Frutos da Santa Missa para a hora presente, por Pio XII |
Discurso aos Párocos e Pregadores Quaresmalistas, 23 de março, 1949.
Ao centro da
preparação dos fiéis muitos párocos colocaram a Santa Missa para os homens.
Nesta Missa, que reúne ao domingo os homens da paróquia, eles mostram para eles
a substância e o sentido da santa liturgia. O primeiro fruto de tal prática é de
fazer tomar parte de maneira consciente e pessoal no divino sacrifício do
altar.
Nós louvamos
tal costume no seu espírito e no seu método. Ele coloca o sacrifício da Missa no
seu verdadeiro lugar, no coração da vida e de toa a liturgia da Missa, sobretudo
quando se pensa na indecorosa ignorância de tantos sobre um mistério tão
sublime.
Todavia é de
suma importância considerar os efeitos que dela se irradiam para os homens, até
no campo eclesiástico e civil.
Realmente:
1. Instruídos e
habituados a venerar e amar o santo sacrifício da missa, os vossos homens
tornar-se-ão facilmente homens de oração e farão de suas famílias como um
santuário de oração. E isto é estritamente necessário. Quem poderia negar que o
espírito de oração vai diminuindo, enquanto que o espírito do mundo ganha
terreno até no seio da família, que pretende permanecer católica e fiel a
Cristo? Se a cruzada para a oração em família é acolhida com fervor em outros
países; se até conhecidos atores dos maiores centros cinematográficos do mundo
colocaram-se ao serviço de uma causa tão santa: como poderiam os católicos da
Cidade Eterna permanecerem nisto a eles inferiores?
2. Os homens
que se aplicam seriamente em penetrar o sentido e o alcance do sacrifício da
Missa, não podem deixar de avivar neles mesmos o espírito de domínio de si, de
mortificação, de subordinação das coisas terrenas às celestes, de absoluta
obediência à vontade e à lei de Deus, especialmente se vós tiverdes o cuidado de
inculcar neles tais sentimentos. É esta uma necessidade da hora presente, não
menos do que o renovado zelo pela oração, pois que hoje muitos - entre os quais
é doloroso ver também não poucos católicos - vivem como se o fim de tudo fosse
formar-se um paraíso sobre a Terra, sem pensamento algum para o além, para a
eternidade.
A tendência
natural do homem caído para as coisas terrenas, a sua incapacidade de
compreender as coisas do Espírito de Deus é infelizmente favorecida em nossos
dias pela cumplicidade de tudo quanto o circunda. Muitas vezes Deus não é
negado, nem injuriado, nem blasfemado; Ele é como que um grande ausente. A
propaganda para uma vida terrestre sem Deus é aberta, sedutora, contínua. Com
razão observou-se que geralmente, mesmo nos filmes indicados como moralmente
irrepreensíveis, os homens vivem e morrem como se não existisse Deus, nem a
Redenção, nem a Igreja. Nós não queremos aqui colocar em discussão as intenções;
não é porém verdade que as conseqüências destas representações cinematográficas
neutras, já se estenderam e aprofundaram? Adiciona-se ainda a isto a nefasta
propaganda deliberadamente dirigida para a formação da família, da sociedade, do
próprio Estado, sem Deus. É uma torrente cujas águas lodacentas tentam penetrar
até no campo católico. Quantos já foram contaminados! Com a própria boca, eles
se professam ainda católicos, mas não percebem que suas condutas desmentem com
os fatos aquela profissão de fé.
Não há portanto
mais tempo para se perder, para fazer parar com todas as forças este deslize de
nossas próprias fileiras na irreligiosidade e para acordar o espírito de oração
e de penitência. A pregação das primeiras e principais verdades da fé e dos fins
últimos, não somente nada perderam de sua oportunidade em nosso tempo, mas,
antes, tornam-se mais que nunca necessárias e urgentes. Também a pregação sobre
o inferno é atual. Por sem dúvida, semelhante argumento deve ser tratado com
dignidade e sabedoria. Mas quanto à substância mesma desta verdade a Igreja tem,
diante de Deus e dos homens, o sagrado dever de anunciar, de ensinar sem
qualquer atenuante, como Cristo a revelou, e não há nenhuma condição de tempo
que possa fazer diminuir o rigor desta obrigação. Ela atinge e liga em
consciência todo sacerdote a cujo ministério ordinário e extraordinário foi
confiada a cura de doutrinar, admoestar e guiar os fiéis. É verdade que o desejo
do céu é um motivo em si mesmo mais perfeito do que o temor das penas eternas;
mas disto não se deduz que ele seja para todos os homens também o motivo mais
eficaz para mantê-los distantes do pecado e convertê-los a Deus.
Meditai as
palavras que o Senhor, na vigília de sua Paixão, dirigiu ao Apóstolo Pedro. "Eis
que Satanás procura joeirar-te como o grão de trigo"; palavras de um
impressionante significado no momento em que vivemos. Valem não somente para os
pastores, mas também para toda a grei. Nas formidáveis controvérsias religiosas,
das quais somos testemunhas, não se pode contar senão com fiéis que oram e se
esforçam, mesmo a preço de grandes renúncias, por conformar suas vidas à lei de
Deus. Todos os demais, na ordem espiritual - e disto se trata - oferecem-se
indefesamente aos golpes do inimigo.
3. Um efeito da
Missa para os homens, efeito salutar não só para eles pessoalmente, mas também
para as famílias, será que fecharão os olhos e o coração a tudo o que na
imprensa, nos filmes, nos espetáculos, ofende o pudor e viola a lei moral. Onde,
realmente, senão aqui, deverá verdadeiramente operar o espírito de penitência e
de abnegação em união com Cristo?
Quando se
pensa, de uma parte, nas nauseantes cruezas e coisas impuras, colocadas em
amostra nos jornais, nas revistas, nas telas, nas cenas, e de outra parte, as
inconcebíveis aberrações dos progenitores que vão com seus filhos deleitarem-se
com semelhantes horrores, o rubor sobe à face, rubor de vergonha e de desprezo.
A luta contra aquela peste, especialmente assinalando-lhe as manifestações às
autoridades públicas, conseguiu já confortante resultado, e Nós nutrimos
esperanças que ela será sempre mais eficaz e benéfica.
Graças ao céu,
em algumas nações, particularmente naquelas de maior produção cinematográfica,
os católicos trabalham metodicamente e com feliz sucesso para a moralização e
dignidade dos filmes.
4. Nós
esperamos da comum assistência dos homens à Santa Missa também outro fruto de
capital importância: queremos aludir ao espírito de docilidade e de plena adesão
ao Romano Pontífice, e de fraterna e estreita união entre os fiéis, toda vez que
se trata de defender a causa da Igreja.
A causa da
Igreja! Seus inimigos desencadearam contra Ela uma violenta campanha de palavras
e de escritos. Para eles todos os argumentos, também os mais absurdos, são bons,
se servem para o fim a que tendem, e este fim é o de desagregar a unidade e a
cooperação dos católicos, de abalar a confiança para com o Vigário de Cristo,
para com os bispos e o clero. A arma preferida por eles é a calúnia, porque
sabem muito bem que nunca ela é totalmente inofensiva, mas inocula nos espíritos
a dúvida, a suspeita, a crítica, e nos corações um desafeto, que por vezes chega
até ao ódio. Assim a obediência e a concórdia são expostas ao perigo de se
tornarem a pouco e pouco corruptas e de serem destruídas. Relede a palavra de
Cristo sobre o "pai da mentira": o mesmo vale para esta campanha de
calúnias.
Bem outros
frutos podem ainda recolher-se da Missa para os homens. Nós não mencionamos
senão alguns entre os que pareciam mais corresponder à necessidade da hora e
melhor servir à preparação interna dos fiéis.
Pio XII
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- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)