quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pio XII e os problemas modernos : A Santa Missa como remédio contra os males do tempo presente









Pio XII e os problemas modernos  : A Santa Missa como remédio contra os males do tempo presente

“Ao centro da preparação dos fiéis muitos párocos colocaram a santa missa para os homens. [...] Todavia, é de suma importância considerar os efeitos que dela se irradiam para os homens, até no campo eclesiástico e civil. Realmente:
[...] A tendência natural do homem caído para as coisas terrenas, a sua incapacidade de compreender as coisas do Espírito de Deus é infelizmente favorecida em nossos dias pela cumplicidade de tudo quanto o circunda. Muitas vezes Deus não é negado, nem injuriado, nem blasfemado; Ele é como que um grande ausente. A propaganda para uma vida terrestre sem Deus é aberta, sedutora, contínua. Com razão observou-se que geralmente, mesmo nos filmes indicados como moralmente irrepreensíveis, os homens vivem e morrem como se não existisse Deus, nem a Redenção, nem a Igreja. Nós não queremos aqui colocar em discussão as intenções; não é porém verdade que as conseqüências destas representações cinematográficas neutras, já se estenderam e aprofundaram? Adiciona-se ainda a isto a nefasta propaganda deliberadamente dirigida para a formação da família, da sociedade, do próprio Estado, sem Deus. É uma torrente cujas águas lodacentas tentam penetrar até no campo católico. Quantos já foram contaminados! Com a própria boca, eles se professam ainda católicos, mas não percebem que suas condutas desmentem com os fatos aquela profissão de fé.
Não há portanto mais tempo para se perder, para fazer parar com todas as forças este deslize de nossas próprias fileiras na irreliogiosidade e para acordar o espírito de oração e de penitência. A pregação das primeiras e principais verdades da fé e dos fins últimos, não somente nada perderam de sua oportunidade em nosso tempo, mas, antes, tornam-se mais que nunca necesssárias e urgentes. Também a pregação sobre o inferno é atual. Por sem dúvida, semelhante argumento deve ser tratado com dignidade e sabedoria. Mas quanto à substância mesma desta verdade a Igreja tem, diante de Deus e dos homens, o sagrado dever de anunciar, de ensinar sem qualquer atenuante, como Cristo a revelou, e não há nenhuma condição de tempo que possa fazer diminuir o rigor desta obrigação.
[...]
Um efeito da missa para os homens, efeito salutar não só para eles pessoalmente, mas também para as famílias, será que fecharão os olhos e o coração a tudo o que na imprensa, nos filmes, nos espetáculos, ofende o pudor e viola a lei natural. Onde, realmente, senão aqui, deverá verdadeiramente operar o espírito de penitência e de abnegação em união com Cristo?
Quando se pensa de uma parte, nas nauseantes cruezas e coisas impuras, colocadas em amostra nos jornais, nas revistas, nas telas, nas cenas, e de outra parte, as inconcebíveis aberrações dos progenitores que vão com seus filhos deleitarem-se com semelhantes horrores, o rubor sobe à face, rubor de vergonha e de desprezo. A luta contra aquela peste, especialmente assinalando-lhe as manifestações às autoridades públicas, conseguiu já conforante resultado, e Nós nutrimos esperanças que ela será sempre mais eficaz e benéfica.
[...]
Nós esperamos da comum assistência dos homens à santa missa também outro fruto de capital importância: queremos aludir ao espírito de docilidade e de plena adesão ao Romano Pontífice, e de fraterna a estreita união entre os fiéis, toda vez que se trata de defender a causa da Igreja. A causa da Igreja! Seus inimigos desencadearam contra Ela uma violenta companha de palavras e de escritos. Para eles todos os argumentos, também os mais absurdos, são bons, se servem para o fim a que tendem, e este fim é o de desagregar a unidade e a cooperação dos católicos, de abalar a confiança para com o Vigário de Cristo, para com os bispos e o clero. A arma preferida deles é a calúnia, porque sabem muito bem que nunca ela é totalmente inofensiva, mas inocula nos espíritos a dúvida, a suspeita, a crítica, e nos corações um desafeto, que por vezes chega até ao ódio. Assim, a obediência e a concórdia são expostas ao perigo de se tornaram a pouco e pouco corrutas e de serem destruídas. Relede a palavra de Cristo sobre o “pai da mentira”: o mesmo vale para esta campanha de calúnias.”
Pio XII – Discurso aos Párocos e Pregadores Quaresmalistas, 23 de março de 1949