terça-feira, 17 de maio de 2011

Beato João Paulo II no legado que nos deixou, no que diz respeito à Sagrada Liturgia (sobretudo a Santa Missa), nos documentos do seu magistério.

ALLELUIA

Caríssimos irmãos, duas semanas depois da Beatificação do Papa João Paulo II, a ARS gostaria de prestar honra a este pastor, reconhecendo seus méritos sobretudo no legado que nos deixou, no que diz respeito à Sagrada Liturgia (sobretudo a Santa Missa), nos documentos do seu magistério.
Já que é tão interessante citarmos os santos homens e mulheres que adornam a Igreja, seguem várias citações do novo Bem-aventurado. Obviamente elas não esgotam toda a mensagem do Beato acerca do culto divino, mas ajudam-nos a compreender sua visão sobre ele.

Amai Jesus presente na Eucaristia. Ele está presente de modo sacrifical na Santa Missa, que renova o Sacrifício da Cruz. Ir à Missa significa ir ao Calvário para nos encontrarmos com Ele, nosso Redentor.


(Discurso aos jovens e crianças de associações e paróquias italianas. 08/11/1978)


Não é lícito nem no pensamento, nem na vida, nem na ação tirar a este Sacramento, verdadeiramente santíssimo, a sua plena dimensão e o seu significado essencial. Ele é ao mesmo tempo Sacramento-Sacrifício, Sacramento-Comunhão e Sacramento-Presença. Se bem que seja verdade que a Eucaristia foi sempre e deve ser ainda agora a mais profunda revelação e celebração da fraternidade humana dos discípulos e confessores de Cristo, ela não pode ser considerada simplesmente como uma "ocasião" para se manifestar uma tal fraternidade. No celebrar o Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor, é necessário respeitar a plena dimensão do mistério divino, o pleno sentido deste sinal sacramental (...). Daqui deriva o dever de uma rigorosa observância das normas litúrgicas e de tudo aquilo que testemunha o culto comunitário rendido ao mesmo Deus, tanto mais que Ele, neste sinal sacramental, Se nos entrega com confiança ilimitada, como se não tivesse em consideração a nossa fraqueza humana, a nossa indignidade, os nossos hábitos, a rotina, ou até mesmo a possibilidade de ultraje. Todos na Igreja, mas principalmente os Bispos e os Sacerdotes, devem vigiar para que este Sacramento de amor esteja no centro da vida do Povo de Deus e para que, através de todas as manifestações do culto devido, se proceda de molde a pagar "amor com amor" e a fazer com que Ele se torne verdadeiramente "a vida das nossas almas".

(Encíclica REDEMPTOR HOMINIS, 20. 04/03/1979)

A Igreja não se realiza somente mediante o fato da união entre os homens, através da experiência da fraternidade, a que dá ocasião o banquete eucarístico. A Igreja realiza-se quando naquela fraterna união e comunhão celebramos o sacrifício da Cruz de Cristo, quando anunciamos "a morte do Senhor até que Ele venha"; e, depois, quando profundamente compenetrados do mistério da nossa Salvação, nos aproximamos comunitariamente da mesa do Senhor, para alimentar-nos, de modo sacramental, dos frutos do Santo Sacrifício propiciatório.
Devemos estar sempre vigilantes, para que este grande encontro com Cristo na Eucaristia não se torne para nós um fato rotineiro, a fim de evitarmos recebê-lo indignamente, isto é, em estado de pecado mortal.
O Mistério eucarístico, disjunto da própria natureza sacrifical e sacramental, deixa simplesmente de ser tal. Ele não admite qualquer imitação "profana", a qual se tornaria muito facilmente (se não mesmo como regra) uma profanação. É preciso recordar isto sempre, e sobretudo no nosso tempo, talvez, quando observamos uma tendência para cancelar a distinção entre o "sacrum e o "profanum", dada a geral e difundida tendência (pelo menos em certas partes) para a "dessacralização" de todas as coisas. (...)
Todos aqueles que participam na Eucaristia, sem sacrificar como o celebrante, oferecem com ele, em virtude do sacerdócio comum, os seus próprios sacrifícios espirituais, representados pelo pão e pelo vinho, desde o momento da apresentação destes ao altar. (...)
O culto eucarístico matura e cresce quando as palavras da Oração eucarística, e especialmente as palavras da consagração, são pronunciadas com grande humildade e simplicidade, de maneira compreensível, bela e digna, correspondente à sua santidade; quando este acto essencial da Liturgia eucarística é feito sem pressa; quando há aplicação num recolhimento e numa devoção tais, que os participantes advirtam na grandeza do mistério que se está a realizar e o manifestem com o próprio comportamento. (...)
É preciso que todos nós, que somos ministros da Eucaristia, examinemos com atenção as nossas acções ao altar, em especial: o modo como tratamos aquela Comida e aquela Bebida, que são o Corpo e o Sangue do Senhor Nosso Deus nas nossas mãos; o modo como distribuímos a Sagrada Comunhão; e o modo como fazemos as purificações.
Todos estes actos tem o seu significado. Importa, naturalmente, evitar a escrupulosidade; mas, que Deus nos preserve de um comportamento destituído de respeito, de uma pressa inoportuna e de uma impaciência escandalosa.

(Carta Apostólica DOMINICÆ CENÆ, 4.7.9.11. 24/02/1980)

Em toda a parte deverá ser respeitado o espírito de todos aqueles que se sentem ligados à tradição litúrgica latina, mediante uma ampla e generosa aplicação das diretrizes, já há tempos emanadas pela Sé Apostólica, para o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962.

(Motu Proprio ECCLESIA DEI, 6c. 02/07/1988)

O sentido do sagrado deve ser salvaguardado com um discernimento atento, evitando tanto «sacralizar» exageradamente esse estilo litúrgico como privar os ritos ou as palavras santas do seu sentido próprio, que é o de significar o dom de Deus e a Sua presença santificante. Viver a acção litúrgica na santidade é acolher o Senhor, que vem perfazer em nós o que não podemos realizar só com as nossas forças.

(Discurso a bispos da França em visita Ad Limina Apostolorum. 08/03/1997)

[O culto da Igreja] é subjetivo naquilo que depende radicalmente da contribuição que os fiéis lhe oferecem; mas é objetivo naquilo que os transcende, como ato sacerdotal de Cristo mesmo, ao qual Ele nos associa mas que em última análise não depende de nós. Eis o motivo por que é tão importante que o cânone litúrgico seja respeitado. O sacerdote, que é servidor da liturgia e não o seu inventor nem o seu produtor, tem uma responsabilidade particular a este propósito, a fim de não desvirtuar a liturgia do seu verdadeiro significado ou obscurecer o seu carácter sagrado. O âmago do mistério do culto cristão é o sacrifício de Cristo, oferecido ao Pai, e a obra de Cristo ressuscitado que santifica o seu Povo mediante os sinais litúrgicos.

(Discurso a bispos dos EUA em visita Ad Limina Apostolorum. 09/10/1998)

A alegria "eucarística", que eleva os nossos "corações ao alto", é fruto do "movimento descendente" que Deus realizou vindo até nós, e que permanece inscrito para sempre na essência sacrifical da Eucaristia, suprema expressão e celebração do mistério da kénosis, ou seja, do despojamento mediante o qual Cristo "humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até a morte e morte de cruz".

(Carta Apostólica DIES DOMINI, 43. 31/05/1998)
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