sua origem, língua, nação e condição social (fez notar o Papa, a concluir), estão unidos com todo o Povo de Deus no mistério de Salvação de Cristo, Redentor. Junto a eles, também nós aqui reunidos com os Padres sinodais, provenientes de todas as partes do mundo, proclamamos, com as palavras do salmo, que Senhor é «o nosso auxílio e proteção. Que o testemunho dos novos Santos, a sua vida oferecida generosamente por amor a Cristo, possa falar hoje a toda a Igreja, e a sua intercessão possa reforçá-la e sustentá-la na sua missão de anunciar o Evangelho no mundo inteiro."

No final da celebração, o Santo Padre saudou, em diversas línguas, os peregrinos presentes e as delegações oficiais provenientes dos diferentes países de origem dos novos santos. Nas palavras em italiano, Bento XVI dirigiu o seu pensamento ao santuário de Lourdes, onde as graves inundações que ontem afetaram o sudoeste da França não pouparam a zona da Gruta das Aparições, obrigando à evacuação de centenas de peregrinos e ao encerramento das diversas igrejas do santuário, com a única exceção da basílica da Imaculada Conceição, situada a um nível sobranceiro em relação à torrente do Gave.
Queremos hoje confiar à materna proteção da Virgem Maria os missionários e as missionárias – padres, religiosos e leigos – que em todas as partes do mundo difundem a boa semente do Evangelho. Rezemos também pelo Sínodo dos Bispos que nestas semanas se está confrontando com o desafio da nova evangelização para a transmissão da fé cristã.

A cerimónia das canonizações decorreu pela primeira vez antes e não durante a missa, . O Santo Padre usou, aos ombros, por cima da casula, uma antiga veste litúrgica tipicamente papal, o fanão ("fanone", em italiano, do latim "fano", pano) Trata-se de uma derivação do amito. Era outrora usada pelo Papa nas celebrações mais solenes. Paulo VI e João Paulo II usaram algumas vezes esta veste. Foi anunciado que Bento XVI a voltará a usar em próximas celebrações.
a preside neste domingo, na praça de São Pedro, à canonização de sete novos santos