Revolução e Contra-Revolução
Plinio Corrêa de
Oliveira
Em nossa última edição, transcrevemos tópicos do Capítulo VII,
item 2 da I Parte de Revolução e Contra-Revolução em que o Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira explica os conceitos de legitimidade, cultura e civilização
católica. A seguir veremos porque a civilização e a cultura por excelência só
são possíveis no grêmio da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
C. Caráter sacral da civilização católica
Está implícito que uma tal ordem de coisas é fundamentalmente
sacral, e que ela importa no reconhecimento de todos os poderes da Santa Igreja,
e particularmente do Sumo Pontífice: poder direto sobre as coisas espirituais,
poder indireto sobre as coisas temporais, enquanto dizem respeito à salvação das
almas.
Realmente, o fim da sociedade e do Estado é a vida virtuosa em
comum. Ora, as virtudes que o homem é chamado a praticar são as virtudes
cristãs, e destas a primeira é o amor de Deus. A sociedade e o Estado têm, pois,
um fim sacral. (1)
Por certo é à Igreja que pertencem os meios próprios para
promover a salvação das almas. Mas a sociedade e o Estado têm meios
instrumentais para o mesmo fim, isto é, meios que, movidos por um agente mais
alto, produzem efeito superior a si mesmos.
D. Cultura e civilização por excelência
De todos estes dados é fácil inferir que a cultura e a
civilização católica são a cultura por excelência e a civilização por
excelência. É preciso acrescentar que não podem existir senão em povos
católicos. Realmente, se bem que o homem possa conhecer os princípios da Lei
Natural por sua própria razão, não pode um povo, sem o Magistério da Igreja,
manter-se duravelmente no conhecimento de todos eles.(2) E, por este motivo, um
povo que não professe a verdadeira Religião não pode duravelmente praticar todos
os Mandamentos (3). Nestas condiçöes, e como sem o conhecimento e a observância
da Lei de Deus não pode haver ordem cristã, a civilização e a cultura por
excelência só são possíveis no grêmio da Santa Igreja. Com efeito, de acordo com
o que disse São Pio X, a civilização "é tanto mais verdadeira, mais durável,
mais fecunda em frutos preciosos, quanto mais puramente cristã; tanto mais
decadente, para grande desgraça da sociedade, quanto mais se subtrai à idéia
cristã. Por isto, pela força intrínseca das coisas, a Igreja torna-se também de
fato a guardiã e protetora da civilização cristã".(4)
E. A ilegitimidade por excelência
Se nisto consistem a ordem e a legitimidade, facilmente se vê no
que consiste a Revolução. Pois é o contrário dessa ordem. É a desordem e a
ilegitimidade por excelência.
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No próximo número, reproduziremos os tópicos em que são analisados os valores metafísicos da Revolução: o orgulho e a sensualidade.
Notas:
1) Cfr. São Tomás, De Regimine Principum, I, 14 e
15.
2) Cfr. Concílio Vaticano I, sess. III, cap. 2 -- D.
1786.
3) Cfr. Concílio de Trento, sess. VI, cap. 2 -- D.
812.
4) Encíclica Il Fermo Proposito, de 11/6/1905, Bonne Presse,
Paris, vol. II, p. 92.