sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Os sucessos do Papa Bento XVI

O pontificado do Papa Bento XVI tem se revelado um surpreendente sucesso, a despeito das reiteradas acusações de que seu “tradicionalismo” faria da Igreja uma espécie de “seita”, isolada em sua auto-complacência.

Há uma série de equívocos na afirmação de seus detratores.

Em primeiro lugar, Bento XVI não é um simples tradicionalista, em qualquer dos tons que se queira dar à palavra. Ele é mais que isto: é o guardião da Tradição. Segundo, a própria constituição da Igreja, recebida de seu Divino Fundador, a contrapõe a sectarismos de qualquer natureza. Terceiro, a Igreja não está se isolando.

Curiosamente, os mesmos que acusam a Igreja de isolacionismo se revoltam quando o Papa demarca a posição da mesma Igreja a respeito dos principais problemas que afligem a humanidade.

As audiências, cerimônias públicas e viagens pastorais demonstram cabalmente o reconhecimento de sua condição única de Pastor do Rebanho de Cristo por parte dos fiéis católicos. Querem vê-lo e ouvi-lo os jovens, os universitários, os políticos, os artistas, os cientistas, os intelectuais e os teólogos; querem vê-lo e ouvi-lo os simples. Nem todos o seguem, como alguns filhos desobedientes aos pais, mas percebem a gravidade e a eternidade de suas palavras.

Corrigiu um equívoco histórico ao declarar desimpedido o uso da Liturgia Romana tradicional. Revogou a excomunhão dos bispos da Fraternidade, num gesto de paterna benevolência, como primeiro passo no difícil processo de reconciliação e paz interna na Igreja.

Acusam-no de antiecumênico quando ninguém alcançou tanto em tão pouco tempo, restabelecendo as bases do verdadeiro ecumenismo católico. Intensificam-se as relações com os ortodoxos orientais e multiplicam-se as conversões dos protestantes.

Depois de sua generosa abertura para acolher os anglicanos, despertando fúria fora e dentro da Igreja, o Papa visitará a Grã-Bretanha, em setembro, a convite do primeiro-ministro. Será a primeira visita oficial de um Papa à Inglaterra e Escócia, já que a de João Paulo II foi uma visita pastoral. Será recebido pela Rainha, é provável que fale ao Parlamento e, não menos importante, beatificará o famoso convertido inglês, John Henry Newman. O rígido cerimonial de uma Visita Oficial de Chefe de Estado teve de se adaptar ao Santo Padre: não vai se hospedar em Buckingham, mas na nunciatura; não vai desfilar em carruagem aberta, mas no papamóvel; não vai comparecer ao banquete de gala – firulas de deixar qualquer presidentezinho deslumbrado.

Não obstante as tentativas de lançá-lo à ira de judeus e muçulmanos, o Papa foi recebido na Turquia, na Jordânia e em Israel. Deu um basta no diálogo entre religiões – que se caracterizam pela impossibilidade de diálogo – para reafirmar a importância do diálogo e da colaboração entre homens de várias religiões, e mesmo sem religião, tendo por base a lei naturalmente inscrita pelo Criador, para enfrentar os desafios do relativismo, do secularismo e do fundamentalismo.

Tais eventos contradizem os que gostariam de ver o Papa isolado, silenciado e paralisado.

Em pouco menos de cinco anos! Quem ousaria prever os desenvolvimentos de seu pontificado com tanto sucesso? Sucesso que não se mede em números, ou para usar suas próprias palavras: “Por isso, parece-me, não ser necessário levar em consideração os critérios quantitativos de sucesso. Não somos uma empresa comercial, que pode ter como unidade de medida as cifras e dizer; a nossa política produziu bons resultados e as vendas cresceram. Nós realizamos um serviço, que em última instância não está nas nossas mãos, mas nas de Deus”.