17/03/2016 | 2:002Postado em Artigos & Notícias, Catolicismo, Sensus fidei missionários do século 16 estavam convencidos de que a pessoa não batizada está perdida para sempre. Após o Concílio [Vaticano II], essa convicção foi definitivamente abandonada. O resultado foi uma crise profunda de dois lados. Sem esta atenção para com a salvação, a fé perde a sua fundação”
Maike Hickson — LifeSiteNews.com |- Em 16 de março, falando publicamente em uma ocasião rara, o Papa Bento XVI concedeu uma entrevista ao “Avvenire”, o jornal da Conferência Episcopal Italiana, na qual falou de “uma crise profunda de dois lados” que a Igreja está enfrentando na esteira do Concílio Vaticano II. O relatório já atingiu a Alemanha por cortesia do Vaticanista Giuseppe Nardi, do website de notícias católicas Katholisches.info.
Papa Bento nos lembra a convicção católica anteriormente indispensável da possibilidade da perda da salvação eterna, ou que as pessoas vão para o inferno:
Os missionários do século 16 estavam convencidos de que a pessoa não batizada está perdida para sempre. Após o Concílio [Vaticano II], essa convicção foi definitivamente abandonada. O resultado foi uma crise profunda de dois lados. Sem esta atenção para com a salvação, a fé perde a sua fundação.
Ele também fala de uma “profunda evolução do Dogma” em relação ao Dogma de que não há salvação fora da Igreja. Esta mudança pretendida do dogma levou, aos olhos do papa, a uma perda do zelo missionário na Igreja – “qualquer motivação para um futuro compromisso missionário foi removido”.
Papa Bento faz a pergunta penetrante que surgiu após esta mudança palpável de atitude da Igreja: “Por que você deveria tentar convencer as pessoas a aceitar a fé cristã, quando elas podem ser salvas mesmo sem ela”.
Quanto as outras consequências desta nova atitude na Igreja, os próprios católicos, aos olhos de Bento XVI, são menos ligados à sua fé: Se há aqueles que podem salvar as suas almas com outros meios, “por que o cristão deveria estar vinculado à necessidade da fé cristã e da sua moralidade?”, perguntou o papa. E concluiu: “Mas se Fé e Salvação não são mais interdependentes, até mesmo a fé se torna menos motivadora”.
Papa Bento também refuta tanto a ideia do “cristão anônimo” desenvolvida por Karl Rahner, quanto a ideia indiferentista de que todas as religiões são igualmente valiosas e úteis para alcançar a vida eterna.
“Ainda menos aceitável é a solução proposta pelas teorias pluralistas da religião, para as quais todas as religiões, cada uma à sua maneira, seriam caminhos da salvação e, nesse sentido, devem ser considerados equivalentes nos seus efeitos”, disse ele. Neste contexto, ele também aborda as ideias exploratórias do já falecido cardeal jesuíta, Henri de Lubac, sobre putativas “substituições do vicário” de Cristo que devem ser agora novamente refletidas “mais profundamente”.
No que respeita à relação do homem com a tecnologia e o amor, o Papa Bento nos lembra da importância do afeto humano, dizendo que o homem ainda anseia em seu coração “que o Bom Samaritano venha em seu auxílio”.
Ele continua: “Na dureza do mundo da tecnologia – em que os sentimentos não contam mais – a esperança de um amor salvífico cresce, um amor dado livremente e generosamente”.
Bento também lembra a sua audiência que: “A Igreja não é ‘self-made’, ela foi criada por Deus e é continuamente formada por Ele. Ela encontra expressão nos sacramentos, sobretudo no do Batismo: entro na Igreja não por um ato burocrático, mas com a ajuda deste Sacramento”. Bento também insiste que, sempre, “precisamos de graça e perdão”.