terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cardeal Ratzinger sobre a Liturgia:"Sempre que haja aplauso pelos aspectos humanos na Liturgia, é sinal de que a sua natureza se perdeu inteiramente"


A dança nunca fez parte da Liturgia 

A dança não é uma forma de expressão cristã. Já no século II, os círculos gnósticos-docéticos tentaram introduzi-la na Liturgia. Eles consideravam a crucificação apenas como uma aparência: segundo eles, Cristo nunca abandonou o corpo, porque nunca chegou a encarnar antes de Sua paixão; consequentemente, a dança podia ocupar o lugar da Liturgia da Cruz, tendo a cruz sido apenas uma aparência.
As danças cultuais das diversas religiões são orientadas de maneiras variadas: invocação, magia analógica, êxtase místico; porém, nenhuma dessas formas corresponde à orientação interior da Liturgia do "sacrifício da Palavra". É totalmente absurdo, na tentativa de tornar a Liturgia "mais atraente", recorrer a espetáculos de pantominas de dança, possivelmente com grupos profissionais que, muitas vezes, terminam em aplauso.
Sempre que haja aplauso pelos aspectos humanos da Liturgia, é sinal de que a sua natureza se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero religioso.
Joseph Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia
“A liturgia não vive de surpresas “simpáticas”, de intervenções “cativantes”, mas de repetições solenes (…) Também por isso ela deve ser “predeterminada”, “imperturbável”, porque através do rito se manifesta a santidade de Deus. Ao contrário, a revolta contra aquilo que foi chamado “a velha rigidez rubricista”, (…) arrastou a liturgia ao vórtice do “faça-você-mesmo”, banalizando-a, porque reduzindo-a à nossa medíocre medida” (Cardeal Ratzinger, A Fé em crise; 1985).
“Atualmente também deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia. O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade, que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso mas expressivo o seu amor à Igreja. (…) A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos: é demasiado grande para que alguém possa permitir-se de tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu caráter sagrado nem a sua dimensão universal.” (Papa João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, n. 52)

Cesse a prática reprovável de que sacerdotes, ou diáconos, ou mesmo os fiéis leigos, modificam e variem, à seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isto, trazem instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido autêntico da Liturgia” (cf. Redemptionis Sacramentum, nº. 59).

Estas coisas perecerão, mas Tu permanecerás, e todas envelhecerão como um vestido… Tu porém és sempre o mesmo, e os teus anos não têm fim” (Salmo 101, 27). Jesus Cristo é sempre o mesmo ontem e hoje; Ele o será também por todos os séculos. Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas” (Hebr. 13, 8-9). Por isso a verdade não tem idade nem época. O que era verdadeiro no tempo de Cristo, é verdade hoje e o será sempre. E o que era pecado no tempo de Cristo, foi na Idade Média, é hoje e o será sempre. “Não seriam necessárias muitas leis para a sociedade. Bastam os 10 mandamentos da Lei de Deus: observando-os tudo estaria resolvido”.

Retirado do livro ”Quer agrade quer desagrade”, Padre Fernando Arêas Rifan

É totalmente absurdo, na tentativa de tornar a Liturgia “mais atraente”, recorrer a espetáculos de pantominas de dança, possivelmente com grupos profissionais, que muitas vezes, terminam em aplauso. Sempre que haja aplauso pelos aspectos humanos na Liturgia, é sinal de que a sua natureza se perdeu inteiramente, tendo sido substituída por diversão de gênero religioso.” (RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da Liturgia. Paulinas: Prior Velho (Portugal), 2006, p.147)