sábado, 8 de outubro de 2011

Cardeal Albert Malcolm Ranjith Patabendige fala do respeito à Comunhão na boca

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Entrevista com o  Cardeal Albert Malcolm Ranjith Patabendige
SecretárioEmérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos

Os sinais de um tempo que muda

- Excelência, o Papa distribui recentemente a Comunhão na boca aos fiéis ajoelhados . Questionado pelo Osservatore Romano, o mestre de cerimónias pontifícias, Mons. Guido Marini disse que ele acredita que esta prática se tornará comum nas celebrações papais, recordando que "a distribuição da Comunhão na mão continua sendo sempre, desde o ponto de vista jurídico, um indulto à lei universal ... O modelo adoptado por Bento XVI tende a sublinhar a validade da regra válida para toda a Igreja. " _
-Acha que os bispos e padres deveriam fazer uma reflexão particular sobre o que o papa está fazendo em suas celebrações?
Mas há outras matérias que não pertencem ao magistério ex cathedra mas ao magistério ordinário. Mesmo quando fala neste sentido todos devem prestar a máxima consideração ; seu ensino deve ser honrado e seguido. Quando o papa faz alguns gestos, isto é importante e simbólico para a Igreja, torna-se um modelo. O mestre de cerimónias papais anterior costumava dizer que a liturgia realizada pelo Santo Padre, deveria servir de modelo para toda a Igreja.
Ora acontece que , o Santo Padre acaba de introduzir uma prática que não é um experimento, mas alguma coisa sobre a qual certamente reflectiu, rezou e consultou. Isto é algo que já se poderia encontrar em seus escritos de Cardeal quando insistia sobre a reverência devida ao Santíssimo Sacramento.
Como consequência ele fez um gesto que por outro lado é o que a Igreja tem seguido anteriormente por séculos . E é o gesto está mais em sintonia com a verdadeira atitude de reverência para com o Senhor, porque nós não estamos recebendo um pedaço de pão, mas a Cristo, sua Pessoa, o seu Corpo, o seu Sangue . Ante este este fenómeno do Eterno que entra no frágil , no fraco, no humano, deve haver uma atitude de grande fé, devoção e reverência. O que acontece quando recebemos a Eucaristia é algo incompreensível para a mente humana. O Senhor entra em nosso coração como em sua casa e nós devemos recebê-Lo como se deve.
O gesto introduzido pelo Santo Padre deve ser valorizado e meditado em seu profundo significado. Seria uma grande cegueira fechar os olhos para o que o Santo Padre está fazendo. Assim como seria insensato a recusar-se a ler o significado deste gesto. Por outro lado, repito, ele já havia explicado em seus escritos por que razão é importante e como toda a Sagrada Escritura fala de reverência para com o Senhor, tanto no Antigo Testamento, no âmbito do templo sagrado de Jerusalém, como no Novo Testamento ante a pessoa de Jesus. Quando os olhos da fé se abrem, os apóstolos, e também os outros, caiem imediatamente de joelhos diante d´Ele. Além disso existe uma longa tradição neste sentido, na Igreja, a partir dos Padres da Igreja para a frente.
O mesmo se pode dizer no que diz respeito à Comunhão na boca. Por isso, estamos num momento em que devemos exercer o nosso discernimento para rezar e para reflectir e, se algo não andou bem, aceitar com grande humildade que nos enganamos. O meu sincero desejo é que toda a Igreja, como disse Mons. leia este gesto e o adopte para si mesma.