domingo, 8 de maio de 2011

VISITA DO PAPA BENTO XVI A MESTRE E VENEZA

  Homilia do Papa em Mestre: “encarar tudo e todos com os olhos de Deus, à luz do seu amor”.

 




(8/5/2011) Bento XVI conclui neste domingo em Veneza a visita pastoral efectuada neste fim de semana que também teve etapas em Aquileia e Mestre
A minha presença no meio de vós deseja ser um apoio vivo aos esforços envidados para favorecer a solidariedade entre as dioceses do nordeste da Itália.
Na Missa celebrada na manhã deste domingo no parque San Giuliano de Mestre, Bento XVI exortou os cristãos do antigo Patriarcado de Aquileia a dar esperança á modernidade e a superar os medos do que é novo nas novas condições sociais e politicas do nosso tempo.
Caso contrário existe o risco de perder a enraizada identidade cristã destas terras. O Papa recordou os exemplos de santidade que vieram do Triveneto: S. Pio X, o beato João XXIII e também o Venerável José Toniolo, sociólogo e economista, expoente do sindicalismo católico, cuja beatificação, disse, já está próxima
Na celebração eucarística participaram, para além de mais de 200 mil pessoas, o Presidente da Câmara de Veneza e dois ministro do governo italiano.

Em conformidade com o lema desta viagem pastoral – “Tu confirma a nossa fé”, Bento XVI sublinhou na homilia, o seu desejo de fortalecer cada um na fidelidade ao Evangelho e num renovado empenho missionário”:

“Vim até ao meio de vós como Bispo de Roma e continuador do ministério de Pedro, para vos confirmar na fidelidade ao Evangelho e na comunhão. Vim para partilhar com os Bispos e Presbíteros a ânsia do anúncio missionário, que nos deve envolver a todos…”

Recordando que os pastores e fiéis presentes na celebração provêem duma extensa zona a nordeste da península italiana, representando “as comunidades eclesiais nascidas da Igreja – mãe de Aquileia”, o Santo Padre sublinhou a necessidade de, hoje como outrora, promover a vitalidade e a unidade da fé, na sua verdade:

“Como no passado, quando aquelas Igrejas se distinguiram pelo fervor apostólico e pelo dinamismo pastoral, também hoje há que promover e defender com coragem a verdade e a unidade da fé”.Há que dar contas ao homem moderno da esperança cristã, tantas vezes enredado em amplas e inquietantes problemáticas que põem em crise os próprios fundamentos do seu ser e do seu agir.

Comentando o Evangelho do dia, Bento XVI observou que, como os discípulos de Emaús, há que “deixar-se instruir por Jesus: antes de mais, escutando e amando a Palavra de Deus, lida à luz do Mistério Pascal, para que aqueça o nosso coração e ilumine a nossa mente, e nos ajude a interpretar os acontecimentos da vida, dando-lhes um sentido”. É preciso também “sentar-se à mesa com o Senhor, tornar-se seus comensais, para que a sua presença humilde no Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue nos restitua o olhar da fé, para encarar tudo e todos com os olhos de Deus, à luz do seu amor”.

“Mesmo um povo tradicionalmente católico pode advertir em sentido negativo, ou assimilar quase inconscientemente, o contágio de uma cultura que acaba por insinuar um modo de pensar no qual se recusa abertamente, ou se contrasta indirectamente a mensagem evangélica.”

Recordando, quase a concluir, que à volta de Aquileia se vieram a encontrar unidos povos de línguas e culturas diversas, numa convergência favorecida não só por exigências políticas mas fruto sobretudo da fé em Cristo e da civilização inspirada pelo ensinamento evangélico”, o Papa convidou as Igrejas de toda esta vasta zona, a uma comunhão de vida humana e cristã que supere as fronteiras e se preocupe pelas condições de vida das pessoas, dos povos, das sociedades:


“As igrejas geradas por Aquileia estão hoje em dia chamadas a reforçar aquela antiga unidade espiritual, em particular à luz do fenómeno da imigração e das novas circunstâncias geopolíticas em curso. A fé cristã pode sem dúvida contribuir para a consistência concreta desse programa, que diz respeito ao desenvolvimento harmónico e integral do homem e da sociedade em que se vive.
A minha presença no meio de vós pretende ser um vigoroso apoio aos esforços desenvolvidos para favorecer a solidariedade entre as vossas dioceses… Quer ser um encorajamento a todas as iniciativas que visam superar aquelas divisões que poderiam destruir as aspirações à justiça e à paz”.





Avançai confiantes pelo caminho da nova evangelização, no serviço amoroso aos pobres e no testemunho corajoso no interior das várias realidades sociais. Bento XVI em Veneza
Pope Benedict XVI waves as he is carried by a boat in the Gran Canal during his pastoral visit in Venice May 8, 2011. Reuters Pictures logo




(8/5/2011) Na alocução dirigida aos padres, religiosos e leigos congregados na basílica de São Marcos numa assembleia conclusiva da visita pastoral que o Patriarca, cardeal Ângelo Scola, realizou nos últimos seis anos a todas as paróquias do patriarcado, Bento XVI exortou a uma profunda renovação de vida pessoal e comunitária, humana e pastoral, com renovado empenho missionário, caridade ativa e uma atenção à atividade educativa de crianças e jovens.
O Papa partiu do episódio evangélico de Zaqueu, cujo desejo de ver Jesus é premiado com a visita que o Senhor faz a sua casa, encontro a que corresponde uma profunda conversão de vida:

“Amada Igreja que estás em Veneza! Imita o exemplo de Zaqueu e anda para a frente! Ultrapassa (e ajuda o homem de hoje a ultrapassar) os obstáculos do individualismo, do relativismo; nunca te deixes arrastar para baixo, pelas faltas que possam marcar as comunidades cristãs… Como sucessor do Apóstolo Pedro… repito a cada um de vós: não tenhais medo de ir contra-corrente para encontrar Jesus, não tenhais medo de levantar os olhos para o alto a fim de cruzar o seu olhar.”

O Papa evocou o mosaico da basílica de São Marcos onde este evangelista entrega o seu Evangelho a São Pedro…

“Hoje, simbolicamente, venho de novo entregar o Evangelho a vós, filhos espirituais de São Marcos, para vos confirmar na fé e vos encorajar, perante os desafios do momento presente. Avançai confiantes pelo caminho da nova evangelização, no serviço amoroso aos pobres e no testemunho corajoso no interior das várias realidades sociais. Não esqueçais que sois portadores de uma mensagem para todos os homens e para o homem todo: mensagem de fé, de esperança e de caridade.”





O Evangelho é a maior força de transformação do mundo, mas não é uma utopia, nem uma ideologia. Bento XVI aos representantes do mundo da cultura, da arte e da economia.
  
VENICE, ITALY - MAY 08: A gust of wind lifts Pope Benedict XVI's cape as he leaves St. Mark's Square on board an electric car on May 8, 2011 in Venice, Italy. Pope Benedict XVI is visiting Venice, some 26 years after predecessor Pope John Paul II last visited city.




(8/5/2011) “Água”, “Saúde” e “Sereníssima”: foram estas “três palavras ligadas a Veneza” o fio condutor do discurso que Bento XVI pronunciou na igreja de Santa Maria da Saúde, em frente da Praça de São Marcos, com representantes do mundo da cultura, da arte e da economia.

Antes de mais, Veneza é “Cidade de água”. Observando que se trata de um símbolo ambivalente, de vida e de morte, o Santo Padre evocou “um célebre sociólogo contemporâneo (o polaco Zygmunt Bauman), que definiu como “líquida” a nossa sociedade, assim como a cultura europeia, para exprimir a sua “fluidez”, a… ausência de estabilidade, a mutabilidade, a inconsistência que por vezes a caracteriza. No caso de Veneza, mais do que como cidade “líquida”, o Papa prefere encará-la como cidade “da vida e da beleza”. Trata-se de uma escolha, mas na história há que fazer escolhas…

“Trata-se de escolher entre uma cidade líquida, pátria de uma cultura que aparece cada vez mais como a cultura do relativo e do efémero, e uma cidade que renova constantemente a sua beleza, bebendo das nascentes benéficas da arte, do saber, das relações entre os homens e entre os povos”.

Passando à segunda “palavra” escolhida para estruturar o seu discurso ao mundo da cultura, Bento XVI fez notar o facto de este encontro se realizar na basílica de Santa Maria da Saúde, uma das mais conhecidas igrejas de Veneza, edificada em cumprimento de uma promessa a Nossa Senhora pela libertação da peste de 1630. “Da Virgem de Nazaré – reflectiu Bento XVI – tem origem Aquele que dá a saúde, que é aliás uma realidade abrangente…

Saúde é uma realidade omnicompreensiva, integral: vai do sentir-se bem, que nos permite viver serenamente uma jornada de estudo e de trabalho, ou de férias, até à salus animae, de que depende o nosso destino eterno”.

Deus interessa-se e “cuida de tudo isto, sem nada excluir. Toma a seu cuidado a nossa saúde, no sentido pleno” – prosseguiu o Papa, recordando como os Evangelhos apresentam Jesus que salva o homem, não só da doença, mas do pecado que o paralisa e desfigura. Na verdade, a nossa saúde, é o próprio Senhor Jesus…

“Jesus salva o homem colocando-o novamente na relação salutar com o Pai, na graça do Espírito Santo. Imerge-o nesta corrente pura e vivificante que liberta o homem das suas paralisias físicas, psíquicas, espirituais. Cura-o da dureza de coração, do dobrar-se de modo egocêntrico sobre si mesmo, e fá-lo apreciar a possibilidade de se encontrar verdadeiramente a si mesmo perdendo-se por amor de Deus e do próximo”.

Como diz Santo Ireneu numa célebre expressão, “Gloria Dei vivens homo, vita autem hominis visio Dei”. Ou seja, “glória de Deus é a saúde plena do homem, e esta consiste em estar em relação profunda com Deus”. Ou então, “em termos caros ao neo-beato João Paulo II: o homem é a via da Igreja, e o Redentor do homem é Cristo”.

Passando ao terceiro e último ponto do seu discurso, centrado sobre o “estupendo” título atribuído à República de Veneza – “Sereníssima”, Bento XVI observou que, embora seja um termo utópico, em relação à realidade terrena, é todavia capaz de suscitar não só memórias de glórias passadas, mas também ideais estimulantes na projetação do futuro da Cidade e da Região…

“O nome Sereníssima fala-nos de uma civilização da paz, assente no respeito mútuo, no conhecimento recíproco, nas relações de amizade. Veneza tem uma longa história e um rico património humano, espiritual e artístico, para ser capaz, também hoje, de oferecer um precioso contributo que ajude os homens a crerem num futuro melhor e a empenharem-se em construí-lo”.

Para tal, contudo – advertiu o Papa – Veneza “não deve ter medo de um outro elemento emblemático, contido no brasão de São Marcos: o Evangelho”.

“O Evangelho é a maior força de transformação do mundo, mas não é uma utopia, nem uma ideologia. As primeiras gerações cristãs chamavam-lhe antes “o caminho”, isto é, o modo de viver que Cristo tinha praticado e que nos convida a seguir”.

É por este caminho – a vida da caridade na verdade (concluiu o Papa) - que se chega à cidade sereníssima (a cidade celeste, a nova Jerusalém de que fala o livro do Apocalipse). Sem nunca esquecer, como recorda o Concílio Vaticano II, que “não há que caminhar pela estrada da caridade só nas grandes coisas, mas sim e sobretudo nas circunstâncias ordinárias da vida” e que, a exemplo de Cristo, “é necessário levara também a cruz, aquele que a carne e o mundo colocam aos ombros dos que procuram a justiça e a paz”.

Benedetto XVI alla Recita del Regina Caeli nel Parco San Giuliano (Mestre, 8 maggio 2011)


BENEDETTO XVI

REGINA CÆLI

Parco San Giuliano - Mestre
Domenica, 8 maggio 2011

Cari fratelli e sorelle!

Al termine di questa solenne Celebrazione eucaristica, volgiamo lo sguardo a Maria, Regina Caeli. All’alba della Pasqua, Ella divenne la Madre del Risorto e la sua unione con Lui è così profonda che là dove il Figlio è presente non può mancare la Madre. In questi vostri splendidi luoghi, dono e segno della bellezza di Dio, quanti Santuari, chiese e cappelle sono dedicati a Maria! In Lei si riflette il volto luminoso di Cristo. Se la seguiamo docilmente, la Vergine ci conduce a Lui. In questi giorni del Tempo pasquale, lasciamoci conquistare dal Cristo risorto. In Lui ha inizio il mondo nuovo di amore e di pace che costituisce la profonda aspirazione di ogni cuore umano. Il Signore conceda a voi, abitanti di queste Terre ricche di una lunga storia cristiana, di vivere il Vangelo sul modello della Chiesa nascente, nella quale “la moltitudine di coloro che erano venuti alla fede aveva un cuor solo e un’anima sola” (At 4,32).

Invochiamo Maria Santissima, che ha sostenuto i primi testimoni del suo Figlio nella predicazione della Buona Novella, affinché sostenga anche oggi le fatiche apostoliche dei Sacerdoti; renda feconda la testimonianza dei Religiosi e delle Religiose; animi la quotidiana opera dei genitori nella prima trasmissione della fede ai loro figli; illumini la strada dei giovani perché camminino fiduciosi sulla via tracciata dalla fede dei padri; colmi di ferma speranza i cuori degli anziani; conforti con la sua vicinanza gli ammalati e tutti i sofferenti; rafforzi l’opera dei numerosi laici che collaborano attivamente alla nuova evangelizzazione, nelle Parrocchie, nelle Associazioni, come l’Azione Cattolica, così radicata e presente in queste Terre, nei Movimenti, che, con la varietà dei loro carismi e della loro azione, sono un segno della ricchezza del tessuto ecclesiale – penso a realtà come il Movimento dei Focolari, Comunione e Liberazione o il Cammino Neocatecumenale, per citarne solo alcune. Tutti incoraggio a lavorare con vero spirito di comunione in questa grande vigna nella quale il Signore ci ha chiamati ad operare. Maria, Madre del Risorto e della Chiesa, prega per noi!

© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana


SANTA MESSA

OMELIA DEL SANTO PADRE BENEDETTO XVI

Parco San Giuliano - Mestre
Domenica, 8 maggio 2011


Cari fratelli e sorelle!

Sono molto lieto di essere oggi in mezzo a voi e celebrare con voi e per voi questa solenne Eucaristia. È significativo che il luogo prescelto per questa Liturgia sia il Parco di San Giuliano: uno spazio dove abitualmente non si celebrano riti religiosi, ma manifestazioni culturali e musicali. Oggi, questo spazio ospita Gesù risorto, realmente presente nella sua Parola, nell’assemblea del Popolo di Dio con i suoi Pastori e, in modo eminente, nel sacramento del suo Corpo e del suo Sangue. A voi, venerati Fratelli Vescovi, con i Presbiteri e i Diaconi, a voi religiosi, religiose e laici rivolgo il mio più cordiale saluto, con un pensiero speciale per gli ammalati e gli infermi qui presenti, accompagnati dall’UNITALSI. Grazie per la vostra calorosa accoglienza! Saluto con affetto il Patriarca, Cardinale Angelo Scola, che ringrazio per le toccanti parole che mi ha indirizzato all’inizio della santa Messa. Rivolgo un deferente pensiero al Sindaco, al Ministro per i Beni e le Attività Culturali in rappresentanza del Governo, al Ministro del Lavoro e delle Politiche Sociali ed alle Autorità civili e militari, che con la loro presenza hanno voluto onorare questo nostro incontro. Un ringraziamento sentito a quanti hanno generosamente offerto la loro collaborazione per la preparazione e lo svolgimento di questa mia Visita Pastorale. Grazie di cuore!

Il Vangelo della Terza Domenica di Pasqua - ora ascoltato - presenta l’episodio dei discepoli di Emmaus (cfr Lc 24,13-35), un racconto che non finisce mai di stupirci e di commuoverci. Questo episodio mostra le conseguenze che Gesù risorto opera nei due discepoli: conversione dalla disperazione alla speranza; conversione dalla tristezza alla gioia; e anche conversione alla vita comunitaria. Talvolta, quando si parla di conversione, si pensa unicamente al suo aspetto faticoso, di distacco e di rinuncia. Invece, la conversione cristiana è anche e soprattutto fonte di gioia, di speranza e di amore. Essa è sempre opera di Cristo risorto, Signore della vita, che ci ha ottenuto questa grazia per mezzo della sua passione e ce la comunica in forza della sua risurrezione.

Cari fratelli e sorelle! Sono venuto tra voi come Vescovo di Roma e continuatore del ministero di Pietro, per confermarvi nella fedeltà al Vangelo e nella comunione. Sono venuto per condividere con i Vescovi e i Presbiteri l’ansia dell’annuncio missionario, che tutti ci deve coinvolgere in un serio e ben coordinato servizio alla causa del Regno di Dio. Voi, oggi qui presenti, rappresentate le Comunità ecclesiali nate dalla Chiesa madre di Aquileia. Come in passato, quando quelle Chiese si distinsero per il fervore apostolico e il dinamismo pastorale, così anche oggi occorre promuovere e difendere con coraggio la verità e l’unità della fede. Occorre rendere conto della speranza cristiana all’uomo moderno, sopraffatto non di rado da vaste ed inquietanti problematiche che pongono in crisi i fondamenti stessi del suo essere e del suo agire.


Voi vivete in un contesto nel quale il Cristianesimo si presenta come la fede che ha accompagnato, nei secoli, il cammino di tanti popoli, anche attraverso persecuzioni e prove molto dure. Di questa fede sono eloquente espressione le molteplici testimonianze disseminate ovunque: le chiese, le opere d’arte, gli ospedali, le biblioteche, le scuole; l’ambiente stesso delle vostre città, come pure delle campagne e delle montagne, tutte costellate di riferimenti a Cristo. Eppure, oggi questo essere di Cristo rischia di svuotarsi della sua verità e dei suoi contenuti più profondi; rischia di diventare un orizzonte che solo superficialmente - e negli aspetti piuttosto sociali e culturali -, abbraccia la vita; rischia di ridursi ad un cristianesimo nel quale l’esperienza di fede in Gesù crocifisso e risorto non illumina il cammino dell’esistenza, come abbiamo ascoltato nel Vangelo odierno a proposito dei due discepoli di Emmaus, i quali, dopo la crocifissione di Gesù, facevano ritorno a casa immersi nel dubbio, nella tristezza e nella delusione. Tale atteggiamento tende, purtroppo, a diffondersi anche nel vostro territorio: questo avviene quando i discepoli di oggi si allontanano dalla Gerusalemme del Crocifisso e del Risorto, non credendo più nella potenza e nella presenza viva del Signore. Il problema del male, del dolore e della sofferenza, il problema dell’ingiustizia e della sopraffazione, la paura degli altri, degli estranei e dei lontani che giungono nelle nostre terre e sembrano attentare a ciò che noi siamo, portano i cristiani di oggi a dire con tristezza: noi speravamo che il Signore ci liberasse dal male, dal dolore, dalla sofferenza, dalla paura, dall’ingiustizia.


È necessario, allora, per ciascuno di noi, come è avvenuto ai due discepoli di Emmaus, lasciarsi istruire da Gesù: innanzitutto, ascoltando e amando la Parola di Dio, letta nella luce del Mistero Pasquale, perché riscaldi il nostro cuore e illumini la nostra mente, e ci aiuti ad interpretare gli avvenimenti della vita e dare loro un senso. Poi, occorre sedersi a tavola con il Signore, diventare suoi commensali, affinché la sua presenza umile nel Sacramento del suo Corpo e del suo Sangue ci restituisca lo sguardo della fede, per guardare tutto e tutti con gli occhi di Dio, nella luce del suo amore. Rimanere con Gesù che è rimasto con noi, assimilare il suo stile di vita donata, scegliere con lui la logica della comunione tra di noi, della solidarietà e della condivisione. L’Eucaristia è la massima espressione del dono che Gesù fa di se stesso ed è un invito costante a vivere la nostra esistenza nella logica eucaristica, come un dono a Dio e agli altri.

Il Vangelo riferisce anche che i due discepoli, dopo aver riconosciuto Gesù nello spezzare il pane, «partirono senza indugio e fecero ritorno a Gerusalemme» (Lc 24,33). Essi sentono il bisogno di ritornare a Gerusalemme e raccontare la straordinaria esperienza vissuta: l’incontro con il Signore risorto. C’è un grande sforzo da compiere perché ogni cristiano, qui nel Nord-est come in ogni altra parte del mondo, si trasformi in testimone, pronto ad annunciare con vigore e con gioia l’evento della morte e della risurrezione di Cristo. Conosco la cura che, come Chiese del Triveneto, ponete nel cercare di comprendere le ragioni del cuore dell’uomo moderno e come, richiamandovi alle antiche tradizioni cristiane, vi preoccupate di tracciare le linee programmatiche della nuova evangelizzazione, guardando con attenzione alle numerose sfide del tempo presente e ripensando il futuro di questa regione. Desidero, con la mia presenza, sostenere la vostra opera e infondere in tutti fiducia nell’intenso programma pastorale avviato dai vostri Pastori, auspicando un fruttuoso impegno da parte di tutte le componenti della Comunità ecclesiale.


Anche un popolo tradizionalmente cattolico può, tuttavia, avvertire in senso negativo, o assimilare quasi inconsciamente, i contraccolpi di una cultura che finisce per insinuare un modo di pensare nel quale viene apertamente rifiutato, o nascostamente ostacolato, il messaggio evangelico. So quanto sia stato e quanto continui ad essere grande il vostro impegno nel difendere i perenni valori della fede cristiana. Vi incoraggio a non cedere mai alle ricorrenti tentazioni della cultura edonistica ed ai richiami del consumismo materialista. Accogliete l’invito dell’Apostolo Pietro, contenuto nella seconda Lettura odierna, a comportarvi «con timore di Dio nel tempo in cui vivete quaggiù come stranieri» (1 Pt 1,17); invito che si concretizza in una vita vissuta intensamente nelle strade del nostro mondo, nella consapevolezza della meta da raggiungere: l’unità con Dio, nel Cristo crocifisso e risorto. Infatti, la nostra fede e la nostra speranza sono rivolte a Dio (cfr 1 Pt 1,21): rivolte a Dio perché radicate in Lui, fondate sul suo amore e sulla sua fedeltà. Nei secoli passati, le vostre Chiese hanno conosciuto una ricca tradizione di santità e di generoso servizio ai fratelli, grazie all’opera di zelanti sacerdoti e religiosi e religiose di vita attiva e contemplativa. Se vogliamo metterci in ascolto del loro insegnamento spirituale, non ci è difficile riconoscere l’appello personale e inconfondibile che essi ci rivolgono: Siate santi! Ponete al centro della vostra vita Cristo! Costruite su di Lui l’edificio della vostra esistenza. In Gesù troverete la forza per aprirvi agli altri e per fare di voi stessi, sul suo esempio, un dono per l’intera umanità.

Attorno ad Aquileia si ritrovarono uniti popoli di lingue e culture diverse, fatti convergere non solo da esigenze politiche ma, soprattutto, dalla fede in Cristo e dalla civiltà ispirata dall’insegnamento evangelico, la Civiltà dell’Amore. Le Chiese generate da Aquileia sono chiamate oggi a rinsaldare quell’antica unità spirituale, in particolare alla luce del fenomeno dell’immigrazione e delle nuove circostanze geopolitiche in atto. La fede cristiana può sicuramente contribuire alla concretezza di un tale programma, che interessa l’armonico ed integrale sviluppo dell’uomo e della società in cui egli vive. La mia presenza tra voi vuole essere, perciò, anche un vivo sostegno agli sforzi che vengono dispiegati per favorire la solidarietà fra le vostre Diocesi del Nord-est. Vuole essere, inoltre, un incoraggiamento per ogni iniziativa tendente al superamento di quelle divisioni che potrebbero vanificare le concrete aspirazioni alla giustizia e alla pace.

Questo, fratelli, è il mio auspicio, questa è la preghiera che rivolgo a Dio per tutti voi, invocando la celeste intercessione della Vergine Maria e dei tanti Santi e Beati, tra i quali mi è caro ricordare san Pio X e il beato Giovanni XXIII, ma anche il Venerabile Giuseppe Toniolo, la cui beatificazione è ormai prossima. Questi luminosi testimoni del Vangelo sono la più grande ricchezza del vostro territorio: seguite i loro esempi e i loro insegnamenti, coniugandoli con le esigenze attuali. Abbiate fiducia: il Signore risorto cammina con voi, ieri, oggi e sempre. Amen.

© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana

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Pope Benedict XVI is cheered by faithful at the Aquileia basilica, Italy, Saturday, May 7, 2011. Inside the basilica, resplendent with ancient mosaics, the pope addressed bishops from northeastern Italy as well as from Germany, Austria, Slovenia and Croatia in a meeting aimed at renewing ancient ties. Pope Benedict XVI arrives in Venice Saturday for a two-day pastoral visit, the first by a pope since his predecessor John Paul II plied the canals 26 years ago in a gondola built for Venice's Byzantine-era rulers.

 

 



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Papst in Aquileia: „Neue Politiker für Italien, Kirche soll dabei helfen“

VENICE, ITALY - MAY 07:  Pope Benedict XVI (R), accompanied by Patriarch of Venice Angelo Scola, greets the crowd gathered in St Mark's Square while crossing the square on an electric vehicle on May 7, 2011 in Venice, Italy. Pope Benedict XVI is visiting Venice until May 8, some 26 years after his predecessor Pope John Paul II last visited the city.    



In der Basilika von Aquileia traf der Papst im Anschluss mit Vertretern der 15 Diözesen der Region zu einer Vesperfeier zusammen, darunter den Organisatoren des fürs kommende Jahr geplanten Zweiten Kirchentages von Nordostitalien 2012: „Secondo Convegno delle Chiese del Triveneto - Aquileia 2012“. Die prachtvolle romanische Kirche aus dem 11. Jahrhundert ist berühmt für ihre Mosaiken aus dem zweiten bis vierten Jahrhundert, die größten zusammenhängenden aus frühchristlicher Zeit. Bei der Vesper mit dabei war der Patriarch von Venedig, Kardinal Angelo Scola, sowie der Erzbischof von Gorizia, Dino De Antoni, und der Erzbischof von Padua, Antonio Mattiazzo.

In seiner Predigt ermutigte der Papst die italienischen Kirchen dazu, im modernen Italien aktiv zur moralischen und politischen Bildung beizutragen: Es brauche eine „neue Generation von Männern und Frauen, die dazu in Lage sind, direkte Verantwortung in verschiedenen gesellschaftlichen Bereichen zu übernehmen, insbesondere im politischen Bereich“, so der Papst:

„Dieser Bereich braucht mehr denn je Menschen, insbesondere junge Menschen, die ein gutes Leben zum Wohl und im Dienst aller aufbauen können. Dieses Einsatzes dürfen sich Christen in der Tat nicht entziehen (…).“
Weiter gehörten zur Mission der Kirche die karitative Arbeit – also die Unterstützung von Bedürftigen, Armen und Kranken, sowie die Stärkung der Jugend und insbesondere der Familie, die in Italien angesichts zerrütteter Ehen immer mehr in die Krise gerate. Benedikt XVI.:

„Habt Sorge darum, die Familie ins Zentrum eurer Aufmerksamkeit zu setzen, die Wiege der Liebe und des Lebens und Grundzelle der Gesellschaft und Kirchengemeinschaft. Dieser pastorale Einsatz wird angesichts der immer verbreiteteren Krise des Ehelebens und der sinkenden Geburtenrate immer dringlicher.“
Der für das kommende Jahr geplante Zweite Nordostitalienische Kirchentag sei eine Einladung dazu, „die aktuell tiefgreifenden Veränderungen mit den Augen des Glaubens zu lesen“, so der Papst, ebenso „die neuen Herausforderungen“ der so genannten Neuevangelisierung - will heißen der Frage, wie der Glaube in europäischen Ländern katholischer Tradition aufgefrischt und gestärkt werden kann.

„Schützt, stärkt, lebt dieses kostbare Erbe“, so Benedikts Appell an die norditalienischen Gläubigen, „ja verteidigt es eifersüchtig!“, fuhr er fort: Mit Blick auf die kulturelle und religiöse Vielfalt der Region, die „in Europa Kreuzungspunkt zwischen Ost und West, Nord und Süd“ sei sowie durch Migration und Tourismus gekennzeichnet sei, gelte es die christliche Identität „direkt und ehrlich“ zu zeigen, ermutigte der Papst.

Auf die Früchte des christlichen Erbes in der italienischen Gesellschaft ging der Papst dann auch explizit ein. So sei der Nordosten Italiens „Zeuge und Erbe einer reichen Geschichte des Glaubens, der Kultur und der Kunst, deren Spuren auch in der heutigen säkularisierten Gesellschaft gut sichtbar“ seien – zum Beispiel in der Liebenswürdigkeit, Emsigkeit und Hartnäckigkeit der Italiener, die sich auch in Barmherzigkeit und Solidarität zeigten:

„Trotz des verbreiteten Materialismus gibt es klare Zeichen einer Öffnung zur transzendenten Dimension hin“, so der Papst, „es gibt einen grundlegenden Sinn der Religiosität, den fast die Gesamtheit der Bevölkerung teilt. Dazu zählt auch die Erneuerung christlicher Initiation, die vielfältigen Ausdrucksformen des Glaubens, der Barmherzigkeit und der Kultur, die Volksreligiosität, der Sinn für Solidarität und das Ehrenamt.“
Angesichts der „oft übertriebenen Suche nach wirtschaftlichem Wohlstand“ in einer Zeit der „wirtschaftlichen und finanziellen Krise“ müssten Subjektivismus und Materialismus überwunden werden, so der Papst weiter. Es gelte eine menschlichere, gerechtere und solidarischere Gesellschaft aufzubauen, die im Dienste des Gemeinwohls stehen müsse.

Papst in Aquileia: „Historisches Zentrum einer mutigen Kirche – auch heute Vorbild“
VENICE, ITALY - MAY 07:  Pope Benedict XVI speaks to the faithfull during the welcoming ceremony in St Mark's Square with the Patriarch of Venice Cardinal Angelo Scola (L) and the Mayor of Venice Giorgio Orsoni (R) on May 7, 2011 in Venice, Italy. Pope Benedict XVI is visiting Venice until May 8, some 26 years after his predecessor Pope John Paul II last visited the city.




RealAudioMP3 Erste Station des zweitägigen Pastoralbesuches von Benedikt XVI. war am Samstagnachmittag die nordostitalienische Provinzstadt Aquileia. Heute leben dort nicht einmal 4.000 Einwohner, im Mittelalter war Aquileia dagegen Zentrum einer der größten Diözesen Europas. Um kurz nach 16.00 Uhr landete der Papst am Flughafen Triest-Ronchi dei Legionari, von wo aus er im Auto in die alte Patriarchenstadt fuhr. In Empfang genommen wurde er bereits am Flughafen vom Patriarchen von Venedig, Kardinal Angelo Scola, den Erzbischöfen von Gorizia und Udine, Dino De Antoni und Andrea Bruno Mazzocato, sowie weiteren Würdenträgern.

Applaus und Gesang ertönten, als der Papst bei strahlendem Wetter im Papamobil auf die übervolle Piazza del Capitolo in Aquileia einfuhr und vorne auf einem Stuhl mit hoher Lehne Platz nahm, direkt vor den antiken Mauern der Basilika, einem eleganten Bau aus dem 11. Jahrhundert. Nach den Grußworten des Bürgermeisters, Alviano Scarel, würdigte der Papst in seiner im Stehen verlesenen Begrüßungsansprache Aquileia als historisches Zentrum einer lebendigen und mutigen Kirche, die auch heute Vorbild sein könne:
„Die Größe von Aquileia liegt nicht nur darin, dass diese Stadt die neuntgrößte des Imperiums und die viertgrößte Italiens war, sondern in ihrer lebendigen und vorbildlichen Kirche, die zu einer authentischen Verkündigung des Evangeliums fähig war, das sie mutig in den umliegenden Regionen verbreitete und das sie für Jahrhunderte bewahrte und nährte. Deshalb erweise ich dieser gesegneten Erde die Ehre, die vom Blut zahlreicher Märtyrer getränkt und vom Opfer vieler Glaubenszeugen gezeichnet ist. Ich bitte die Heiligen Märtyrer von Aquileia darum, auch heute in der Kirche mutige und treue Jünger Christi zu erwecken, die sich nur zu Ihm bekennen und deshalb überzeugt und überzeugend sind.“

Nachdem Kaiser Konstantin den Christen im vierten Jahrhundert Religionsfreiheit gewährte, konnte sich Aquileia im Laufe des fünften Jahrhunderts zu einem wichtigen Zentrum der Kirche entwickeln. Wie ein „schlagendes Herz“ pumpte das Glaubenszentrum missionarisches Blut bis weit in Norden hinauf, bis ins heutige Österreich, Bayern, Tirol und Slowenien. Auch einige Kirchen im heutigen Kroatien und Ungarn gehen auf die von Aquileia ausgehende Mission zurück. Unter den geistlichen Führern, die dazu beigetragen haben, nannte der Papst den heiligen Chromatius und Bischof von Aquileia. Er wandte sich auf dem Konzil von Aquileia im Jahr 381 gegen die Lehren des Arianismus, dessen Anhänger die Gottheit Christi leugneten. Möge die Glaubensstärke eurer Glaubensväter euch im eigenen Glauben bestärken, so die Botschaft Benedikt XVI. an seine Zuhörer, möge sie euch Beispiel der Einheit und Völkerverständigung sein:

„Entdeckt in dieser Stunde der Geschichte wieder diese grundlegende Wahrheit, verteidigt sie und bekundet sie mit geistlicher Wärme. Denn nur durch Christus erhält die Menschheit Hoffnung und eine Zukunft, nur durch ihn kann sie die Bedeutung und Stärke der Vergebung begreifen, der Gerechtigkeit und des Friedens. Haltet den Glauben und die Werke eurer Herkunft mit Mut immer lebendig!“

Das nur 30 Kilometer von der slowenischen Grenze entfernte Aquileia liegt heute in der zweisprachigen Erzdiözese Gorizia. Dementsprechend richtete der Papst seine Grüße in verschiedenen Sprachen an die versammelten Gläubigen: auf Slowenisch, Kroatisch und Deutsch:
„Von Herzen grüße ich die Gläubigen deutscher Sprache. Aus den angestammten christlichen Wurzeln eurer Heimat mögen in euren Gemeinden weiterhin reiche Früchte hervorgehen. Gott segne euch!“

In seinen Grüßen an die kroatischen Gläubigen erinnerte der Papst an seine nächste Pastoralreise nach Kroatien Anfang Juni. Anschließend spendete er den Gläubigen auf der Piazza den apostolischen Segen.