- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Sermão nas Vésperas da Festa de Nossa Senhora de Fátima por don Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga, S. D. B. Cardeal Arcebispo de Tegucigalpa, Hondura
HOMILIA NO DIA 12 DE MAIO DE 2009
MISSA VOTIVA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Queridas irmãs e irmãos:
Na véspera da grande festa de Nossa Senhora de Fátima, celebramos hoje a Missa votiva do Sagrado Coração de Jesus, cuja devoção tem a sua origem no amor de Deus, Uno e Trino, que nos amou primeiro:
1. Na Eucaristia, presença viva do Corpo e Sangue de Cristo, entregue para nos salvar, agradecendo a prova suprema do seu amor por nós e aceitando o Pão da Vida, o alimento que nos conduz à vida eterna.
2 – No Coração de Cristo, com a urgência de responder a duas perguntas: Cremos no amor de Deus revelado em Cristo Jesus? Como agradecemos esse amor e correspondemos a Ele?
Sabemos que o desejo mais profundo do coração humano é amar e ser amado; mas, ao mesmo tempo, damo-nos conta que o amor está exposto a tantos obstáculos que o degradam, o aviltam e até o matam. Por isso, necessitamos de ser libertados e redimidos. Devemos aprender a amar com sinceridade e plenitude, integrando o nosso amor no amor de Deus que se fez homem para nos ensinar o que é o autêntico amor.
No Calvário, tudo parecia ter acabado, e assim o criam os que tinham crucificado Jesus. Mas o verdadeiro Cordeiro de Deus imolado trouxe a verdadeira e plena libertação da escravidão que é o ódio, o mal e o pecado.
É o amor que triunfa, o coração que se abre para derramar sobre todos nós as fontes da graça, de maneira que possamos compreender finalmente com que amor Deus nos amou.
O Coração de Cristo convida-nos a vê-lo todo à luz do seu amor sacrificado e triunfador do pecado e da morte. Do seu lado aberto brotaram sangue e água, simbolizando o nascimento da Igreja.
Com esta celebração sentimos Deus muito próximo, como um de nós que nos ama totalmente e dá tudo. Celebramos a humanidade de Deus.
E agradecendo esta grande dádiva, sentimo-nos mais motivados para o amor fraterno: louvar a Deus e partilhar a experiência, comunicando-a a todos os irmãos, dentro e fora da Igreja.
Deus quis falar-nos com uma linguagem humana para nos animar a experimentar a grandeza e a ternura do seu amor e para nos convidar a ser, diante de todas as nossas irmãs e irmãos, de todo o mundo, de todas as raças, de todos os tempos, mensageiros e testemunhas desse amor.
Um amor cheio de ternura e compreensão, um Cristo Redentor, Mestre, Irmão e Amigo por quem podemos aproximar-nos livre e confiadamente de Deus.
O Coração de Jesus recorda-nos o compromisso missionário renovado, a urgência do dever de evangelizar. Já o Papa João Paulo II nos recordava que “a fé se fortalece dando-a”. Abrir-nos à fecundidade do amor de Cristo para os nossos irmãos e irmãs será a melhor medicina contra o egoísmo e a auto-suficiência.
Ao celebrar esta Eucaristia, pomo-nos em contacto com o amor do Coração de Cristo. Que este amor nos encha de confiança e nos faça corresponder a Ele com o nosso próprio amor e com o amor que mostramos aos nossos irmãos.
Que o Coração de Cristo nos introduza no Coração de sua Santíssima Mãe, cuja festa celebraremos amanhã, e nos ajude a percorrer com Ela o seu itinerário de seguimento, até nas dificuldades da obscuridade da fé.
Santuário de Fátima, 12 de Maio de 2009
Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga, S. D. B.
Cardeal Arcebispo de Tegucigalpa, Honduras